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Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência 2017 Presidente do Conselho Conselheiros Presidente Executivo Diretor Executivo Diretor de Meio Ambiente Diretor Jurídico Diretor de Abastecimento e Regulamentação Diretor de Lubrificantes Diretora de Aviação Diretor de Planejamento Estratégico Diretor de Mercado e Comunicação Diretor de Tributação Conselho Consultivo Leocádio de Almeida Antunes Filho – Ipiranga Marcelo Bragança – Petrobras Distribuidora Antonio Ennes Pires de Lima – Chevron Ricardo Mussa – Raízen Felipe Affonso Ferreira – Cosan Lubrificantes Marcelo Henrique Ribeiro Alecrim – AleSat Leonardo Gadotti Filho Jorge Luiz de Oliveira Luís Alves de Lima Filho – Petrobras Distribuidora Guido Silveira – Ipiranga Leandro Silva – Raízen Felipe Affonso Ferreira – Cosan Ana Helena Mandelli – Raízen Helvio Rebeschini Cesar Guimarães Antônio Rodrigues Apresentação Entrevista Ponto de Vista Capítulo Especial Combustíveis Lubrificantes Conveniência Pesquisa Eventos Índice de gráficos e tabelas Associadas Comitê Editorial Créditos 7. 8. 10. 16. 36. 89. 101. 158. 165. 171. 174. 175. 176. SUMÁRIO 7 APRESENTAÇÃO C om a evolução dos postos de combustíveis de antigamente para os centros de multisserviços de hoje, surge a necessidade de agregar qualidade na prestação de serviços. E o que seria “qualidade em serviços” senão aquela que o consumi-dor percebe como valor agregado? De que adiantaria agregar tantos serviços ao posto se não se agregar, também, um ambiente que o cliente perceba como amistoso e em que ele queira estar? Como se dá a Experiência 5.0, que prega que, para diferenciar um produto e agregar valor a ele, é preciso proporcionar experiências para os consumidores? O que busca a Geração Millennial e como estar pronto para ela? Essas e outras questões estão ilustradas no Capítulo Especial deste Anuário, em artigo gentilmente cedido por Fernando Lucena, sócio-diretor da GS&Friedman, e complementa- das por outra valiosa contribuição do especialista em varejo, com mais de 30 anos de ex- periência em distribuição de combustíveis e na indústria de lojas de conveniência, Claudio Reboredo, no capítulo Ponto de Vista. Nas tradicionais análises de mercado que esta publicação traz, destaque para os nú- meros de conveniência, que foram na contramão do varejo brasileiro, que caiu 6,2%, versus um aumento de 3,9% em número de lojas e de 6,2% em faturamento. Em combustíveis e lubrificantes ainda foi possível sentir os efeitos da crise econômica que atingiu o Brasil nos últimos dois anos. Na entrevista do presidente executivo do Sindicom, Leonardo Gadotti Filho, é possí- vel obter uma radiografia de todo o setor e conhecer os principais desafios e expectativas daqui para a frente. Já no capítulo Pesquisa, a Coca-Cola contribui para essa edição com uma pesquisa iné- dita sobre as gerações Y e Z. De acordo com o estudo, não basta oferecer produtos. É preciso oferecer uma experiência – de inovação e prazer. Chamar essas gerações – em especial, os nativos digitais do grupo Z – para fazerem parte das tomadas de decisões e implicarem-se no processo de criação dos produtos ou das ações de marketing e vendas (com acesso a customizações, por exemplo) pode trazê-las para mais perto das marcas. Confira! Ao final do Anuário encontra-se o capítulo Eventos, onde estão relacionadas as parce- rias do Sindicom para a divulgação dos temas de relevância nos mercados de combustíveis, lubrificantes e conveniência em todo o país. 8 ENTREVISTA Leonardo Gadotti Filho Presidente Executivo do Sindicom P ara o setor de Combustíveis, 2016 foi um ano repleto de desafios. Discussões acerca de novos caminhos da Petrobras, fraudes cada vez mais elaboradas que impactam o mercado e ações dos gover-nos estaduais que abraçaram a causa do combate à ilegalidade no setor são apenas alguns exemplos de como foi pautada a agenda e uma pré- via do que acontecerá em 2017. No ano que passou deu-se início a um ciclo de discussões realizado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para debater mudanças no setor de downstream em função de um reposicionamento da Petrobras na logística de distribuição de combustíveis, o que implica em maiores responsabilida- des para as distribuidoras. Outro tema que ganhou força, e que segue em destaque em 2017, foi o devedor contumaz, personagem que tomou conta das mesas de debates do Judiciário brasileiro e cujas ações prejudicam se- tor e sociedade. Ficou claro, no ano que passou, que para mitigar atividades como esta será necessário contar com a colaboração de diversos atores. O ano de 2016 foi marcado, principalmente, pela criação do Combustí- vel Legal, consolidando a posição do Sindicom na luta contra a concorrência desleal no setor. Para tanto, foi de suma importância o apoio dos sindicatos da revenda e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em um es- forço que também mobilizou governos estaduais. Esta iniciativa tem como premissa ajudar no combate às diversas modalidades de irregularidades na comercialização de combustíveis e suas ações vêm ganhando cada vez mais penetração e engajamento nos meios digitais. Na entrevista a seguir, Leonardo Gadotti, presidente executivo do Sindi- com, aborda estes e diversos outros temas, mostrando o que foi o 2016 das associadas e indicando os próximos passos do sindicato. Como o Sr. resume o ano de 2016? Foi um ano positivo, mesmo em um ce- nário econômico nacional ainda bastante instável. Temos trabalhado muito, e o Sin- dicom está fazendo sua parte para termos um mercado mais ético e transparente. Nossas associadas, os consumidores e o País merecem isso. Se vivemos um mo- mento em que o Brasil é passado a limpo, o mercado dos combustíveis não só pode como precisa experimentar algo parecido com isso. Nós, do Sindicom, estamos am- pliando cada vez mais nossos esforços em benefício de ações que apontam para um ambiente de negócios mais sadio e equili- brado. Em suma, 2016 foi um ano de desa- fios, e vivenciá-los nos ajudou a pavimen- tar bons caminhos, mas acredito que o que vem pela frente é ainda melhor. Como o Sr. analisa as mudanças que es- tão acontecendo no setor com o reposi- cionamento da Petrobras? Uma consequência direta das mudanças é que, em 2017, o setor terá mais respon- sabilidades, e isso é a concretização de um cenário ja vislumbrado em 2016, quando um ciclo de discussões promovido pelo Ministério de Minas e Energia (MME) foi iniciado com o objetivo de discutir as transformações no downstream motivadas pelo reposicionamento da Petrobras no que se refere à logística de distribuição de combustíveis. Seguiremos apresentando ao governo nossas propostas, de modo que sejam debatidas e adequadamente respondidas. Também contratando uma consultoria para estudar o novo ambiente e nos fornecer um feedback vital, o Sindi- com mostra que uma transição de modelo segura é o que queremos e esperamos. De que forma o cenário econômico na- cional atingiu as vendas de lubrificantes e combustíveis em 2016? Vivemos um momento de intensa reces- são, com o PIB recuando 3,6%, e o desem- prego atingindo índices muito altos, com mais de 14 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Neste panorama, de redução de atividade econômica, o reflexo na comercialização de combustíveis e lu- brificantes acontece. Apesar da distribui- ção pelas associadas ao longo de 2016 ter recuado, totalizando 91,8 bilhões de litros, com menores vendas em todos os produ- tos, houve um ligeiro aumento na comer- cialização de gasolina. Mesmo diante de ENTREVISTA 9 um cenário negativo e de quedas em dois anos seguidos, a expectativa é a de que o mercado de combustíveis viva um melhor momentoem 2017. Outro tema que agora chega com força é a importação de combustíveis. Como o setor reage a isso? Qual é a opinião do senhor a respeito? As importações são bastante saudáveis. Elas têm um papel muito importante no atual panorama e não tenho dúvidas de que vie- ram para ficar, pois são um elemento fun- damental para um mercado mais moderno, com mais opções e maior competitividade. Quanto mais atores no jogo e quanto maior a variedade de ofertas, melhor. O consumi- dor ganha e o mercado “se moderniza”, o que é sempre positivo. Ainda falando sobre um mercado mais moderno e equilibrado, o Sindicom sem- pre foi bastante atuante na questão das boas práticas empresariais e combate à ilegalidade. Como o Sr. destaca essa atu- ação hoje e para os próximos anos? O Sindicom sempre trabalhou na busca por ética e legalidade no mercado, mas é importante afirmar que em 2016 consolida- mos nossa posição na luta contra a concor- rência desleal. Trabalhando em conjunto com governos estaduais, os sindicatos da revenda e a União da Indústria de Cana-de- -Açúcar (Unica), lançamos o Combustível Legal, conjunto de iniciativas que buscam auxiliar no combate a diferentes tipos de ir- regularidades na comercialização de com- bustíveis. Felizmente, resultados positivos têm sido alcançados, com o Combustível Legal já tendo sido fundamental, por exem- plo, para a criação de uma lei no Paraná que prevê o cancelamento da inscrição estadu- al de empresas que seguidamente não se adequarem às regras. A iniciativa, cujas ações são cada vez mais “abraçadas” pelo público nos meios digitais, também foi determinante para a realização de forças-tarefas em São Paulo contra atividades ilegais. Para os anos que virão, queremos seguir o mesmo caminho, dedicando esforços ainda mais intensos e organizados para que tenhamos um am- biente de negócios em que a ética seja se- guida por todos. Dentro das práticas ilegais identificadas no setor, o chamado “devedor contumaz” tem merecido especial atenção por parte do Sindicom e do Combustível Legal, correto? Sim. O Sindicom vem, de maneira continu- ada, tendo como uma de suas prioridades o combate a esse, por assim dizer, “modelo de negócios”. Mesmo representando uma minoria, o devedor contumaz atua de modo extremamente prejudicial, sendo danoso para o setor de combustíveis mas indo além e representando uma ameaça à economia do País. Para obter lucros cada vez maiores, o devedor contumaz adota a sonegação de impostos como estratégia comercial, obtendo vantagens competiti- vas ilícitas sobre a concorrência, que age dentro da lei e paga tributos. Para disseminar o conceito por trás deste tipo de devedor e o consequente combate a ele, temos ao nosso lado dois importantes parceiros: a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e o Institu- to Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO). Com eles, ao longo do ano passado o Sin- dicom buscou sensibilizar autoridades dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para que estes pudessem perceber quão importante é distinguir o não-pagador contumaz do devedor eventual, que sofre com dificuldades temporárias, e, desse modo, penalizar quem faz da dívida um jeito de trapacear no mercado e prejudi- car concorrentes. Ao que o Sr. atribui os bons resultados obtidos pelo setor de Conveniência? O que verificamos em Conveniência é re- sultado de transformações nos hábitos de consumo em razão de mudanças no com- portamento do público. Por atenderem às demandas de clientes que têm cada vez menos tempo livre e que precisam satisfa- zer necessidades imediatas de consumo, as lojas de conveniência vivem um momento bem positivo e bem particular se compa- radas a outros formatos e canais. Inclusive, assistimos agora ao surgimento de marcas e novas alternativas que ampliam a oferta, respondendo a estes novos hábitos. Vale ainda destacar que há espaço para um sig- nificativo crescimento deste mercado, pois apenas um em cada cinco postos brasileiros possui loja de conveniência. 10 PONTO DE VISTA A indústria do varejo de conveniência em postos de combustíveis tem vivido em permanente mudança nas últimas décadas, sen-do que a única variável que se mantém constante neste proces-so é a velocidade abrupta com a qual estas mudanças ocorrem. Os desafios do varejo são similares em todo o mundo, e a grande dife- rença será quando estes desafios deverão ser enfrentados. Temas como as especificações dos combustíveis e sua qualidade, o controle e restrições das vendas de cigarros e bebidas alcoólicas, o crescimento da oferta de comida saudável e a adoção de plataformas para meios de pagamento via smartpho- nes são alguns exemplos que se multiplicam ao redor do planeta. Existem assuntos que comprometem implacavelmente a agenda de todos os proprietários de postos de combustíveis e serviços: a valorização imobiliária das propriedades; a pressão sobre os custos com mão de obra e a complexidade de ter uma equipe de pessoas qualificadas e treinadas; a cres- cente regulação do negócio (levando-se em conta meio ambiente, bebidas alcoólicas e tabaco); o estreitamento das margens de operação e o aumento progressivo dos gastos com cartões de crédito e serviços bancários. Cada mercado tem seu contexto, seu “ciclo de desenvolvimento”, mas cedo ou tarde estas tendências ou práticas serão uma realidade, sendo fun- damental se antecipar a elas. Uma característica especial dos mercados de combustíveis na América Latina é que a maior porcentagem da rentabilidade de um posto de serviços é gerada pela venda de combustíveis, com a loja de conveniência represen- tando uma porção menor dos ganhos. Em comparação com outros lugares do planeta, a loja de conveniência é uma fonte de ganhos maior, o que nos indica uma tremenda oportunidade para expandir o negócio de conveniên- cia e nos prepararmos para o futuro, quando o combustível terá uma partici- pação marginal nos resultados do negócio como um todo. Outra particularidade específica do nosso mercado é que, nos últimos cinco anos, muitas das empresas multinacionais de energia abandonaram o mercado de venda de combustíveis no varejo, abrindo espaço para o cres- cimento de novas empresas locais. Muitas delas expandiram-se além das suas fronteiras. Ao mesmo tempo, em quase todos os mercados existem empresas es- tatais com uma presença significativa, e que, de alguma maneira, arbitram, regulam ou intervém no mercado. Aqueles que souberem se antecipar e entender o impacto destas tendências, sem dúvida, terão uma vantagem competitiva sustentável ao longo do tempo. Lojas de Conveniência em Postos de Combustíveis CLAUDIO REBOREDO (Membro do Conselho Latino-Americano de Pesquisa em Varejo da Coca-Cola) TENDÊNCIAS DO VAREJO PONTO DE VISTA 11 PONTO DE VISTA SUPERPOSIÇÃO DE CANAIS E FORMATOS Todos os canais para consumo massivo têm se sobreposto e já não existe mais um limite entre os diversos conceitos de negócio e suas alternativas de vendas. A competição é muito mais inten- sa e diversa do que no passado. Nenhum negócio está a salvo da canibalização dos canais de vendas. Não existem mais limites entre os atacadistas e os varejistas e, hoje, as vendas online têm aproximado os fabricantes e clientes de forma direta e contínua. A competição virá de todos os lados e formatos, tais como das farmácias, dos minimercados, das padarias, dos supermercados e das redes de fast food. Todos buscam seduzir o nosso histórico e tradicional cliente. A chegada do comércio online tem provocado uma mu- dança de paradigma de tal magnitude que muitos dos varejis- tas fecharam suas portas, dado que agora, mais do que nunca, o controle das compras está nas mãos do cliente e ele é quem decide onde, como e quando comprar qualquer produto e até contratar os serviços.À medida que o mercado de combustíveis se torna cada vez mais competitivo e maduro, os vencedores serão aqueles que vão além de um serviço rápido, oferecendo e fornecendo uma verda- deira experiência de compra integrada, em que o combustível será um meio, e não um fim do negócio. Sem dúvida alguma o mercado se tornará mais sofisticado e as lojas de conveniência deverão dar os passos necessários para permanecerem relevantes diante de um cliente cada vez mais exigente e complexo. Obviamente, uma única oferta ou um único formato não é a solução para um cliente cada vez mais diverso. OS “VELHOS” NOVOS CLIENTES O que antes eram grupos de clientes arbitrariamente divididos por demografia e situação econômica, hoje, se transformaram em indivíduos que priorizam sua satisfação quase de forma instantânea. Os consumidores contam com mais oportunidades de com- pra de produtos de conveniência do que no passado, e o conceito de conveniência tem sofrido uma verdadeira mudança de signi- TENDÊNCIAS GLOBAIS QUE CAUSARÃO IMPACTO NO NOSSO MERCADO ficado. Já não se trata mais de produtos básicos, como tabaco, bombonière, bebidas e snacks. Hoje, o conceito de conveniência se ampliou para todo o serviço ou produto que possa facilitar a vida em movimento dos clientes, desde uma transação bancária até uma comida saborosa e saudável. Na realidade, o cliente da conveniência vem sendo “bombar- deado” por múltiplas opções de compra, e por essa razão se espe- ra que o varejista o ajude com o seu processo decisório. A oferta ao cliente deve ser simples, fácil e impecável do ponto de vista do seu bem-estar. O nosso cliente demanda por soluções – não só de produtos, mas também de serviços. Historicamente, a relação entre a pista de abastecimento e a loja de conveniência atravessou períodos bastante complexos. O cliente do combustível não percebia um posto de gasolina como um destino de compra de alimentos ou refrigerados. A indústria por muitos anos transmitiu uma imagem muito básica da oferta de loja e, inclusive, serviços básicos, como um banheiro limpo e um ambiente seguro, eram muito difíceis de se encontrar, e isto era um fator muito negativo para o negócio. Todos sabemos da complexidade de se operar um estabeleci- mento 24 horas por dia e durante sete dias na semana, porém um banheiro limpo e um serviço amigável são condições básicas para se competir no mercado de conveniência. Felizmente, ainda temos a oportunidade de dominar estes aspectos e surpreender positiva- mente os clientes, ganhando crédito e sua confiança para vender o melhor café da manhã do seu bairro, além dos combustíveis. A evolução do conceito de loja de conveniência estará as- sociada às melhorias do modelo logístico de distribuição dos produtos e, sobretudo, alcançar a consistência na elaboração de uma oferta de comida mais robusta. Na atualidade, a falta de es- cala de entrega e a fragmentação dos pedidos são, sem dúvida nenhuma, obstáculos que a indústria deverá superar de forma criativa e urgente. 12 PONTO DE VISTA TECNOLOGIA Nosso cliente tem um vínculo muito especial com a tecnologia e é importante que os varejistas saibam capitalizar este aspecto. A tecnologia não só é importante para interagir com o cliente, mas também para executar processos de gestão e de compras mais simples, precisos e efetivos. Por exemplo, um impacto profundo da tecnologia se con- centra no momento de se realizar comparações de preços. Atual- mente, o cliente tem ao alcance de suas mãos todo um catálogo de produtos disponíveis no mundo e, sem dúvida, tem uma tole- rância muito baixa com um varejista cuja política de preços não contemple esta situação. Hoje, o cliente tem o conhecimento na palma de sua mão e será melhor que os varejistas tomem consciência desta situação ao estabelecer suas políticas de preços e a sensibilidade quanto ao que isto representa na hora da compra. A tecnologia também deve permitir aos varejistas minimi- zar ou evitar a primeira causa da falta de vendas: a ausência de produtos no momento em que o cliente deseja comprá-los. A quebra de estoque continua sendo a causa nú- mero um para a não realização de uma venda. Não se pode vender o que não se tem. Esta triste realidade na atualidade é facilmente resolvida através da tecnologia e do melhor uso da informação disponível. É necessário deixar de lado um varejo por instinto e adicionar modernidade ao negócio, in- corporando a tecnologia e a gestão da informação no momento de tomar de- cisões para o negócio. TEMPO O bem mais escasso que o nosso novo cliente possui é seu tem- po. Ele não está disposto a gastá-lo de forma equivocada com varejistas que não compreendem suas necessidades. Atualmen- te, a limitação de tempo tem uma profunda influência no com- portamento do cliente, uma vez que as pessoas trabalham mui- tas horas e passam a maior parte do dia fora de casa, sendo uma realidade urbana moderna a necessidade de contar com mais tempo para si próprio. Outra característica crítica do comportamento do cliente é sua intolerância e falta de paciência com os processos de check- -out das suas compras. O cliente moderno exige uma satisfação imediata e tem um forte desprezo por processos que o fazem per- der seu tempo valioso e que não agregam valor algum. 13 PONTO DE VISTA No ano passado, quase 25% dos negócios do varejo conside- ravam que as novas aplicações mobile eram uma prioridade, se- gundo uma sondagem dos principais varejistas de combustíveis, lojas de conveniência e farmácias, e esperamos que este número cresça ainda mais em 2017. Algumas lojas de conveniência já utilizam o pagamento di- gital e permitem a utilização de smartphones para isso. Muitos ou- tros informam aos seus clientes suas promoções através das redes sociais e Twitter. Outros usam publicidade digital e oferecem wi-fi na sua loja, enquanto algumas lojas usam tablets em suas gôndo- las e estantes. Apesar do crescimento das plataformas e inovações digitais, as promoções tradicionais provavelmente seguirão sen- do a iniciativa mais utilizada. A maior mudança na digitalização é o uso efetivo da infor- mação e de um ponto de pagamento para que os clientes possam realizar suas transações da maneira mais rápida e eficiente. INVESTIMENTO EM PESSOAL A experiência de compra continua sendo o momento da verdade. É nele em que a atuação da equipe de trabalho é fundamental. Na atualidade, é uma triste realidade do nosso negócio a inconsistên- cia e a diversidade de execução da nossa oferta de valor ao cliente. O nível de satisfação do cliente está diretamente ligado ao nível de satisfação dos nossos empregados e colaboradores. Somente empregados motivados e contentes com seu trabalho podem resultar em uma importante ferramenta competitiva. His- toricamente, nossa indústria é caracterizada por pagar salários mí- nimos, trabalhar com alta rotatividade da equipe, oferecer baixos incentivos e pouco ou quase nenhum treinamento. Os líderes da nossa indústria começam, agora, a desafiar este dilema, e não somente oferecem aos seus funcionários melhores salários, mas também implementam processos de seleção mais sofisticados e programas de treinamento e apresentam oportuni- dades de desenvolvimento e crescimento profissional. Para aque- les que mantêm sua lealdade à empresa é oferecido um pacote de incentivos, que varia de acordo com o sucesso do negócio, trans- formando seus empregados em verdadeiros sócios. A gestão de recursos humanos vem sendo eleita por muitos líderes como uma das prioridades mais importantes do negócio. Este é um enfoque lógico, já que muitos gestores continuam bus- cando novas estratégias para atrair e reter os melhores talentos. Quando os programas de capacitação e incentivos são implemen- tados corretamente, pode-se reduzir de forma eficaz a rotativida-de e aumentar a satisfação dos empregados e clientes. 14 PONTO DE VISTA CONTINUAR APOSTANDO NA CATEGORIA DE BEBIDAS As lojas de conveniência devem manter suas apostas na catego- ria de bebidas, focando em como fazer um café mais elaborado e profissional, oferecendo seleções de cerveja artesanal em um ambiente refrigerado (onde as leis e regulamentos permitirem) e também uma variedade de sucos preparados na hora. Por que? Todos estes programas com foco em bebidas podem ser tanto um gerador de tráfego quanto um incentivador de com- pra adicional de produtos pelos clientes, uma vez dentro da loja. Infelizmente, não estamos sós neste novo conceito, pois existem outros competidores que estão lançando formatos que oferecem uma opção diferente da tradicional oferta de fast food. Um novo conceito nasceu nas grandes cidades: fast casual. A pro- posta consiste em brindar os clientes com uma oferta de comida conveniente e saudável a preços razoáveis. Este conceito vem sur- preendendo as tradicionais cadeias de comida rápida por oferecer produtos de maior qualidade a preços superiores, porém meno- res do que os praticados em restaurantes tradicionais. COMIDA RÁPIDA, MAIS SOFISTICADA E SAUDÁVEL Outra tendência que cresce na sociedade é a necessidade de cui- dar da saúde e ser muito seletivo no momento de escolher sua refeição. Nossa indústria tem que lutar contra a percepção do cliente de que não se pode encontrar em uma loja de conveni- ência uma solução adequada e saudável a um preço competitivo. Nos últimos anos, significativos esforços têm sido desen- volvidos para converter as lojas em postos de combustíveis em um novo destino para os consumidores. Atualmente, os clientes desfrutam da oportunidade de encontrar uma oferta de café e padarias mais sofisticadas, por exemplo. Esta tendência não só se incrementará em quantidade, mas também em complexidade, de forma a se transformar em um novo destino de compras. Panera Bread No final do ano passado existiam mais de 1.845 cafeterias com padarias em 45 estados americanos e na cidade de Ontário, no Canadá, operando sob a bandeira Panera Bread. Nos estabe- lecimentos são oferecidos um pão artesanal fresco e autêntico servido em um ambiente aconchegante por empregados com- prometidos com o conceito. Pret A Manger Com operações em Londres iniciadas em 1986 e tendo chega- do aos Estados Unidos em 2000, o Pret A Manger conta com mais de 300 lojas, localizadas na capital inglesa, Paris, Hong Kong e Estados Unidos (incluindo cidades como New York, Boston, Chicago e Washington DC). O Pret A Manger é bem conhecido por seu cardápio natural e saboroso, disponível em locais convenientes e urbanos, que satisfaz os consumidores que buscam comida e bebida de qualidade servidos rapida- mente em um ambiente agradável. 15 CONCLUSÃO Historicamente, o ciclo de vida dos nossos negócios se contava em décadas, e devido às mudanças que estamos enfrentando, teremos sorte se um conceito ou formato tiver uma vida útil de cinco anos. É imperativo que qualquer nova oferta ou formato a ser desenvolvido acrescente um salto significativo nas novas tendências, caso contrário o risco de se desenvolver um novo conceito ou formato é que o mesmo fique obsoleto em menos de dois anos. Existem muitas tendências que estimulam a mudança, mas outras, sem dúvida alguma, serão passageiras ou fora de contexto, transformando o resultado em perdas de capital e em um fracasso do ponto de vista comercial. Testar novas ideias ou conceitos é parte do nosso negócio, porém deve-se somente fazer isto depois de conhecer claramente o contexto em que o mesmo se desenvolve. Com o crescimento econômico, muitos setores de baixa renda se incorporam à classe média, ampliando, assim, tanto o consumo de combustíveis quanto o de loja de conveniência. O negócio de conveniência tem uma possibilidade genuína de incrementar seus resultados e, baseando-se na penetração de mercados mais desenvolvidos, esta oportunidade é enorme. Nosso novo cliente é ávido pela conveniência e sedento de solu- ções que facilitem a vida moderna, e na vida moderna o tempo é um bem escasso. Porém, este cliente de conveniência é também seduzido por muitos outros canais, e os revendedores deverão maximizar o seu talento para capturar um cliente cada vez mais indepen- dente, com maiores alternativas de compras e exigente em suas demandas. É necessário ajustar sua oferta de conveniência às novas demandas do mercado e também ser consistente na exe- cução do serviço ao cliente. Hoje, sabemos que muitas coisas mudam, porém as únicas que não se alteram ao longo de todo este tempo são a necessi- dade do cliente de contar com o combustível para levá-lo a luga- res aos quais pretende ir e a necessidade de satisfazer seu desejo por uma parada que reenergize sua jornada. Os consumidores buscam uma solução para as suas ne- cessidades de forma simples, rápida e eficiente – tudo isso ao alcance de uma tecla ou de suas mãos. Cumprir e superar essas expectativas continua sendo nossa missão mais importante. 16 17 A ERA DA EXCELÊNCIA NA OFERTA DE SERVIÇOS AO CLIENTE FERNANDO LUCENA (GS&Friedman e Grupo GS) Economia criativa, colaborativa, consciente, compartilhada e comunitá- ria – conceitos cada vez mais valorizados pela geração Millennial que têm gerado novas oportunidades e influenciado a reconfiguração de formatos de negócios, produtos e serviços. Esta geração desconstrói o consumismo como status quo e faz emergir um novo mindset: desapegado, orientado a causas e propósitos, e que valoriza cada momento. Eles não querem “ter” – querem “ser”, e para fazer parte dessa nova jornada, gerar experiências autênticas, genuínas, transparentes e com proposta de valor, torna-se cada vez mais imperativo no processo de transformação do mercado va- rejista, seja global ou local, digital ou físico. N este cenário e neste texto propomos uma reflexão sobre o tema que cha-mamos de “Experiência 5.0”, buscando analisar a emergência de novos con-ceitos e práticas em todos os canais de distribuição a partir de inovações trazidas pela tecnologia e outras possibilidades geradas pela combinação de elementos para maximizar a experiência do consumidor, induzindo a um melhor de- sempenho em diferentes negócios. É um tema oportuno, particularmente em um cená- rio desafiador como o atual. Em um momento em que muitas empresas pensam em diminuir ofertas e minimizar despesas, o consumidor exige a ampliação do cardápio de oferta. Enquanto buscamos a equivalência para ganhar escala, o consumidor espera por diferenciais para basear sua es- colha. E enquanto processos são revistos e otimizados, o cliente exige a qualidade como elemento essencial. Nossa intenção é apresentar conceitos, cases e provocações que po- dem servir de paralelo para ações em postos, lojas e centros de serviços nos segmentos de combustíveis e lubrificantes. A EXPERIÊNCIA 5.0 CAPÍTULO ESPECIAL 18 Postos de combustíveis e lojas de conveniência vêm sofrendo com as pressões deste novo modelo de consumidor, que exige qua- lidade em serviços, consciência empresarial voltada ao social e ao am- biente, honestidade na proposta, coerência e consistência na entrega de produtos e serviços, entre vários outros fatores que vêm causando uma (r) evolução no ambiente destes negócios. Com a evolução dos postos de antigamente para os centros de multis- serviços de hoje, temos a necessidade de agregar qualidade na prestação de serviços. E o que seria “qualidade em serviços” senão aquela que o consumidor percebe como valor agregado? De que adiantaria agregar tantos serviços ao posto se não se agregasse também um ambiente que o cliente perceba como amistoso e em que ele queira estar? Questões e mais questões povoam a cabeça dos empresários que se esforçam paraacompanhar as mudanças do setor, trans- formando em prática os conceitos mais atuais de consumo e fidelidade do cliente. Como epicentro desta mudança está o “novo consumidor”, com suas caracte- rísticas diferentes em relação ao consumo: a fidelidade por marcas, a manifestação de sua opinião e a busca por uma proposta diferenciada por parte das empresas como razão para consumir a marca A ou a marca B. É a chamada “geração Millennial”. Seguem algumas curiosidades sobre ela: 19 Trata-se de um novo comportamento de consumo que, como o próprio acrônimo sugere, será cada vez mais “endeusado” e irá pressionar a sua equipe de vendas, exigindo que as empresas re- pensem seus modelos de negócios sob a perspectiva do “custo- mer-first”, ou “o cliente em primeiro lugar”. O “GOD” lembra o “Deus Consumidor” com toques locais e regionais integrados com a visão mais global e abrangente. Um apelo, com forte conexão com a sustentabilidade, à medida que mescla o melhor do “global” com a essência do “local”, que pode assegurar um espaço privilegiado e mais protegido. Este consumidor está cada vez mais “omni”, exigindo que o seu negócio esteja preparado para atendê-lo em qualquer canal e a qualquer momento. Exige também que ele seja digital e ante- nado com as novas tecnologias (do mobile à realidade virtual). A dimensão digital é o viabilizador/transformador/desencadeador- -mor de todo esse processo. Nesse sentido, marcas deixam de ser apenas chancelas de qua- lidade e procedência para assumirem um novo papel. Em um mundo onde as pessoas têm tantas marcas à disposição e todas são igualmente boas, as pessoas estão justamente escolhendo aquelas que possam admirar e confiar. Nesse sentido, a conexão emocional é muito importante. Em meados de 1998, Joseph Pine e James Gilmore publicaram na Harvard Business Review o artigo “Welcome To The Experien- ce Economy”. No ano seguinte lançaram o livro “The Experience Economy” (traduzido em português como “O Espetáculo dos Ne- gócios”). Ambas as publicações foram icônicas no tratamento do tema de experiências no mundo dos negócios e na própria eco- nomia, onde defendiam a ideia de que, para diferenciar um pro- duto e agregar valor a ele, era preciso proporcionar experiências para os consumidores. Ao completar 18 anos, o conceito atinge, além de sua maiori- dade, uma dimensão muito mais abrangente e relevante. O CONSUMIDOR GOD – GLOBAL, OMNI, DIGITAL MARCAS COM ALMA O CONCEITO EXPERIÊNCIA 5.0 As marcas precisam desenvolver três características es- senciais para estabelecer esta conexão emocional com os consumidores: Autenticida- de – preservar a sua essência e consistência; Pessoal – muito mais do que personalizar produtos via tecnologia, é necessário conhecer profundamente o cliente e antecipar seus desejos; e Tribal – deve ser capaz de reunir as pessoas em uma espécie de tribo ou clube da marca. Hoje em dia as pessoas não compram simplesmente produ- tos e serviços – elas compram relacionamento, rapidez, agilida- de, praticidade, inovação, histórias e, podem acreditar, “mágica”. 20 Q uando falamos de experiência para o cliente, falamos de características na prestação de serviços que encantam, diferenciam, atraem e, principalmente, facilitam a vida do consumidor. Acompanhando os fatos que marcaram esta mar- cha de mais de 30 anos do forte conceito de oferecer experiências ao consumidor, criamos a chamada “escala de experiências”, que separa em níveis a evolução deste conceito. Veremos mais sobre ela a seguir. Exemplo de quem fez: Nova Apple Store – São Francisco (EUA) Num cenário crescentemente competitivo e ‘comoditizado’, onde a oferta de produtos e serviços é exponenciada pela permanente ampliação de alternativas, tornou-se imperativa a busca da diferenciação possível pela adição de experiências ao conjunto dos negócios nos mais diversos setores. MARCOS GOUVÊA DE SOUZA (DIRETOR-GERAL DO GRUPO GS& GOUVÊA DE SOUZA) “ ” EXPERIÊNCIA 1.0 Inovação na maneira de comercializar produtos nos pontos tradicionais de vendas, com mudan- ça na atitude e no comportamento de vendedores e atendentes, associados a elementos de design e visual merchandising. Exemplo de quem fez: TGI Friday’s Rede norte-americana de casual dining, com unidades decoradas com memorabilia, local EXPERIÊNCIA 2.0 Incorporação de serviços aos produtos, criando solu- ções que visam, ao mesmo tempo, diferenciar e ampliar a experiência vivida, além de melhorar a rentabilidade do negócio. Exemplo de quem fez: Build a Bear Mantra: Cocriação e sentimento de comunidade (os ursinhos ga- nhavam “festas de aniversário com seus amigos de criação”). familiar e repleto de histórias, e atendentes que criaram a verdadei- ra diferenciação, com indumentária personalizada, comemorações e atendimento ajoelhado - “olhos no mesmo nível dos clientes”. Mantra: Comemoração nas noites de quintas-feiras, anteceden- do o “Graças a Deus é Sexta-feira” (TGIF). EXPERIÊNCIA 3.0 Incorporação de diversos canais e serviços com a mesma proposta em busca da experiência em seu sentido mais amplo. Exemplo de quem fez: American Girl Place Operação pioneira via catálogo (e, posteriormente, em lojas físi- cas) em Chicago e na flagship, na Quinta Avenida em Nova York. A empresa nasceu independente em 1986 e foi comprada pela Mattel em 1998. Mantra: Oferecer bonecas ligadas à história norte-americana de forma totalmente reconfigurada, incorporando experiências dentro das lojas, com opções de restaurante para mães e filhas, além de serviços de cabeleireiros e outros tratamentos para as bonecas customizadas. EXPERIÊNCIA 4.0 Exponenciação da proposta, com envolvimento de tec- nologia (como beacons, mesas e totens interativos, espe- lhos responsivos...) dentro da realidade omnicanal, visan- do a individualização da experiência. Exemplo de quem fez: Niketown Formato de lojas onde se oferecia testes de avaliação individual para adequação de produtos e simuladores esportivos. EXPERIÊNCIA 5.0 Eventos e atividades, dentro ou fora do ponto de venda, para criar experiência e relacionamento – elementos mar- cantes e diferenciadores em todo o processo de consumo. As experiências dentro da loja atingem um novo estágio com uma mescla inovadora – e ambiciosa – de três elementos essenciais: even- tos na própria loja + integração de ambientes físicos internos e exter- nos + atuação da equipe. Mantra: Os eventos assumem papel relevante para os Millen- nials. Tal efeito redimensiona, de forma disruptiva, toda a indús- tria de eventos e entretenimento no mundo com importantes reflexos em outros segmentos, tais como comunicação, comér- cio e hospitalidade. Workshop de Bichos de pelúcia, criados um a um pelos próprios clientes – as crianças. Mantra: Templos da marca com muita tecnologia incorporada para criar o maior e melhor envolvimento possível. 21 Se a experiência começou com propostas de ambientação do ponto de ven- da com conceito cênico e atendimento diferenciado (Experiência 1.0), o segundo passo foi rentabilizar a ideia, agregando serviços a produtos de forma a ampliar a percepção de valor agregado (Experiência 2.0). Algumas iniciativas convocavam a participação dos próprios consumidores no processo, reforçando a ten- dência de cocriação e personalização nos negócios. Como consequência, surgiu a necessidade de ampliar a oferta de canais e serviços, dando início à era da multicanalidade, que, posteriormente, consolidou-se como Omniera (Experiência 3.0). Nesta jornada, o próximo passo foi incorporar a tecnologia ao ponto de venda, agora transformado em um verdadeiro “templo da marca” (Experiência 4.0). Consumidores experimentam sensações e inovações que os fazem se sentir na “loja do futuro” – displays interativos, totensque ampliam a oferta de produtos e serviços de forma “infinita”, beacons e sensores que prometem personalizar ao máximo a experiência de compra. Mas o consumidor quer mais, e para conquistá-lo não basta uma boa oferta de produtos ou serviços – é necessário ter um senso de propósito alinhado com seu estilo de vida, com valores em sintonia com a comunidade no qual se está inserido e, acima de tudo, com autenticidade. Na Experiência 5.0, o novo mantra para os negócios é o “ser social”, compartilhar experiências, sentimentos, emoções... e nada melhor do que um evento para dar outra dimensão aos produtos e serviços, seja dentro ou fora do ponto de venda. Neste cenário, um olhar mais acurado em outras áreas, especialmente nos segmentos de entretenimento, ho- telaria e turismo, pode revelar insights expressivos para os mais diferentes negócios, de agências bancárias e telefonia a serviços funerários. A busca pela diferenciação deve ser um processo contínuo e, para chegar a resultados de fato surpreendentes, torna-se obrigatório repensar os negócios a partir da ótica dos consu- midores. É o que chamamos de “foco do cliente” em vez do simples (embora trabalhoso) “foco no cliente”. Uma forma de entender o seu cliente é, então, atender aos seus desejos e necessidades. Pelo exemplo de hotéis e hospitais, importamos para o varejo em geral o termo hospitalidade. Um conceito que pretende tangibilizar para o consumidor a excelência, o acolhimento, o conforto e o interesse sincero de atender bem pessoas que buscam, mais do que simplesmente encher o tanque de combustível ou realizar compras ocasionais, se relacionar com marcas, produtos e locais que “preencham” suas preferências e desejos. UM CONCEITO EM EVOLUÇÃO 22 O BÁSICO BEM FEITO Tudo isso só faz sentido quando a entrega de proposta de valor do negócio está afinada com a expectativa do consumidor. A ex- periência, nesse sentido, não está atrelada somente a investimen- tos em tecnologia de ponta e ideias mirabolantes, ainda mais em um momento pragmático, em que todo o investimento é meticu- losamente planejado e deve ser mensurado. É preciso começar pelo “básico bem-feito”, ou seja, se a pro- posta é entregar preço competitivo, como em um atacarejo, ou um sortimento diferenciado de produtos, como em um mercado gourmet, ela deve estar clara e corresponder à expectativa do cliente para que a experiência de consumo seja sempre positiva. DO PDV PARA O PDX Essa expressão, criada pela Consultoria Gouvêa de Souza, recon- sidera todo o PDV para o PDX, que literalmente é o ponto onde tudo deve acontecer, um espaço que materialize o propósito das marcas. A loja, ou o histórico PDV (Ponto de Venda), tem evoluído de forma consistente para se transformar em um espaço que oferece experiência, serviços, educação, soluções, relacionamento, intera- ção, atualização “e até” a venda de produtos e serviços. No PDX, o “X” faz alusão ao que “tem de tudo”, representando a multiplici- dade de funções, possibilidades e expectativas com respeito aos espaços anteriormente configurados como lojas. Tal movimento chama atenção para a relevância que as lojas físicas têm neste processo de mudança, impactado pelos avanços digitais e tecno- lógicos que influenciam a atividade comercial. Essa mudança envolve absolutamente tudo o que diz respei- to à antiga concepção de loja com relação à oferta de produtos e serviços, ao design, à ativação e promoção de vendas, ao aten- dimento, à atuação e ao papel das pessoas, aos instrumentos de monitoramento e controle incorporados e, talvez o mais impor- tante, ao empoderamento das equipes que atuam nesses espa- ços, obrigatoriamente envolvendo sua completa integração com outros canais de vendas e relacionamento dentro da concepção do Consumidor Omnichannel. O que se tem à disposição é uma quantidade crescente de soluções e inovações, todas high tech, para transformar a loja em uma verdadeira Loja do Futuro: óculos de realidade virtual auxi- liando lojas mais enxutas (porém com opções vastas para consu- mo), a forte interação digital dos consumidores (com robôs que automatizam o atendimento), scanners que trazem informações e orientações sobre produtos, impressoras 3D que permitem a má- xima personalização de produtos e muito mais. Todas essas inova- ções já são pistas de como poderá ser a experiência de compras nos próximos anos. A isso somamos rumores de que o Google está levando para dentro do PDV ferramentas como o Google Analytics. Isso sim pode ser disruptivo para o varejo, pois poderá trazer para o am- biente estratégico e operacional o que há de mais concreto com relação ao comportamento de consumidores. Enfim, a mensagem que fica para o mercado é “pense rápido, pense simples, aja rápi- do, corrija rápido e reinvente-se sempre”. JORNADA DE CONSUMO Os consumidores possuem diferentes comportamentos em fun- ção dos momentos do dia. Identificar esta rotina é importante para entregar uma experiência positiva e relevante ao cliente. Cabe ao varejista dosar a experiência certa no momento correto. Possivelmente o consumidor que vai ao um posto pela ma- nhã apresenta comportamentos e necessidades diferentes daque- les que vão à noite. Ou ainda, clientes diferentes têm expectativas e necessidades diferentes. Cabe ao posto e/ou loja de conveniên- cia abrigar estes clientes em um mesmo ambiente, respeitando as diferenças e oferecendo o melhor serviço possível. Conhecer, estudar e analisar o comportamento do cliente é fundamental para que a oferta de experiência seja reconhecida e validada como positiva por ele. Isso passa por identificar o estado de humor, em qual período da sua jornada diária o consumidor se encontra e qual sua motivação para o consumo. Investir em um evento que exija atenção especial e “roube” uma fatia de tempo do cliente que está, por exemplo, buscando somente satisfazer uma necessidade ou conveniência durante a semana, pode gerar efeito contrário ao desejado. BIG DATA NA PRÁTICA Recente pesquisa, feita com 105 executivos de empresas de esca- la global, constatou que as empresas estão apostando em análise preditiva como importante ferramenta para enxergar melhor o cliente e, assim, prever, com precisão, quais serão suas necessida- des (63%), além de contribuir para melhorar a experiência do con- sumidor (60%) e na inovação de serviços e produtos (55%) (Fonte: Blazing The Trail From Data To Insight To Action [Forbes Insights/SAS]). O perfil de consumo de indivíduos sozinhos (por exemplo, du- rante a semana) e de grupos familiares ou de amigos (por exemplo, reunidos no fim de semana) apresentam características diferentes. A percepção de tempo também se altera em função da rotina de trabalho e dos momentos de lazer. Enquanto durante a semana o consumidor preza por conveniência e rapidez, no fim de semana pode estar mais receptivo a eventos e serviços diferenciados. 23 Para ser genuína e reverberar na mente do consumidor, a experiência não deve ser exclu- sivamente associada a determinado canal de venda ou a ponto de contato da marca com o consumidor – é necessário conectar-se com uma ampla rede de canais (seja no mundo fí- sico ou virtual). A integração do online e do offline ocorre permanentemente (ou deveria ocorrer) na percepção do consumidor. Ao interagir com empresas e marcas, no mundo on ou off, o con- sumidor busca pontos de contato que validem suas expectativas e intenções. São estas interações que vão construir a preferência de consumo e a tão desejada lealdade do cliente a empresas e marcas. Experiências notáveis são aquelas que merecem ser compartilhadas. Entregar uma experiência de compra que surpreenda o consumidor – e que o faça, literalmente, dizer “wow!” – passa por alguns quesitos importantes: PLATAFORMA INTEGRADA 24 EXEMPLO DE QUEM FEZ:The Clearport ONDE: New Jersey (EUA) EXPERIÊNCIA: A loja de roupas para toda a família usou a experiência de um aeroporto como pano de fundo para tornar seu ponto de venda “Instagram-friendly”. Em vez de departamentos (feminino, masculino, infan- til), a loja é segmentada em “terminais” e telões que in- formam lançamentos e itens vendidos como “chegadas e partidas”. Enquanto escolhe suas peças, os clientes podem reservá-las em caixas como as usadas na alfân- dega. Uma sala, que parece um scanner, permite que o consumidor tire fotos de seu look novo e compartilhe imediatamente em suas redes sociais. Há também um programa de fidelidade inspirado nos programas de mi- lhagens das companhias aéreas. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Samsung Electronics QUANDO: Maio de 2016 ONDE: Rock in Rio Lisboa – Portugal NA PRÁTICA EXPERIÊNCIA: A empresa projetou uma experiência de entretenimento com tecnologia interativa para os fãs de música em um espaço chamado Galaxy Adventure Park. Entre as atividades, os participantes podiam tirar selfies 360 graus experimentando um salto de paraquedas virtual, vi- venciar a sensação real de um salto de bungee jump sobre um vulcão fumegante utilizando óculos de realidade virtual ou fazer um passeio de montanha-russa em um simulador virtual. “O Rock in Rio é uma das melhores experiências do mundo para os amantes da música e caçadores de emoções”, afirmou Younghee Lee, Vice-Presidente Executivo de Marke- ting Global e Negócios de Comunicações Móveis da empresa. 25 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Sky ONDE: Rock in Rio EXPERIÊNCIA: A empresa que oferece serviço de TV por satélite marcou presença no evento de música com espaço dedicado à arte da “luthieria”, onde master builders confeccionavam guitarras personaliza- das na hora. A ação gerou banco de dados que continuou sendo ativado mesmo após o evento, preser- vando o relacionamento com o consumidor. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Shopping Metrópole QUANDO: Junho de 2016 ONDE: São Bernardo do Campo-SP EXPERIÊNCIA: Espaço compartilhado com conexão à internet para clientes e lojistas usarem como ponto de encontro para pequenas reuniões e entrevistas de emprego, checar e-mails, recarre- gar aparelhos celulares e até relaxar. A proposta também tem pegada sustentável: o espaço foi montado com materiais reciclados, como pneus transformados em pufes. 26 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Saraiva ONDE: Terminais de transporte público de São Paulo EXPERIÊNCIA: Em parceria com a Triciclo, startup que visa a criação de soluções para o desenvolvimento sustentável, a varejista criou uma nova modalidade em seu programa de fidelidade. Agora os clientes que utilizarem o sistema de lo- gística reversa desenvolvido pela startup, que utiliza máqui- nas de venda reversa (retorna machine) para recolhimento de resíduos sólidos, poderão acumular “pontos triciclo”, que podem ser resgatados em créditos no Bilhete Único, descon- tos na conta de luz e também em pontos no Saraiva Plus, que conta com 12,8 milhões de clientes associados. As retor- na machine estão em estações e terminais de transporte pú- blico, shoppings, hospitais, complexos empresariais, hotéis, supermercados e outros pontos da cidade de São Paulo. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Pizza Hut ONDE: Ásia EXPERIÊNCIA: Em parceria com a Mastercard, a rede de pizzarias adotou o garçom-robô, batiza- do de Pepper, em algumas das lojas da rede no continente asiático. O robô faz recomendações de pratos e apresenta a oferta do dia, além de ficar responsável pelo checkout. A empresa espera reduzir o tempo de espera de seus clientes com o novo garçom. A iniciativa também desperta curiosidade, além de reduzir erro humano e custos operacionais. 27 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Mambo ONDE: Plataforma online EXEMPLO DE QUEM FEZ : Farmer’s Fridge ONDE: Chicago (EUA) EXPERIÊNCIA: Instalado na praça de alimentação ao lado de redes de fast food com a proposta de entregar comida saudável, fresca e rápida. Dos materiais usa- dos na fabricação do quiosque até as embalagens dos produtos, tudo segue conceitos sustentáveis. O clien- te escolhe a salada em um painel touch screen e até o simples reconhecimento do seu nome (a partir da identificação do cartão de crédito) pode superar a sua expectativa na hora do almoço corrido – e saudável – durante a semana! EXPERIÊNCIA: Além de disponibilizar um acer- vo variado de receitas para consulta dos con- sumidores online, a rede de supermercados sincronizou os produtos citados na lista de in- gredientes para a compra automática do clien- te. Há, ainda, a opção pela escolha da quanti- dade de pessoas para a qual será preparada a refeição e, consequentemente, o ajuste nos itens que vão diretamente para o carrinho de compras, eliminando etapas e “cliques”. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Iódice ONDE: São Paulo EXPERIÊNCIA: Reforçando o conceito que permeia sua linha mascu- lina, Live Green, a marca associou-se à Spin’n Soul, academia espe- cializada em spinning, e ofereceu aula para convidados dentro da sua flagship com o objetivo de inspirar e estimular as pessoas a viverem guiadas por atitudes sustentáveis. 28 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Magazine Luiza ONDE: Aeroportos brasileiros EXEMPLO DE QUEM FEZ: Curto Café ONDE: Rio de Janeiro EXPERIÊNCIA: Nesta cafeteria no Rio de Janeiro o cliente é quase “sócio” EXEMPLO DE QUEM FEZ: Shopping JK Iguatemi QUANDO: Junho de 2016 ONDE: São Paulo EXPERIÊNCIA: A varejista decidiu disponibilizar internet grátis nos principais aeroportos brasileiros. Além da comodi- dade aos viajantes, a empresa ainda oferece descontos para os consumidores que baixarem seu aplicativo enquanto esti- verem aguardando o voo. EXPERIÊNCIA: Para o lançamento do filme “Procurando Dory” foi programada uma projeção com imagens da ani- mação, transmitida na parte externa do shopping. A ação transformou a fachada minimalista do empreendimento em um verdadeiro “aquário”. do negócio, pois fica ciente de todos os custos da opera- ção. É ele também quem decide quanto quer pagar pelo cafezinho. Lousas atualizam os gastos do mês e fazem estimativas dos lucros. O cliente também pode preparar seu próprio café ou cappuccino. Com essa iniciativa, o negócio reforça o senso de comunidade e o propósito de compartilhar experiências. D es ig ne d b y C he va no n / Fr ee p ik 29 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Riachuelo ONDE: SPFW EXPERIÊNCIA: Para celebrar o lançamento de sua coleção em parceria com o incensado estilista Karl Lagerfeld, a Ria- chuelo apostou no combo “see now, buy now”, tendência no mundo da moda em que as coleções apresentadas nas passarelas são disponibilizadas praticamente de forma si- multânea na loja online. A marca brasileira foi além e, ao final do desfile, vendedores entraram na passarela com araras e displays com produtos da nova coleção disponí- veis para o público presente efetuar suas compras. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Yelp EXPERIÊNCIA: O aplicativo, muito utilizado nos Estados Unidos, é um guia de dicas de estabelecimentos, restau- rantes e outros eventos online. Além de reforçar o senso de comunidade e se apropriar das recomendações nas redes sociais, o aplicativo também possui o recurso de realidade aumentada. Ao ativar a função “localizador”, o app usa a câ- mera do smartphone para sobrepor imagens do estabeleci- mento com as avaliações dos usuários sobre o local. EXEMPLO DE QUEM FEZ: Melitta ONDE: Museu do Futebol – São Paulo EXPERIÊNCIA: Durante um feriado prolon- gado a marca estacionou seu coffee truck na frente do Museu do Futebol para oferecer ao público uma degustação de diferentes tipos da bebida. “A proposta é enriquecer um mo- mento cultural com uma experiência ímpar com o café. As pessoas escolhem o cafée o barista faz, explicando as características do produto e o método de preparo”, destaca Ricardo Andrade, gerente de Marketing da divisão de Cafés da Melitta. 30 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Levi’s e Google QUANDO: Verão de 2017 EXPERIÊNCIA: Parceria entre a marca de moda e a gigante de tecnologia resultou na primeira peça de roupa inteligente, a Trucker Jacket de Levi’s® Commuter™ x Jacquard by Google. A jaqueta per- mite que os usuários permaneçam conectados e com fácil acesso a rotas e informações sobre lugares próximos. Além disso, é possível mudar sua músi- ca e atender chamadas apenas tocando a manga da jaqueta. A peça foi projetada para melhorar o desempenho do ciclista urbano e integra-se a um aplicativo que permite que os ciclistas customizem sua experiência e programem seu nível desejado de interação. Para o lançamento do produto, no verão 2017 em lojas selecionadas e online, Marina Kadooka, gerente de marketing da marca no Brasil, afirmou: “Oferecemos aos nossos fãs soluções em estilo de vida através de função, utilidade e propósi- to. Ser original significa permanecer fiel à nossa he- rança e, ao mesmo tempo, inovar para o futuro. Dos mineiros em 1873 aos ciclistas modernos e urbanos, nos esforçamos para atender às necessidades dos nossos consumidores desenvolvendo produtos ino- vadores que oferecem soluções de estilo de vida”. EXEMPLO DE QUEM FEZ: LVMH EXPERIÊNCIA: O conglomerado de marcas apresentou recentemente seu investimento na criação de um lab de luxo, por meio do qual apoia startups de tecnologia, relacionamento, comunicação e inovação. Plataformas que integram experiências de compra on e offline, aplicativos de realidade aumentada para que as consumidoras possam testar produtos de beleza, aplicativo de reconhecimento e autenticidade de artigos de luxo e uma plataforma inédita de compras (denominada Cinematique) a partir de toques em produtos durante a exibição de um vídeo (como um fashion film) compõem o laboratório. 31 EXEMPLO DE QUEM FEZ: Sonos ONDE: SoHo, Nova York EXPERIÊNCIA: A marca de alto-falan- tes Sonos apostou em uma ambienta- ção para a sua primeira flagship store, no SoHo, em Nova York, que pretende acolher seus consumi- dores como se eles estivessem em casa. A ideia é que os clientes possam sentir a música como eles realmente irão fazer, em suas casas, com seus amigos e familiares. São diversas “casinhas”, cada uma com cenário e estilo dife- rentes (há um ambiente voltado para estudos, um para a sala de estar, outro como se fosse um quarto). Além de estimular a permanência e servir de ponto de encontro dos clientes, ainda oferece o fundo perfeito para a sua foto no Instagram (Instagram-friendly). EXEMPLO DE QUEM FEZ: Niantiks Lab EXPERIÊNCIA: Ressuscitou um jogo que fez parte da infância dos Millennials, agora com recursos de realidade aumentada, integrando os mundos real e virtual. Rapidamente o Pokémon Go virou febre, levando jogadores às ruas e ganhando também a EXEMPLO DE QUEM FEZ: Pantone ONDE: Mônaco EXPERIÊNCIA: O instituto de tendên- cia de cores já tinha experimentado vender produtos com a marca que é desejo dos aman- tes de design e moda, mas foi além, e, para reunir seus fãs, abriu uma cafeteria popup, onde os clientes podem “saborear as cores”. Está instalada em um container em um tom de vermelho que homenageia o local. Detalhe: todos os snacks e bebidas servidos, como sucos de fru- tas e pães, recebem uma classificação de referência do seu Pantone (o número da cor no catálogo do instituto). atenção de marcas e varejistas. Um exemplo foi a iniciativa da cafeteria-laboratório da agência Huge. Segundo o site b9.com.br, a cafeteria, localizada entre duas pokéstops (onde os jogadores podem se reabastecer com pokébolas e outros itens), tratou de instalar um módulo chamado “lure”, que atrai diversos pokémons no período de trinta minutos. Com isso, a cafeteria contabilizou um aumento significativo no tráfego e visitantes, sinalizando uma janela de oportunidades para o varejo. 32 Em cenários de crise, a capacidade de se adaptar ao ambiente – a tal resiliência – torna-se condição vital para a sobrevivência dos negócios, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte. Entretanto, diante das provocações levantadas pelos consumi- dores do milênio, outro conceito da Física passa a ser estudado no ambiente de negócios: a sua plasticidade, ou seja, a capaci- dade não de apenas se adaptar (esperando voltar à forma ori- ginal após o período turbulento), mas também de criar uma forma, gerando novos negócios e oportunidades. Lojas de conveniência sabem muito bem o que isso significa quando percebem que sua finalidade mudou para loja de bairro, e não somente uma loja ocasional ligada a um outro momento do consumidor (no caso, o de abastecimento ou ou- tro serviço automotivo). Pesquisas demonstram que, em média, grande parte dos consumidores (exatamente a maioria) chega às lojas de conveniência sem seus carros. Ou seja, a intenção é diferente, o comportamento é diferente. Portanto, a oferta e o atendimento também deveriam ser. EVOLUÇÃO CONTÍNUA: RESILIÊNCIA OU PLASTICIDADE? Como tudo que temos vivido, é um excesso de informação que precisa ser destilada para que permaneça o que é fundamental no meio de tantas coisas importantes, para aplicar em nossa realidade empresarial, profissional e também pessoal. Esse é talvez um dos maiores desafios depois de tanta provocação proporcionada por tanto estímulo. MARCOS GOUVÊA DE SOUZA (DIRETOR-GERAL DO GRUPO GS& GOUVÊA DE SOUZA) “ ” 33 Neste processo transformador do mercado de varejo e serviços, apesar do grande avan- ço tecnológico, um tema que permeia várias agendas de inovação é a importância da humanização no atendimento. Afinal, após tudo o que foi exposto neste texto, é dever dos empresários e de todo o staff de colaboradores que se tenha um relacionamento mais sincero e mais caloroso com o consumidor e que se alimente o setor de serviços com as bases que ele sempre teve na sua construção, que é gente atendendo gente. O cliente de hoje terá sempre (e cada vez mais) a opção de es- colha, e as empresas terão o dever de prestar um bom serviço. Simples assim: empresas dependem de clientes mais do que os clientes dependem das empresas. Isso obriga as empresas a fa- zer diferente, desde o recrutamento e seleção dos colaboradores, passando por treinamento e empoderamento, até a remuneração e retenção de seus talentos. O novo profissional passa por uma verdadeira transformação, causada por este cliente empoderado e com hábitos de compra bem diferentes. Este profissional passa a ser responsável por muito mais do que apenas uma transação comercial (realizar vendas – sales). O NOVO PAPEL DO PROFISSIONAL DE ATENDIMENTO: S.A.L.E.S. PEOPLE Acreditamos na fórmula 1 = 3. Uma pessoa excelente produz tanto quanto três pessoas boas. KIP TINDELL (COFUNDADOR DA THE CONTAINER STORE) “ ” Surge o papel do S.A.L.E.S. People, um colaborador que re- aliza muito mais do que apenas uma transação comercial. A sigla indica que esse profissional é um Specialist (especialista, perito, técnico), Advocate (advoga, defende, colabora), Loyal (leal, dedi- cado, engajado), Entertain (recebe, diverte, acolhe) e Social (so- cializa, senso de comunidade, integração). O termo “sales” se deve ao objetivo, que continua sendo a performance através de vendas, negócios realizados. Mas a estra- tégia para se chegar a este objetivo mudou. O profissional deverá desempenhar seu papel de forma distinta e mais adequada ao atual cliente e ao mercado. 34 SPECIALIST (ESPECIALISTA, PERITO, TÉCNICO) O cliente espera encontrar no ambiente da loja e/ou da prestação do serviço alguém que realmente saiba o que está fazendo e saiba sobre os serviços e produtosque oferece. Gentileza e simpatia são importantes, mas não preenchem a decisão dos clientes em comprar de determi- nada marca ou em determinado local. ADVOCATE (DEFENDE, ADVOGA, COLABORA) O cliente espera que a pessoa que o atenda seja capaz de entender suas necessidades e que lhe ofereça algo que vá ao encontro destas. Saber vender é saber satisfazer. Não existe mais espaço para empresas e profissionais que forçam clientes a tomar decisões que contrariam suas intenções e desejos. Não se trata de fazer as vontades do cliente – o que se espera são profissionais que colaborem ao máximo para a satisfação do cliente e que mostrem a ele como tirar o melhor proveito daquilo que está sendo oferecido. O novo consumidor não quer ter que resolver problemas de pós-venda com terceiros. O mesmo interesse em vender deve ser aquele de atender e resolver problemas que surjam. LOYAL (LEAL, DEDICADO, ENGAJADO) Que lealdade à empresa é fundamental, isso já sabemos. Mas que tal ser leal aos clientes e às empresas ao mesmo tempo? Tanto os clientes quanto as empresas desejam dedicação. Desejam lealdade! Grande parte dos clientes compra por confiança, e não somente confiança na marca e nos produtos, mas também em quem está realizando negócios. ENTERTAIN (RECEBE, DIVERTE, ACOLHE) Tanto o ambiente de lojas quanto os profissionais que ali estão devem se empenhar em propor (e entregar) o melhor ambiente possível ao cliente. A ideia é ter uma loja na qual o cliente queira estar. Consumir pode ser mais prazeroso e menos penoso. Quando se tem prazer ao comprar, se tem uma percep- ção maior de valor. Ou seja, clientes se dispõem a gastar mais em lojas em que se sentem bem. De que adianta campanhas de marketing, tecnologias de ponta, beleza no layout e exposição de produto atraente se os profissionais insistem em posturas não profissionais e desinteressadas? SOCIAL (SOCIAL, COMUNIDADE, INTEGRADO) Frequentadores de um determinado ponto de venda preferem ser atendidos por um “rosto familiar”. Ser atendido por alguém que o conhece e sabe de suas preferências traz comodidade e segurança. Equipes realmente atentas para o que acontece em seus ambientes de trabalho são capazes de se relacionar me- lhor com seus clientes. S.A.L.E.S. PEOPLE 35 A lguns dos exemplos citados anteriormente mos-tram estratégias e experimentos de empresas de di-ferentes segmentos e tamanhos buscando criar dife-renciação no mercado. O consumidor não quer mais saber de monotonia – ele quer ter uma relação de paridade com as marcas. Ainda há um longo caminho pela frente no sentido de compreender e mensurar o impacto de tais experiências, mas é certo que não haverá mais volta. Assim, cabe ao varejista reestruturar-se para colocar em ação tais práticas e mecanismos para a mensuração e validação de tudo o que foi proposto. Aqui, a tecnologia aplicada no ponto de venda pode ajudar, assim como o monitoramento dos sentimentos refe- rentes à marca em redes sociais. Fazer uso do Big Data também ajudará para não somente conhecer, mas predizer as vontades e os próximos passos do seu consumidor. Muitas iniciativas ainda não estão no estágio de Experiência 5.0, o que mostra que ainda há uma grande jornada pela frente. O que desponta como tendência para uns poderá ser pendência para outros. Aqueles que ainda apostam no retorno aos moldes antigos terão a frustração como recompensa. As empresas devem entender que as mudanças ocorrem de dentro para fora e de cima para baixo. Fatores externos demonstram caminhos, indicam mu- danças, mas se as empresas insistem em não mudar, estes mes- mos fatores irão sufocá-las até o fim. As lideranças devem capitanear estes movimentos de adap- tação ou reinvenção. Devem promover novas agendas de traba- lho e estratégia e, acima de tudo, inspirar seus colaboradores, ali- nhando intenções para o futuro dos negócios. Para Richard Branson, fundador do Virgin Group e um em- preendedor nato, “um líder deve ter visão de futuro, otimismo como característica, pioneirismo, ousadia, valorizar a importância de delegar, elogiar o máximo possível, encontrar o bem nas pes- soas, estar sempre aberto a ouvir, ter entusiasmo com o que faz e focar na hospitalidade com colaboradores e clientes”. Muito se fala sobre o engajamento dos colaboradores aos movimentos, intenções e estratégias das empresas. Sobre isso não temos dúvidas da importância e do valor essencial para maxi- mizar esforços e resultados. O novo ponto não se refere apenas ao engajamento “dos”, mas “com” os colaboradores. Empresas moder- nas buscam cada vez mais alinhar propósitos e entender melhor o que se passa nas equipes e em suas cabeças, com as quais dividem os objetivos das empresas. Este é mais um grande desafio: alinhar os propósitos entre as empresas e seus colaboradores. Primeiramente, porque inicial- mente é necessário ter-se um propósito. Depois, precisamos ex- plicar claramente e verificar o entendimento. No final, para novas contratações, buscar pessoas que estejam adequadas ao tal pro- pósito. E com aqueles que já fazem parte do time, refinar e traba- lhar para que estejam todos “na mesma página”. É mais do que chegada a hora de trazer as pessoas para “per- tencer a algo”. Colaboradores e consumidores não desejam mais ser apenas expectadores. Eles querem participar do jogo. Clientes querem ser ouvidos para influenciar as marcas e o sortimento de produtos. Colaboradores querem participar da estratégia da em- presa, de seu planejamento, e, com isso, buscam contribuir mais do que simplesmente com a execução de planos. O futuro do varejo e dos setores de serviços vai muito além do high tech – será o resgate do fator humano, do atendimento personalizado, das conversas verdadeiras, dos sentimentos genuí- nos e das transações transparentes. Irá resgatar o convívio em co- munidade, independentemente de classe social, gênero ou faixa etária, tudo por um estilo de vida e um senso de propósito muito mais amplo. Clientes e colaboradores querem “abastecer” suas vidas com algo que lhes traga mais relevância, com marcas e empresas que sejam capazes de comunicar algo que lhes faça sentido, consu- mir produtos em que confiem e nos quais vejam valor, frequentar ambientes em que se sintam bem, avaliar e recomendar (ou não), criando uma rede de convivência e cooperação. Coloque o seu cliente como protagonista da história que você deseja contar para o mercado. Coloque o foco no cliente em vez de no produto. Ofereça o “servir” em vez do simples “atender”. ENFIM, DO PROBLEMA À SOLUÇÃO! Pessoas esquecerão o que você disse. Pessoas esquecerão o que você fez. Mas as pessoas nunca esquecerão o que você fez elas sentirem. MAYA ANGELOU (POETISA AMERICANA) “ ” 36 COMBUSTÍVEIS 37 COMBUSTÍVEIS MERCADO TOTAL As vendas de combustíveis tive-ram o segundo ano consecu-tivo de recuo, novamente im-pactadas pela forte contração da atividade econômica. O volume total co- mercializado em 2016, de 123,9 bilhões de litros, refletiu significativa queda de 5% em relação ao ano anterior, seguindo a variação negativa no Produto Interno Bruto (PIB), que caiu pelo segundo ano seguido e con- firmou a pior recessão da história do País, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Sem variações significativas nos pre- ços nas refinarias até meados de outubro, quando a Petrobras implantou uma nova política de preços de derivados, mais ali- nhada com os preços internacionais, os maiores impactos e efeitos na demanda por combustíveis vieram do comportamento da economia brasileira. O etanol hidratado, que em 2015 havia tido um excepcional crescimento nas ven- das, não repetiu o resultado no ano, e viu sua participação na matriz de combustíveis cair em 1,9 ponto percentual. Em 2016 ocor- reu o primeiro déficitmundial de produção de açúcar em relação ao consumo. Este fato que fez com que os produtores optassem preferencialmente pela produção daque- la commodity, reduzindo a produção de etanol hidratado, resultando na perda da paridade econômica desse biocombustível frente à gasolina. Puxado pela expressiva queda de 18,3% nas vendas desse produto, o consumo absoluto de combustíveis para motores de ciclo Otto1 em gasolina equiva- lente2, usados na frota de passeio, registrou leve recuo de 0,6%. Devido à redução da competitividade do etanol hidratado em relação à gasolina C, essa última teve crescimento na demanda em 2016. O aumento de 4,6% nas vendas de gasolina C fez com que o mercado encerrasse o ano to- talizando 43 bilhões de litros comercializados. Com comportamento bastante próxi- mo ao do PIB, e penalizado pela recessão em todos os setores da economia, notadamente na atividade industrial e nos setores de co- mércio e transporte, o consumo de óleo die- sel recuou 5,1% frente ao ano anterior. A otimização da malha de voos pelas empresas aéreas, a utilização de uma frota com maior eficiência energética e a redu- ção no número de passageiros, afetados pela crise econômica, acarretou redução de 8% na demanda por combustíveis de avia- ção (QAV3 + GAV4). O consumo de óleo combustível tam- bém foi menor, sendo penalizado por diver- sos fatores: a redução da atividade indus- trial devido à crise econômica; a progressiva substituição do óleo combustível pelo gás na- tural; e o retorno de um nível adequado nos reservatórios das hidrelétricas, que tornou desnecessário o despacho das termoelétricas. Assim como no ano anterior, todas as regiões do País registraram queda no con- sumo total de combustíveis em 2016. Ape- nas as vendas da gasolina C e GNV tiveram aumento. Enquanto a gasolina teve perfor- mance positiva e consistente em todas as regiões, o GNV teve crescimento do consu- mo em todas as regiões geográficas, com exceção do Centro-Oeste, que tem volume do produto praticamente insignificante. O etanol hidratado e os combustíveis de aviação tiveram resultados bastante negativos em todas as regiões. A região Sul foi a que sofreu menor retração no vo- lume total (1%), e também a única em que o óleo diesel e o óleo combustível tiveram resultados positivos. A região Sudeste teve resultado melhor que a média total (-5,0%), com redução de 4,2% nas vendas, principal- mente por uma queda menor no óleo diesel e no etanol hidratado. No grupo intermediário, mas abaixo da média do mercado, ficaram as regiões Centro-Oeste e Norte, com redução na demanda de 6% e 6,7% respectivamente. Apresentando queda bem superior à média nacional no óleo diesel, no etanol hidratado e no óleo combustível, a região Nordeste teve o pior resultado, com redução de 9,1% nas vendas totais. 1. Ciclo Otto: motores de combustão interna, com ignição por centelha, movidos a etanol hidratado, gasolina C ou GNV (Gás Natural Veicular). 2. Equivalência entre os volumes de etanol hidratado, GNV e gasolina C, tendo como referência o poder calorífico da gasolina. 3. Querose ne Aviação 4. Gasolina de Aviação 01. PARTICIPAÇÃO POR PRODUTO Fonte: Abegás/ANP *Todos os combustíveis Querosene de Aviação 5,5% 2,7% 43,8% 1,5% 34,7% 11,8% Óleo Combustível Óleo Diesel GNV Gasolina C Etanol Hidratado bilhões de litros 123,9 Querosene de Aviação 5,6% 3,8% 43,9% 1,4% 31,6% 13,7% Óleo Combustível Óleo Diesel GNV Gasolina C Etanol Hidratado bilhões de litros 130,3 2015 2016 COMBUSTÍVEIS 38 Mercado Total Querosene Iluminante Óleo CombustívelAviação Óleo Diesel Total Óleo Diesel TRR Óleo Diesel Consumidor Óleo Diesel Revendedor Ciclo OttoGNVGasolina C Etanol Hidratado -18,3% 4,6% 3,2% -0,6% -3,6% -9,4% -2,2% -5,1% -8,0% -32,4% 4,3% -5,0% Fonte: Abegás/ANP 02. HISTÓRICO DE VENDAS 0 20 40 60 80 100 120 140 39 COMBUSTÍVEIS Fonte: Abegás/ANP/Sindicom 78,3% 70,7% 55,7% 99,9% 99,1% 34,5% 74,1% 25,9% 65,5% 0,9%0,1% 44,3% 29,3%21,7% 54,3 43,0 14,6 6,8 3,3 1,8 123,9 Associadas Outras -6,7% 8% 10,2 9,5 -6,0% 11% 14,6 13,7 18% 22,8 22,5 -1,0% 17% 23,2 21,1 -9,1% 46% 59,5 57,0 -4,2% Bi lh õe s d e l itr os Fonte: Abegás/ANPTodos os combustíveis COMBUSTÍVEIS 40 CONJUNTURA ECONÔMICA No ano de 2016 a economia, que vinha de estagnação em 2014 e forte recessão em 2015, sofreu nova contração. Se em 2014 a atividade industrial caiu, naquele ano os serviços continuaram a crescer. Em 2015, caíram tanto a indústria quanto o setor de serviços. Já em 2016, a agropecuária tam- bém recuou, com o setor sofrendo por con- ta das condições climáticas, que afetaram a produção dos principais produtos agrícolas – soja, milho e cana-de-açúcar, que repre- sentam quase 60% no valor da produção da agricultura brasileira. Assim, a crise foi ge- neralizada e os três setores que compõem o cálculo do PIB reportaram quedas acentua- das no ano: agropecuária (-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%). Após o agravamento da crise eco- nômica e política no início do ano, o País passou pelo processo de impeachment presidencial em maio, tendo o vice-presi- dente assumido interinamente por 180 dias e, posteriormente, após aprovação no Con- gresso Nacional, de forma definitiva. O défi- cit nas contas públicas foi recorde, com 156 bilhões de reais, o equivalente a cerca de 2,5% do PIB, o que trouxe à tona a necessi- dade urgente de ajuste fiscal. A arrecadação de impostos e contribuições federais caiu, reflexo da recessão na economia, tendo a Lei da Repatriação, que regularizou recur- sos do exterior, amenizado o resultado ne- gativo da arrecadação. Boa parte dos esta- dos da federação passa por crise fiscal, com dificuldades para honrar compromissos, desde pagamento de salários de servidores à prestação de serviços essenciais de saúde e segurança. A inflação oficial no período de 12 meses, que chegou em janeiro a 10,71%, foi controlada ao longo do ano. O aumento do desemprego, a recessão econômica e a política monetária contribuíram para que essa redução se concretizasse. Em 2015, a Standard & Poors e a Fitch, duas das principais agências de classifica- ção de risco, já haviam rebaixado a nota de crédito do Brasil do grau de investimento para grau especulativo. Em fevereiro de 2016 foi a vez do País perder o grau de in- vestimento pela agência Moody’s, com um recuo de duas notas de uma vez só. Em abril de 2016, a agência Fitch rebaixou novamen- te mais uma nota para o Brasil, levando o País à mesma nota de 2006. Essa classifica- ção reflete diretamente a credibilidade do País perante o mundo, reduz investimentos e leva o País a perder dólares, o que ten- de a desvalorizar a moeda local. Porém, os impactos do rebaixamento não foram tão grandes em 2016, pois o mercado já havia precificado este evento ainda em 2015. Em um segundo ano consecutivo de recessão econômica, com o aumento de desemprego e queda da renda das famílias, ocorreu a postergação do consumo. O con- sumo das famílias, que por muitos anos sus- tentou o crescimento do PIB do Brasil, caiu 4,2% em 2016. Empresas também adiaram investimentos diante das incertezas sobre o futuro. Tudo isso acabou por impactar o setor de distribuição de combustíveis. Di- ferentemente dos anos anteriores, quando apresentou desempenho sempre superior ao da economia nacional, em 2016 o setor sentiu o baque da estagnação iniciada em 2014 e da aguda recessão econômica por dois anos consecutivos, reportando redu- ção de 5% nas vendas de combustível. As vendas
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