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Processo inflamatório e cicatrização Profa. Esp. Elaine Kraievski Processo inflamatório Ocorre após lesão tecidual e/ou celular; Inespecífico; Torna-se crônico em alguns casos; É necessário para que haja regeneração ou cicatrização celular. introdução Cicatrização é o mecanismo eficiente de reparação tecidual, que promove reepitelização da epiderme e a substituição da derme por uma nova matriz extracelular; O processo de cicatrização se dá fundamentalmente no tecido conjuntivo, no qual diversos fatores de ordem geral ou local intervêm em sua constituição e função. O tecido lesado é substituído por tecido conjuntivo neoformado, indicado como cicatricial. Fases da cicatrização Fase inflamatória: fase inicial e fundamental do processo de reparo e que dura em média 72 horas. Desencadeada pela lesão, há extravasamento de sangue com posterior coagulação que preenche a região da matriz extracelular. Há liberação de substâncias vasoativas (histamina, serotonina e citocinas); Fase de latência fase em que são liberadas substâncias chamadas cininas, que são responsáveis pelo crescimento celular, contribuindo para a proliferação celular; Fibroplastia fase de reparo, onde há a formação de um tecido de granulação a partir da síntese de colágeno. O tecido de granulação é constituído por células de defesa (macrófagos), fibroblastos e colágeno; Fase de Maturação fase dinâmica, que inicialmente diminui a superfície da lesão, aproximando bordas e posteriormente realizando uma remodelação do tecido de granulação já existente, proporcionando para esse uma maior força tensora e maior elasticidade. CLASSIFICAÇÃO DA CICATRIZ Uma cicatriz é considerada clinicamente uma marca visível de uma lesão e histologicamente é resultante de uma reação fibroblástica. Dependendo da ordem ou magnitude, ela pode ser considerada como uma solução de continuidade do tecido ou uma ruptura celular. O processo de cicatrização pode ser classificado segundo o tipo e a quantidade de tecido em: Cicatrização por primeira intenção ocorre por planos, com aposição de tecido por tecido, com menor quantidade de colágeno e reduzido tempo de recuperação; Cicatrização por segunda intenção ocorre quando há perda de tecido e o reparo se dá por proliferação de tecido de granulação, com cicatriz invariavelmente inestética e, algumas vezes, apresentando comprometimento funcional. cicatrização Durante o período de maturação da cicatriz, aproximadamente nos primeiros seis meses, a exposição solar das cicatrizes pode desencadear um aumento da sensibilidade dos melanócitos na fase de cicatrização. Roupas de malha fechadas, principalmente as coloridas, tendem a permitir pouca penetração da radiação na pele. A cicatriz fica originariamente rosada ou avermelhada nas fases iniciais do reparo, e em cerca de seis meses, é considerada madura e adquire coloração próxima a cor da pele. Uma cicatriz normal é hipopigmentada e espessa quando madura. Geralmente a cicatriz adquire somente 70% da força da pele original, antes da lesão. FATORES QUE INTERFEREM NA CICATRIZAÇÃO Localização da lesão; Fatores locais; Fatores sistêmicos; Fatores nutricionais; Hábitos de vida; Genética; Tendência racial; Idade; Climatério; Entre outros... TIPOS DE CICATRIZ Atrófica, hipertrófica e queloideana atrófica apresenta a superfície lisa, plana, deprimida, retrátil, sem sulcos, poros ou pelos, acompanhada de discromias; Hipertróficas apresentam discromias, são fibróticas, salientes, sem sulcos, poros ou pêlos. Limita-se somente a área da lesão e pode diminuir com o tempo; Queloideanas são tumores salientes, formados por tecido consistente com superfície lisa e brilhante. Apresenta coloração rósea ou castanha, pode desencadear dor ou prurido e não respeita a área da lesão. Comparação entre Cicatrizes Hipertróficas e Quelóides Cicatriz Hipertrófica Quelóide Dolorosa Dolorosa ou não Elevada além da pele Exuberante Limitada às bordas da lesão Não limitada às bordas da lesão Vermelhidão e prurido Com ou sem prurido CICATRIZ HIPERTRÓFICA X QUELOIDEANA As cicatrizes hipertróficas e queloideanas constituem um problema estético significativo. Caracterizam-se por uma síntese de colágeno preponderante, sendo que as fibras colágenas não se orientam como nas cicatrizes normais, ao longo das linhas de fenda da pele, mas sim em espiral projetando-se sobre a superfície cutânea. CICATRIZ HIPERTRÓFICA X QUELOIDEANA A cicatriz hipertrófica apresenta a característica de regredir espontaneamente dentro do período de um ano e a hipertrofia ocorre dentro dos limites da lesão. Já os quelóides são geralmente uma situação definitiva, não apresentam melhora espontânea e a formação fibrosa estende-se além dos limites originais da lesão CICATRIZ HIPERTRÓFICA X QUELOIDEANA As cicatrizes hipertróficas não apresentam recidivas e adquirem coloração de pele normal, diferente dos quelóides que adquirem coloração vermelho-escura, rosada ou esbranquiçada. Além da hereditariedade, a teoria mais aceita para explicar a gênese dos quelóides é a teoria hormonal. Esta teoria é sustentada pelo fato dos quelóides regredirem após a menopausa, da baixa incidência em indivíduos idosos e do seu predomínio em peles jovens. Além disso, na puberdade e gravidez, a incidência de cicatrizes queloideanas está aumentada. Fatores para boa cicatrização Espessura cutânea: é avaliada pelo pinçamento da pele, sendo que são obtidas cicatrizes de melhor qualidade na pele mais fina; Direção das linhas de fenda da pele: a pele sofre uma tração cutânea após a lesão, por isso há uma grande importância na direção da lesão em relação às linhas de fenda da pele. Assim, quando a lesão se localiza perpendicularmente às linhas de tensão podem ocorrer a formação de uma cicatriz hipertrófica ou queloideana, pois a cicatriz estará submetida a uma maior tensão; Qualidade da sutura. Abordagens terapêuticas 1. Tratamento cirúrgico; 2. Tratamento medicamentoso; 3. Massagem; 4. Recursos elétricos Corrente galvânica é utilizada devido a sua alta capacidade de ionização. O pólo negativo utilizado sobre a cicatriz promove aumento da circulação sangüínea e aumento na distensibilidade da pele. Pode ser associada à terapia medicamentosa, através da iontoforese, somando-se os efeitos da corrente com o princípio da droga. Dentre as drogas utilizadas para o tratamento do quelóide pode-se citar a enzima hialuronidase, que tem ação na diminuição da consistência e no tamanho do quelóide. Ultra-som dentre seus efeitos, destaca-se a neovascularização com conseqüente aumento da circulação, rearranjo e aumento da extensibilidade das fibras colágenas e melhora das propriedades mecânicas do tecido. Pode ser associado à fonoforese com hialuronidase, onde os efeitos do ultra-som são somados ao princípio ativo da droga, melhorando a sua penetração e absorção pelos tecidos. O ultra-som pulsado deve ser iniciado após as primeiras 36 horas pós-trauma. O modo contínuo pode ser utilizado após a evolução do período inflamatório. Endermologia utilizado tanto no pré quanto no pós-operatório de cirurgias plásticas, para a realização da drenagem linfática. No pré-operatório sua aplicabilidade tem por objetivo fortalecer os vasos sanguíneos e linfáticos da região a ser operada, desobstruindo possíveis congestionamentos. No pós-operatório a técnica permite tratar edemas, drenando e descongestionando os tecidos, promovendo uma cicatrização mais rápida e de melhor qualidade. Na fase tardia do processo de cicatrização a técnica é realizada para liberar aderências entre os tecidos próximos à lesão. Massagem para Cicatrizes Inestéticas A massagem é indicada para a prevenção dos quelóides pós-queimaduras e como terapia nos quelóides já instalados. A manobra utilizada é a fricção, realizada com pressão suficiente para mobilizar o tecido superficial em relação ao profundo. O seu principal objetivo é a liberação de aderências, por ação mecânica nas traves fibróticas. massagem Manobras de fricção commovimentos transversais sobre a cicatriz, para a mobilização dos tecidos superficiais em relação aos profundos Manobras de massagem para a mobilização dos tecidos superficiais movimentos circulares; movimentos associados de tração e rolamento; mobilização da cicatriz entre polegar e indicador. Tratamento a laser para cicatrizes Este tratamento consiste em expor a cicatriz a um laser que vai “aquecer” com bastante intensidade a camada superficial da pele, a epiderme e parte da derme. O laser move-se por toda a cicatriz removendo assim as camadas mais afetadas, o que permite expor novas e mais naturais camadas de pele. Microdermoabrasão e Dermoabrasão Estes métodos são freqüentemente utilizados para remover cicatrizes, mas também para suavizar rugas ou outros tipos de irregularidades na superfície da pele. Neste tratamento o controla-se e define a profundidade que acha necessária, através de uma “lixa” que remove as camadas da pele mais afetadas. Peeling Químico e Peeling de Cristal O peeling químico, como o próprio nome sugere, consiste em aplicar uma solução química sobre a pele, que “destrói” a epiderme de forma controlada, levando à esfoliação e combate a determinadas condições de pele incluindo cicatrizes de acne. O contato desta solução com a pele permite remover e regenerar as camadas da pele. O peeling de cristal é um método relativamente recente e funciona através da pulverização de pequenas partículas de cristais sobre pele. Contrariamente ao peeling químico este não usa agentes químicos. Preenchimento Este é um tratamento muito utilizado em situações em que a cicatriz é atrófica, ou seja, onde existe uma perda de tecidos. As injeções de preenchimento de colágeno por exemplo são aplicadas sob a cicatriz para aumentar o volume do local com a intenção de deixar a cicatriz ao mesmo nível da pele circundante. É um tratamento temporário e algum tempo depois necessita de ser repetido. Microenxertos Este é outro tipo de tratamento para cicatrizes que tem por objetivo nivelar a pele do paciente. Os microenxteros são pequenos transplantes de pele (normalmente da parte de trás da orelha do próprio paciente) que o cirurgião utiliza para nivelar e melhorar a área danificada. É bastante utilizado e indicado para cicatrizes de acne profundas. Cirurgia Muitas pessoas optam pela remoção cirúrgica das cicatrizes. A revisão cirúrgica é normalmente usada em cicatrizes mais largas, profundas e até quando são mais antigas. É um tratamento que pode melhorar bastante a aparência das cicatrizes, onde cirurgiões dermatológicos utilizam diversas técnicas cirúrgicas para tornar a cicatriz menos evidente, é, porém, um tratamento bem mais caro. referências BORGES, F. S. Modalidades Terapêuticas nas Disfunções Estéticas. 1ª edição. São Paulo: Phorte, 2006. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional: Fundamentos, Recursos e Patologia. 3ª edição. São Paulo: Manole, 2006.
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