Buscar

DIREITO TRIBUTÁRIO 2

Prévia do material em texto

DIREITO TRIBUTÁRIO
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO.
Atividade primeira do Estado é desenvolver e proporcionar serviços públicos de qualidade, em toda a área social onde o Estado atua de maneira exclusiva: saúde, educação, segurança, saneamento básico, transporte público e etc. Portanto, atividade financeira é considerada ‘’atividade – meio’ ’por que é com esta atividade que o Estado desenvolve sua ‘’atividade – fim’’ que é o oferecimento ao cidadão – contribuinte serviços essenciais e mínimos para convivência social.
RECEITA PÚBLICA
A primeira coisa a saber é que a receita pública nem sempre é o resultado dos valores que estão em contas públicas, existem depósitos que já tem previsão de saída e, portanto, tais valores não podem ser usados pelo Estado. Há dois grandes grupos de depósitos: a receita pública e os meros ingressos de caixa. 
RECEITA PÚBLICA: É o todo o valor novo que integra o patrimônio público, sem nenhum tipo de reserva e que pode ser gasto a qualquer momento, de acordo com a lei e segundo as políticas fiscais do poder executivo. (Presidente, Governador, Prefeito). 
Temos duas espécies de receita pública:
A) Receita extraordinária: É aquela que foge da normalidade, ou seja, não está prevista no orçamento. Ex. imposto extraordinário de guerra e empréstimo compulsório ( é um dos cinco tributos brasileiros). 
B) Receita Pública Ordinária: É uma receita marcada pela regularidade, ou seja, é uma receita prevista no orçamento e sua arrecadação é muito frequente. 
B1) Receita Pública Ordinária Derivada: É aquela que o Estado vai buscar na economia privada, sobre forma de arrecadação tributária (processo chamado tributação). 
B2) Receita Pública Ordinária Originária: É aquela que o Estado consegue por meio de seus próprios bens, sem a participação de tributos. Ex. Alugueis de prédios próprios, venda de produtos nas empresas de economia mista. 
Exemplo de empresa pública: Correios e Caixa Econômica Federal. 
Exemplo de empresas de economia mista: Banco do Brasil e Petrobrás 
DIREITO TRIBUTÁRIO
É um ramo autônomo do direito público que estuda as relações entre o Estado e os particulares; nessas relações, o Estado é chamado de fisco, tentando cobrar tributos do cidadão e das empresas seguindo as regras constitucionais e legais. O outro lado dessas relações temos o contribuinte – pessoa natural ou jurídica que procura cumprir a legislação tributária com o menor custo possível. Nas relações tributarias encontramos três elementos essenciais. 
As partes: O Estado em particular. 
O objeto: São as prestações de dar (pagar o tributo) e obrigação de fazer ou não (são obrigações não ligadas a pagamentos e sim ao cumprimento de obrigações acessórias). Elaborar balanço preparar demonstrativos, fazer declarações). 
Vínculo: É a ligação que existe entre o Estado (sujeito ativo) e o particular (sujeito passivo), a partir da legislação tributária. 
OBS: O Direito Tributário se ocupa da instituição (criação), arrecadação e fiscalização do tributo, cabe ao direito financeiro a destinação do que foi arrecadado pelo Direito Tributário.
CARACTERISTICAS DO DIREITO TRIBUTÁRIO.
O Direito Tributário é público por que suas normas são obrigadas pelas regras de direito público e também por que o fruto da arrecadação vai compor o ERÁRIO (Dinheiro Público). 
O Direito Tributário é obrigacional por que é estruturado sempre, em normas jurídicas positivas pelo nosso ordenamento (as obrigações tributárias sempre decorrem de leis). 
O Direito Tributário é comum pois se aplica -se a todas as pessoas, institivamente (comum a todos).
O Direito Tributário tem autonomia didática significa dizer que ele é estudado em separado dos outros ramos jurídicos, orientado por dois principais diplomas:
- Constituição Federal (Art.145 a 162)
- Código Tributário Nacional (CNT)
O Direito Tributário tem autonomia cientifica, significa que os princípios tributários prevalecem sobre os princípios de outros ramos do direito. Ex. A capacidade civil estudada no Direito Civil não é relevante para o direito tributário; assim, uma criança de 5 anos pode ser contribuinte do imposto de renda (é obvio que nesse caso o pai ou responsável que terá de cumprir as obrigações tributárias).
FIGURAS DOUTRINARIAS USADAS NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
Fato Gerador: É uma situação hipotética prevista em lei. Quando está situação ocorrer exatamente no muno dos fatos como a previsão, nasce para o contribuinte uma contribuição tributaria e nasce para o Estado um crédito tributário. 
Base de cálculo: É um universo monetário sobre o qual será calculado o valor do tributo a pagar. 
Alíquota: É uma relação de proporção entre a base de calculo e o valor a pagar. 
OBS: Na grande maioria dos casos, a alíquota é expressa em porcentual, no entanto podem ocorrer alíquotas por unidade de medidas. 
Ex. R$4,00/LITRO
 R$7,00/METRO
 R$14,00/SACA
	FATO GERADOR
	COMPORTAMENTO
	ISS
	Prestar serviço remunerado
	IPTU
	Ter propriedade de imóvel urbano
	II
	Importar mercadorias.
Isenção: É um favor legal previsto numa lei especifica que desobriga determinado contribuinte a pagar algum tributo que, antes da lei era obrigatório. 
OBS1) As leis que concedem isenção com data certa de término, não podem ser revogadas antes do prazo previsto. Ao contrário, lei que concede isenção sem citar prazo final, pode ser revogada a qualquer tempo.
OBS2) Não havendo prazo final de isenção, uma nova lei pode revoga – lá ou derroga – lá.
Imunidade: É uma proibição determinada pelo texto constitucional de se cobrar tributos de algumas pessoas, coisas, instituições. 
Anistia: É o ‘’esquecimento’’ das penalidades oriundas de não pagamento de um tributo. (remuneração capital). Anistia não libera tributos. 
O TRIBUTO.
É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo o valor nela se possa exprimir que não constitua sansão de ato ilícito, instituída em lei e criada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, art. 3° CNT. 
prestação -> obrigação principal -> pagar
 obrigação acessória
 instrumento contábeis. 
pecuniária -> relativa ao dinheiro. 
Compulsória -> obrigatória. 
O ato de cobrar tributos é absolutamente vinculado a lei. Significa que quem tem competência atribuída pela Constituição Federal está completamente ligada á função fiscalizadora e a consequente arrecadação. 
ESPÉCIES DE TRIBUTOS
No Brasil os tributos são de cinco espécies: impostos, taxas, contribuição de melhorias, contribuição especiais, empréstimo compulsório. 
ESTUDO GENÉRICO SOBRE IMPOSTOS.
Conceito: Imposto é um tributo cuja a obrigação tem o fato gerador uma situação independente de qualquer atividade prestada ao contribuinte (art. 16 CNT). Por esse motivo os impostos são chamados de ‘’tributos não vinculados’’.
O que determina a natureza do tributo é o fato gerador e não a distinção que o tributo terá (Art. 4° CTN)
CLASSIFICAÇÃO DOS IMPOSTOS
Impostos reais e pessoais.
Impostos reais são aqueles onde a lei tributária foca a obrigação na coisa, no serviço, no patrimônio e nunca nas características pessoas do contribuinte. Ex. IPTU, IPVA, ITR, etc. Impostos Pessoais são aqueles onde o foco da obrigação está apontado para as características pessoais do contribuinte. Ex. O Brasil só temos o imposto de renda. 
O Art. 145° Constituição Federal sugere que os tributos devem atender á capacidade financeira do contribuinte (sempre que possível). 
Impostos Diretos e Indiretos. 
Impostos diretos são aqueles cobrados de forma que o contribuinte é chamado de ‘’contribuinte legal’’. Nestes casos o tributo é suportável somente por ele, e não poderá alcançar outros contribuintes. 
Impostos indiretos são aqueles onde quem paga inicialmente consegue repassa-lo para terceira pessoa que é o consumidor final ‘’ a doutrina os chama de contribuinte de fato’’.
IMPOSTOS FIXOS, PROPORCIONAIS OU PROGUESSIVOS.
Impostos fixos
São os cobrados em única alíquota independente de resultado financeiro do contribuinte. Ex. ISSpara profissionais liberados. 
Impostos proporcionais
São aqueles que cobram uma alíquota fica aplicada sobre diferentes bases de cálculos. Desta forma o tributo será maior quanto maior for a base de cálculo, mas, o que determina um valor suportável ou não é a manifestação de riqueza do contribuinte. Ex. IPVA, onde quanto mais caro o veículo, maior o imposto de ISS, onde mais se cobra pelo serviço, maior será o imposto. 
Perceba que nos dois casos as alíquotas são as mesmas para todos contribuintes. 
Impostos progressivos
São aqueles que a alíquota aumenta a medida que a base de calculo aumenta. Note que nesses casos, quem ganha mais, quem tem maior patrimônio sempre pagarão mais por que as alíquotas progridem no mesmo passo que as bases de cálculo. Ex. IPTU, ITCMD, IR. 
TAXAS
Estão previstos no Art.145°, II Constituição Federal e também no Art. 77° do CNT. as taxas cobradas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, tem por fato gerador o exercício regular do poder de policia ou a utilização efetiva ou potencial de serviço público especifico ou divisível prestado pelo contribuinte ou posto a sua disposição. Art. 77° CTN.
Poder de policia é uma atividade da administração publica que disciplina direitos e liberdades protegendo a coletividade em alguns seguimentos como paz pública, saúde, relação de consumo, direto de construir entre outros. 
FATOS GERADORES
Exercício regular do poder de polícia: São as fiscalizações dirigidas ao contribuinte, preservando os direitos da coletividade, na tentativa de uniformizar as condutas de acordo com a lei. 
Exemplos: taxa de alvará (funcionamento).
taxa de fiscalização de anuncio.
taxa de controle e fiscalização ambiental. 
taxa de fiscalização da ANVISA.
Prestação de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição
Serviço Específico é aquele onde é possível identificar facilmente o usuário. 
Serviço Divisível é aquele serviço que possa ser quantificável, ou seja, é possível saber a quantidade de serviço prestado para aquele contribuinte.
Utilização Efetiva é aquela onde o serviço é disponibilizado e o contribuinte usa efetivamente. Ex. Serviço de água.
Utilização potencial é aquela onde o serviço obrigatório é colocado a disposição do contribuinte e ele será cobrado ainda que o contribuinte não use. Ex. coleta de lixo.
BASE DE CÁCULO
A base de cálculo de taxas são poderá ser. 
* o mesmo da base de cálculo de impostos. (Art. 145° e Art. 77° parag. Único CTN).
* Não poderá ter o mesmo fato gerador de impostos. (Art. 77° CTN). 
* Não pode ser calculada levando em conta o capital das empresas. (Art.77° CTN)
OBS1) O exercício regular é aquele exercido por órgão próprio que atua nos limites da lei e que obedece ao devido processo legal. 
OBS2) O STF já decidiu que não é necessário a efetiva fiscalização (caso a caso) para que o Estado cobre taxas de polícia.
Algumas taxas que a justiça entende como inconstitucional.
- Taxa de fiscalização de anuncio. (do tamanho da placa de anuncio). 
- Taxa de alvará de funcionamento baseada no numero de funcionamento. 
O STF já decidiu que taxa de bombeiro é inconstitucional, motivos, o combate ao incendeio é de competência militar, sendo da policia militar, estamos falando de segurança pública e todos os serviços de segurança não podem ser cobrados por taxas, mas sim por meio de impostos.
Serviços que não podem ser cobrados por taxas.
- Segurança pública
- Limpeza públicas (varrição, lavagem de rua, desentupimento de bueiros)
- Iluminação pública.
- Asfaltamento e recapeamento asfáltico. 
(São remunerados por contribuição e melhoria)
- Serviço de bombeiro.
 Taxa de coleto de lixo. 
1) Súmula vinculante n°19 (STF)
2) É constitucional a cobrança de taxa de remoção e tratamento de lixo.
OBS3) Súmula Vinculante 29
Como sabemos, a base de cálculo de taxas não pode ser a MESMA utilizada na base de calculo de impostos. No entanto é constitucional que a base de cálculo de taxa (falando sobre taxa de lixo) seja formada por um dos elementos do cálculo de algum imposto. (neste caso estamos falando de IPTU).
Portanto o STF autorizou que no cálculo da taxa do lixo fosse utilizado um dos alimentos matemáticos verificados no IPTU, como por exemplo a área testada, a área total, a área total do terreno, a área construída total e etc. Assim o que ficou realmente proibido foi a coincidência exata das duas bases de cálculo. (lixo e do IPTU)
TAXA DE JUSTIÇA
O STF entendeu que a base de cálculo da taxa de justiça que não tiver limite é inconstitucional por violar dois princípios:
- O principio do não confisco
- O principio da inafastabilidade do poder judiciário. 
Perceba três tipos de cobranças. 
A) Taxa judiciaria: Remunera os serviços prestados por juízes e promotores
B) Custos (Em sentido escrito): Remunera os serventuários da justiça (Oficial de justiça, contadores, peritos, avaliadores, escrivães), etc. 
C) Emolumentos: São as custas extrajudiciais cobradas por serviços notariais e de registros prestados por particulares. 
	TAXAS
	TARIFAS
	É TRIBUTO
	NÃO É TRIBUTO
	É UMA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA COMPLUSÓRIA
	É UMA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA FACULTATIVA
	DECORRE DE LEI
	DECORRE DE CONTRATO
	REGIDAS PELO DIREITO TRIBUTÁRIO
	REGIDAS PELO DIREITO ADMINISTRATIVO
	ADMITE COBRANÇA PELO PODE DE POLICIA
	NÃO ADMITE COBRANÇA PELO PODER DE POLICIA. 
	PERMITE UTIIZAÇÃO POTENCIAL
	PERMITE UTILIZAÇÃO EFETIVA
	NÃO É PERMITIDA RECISSÃO
	PERMITE RECISSÃO
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO.
Previsto no Art.1478 Constituição Federal.
REGRAS
Só pode ser cobrado pela união.
Devem ser criados por meio de lei complementar (portanto são irregulares as criações por lei ordinária, lei delegada ou medida provisória).
São 
restituíveis, ou seja, o Estado arrecada e depois deve devolve – los. 
São cabíveis nas seguintes situações.
 a. Despesas extraordinárias calamidade pública.
 b. Despesas extraordinárias por guerra externa.
 c. No caso de iminência de guerra. 
 d. No caso de investimento publico urgente e de relevante interesse nacional (neste caso a cobrança deve respeitar os princípios da anterioridade e da noventena). 
OBS: Nos casos das letras A B C a cobrança pode ser imediata. 
O dinheiro arrecadado com os empréstimos só pode ser gasto nos motivos que justificaram a sua criação.
A lei que prevê o empréstimo deve prever também como e quando a restituição dos valores pagos. 
PRINCÍPIO DA NOVENTENA
O princípio da noventena é também conhecido como princípio da anterioridade nonagesimal ou princípio da anterioridade reforçada. Este último nome se explica pela razão de que este princípio foi acrescentado pela Emenda Constitucional n° 42/2003, de forma a reforçar o princípio da anterioridade do exercício financeiro.
Ocorre que apenas o princípio da anterioridade do exercício financeiro não era o bastante para assegurar a não-surpresa do contribuinte na publicação de leis que viessem a instituir ou aumentar tributo. Por algumas vezes os contribuintes foram surpreendidos com o aumento e instituição de tributos nos últimos dias do ano, sem que esta lei estivesse a desobedecer ao princípio da anterioridade comum, pois o Estado estava a cobrar o tributo horas depois, contudo, em outro exercício financeiro.
Assim, a fim de coibir que um tributo fosse criado ou tivesse a sua alíquota aumentada no dia 31 de dezembro e passasse a ser cobrado no dia 01 de janeiro, horas depois, o princípio da noventena veio para reforçar o princípio da anterioridade do exercício financeiro, exigindo a observância do prazo de 90 (noventa dias) da data em que haja sido publicada a lei que instituiu ou aumentou o tributo.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
O artigo 150, III, “b” da Constituição Federal veda a cobrança de tributos “no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou”. O princípio da anterioridade do exercício financeiro predica, tão-somente, quese uma lei vier a aumentar ou criar um tributo, ela deverá ser anterior ao exercício financeiro em que o tributo será cobrado.
O exercício financeiro corresponde ao ano civil (01 de janeiro a 31 de dezembro). Assim, se quiser aumentar a alíquota do ICMS para o ano de 2015, a lei deverá ser publicada no ano de 2014. Da mesma forma, se quiser instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) em 2010, a lei deverá vir em 2009.
O fundamento deste princípio é a não surpresa. Explico: o escopo da norma é evitar que o contribuinte seja surpreendido com a cobrança de um determinado tributo do dia para a noite, dando tempo para ele se programar para a nova exação que será cobrada.
Observe que este princípio vem a reforçar o princípio da irretroatividade, pois além de o legislador vedar a aplicabilidade da lei a fatos anteriores à sua edição, ele também veda que a lei que crie ou aumente tributo venha a ser aplicada no mesmo exercício financeiro. Este princípio constitucional, assim como o princípio da irretroatividade, é considerado cláusula pétrea, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal na ADIN 939-7 DF, Rel. Min. Sydney Sanches.

Continue navegando