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Análise do conto - O Homem que sabia Javanês

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Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Campus de São José do Rio Preto
	
Trabalho de Avaliação 
Alex Junior dos Santos Nardelli
Marta Matos da Cruz
Curso: Licenciatura em Letras – Noturno II
Disciplina: Narrativa Brasileira I
Departamento de Estudos Línguisticos e Literários
Docente: Prof. Dr. Ulisses Infante
São José do Rio Preto
2015
Trabalho entregue ao Prof. Dr. Ulisses Infante, como requisito para avaliação na disciplina de Narrativa Brasileira I.
O Autor
	Afonso Henriques de Lima Barreton (1881-1922) foi um escritor e jornalista brasileiro nascido e criado no Rio de Janeiro. Na infância, por volta dos seis anos de idade, filho de pais pobres, Lima fica órfão de mãe. Sua infância também foi marcada pelo preconceito que sofria por ser mestiço. Pouco tempo depois de ficar órfão, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos de nome Alienados da Ilha do Governador.
	Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa. Trabalhou como escrevente coopista na Secretaria de Guerra e para aumentar a renda, escrevia textos para jornais cariocas. Também foi simpático ao anarquismo e militou na imprensa socialista da época.
	Lima viveu uma vida boêmia, sofreu de depressão e entregue à bebida acabou se tornando um alcoolatra. Mais tarde foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.
	O autor escreveu romances, sátiras, contos, textos jornalísticos e críticas. Abordou, também, em suas obras as grandes injustiças sociais e fez críticas ao regime político da República Velha. Possuía um estilo literário fora dos padrões da época, seu estilo era despojado, coloquial e fluente. Foi um escritor de transição entre o Realismo e o Modernismo.
História
	Segundo Genette história é uma série de acontecimentos, de episódios reais ou fictícios independente de toda referência estética. O conto “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto, relata a história de uma conversa entre dois amigos, na qual Castelo conta a Castro sobre como se tornou cônsul em Havana. Ele conta que ao chegar no Rio de Janeiro não se encontrava em uma boa situação financeira, estava literalmente na miséria, quando viu um anuncio no Jornal do Comércio contratando professor de javanês. Castelo não sabia falar javanês, uma certa língua malaia, mas resolveu arriscar e tentar conseguir o emprego.
	O jovem pesquisou e aprendeu algumas palavras, logo depois de se candidatar ao emprego foi convidado a conhecer o Barão de Jacuecanga. O velho disse a Castelo que precisava aprender Javanês para conseguir ler um livro que havia recebido de herança de seu pai, o livro era como uma relíquia de família passada de pai para filho. Entretanto, o Barão não sabia javanês. Castelo acabou convencendo malandramente o Barão e conseguiu o emprego, inventando o conteúdo do livro. O velho ficou tão agradecido que escreveu uma carta ao Visconde de Caruru indicando-o para entrar na diplomacia.
	A indicação foi aceita e Castelo ganhou fama e fortuna, sendo ainda convidado para fazer parte da Secretaria de Estrangeiros, e também representou o país em um congresso na Europa. Castelo garantiu a vida boa que tanto almejava.
A instância da narrativa
	A instância narrativa de Genette se articula entre três elementos: i) a voz da narrativa ou quem fala; ii) tempo da narração, apontando quando esta é feita em relação à história; e iii) a perspectiva narrativa, de que ponto de vista se percebe o que é narrado. O estudo da instância narrativa permite entender melhor as relações entre o narrador e a história no interior de uma dada narrativa.
	Dessa forma, o narrador do conto em questão é autodiegético, pois se trata de um narrador personagem e “herói” protagonista da história. Exemplo: “Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro, contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver.” (p.25)
	Sobre o tempo da narração, este é intercalada, pois o narrador personagem conta, depois do acorrido, o que se vive durante um ou mais dias inserindo as impressões do momento. Utilizando tempos verbais no passado e no presente. O fato de o protagonista contar sua história a um amigo deixa explicita essa concepção de tempo. Exemplo: “O meu amigo ouvia-me calado, embevecido, gostando daquele meu Gil Blas vivido, até que, em uma pausa da conversa, ao esgotarmos os copos, observou a esmo.” ( p.25)
	A focalização da narrativa é interna, pois o narrador sabe tanto quanto o personagem focalizado (o próprio narrador) sem contar os pensamentos dos demais personagens. Exemplo: “– O velho, emendei eu, ouviu-me atentamente, considerou demoradamente o meu físico, pareceu que me julgava de fato filho de malaio[...]” (p.30)
Uma análise do conto “O homem que sabia javanês” de Lima Barreto
	
	Neste Trabalho iremos discutir três aspectos que ao decorrer da leitura nos foram perceptíveis e os usaremos como base para a uma análise descritiva do conto em questão. Durante a leitura do conto, a malandragem de Castelo, a forma como ele adquiriu o alfabeto javanês e a sociedade, são elementos importantes para estruturarmos uma análise da obra, e a partir destes elementos, podemos, também, caracterizar a personalidade de Castelo, personagem principal da obra, a forma como ele ascende na vida, passando de um simples cidadão para um Cônsul, e também o tratamento que teve ao tentar aprender o alfabeto javanês. 
A dialética da Malandragem em Castelo. 
	Alguns estudiosos, como Antonio Candido, postularam algumas teorias que observaram analisando as ações e a personalidade de alguns personagens nas obras literárias brasileiras. Desse modo, vários estúdios voltados para a forma pela qual os personagens agem, se salvam, ou conseguem algo durante a história, formularam a então chamada Dialética da Malandragem, ou então com é popularmente conhecida: o “jeitinho brasileiro”, essa expressão designa uma característica comum e muito difundida entre os brasileiros, podendo também ser analisada por dois aspectos, um positivo e outro negativo, quanto ao aspecto positivo, podemos ressaltar que o povo brasileiro com seu “jeitinho”, possui um caráter virtuoso, alegre, espontâneo, criativo e muito perspicaz, enquanto ao aspecto negativo podemos ressaltar um povo que burla as regras, que faz de tudo para conseguir o que quer, que tenta tirar vantagem de tudo, etc. O jeitinho brasileiro é a saída que a maioria das pessoas encontram para conseguir algo que tanto almejam, de qualquer maneira, solucionando problemas, passando por cima das pessoas dentre outras ações. 
	No conto, o personagem Castelo, protagonista da obra, é o personagem que com seu “jeitinho brasileiro” consegue subir na vida e se tornar Cônsul; durante a história notamos alguns trechos onde Castelo desdenha de forma clara o que esta fazendo, para ele não importava, por exemplo, o que realmente estava escrito no livro, ele queria apenas ganhar seu dinheiro. Dessa forma, podemos exemplificar esta hipótese com o seguinte trecho: “Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras, ia apresentar-me.”; “Logo informei disso o velho barão que, não percebendo que eu tinha chegado aí pelo inglês, ficou tendo em alta consideração o meu saber malaio.”, e por fim o auge de sua malandragem acontece quando nos aproximamos do fim do conto, nele Castelo diz: 
“Sabes bem que até hoje nada sei de javanês, mas compus umas histórias bem tolas e impingi-as ao velhote como sendo do crônicon. Como ele ouvia aquelas bobagens!... Ficava extático, como se estivesse a ouvir palavras de um anjo. E eu crescia a seus olhos! Fez-me morar em sua casa, enchia-me de presentes,aumentava-me o ordenado. Passava, enfim, uma vida regalada.” 
	Castelo é um personagem brasileiro, e desde o inicio do conto possui características que nos levam a presumir que ele seja um “enganador” e um “ambicioso”, pois o autor faz questão de começar o conto da seguinte maneira, “Em uma confeitaria, certa vez, ao meu amigo Castro contava eu as partidas que havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver.”, ou seja, temos aqui um sujeito que fez de tudo para ter o respeito que tanto desejava e chegar ao cargo que ocupava na época que fora contada a história, contudo, o que é relevante, é a forma como Castelo conseguiu este respeito, o personagem tivera um caminho bem tortuoso, durante o trajeto ele enganou várias pessoas e passou por cima de muitas outras.
	Logo em seguida, o autor nos apresenta uma informação curiosa:
“Houve mesmo uma dada ocasião, quando estive em Manaus, em que fui obrigado a esconder a minha qualidade de bacharel, para mais confiança obter dos clientes, que afluíam ao meu escritório de feiticeiro e adivinho. Contava eu isso.”
Dessa forma, podemos supor que o protagonista do conto não se trata de um sujeito com pouca escolaridade, pelo contrário, Castelo possui o grau de bacharelado, em que na época do acontecido era um feito difícil de conseguir e ao certo, podemos afirmar que o autor neste momento nos afirma que Castelo é capaz de esconder sua real condição e passar-se por outra pessoa apenas para suprir seus interesses. 
	Ao longo do conto, outros trechos também nos remetem ao “jeito brasileiro” de Castelo, entre eles podemos citar o momento no qual o personagem vai até a biblioteca para tentar obter informações e tentar aprende javanês, também quando se passa por um professor dessa língua e também quando ao final do conto ele exibe todas suas conquistas: 
“Não perdi meu tempo nem meu dinheiro. Passei a ser uma glória nacional e, ao saltar no cais Pharoux, recebi uma ovação de todas as classes sociais e o presidente da República, dias depois, convidava-me para almoçar em sua companhia.”
	Castelo é um trapaceiro nato, suas palavras são sempre de grande alegoria, de teor culto e singelo; não se rebaixa com nenhuma autoridade, mas sabe se por em seu devido lugar, o personagem possui uma personalidade agradável, com grandes qualidades e muito bem recebido por todos, possui boas maneiras e sabe conduzir-se em qualquer situação. 
. A aquisição do Javanês sob uma visão linguística. 
	Durante o conto, Castelo tenta aprender javanês para passar-se por um professor e conseguir dinheiro, entretanto, a forma como Castelo tenta aprender o tal idioma é bem curiosa. Alguns estudiosos da linguagem teorizam que é a partir do conhecimento de uma segunda ou terceira língua, que começamos a conhecer e a respeitar as culturas desconhecidas, possibilitando que nos tornemos inerte ao preconceito e a rejeição ás diferenças culturais, entretanto, a forma como Castelo trata a língua mostra que o personagem não adquire nenhum respeito inicial pelas questões culturais, apenas levanta algumas informações que acha pertinente, podemos comprovar tal hipótese a partir do trecho a seguir:
 “Na escada, acudiu-me pedir a Grande Encyclopédie, letra J, a fim de consultar o artigo relativo a Java e à língua javanesa. Dito e feito. Fiquei sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua aglutinante do grupo malaio-polinésio, possuía uma literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu.” 
Como é perceptível Castelo já mencionava algumas informações sobre a cultura Javanesa, entretanto, para ele não importava sabê-las, pois para o personagem o que interessava era apenas aprender o alfabeto de imediato, assim, podemos criar a hipótese de que Castelo é um “sujeito falante estrutural” (nomenclatura nossa), ou seja, todo indivíduo que consegue a partir de suas habilidades de compreensão (fala, escrita, leitura ou audição) identificar e interpretar as estruturas lexicais de outros idiomas sem dominar todo sistema linguístico ou lexical da língua ou conhecer os aspecto culturais que torneiam o idioma. 
	Chegamos a essa hipótese, analisando o fato de que Castelo apenas aprende o alfabeto javanês, parte do sistema linguístico do idioma, e a partir desse aprendizado ele poderia conseguir interpretar algumas preposições, artigos ou algo semelhante; entretanto, no conto não fica explicito, em nenhum momento, a leitura do verdadeiro javanês feita por Castelo (até por que o personagem nunca viera realmente aprender o idioma, apenas uma pequena parte dele), mas ao decorrer do conto apreciamos apenas o momento em que ele diz: “Sabes bem que até hoje nada sei de javanês, mas compus umas histórias bem tolas e impingi-as ao velhote como sendo do crônicon.”, podemos perceber que Castelo na época que tentara aprender o idioma, não se importava com nada além do alfabeto, tanto que ao decorrer dos anos ele nada tivera aprendido do idioma, apenas havia enganado a todos com suas falcatruas.
	 Ainda nos é perceptível que da forma como Castelo tivera aprendido o alfabeto javanês, ele não teria posteriormente nenhum progresso, pois, como é sabido por todos os estudiosos da linguagem, não há possibilidade de desenvolvimento de aprendizagem de um idioma, aprendendo apenas o alfabeto, Castelo não tivera pensado que todo idioma esta encoberto por relações homólogas e heterogênias, sistemas sintáticos e semânticos, gramática e também variações, todos esses aspectos são importante para aprendizagem de qualquer língua, o que Castelo descarta desde o inicio do conto.
	
 A descrição dos aspectos da sociedade em “O homem que sabia Javanês”.
	 No conto podemos notar vários momentos em que a descrição se faz presente, seja quando o narrador descreve algumas pessoas ou quando descreve alguns locais. As descrições neste conto nos pareceram interessante pelo fato de remeter na maioria das vezes a alguma classe social da época e até mesmo nos oferece algumas pistas do ano em que ocorreu o acontecido. 
	O conto escrito em 1911 faz uma crítica a realidade carioca daquela época e que retrata de forma clara o futuro da sociedade brasileira que hoje se tornou ambiciosa e egocêntrica. Dessa forma os três personagens mais visíveis do conto, Castelo, o amigo dele Castro e o Barão de Jacuecanga, referem-se respectivamente a três categorias de personalidade que são visíveis na sociedade, os que fazem de tudo para conseguir o que quer; os que ficam apenas contemplando as artimanhas dos outros e os que são enganados, os três internamente ligados.
	Referente aos que fazem de tudo para conseguir o que quer, Castelo retrata dignamente esta característica, os indivíduos dessa “categoria social” possuem características marcantes, eles sabem mentir, enganar, roubar, passar por cima, tirar proveito de todas as situações e não se sente culpados ou arrependidos de nada, ao contrário, sentem-se vitoriosos sempre que conseguem o que querem. Quando ao amigo de Castelo, Castro, este se refere aos que ficam apenas admirando a audácia dos outros, este não possuem coragem de fazer nada, pois podem se sentir constrangido ou culpados pelo que viera a fazer. No conto é perceptível a adoração de Castro pelas artimanhas de Castelo, como vemos no trecho a seguir: 
“— Tens levado uma vida bem engraçada, Castelo!
— Só assim se pode viver... Isto de uma ocupação única: sair de casa a certas horas, voltar a outras, aborrece, não achas? Não sei como me tenho agüentado lá, no consulado!
— Cansa-se; mas não é isso que me admiro. O que me admira é que 
tenhas corrido tantas aventuras aqui, neste Brasil imbecil e burocrático.”
Assim, vemos o orgulho de Castro por saber que Castelo viera passar por muitas aventuras, tanto que uma das ultimas falas de Castro é a seguinte: “— É fantástico — observou Castro, agarrando o copo de cerveja.”, dessa forma comprovamos a admiração que Castro tivera por toda história contata por Castelo, neste caso,sua admiração não provem a adoração pelas atrocidades que Castelo tivera cometido, como por exemplo, ter mentido para o barão, ter insultado o real javanês, ter escondido sua graduação dentre outros, mas sim, o fato de ele ter conseguido passar por tudo isso e por todos sem ser descoberto, aos olhos de Castro, Castelo é similar a um “super herói que conseguiu cumprir sua missão”.
	 Quanto ao Barão, temos duas descrições, uma que se refere à classe social e outra sobre a classe que é enganada. Quando a primeira descrição, o autor faz questão de fazer com que o narrador descreva minuciosamente a casa do Barão, como no trecho a seguir: 
“Era uma casa enorme que parecia estar deserta; estava maltratada, mas não sei por que me veio pensar que nesse mau tratamento havia mais desleixo e cansaço de viver que mesmo pobreza. [...] Na sala, havia uma galeria de retratos: arrogantes senhores de barba em colar se perfilavam enquadrados em imensas molduras douradas, e doces perfis de senhoras, em bandós, com grandes leques, pareciam querer subir aos ares, enfunadas pelos redondos vestidos à balão; mas, daquelas velhas coisas, sobre as quais a poeira punha mais antigüidade e respeito, a que gostei mais de ver foi um belo jarrão de porcelana da China ou da Índia, como se diz. Aquela pureza da louça, a sua fragilidade, a ingenuidade do desenho e aquele fosco brilho de luar, diziam-me a mim que aquele objeto tinha sido feito por mãos de criança, a sonhar, para encanto dos olhos fatigados dos velhos desiludidos...”
Neste trecho nos é perceptível que a casa do Barão, mesmo nas condições degradantes que se encontra fora, um dia, uma casa linda e deslumbrante, o interior da casa e os objetos decorativos nos mostra riqueza e poder, levando a considerar que temos aqui, uma classe social nobre, com muito dinheiro, poder e status. 
	As características dos indivíduos dessa categoria social podem ser descritas a partir da descrição feita pelo narrador, também, neste mesmo trecho do conto, quando Castelo recebe uma carta nomeada por Doutor Manuel Feliciano Soares Albernaz, Barão de Jacuecanga, vemos aqui que o Barão já pelo seu próprio nome, é um homem de respeito, poder e status social. 
	A forma como Castelo vê o Barão quando ele vai até sua casa nos transcende uma entidade cheia de poder, como segue o trecho a seguir: 
“Esperei um instante o dono da casa.Tardou um pouco. Um tanto trôpego, com o lenço de alcobaça na mão, tomando veneravelmente o simonte de antanho, foi cheio de respeito que o vi chegar. Tive vontade de ir-me embora. Mesmo se não fosse ele o discípulo, era sempre um crime mistificar aquele ancião, cuja velhice trazia à tona do meu pensamento alguma coisa de augusto, de sagrado. Hesitei, mas fiquei.” 
A partir desse trecho podemos também, ressalta que a personalidade e a atual condição do Barão de Jacuecanga assemelham-se com as condições que sua casa se encontra, ambos estão velhos e passam um ar de respeito e majestade. 
	A outra percepção que temos sobre o Barão é da classe que é enganada, ou seja, os que sempre estão sendo passados para trás, podemos afirmar esta hipótese a partir do trecho: 
“[...] mas compus umas histórias bem tolas e impingi-as ao velhote como sendo do crônicon. Como ele ouvia aquelas bobagens!... Ficava extático, como se estivesse a ouvir palavras de um anjo. E eu crescia a seus olhos! Fez-me morar em sua casa, enchia-me de presentes, aumentava-me o ordenado. Passava, enfim, uma vida regalada.” 
 Assim, podemos ver claramente que o Barão fora enganado constantemente por Castelo, assim seu dinheiro e seu poder não foram o suficiente para conseguir ver que estava sendo caloteado.Desta forma, podemos similar a nossa sociedade atual, nela possuímos pessoas que são enganadas cotidianamente, e ao nosso ponto de vista, elas são a maior porcentagem do povo brasileiro. 
Considerações Finais
	Podemos concluir esta análise postulando que o conto escrito por Lima Barreto, nos trás grandes estigmas sociais, sejam eles bons ou ruins, o conto escrito em 1911 nos traz uma grande crítica social envolta a um toque de humor, envolvendo o leitor a uma leitura agradável e estimulante.
	 No conto é refletidos com clareza a sociedade brasileira, seus anseios, costume, deficiências e diferenças sociais, tais perspectivas foram constatadas graças ao trabalho que Lima Barreto tivera com a linguagem, a partir deste trabalho, pudemos diferenciar as classes sociais, as personalidades dos personagens e a verossimilhança com o real, algo que também é marcado fortemente durante o conto.
	Assim, podemos a partir da análise deste conto refletir sobre uma comunidade social diversificada e repleta de costume e tradições impostas a partir da conveniência particular de cada individuo, neste conto a critica social é perceptível ao ponto de notarmos em nos mesmo pontos semelhantes, como a ambição por sempre querer conseguir as coisas, entretanto Castelo é mais audacioso em suas tramóias o que reflete a ambição da sociedade da época. 
Referências Bibliográficas
1. BARRETO, Lima. O homem que sabia Javanês. Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Resumo-Do-Conto-o-Homem-Que/43569685.html>. Acesso em: 10/01/2015.
2. POKULAT, Luciane Figueiredo. Um olhar sobre o romance malandro. Disponível em: <http://www.fw.uri.br/NewArquivos/pos/dissertacao/38.pdf>. Acesso em: 18/01/2015.
3. SILVA, Letícia Rachel Fernandez. O Homem que sabia Javanês. Disponível em: <http://static.recantodasletras.com.br/arquivos/3919012.pdf>. Acesso em: 19/01/2015. 
4. Lima Barreto. Uma Breve Biográfia. Desnível em: < http://www.suapesquisa.com/quemfoi/lima_barreto.htm> Acesso: 19/01/2015

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