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Prof.ª:Liliane Martins e Marta 
Magalhães 
 
 
 Material Didático: Aula 13.1 
PATOLOGIAS DO INTESTINO DELGADO 
PARTE 1 
 
 
1 
FACULDADE ESTÁCIO DE SERGIPE 
FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA I 
Patologias do Intestino Delgado 
 
 
Doença Celíaca; 
Doença de Crohn; 
Síndrome da Alça Cega; 
Síndrome do Intestino Curto; 
Fístulas Digestórias. 
2 
Doença Celíaca 
 
 A doença celíaca (DC) é autoimune, sendo 
causada pela intolerância permanente ao glúten, 
principal fração proteica presente no trigo, no 
centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por 
enteropatia mediada por linfócitos T em indivíduos 
geneticamente predispostos. 
 
3 
FISIOPATOLOGIA 
 Reação inflamatória na mucosa intestinal em resposta à 
ingestão de glúten 
 Com a progressão leva a atrofia das vilosidades de graus 
variados e outras complicações 
 Essa atrofia bem como a manutenção e piora do 
processo inflamatório leva a má absorção de diversos 
nutrientes e à liberação de mediadores pró inflamatórios 
 Estes, determinam o desenvolvimento dos sintomas e 
das complicações intestinais e extra intestinais 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 Ocorre em adultos e crianças com prevalência 
mundial → 1/100 a 200 indivíduos 
 Pernambuco, 2012→ 11.7/1000 habitantes 
 Alemanha, anos 80 – 105/1000 habitantes 
 
 GRUPOS DE RISCO 
Parentes em 1º grau → prevalência de 10 a 17% 
Pacientes com agravos próprios da doença (anemia 
ferropriva, baixa estatura, osteoporose) 
Pacientes com problemas autoimunes (DM tipo 1, 
tireoidite autoimune) 
 
ETIOLOGIA 
 Inflamação da mucosa intestinal após ingestão de glúten 
com reação inflamatória em indivíduos sensíveis 
 
 Localização em duodeno e jejuno mas pode se estender 
por todo o intestino 
 
 Lesões com intensidade e extensões variáveis ao longo 
do intestino, intercalado com zonas de mucosa normais 
→ diversidade de sintomatologia e de quadro clínico 
 
ETIOLOGIA 
 Grau de sensibilidade individual ao glúten, 
 Quantidade presente na dieta, 
 Idade do paciente 
 Extensão e gravidade da resposta inflamatória 
 Outros fatores ainda desconhecidos 
 Indivíduos podem apresentar sintomas gastrointestinais 
e ou extra intestinais ou podem ser assintomáticos 
QUADRO CLÍNICO DOS DIFERENTES 
TIPOS DE DOENÇA CELÍACA 
 Forma clássica - sintomas descritos. Crianças de 6 a 24 
meses. Pode ocorrer em adultos 
 Forma atípica – anemia ferropriva, osteopenia, dermatite 
herpetiforme, retardo do crescimento ou do desenvolvimento 
puberal ;sintomas gastrointestinais discretos. Crianças de 5 a 
7 anos 
 Forma silenciosa – assintomáticos com sorologia positiva. 
Lesões intestinais características, positivas. Típica do adulto 
 Forma potencial (latente)– assintomáticos, sorologia positiva, 
biópsia intestinal normal ou com discretas alterações. 
 Doença celíaca refratária – persistência da inflamação 
mesmo em uso de dieta restrita (tipo I ou tipo II) 
 
Doença Celíaca 
9 
 Dentre os exames solicitados para 
diagnosticar a doença celíaca podemos 
citar: 
 
Biopsia jejunal e a detecção dos anticorpos: 
antigliadina (IgA e IgG), antiendomísio (IgA e 
IgG), antitransglutaminase tecidual (IgA). 
 
10 
 Com relação aos métodos de diagnóstico da 
doença celíaca: 
 
O registro alimentar deve ser diário, por um período 
mínimo de uma semana em situações em que o 
alérgeno não foi identificado; 
 Nas dietas de eliminação são empregados 
alimentos de baixa alergenicidade por 2 a 3 
semanas, no mínimo; 
Na história clínica é realizada a investigação dos 
sintomas: verificado o tempo de aparecimento dos 
sintomas após a ingestão do alimento e de sua 
respectiva quantidade. 
 
COMPLICAÇÕES 
 
 Osteopenia e osteoporose (def. Vit D) 
 Menarca tardia 
 Abortos 
 Atrofia do baço 
 Jejunite ulcerativa em idosos 
 Distúrbios neurológicos 
TRATAMENTO 
 Exclusão completa do glúten, após biópsia. 
 Em crianças pequenas com quadro grave, deve-se 
considerar a retirada inicial também da lactose 
(temporária) 
 Repor micronutrientes conforme quadro clínico 
 Dieta própria para idade em energia e distribuição de 
macronutrientes, corrigindo a desnutrição e o déficit 
pôndero estatural 
 Atenção aos rótulos de alimentos, comer fora de casa, 
festinhas, viagens. 
 
Lei Federal n° 8.543, de 23 de dezembro de 1992 
Lei Federal nº 10.674, de 16 de maio de 2003. 
 
13 
Ver artigo anexo 
 
 Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - 
Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro de 2009. 
(Republicada em 26.05.10) 
 
 Realizar leitura do artigo para maiores 
esclarecimentos sobre a patologia e conduta 
dietoterápica. 
 
 
Doença Inflamatória Intestinal - DII 
 
 Fatores endógenos Fatores ambientais 
 luminais 
 
 Resposta imune anormal 
 
 DII D. Crohn RCUI 
 
 Predisposição genética 
14 Na DII a esteatorréia promove a perda de Cálcio, zinco e magnésio. 
Caso Clínico - DII 
15 
 
 Um jovem de 19 anos deu entrada em um serviço de 
urgência de um hospital X com diagnóstico de crise aguda de 
DII com história recente de distensão e dores abdominais, 
fezes líquidas e receio de alimentar-se em função do quadro 
álgico encontrando-se visivelmente emagrecido. 
 O nutricionista prescreveu para ele dieta por via oral, com 
características constipante. 
 O que vc sugere com relação as características que a dieta no 
referido texto deve apresentar para melhorar o estado do 
paciente? 
16 
Na ocorrência de esteatorréia a dieta deverá ter alimentos 
fontes de ácidos graxos de cadeia média que tem absorção 
facilitada mesmo na deficiência da lipase pancreática; 
 
A dieta deverá ser isenta de lactose, para prevenir quadro de 
diarréia osmótica propiciado pela situação de má absorção e 
pelo achatamento das vilosidades; 
 
A suplementação de glutamina é indicada para esse paciente 
por ser fonte energética preferencial dos enterócitos e 
imunomodulador o que auxilia na recuperação da mucosa 
intestinal 
 
Doença de Crohn 
 
 Inflamação crônica, de origem não conhecida, que pode 
acometer qualquer segmento do trato digestivo (acomete 
da boca ao ânus) 
 Distribuição assimétrica , segmentar , focal ou transmural. 
 Complicada por fístulas e/ou obstrução . 
 Apresenta-se sob três formas principais: inflamatória, 
fistulosa e fibroestenosante. Os segmentos do tubo 
digestivo mais acometidos são íleo, região íleo-cecal, cólon 
e região perianal. Períodos de remissão e 
recorrências 
 Em crianças, 75% dos casos acomete a região do íleo 
terminal 
 
 
17 
 
ANATOMIA E PATOLOGIA 
 
 
 Colite (fezes diarréicas com muco e sangue) somente 15 a 20% 
 Intestino delgado 80% 
 Perianal e periretal / reto poupado (presença de pólipos em 
grande parte dos pacientes). 
 Além das manifestações no sistema digestório, a DC pode ter 
manifestações extraintestinais, sendo as mais frequentes as 
oftalmológicas, as dermatológicas e as reumatologias. 
18 
19 
Epidemiologia da D.C 
 Brasil, ano 2000→ 1,5/100.000 habitantes 
 A prevalência e a incidência em países desenvolvidos situam-se 
em torno de 5:100.000 e 50:100.000 respectivamente. Uma 
estimativa da prevalência na cidade de São Paulo encontrou uma 
prevalência de 14,8 casos por 100.000 habitantes. 
 ADC inicia mais frequentemente na segunda e terceira décadas 
de vida, mas pode afetar qualquer faixa etária. 
 Em crianças menores de 2 anos, é muito raro 
 Há relatos na literatura de crianças com início em idades 
precoces, relacionando –se com aumento da gravidade da doença 
20 
 
Apresentações 
 
 Inflamatória 
 Obstrutiva 
 Fistulizante 
 Extra intestinal: cutânea, oral , ocular, articular e 
hepatobiliar 
 Outras: malabsorção , amiloidose, tromboembolismo 
 
21 
Sintomas da Crohn 
 O sintoma mais comum no momento do diagnóstico é 
diarreia, seguida por sangramento (40%-50%), dor 
abdominal (70%) e perda de peso (60%). 
 Os sinais mais comuns são febre, palidez, caquexia, 
massas abdominais, fístulas e fissuras perianais. 
 Mais de 6 semanas de diarreia é o critério sugerido 
como prazo útil para diferenciação com diarreia aguda 
infecciosa. 
 
22 
 
Quadro clínico 
 
 
 Dor abdominal e diarréia crônica 
 Anorexia, perda de peso, febre, aftas orais 
 Anemia 
 Manifestações cutâneas, articulares e oculares 
 
23 
 
Diagnóstico diferencial 
 
 DII (Doença Inflamatória Intestinal) 
 Enterocolite infecciosa 
 Apendicite/ abscesso periapendicular 
 Diverticulite cecal 
 Tuberculose intestinal 
 Linfoma 
 Doenças ovarianas/gravidez ectópica, Etc. 
 
24 
 
Diagnóstico 
 
 História 
 Exame físico 
 Exames de fezes 
 Provas de atividade inflamatória 
 Colonoscopia com biópsia 
 Trânsito de delgado 
 TC=avaliação de fístulas e abcessos 
 
25 
 
Tratamento 
 
 Remissão: prednisona 40 a 60 mg/dia 
 Manutenção 
 Tto das complicações 
 Tto da doença perianal- metronidazol 
 Resistência e dependência do corticóide 
 OBS: A DC não é curável clínica ou 
cirurgicamente e sua história natural é marcada 
por agudizações e remissões. 
 
26 
27 
 O tratamento da DC é definido segundo a localização 
da doença, o grau de atividade e as complicações. 
 
 As opções são individualizadas de acordo com a resposta 
sintomática e a tolerância ao tratamento. Sulfassalazina, 
mesalazina e antibióticos não têm ação uniforme ao longo do 
trato gastrointestinal, enquanto corticosteroides, 
imunossupressores e terapias anti-TNF parecem ter uma ação 
mais constante em todos os segmentos gastrointestinais . 
 
 A abordagem cirúrgica é necessária para tratar obstruções, 
complicações supurativas e doença refratária ao tratamento 
clínico 
 
CROHN 
 
28 
Tratamento nutricional na DC 
29 
 
A nutrição é importante no tratamento tanto para a DC ativa 
como para manutenção da remissão; 
 
Avaliação nutricional consta de antropometria (peso, estatua, 
IMC, classificados conforme faixa etária); exames bioquímicos 
(hemograma, Fe sérico, proteínas totais, ferritina, ....) e 
consumo alimentar 
 
Tratamento nutricional na DC 
30 
Alimentação oral com consistência conforme aceitação. Livre 
de alimentos irritantes, flatulentos e de difícil digestão. 
 
A NE é considerada a melhor opção de tratamento e pode ser 
usada de forma exclusiva ou suplementar. 
 
A fórmula pode ser polimérica, semi elementar ou elementar 
a depender da gravidade do caso. Período: 6 a 8 semanas. 
 
Tratamento Nutricional na DC 
 Alimentos Restringidos: 
- feijão; 
- verduras cruas; 
- mamão, pera, laranja, ameixa; 
- leite, iogurte, queijos; 
- mel; 
- aveia; 
- carne de porco, linguiça, salsicha; 
- carnes gordas, banha; 
- biscoitos amanteigados, doces folhados, chocolate; 
- frituras, gratinados, preparações sauté, maionese; 
- pratos prontos, industrializados; 
- manteiga, margarina, creme de leite. 
 31 
Tratamento Nutricional na DC 
 Alimentos Permitidos: 
- arroz; purês; 
- carnes magras; 
- legumes cozidos; 
- ovo cozido; 
- gelatina; 
- banana maçã; maçã; 
- chuchu; mandioquinha; 
- batata; cenoura; 
- abobrinha; 
- espinafre, agrião; 
- óleo de peixe, sardinha, atum, salmão. 
 
** As refeições devem ser freqüentes e de pequeno volume. 
32 
Considerações – Tratamento da DC 
O tratamento da Doença de Crohn é individualizado de 
acordo com as manifestações da doença em cada paciente. 
Como não há cura, o objetivo do tratamento é o controle dos 
sintomas e das complicações. 
Não existe um padrão dietético para pacientes com 
Crohn, mas alguns parâmetros nutricionais podem 
auxiliar os pacientes a evitar erros na dieta. 
Dieta deve ser hipercalórica, hiperproteica, 
normolipídica, adicionada de Ômega 3, minerais e 
vitaminas conforme RDA (Ca, vit. D, Zn, Fe, vit. B12, 
P, Mg, vit. A e E) 
33 
34 
Doces e frutas em compota com alto grau de açúcar exacerbam a 
atividade da doença em muitas pessoas. 
 Pão branco, pão de forma e comidas altamente condimentadas não 
fazem parte da dieta para pacientes com doença de Crohn e 
deveriam ser substituídos por alimentos com alta quantidade de 
fibras. 
 Importantes fontes de fibra podem ser encontradas em pão integral 
e em muitos tipos vegetais. 
As fibras vegetais auxiliam as funções intestinais. 
 
Entretanto, nos casos de constricção intestinal ( redução 
da luz intestinal ou estenose ) uma dieta pobre em fibras 
deve ser seguida. 
 
 
Considerações sobre DC 
 A esteatorréia é tida como um sinal clínico característico de má 
absorção e pode estar presente em paciente portador de doença 
de Crohn. Para prevenir distúrbios nutricionais nesta doença, a 
recomendação lipídica adequada DEVE SER: 
 
Dieta de hipo a normolipídica, com utilização de triglicerídeos 
de cadeia média e triglicerídeos de cadeia longa. 
 
35 
36 
 
 A etiologia da doença de Crohn é desconhecida até hoje, apesar de 
inúmeras investigações realizadas que demonstraram uma 
disfunção imunológica e um agente transmissor e atração pelo 
fator genético. 
 Os pacientes são mentalmente normais, e as alterações do perfil 
psicológico que apresentam são angústias secundárias e próprias 
de indivíduos que sofrem de doenças crônicas. 
 O tratamento nutricional na fase aguda disabsortiva, 
com preservação ainda do acesso oral, deve ser pobre 
em resíduos. 
Para Exercitar: Estudo de caso 
 
 
 R.C.S; desnutrido foi internado no hospital queixando-se de dor 
abdominal e diarréia de moderada intensidade (4 a 6 evacuações 
pastosas ou liquefeitas por dia, sem sangue e sem tenesmo). Após 
realizar exames (endoscopia e biopsia intestinal) foi diagnosticado 
com Doença de Crohn (DC). 
 
 Descreva como deve ser a conduta dietoterápica na DC. 
37 
38 
Durante as crises deve-se evitar o que sabidamente faz mal ao 
paciente em particular. 
 Limitar o leite, por causa da intolerância a lactose, gorduras e 
substratos fermentáveis, tais como açúcares simples, o pão e as 
massas. 
Dieta branda, fracionada e reduzida em volume por refeição. 
Alimentos proibidos na fase aguda deverão ser paulatinamente 
reintroduzidos. 
Administração de vitaminas específica: vitamina B12 e o ácido 
fólico. 
Quando o paciente for incapaz de atingir suas necessidades 
nutricionais diárias, estas poderão ser complementadas com 
produtos industrializados. 
 Nos casos mais graves onde a desnutrição é importante e quando 
não se consegue alimentar por via oral, pode-se usar a terapia 
nutricional enteral ou parenteral. 
Síndrome da Alça Cega 
 Síndrome de malabsorção associada com uma alça cega 
(intestino desviado) na parte superior do intestino delgado, 
caracterizada pela perda dos movimentos peristálticos,estase do 
conteúdo intestinal e crescimento excessivo de bactérias. 
 Este crescimento bacteriano interfere com a ação dos sais 
Biliares, processamento de ácidos graxos (gorduras), integridade 
das microvilosidades e a absorção de nutrientes, como 
VITAMINA B12. 
39 
Síndrome da Alça Cega - Fisiopatologia 
 
 É um distúrbio caracterizado pelo crescimento 
bacteriano excessivo que resulta da estase do trato 
intestinal como um resultado da doença obstrutiva , 
enterite de radiação , formação de fístula ou reparo 
cirúrgico do intestino. 
 
 As bactérias desconjugam os sais biliares que além de 
serem citotóxicos , são menos eficazes como formadores 
de micelas. 
40 
41 
 Consequência: pouca absorção de gordura e 
esteatorréia , má absorção de carboidratos ocorre 
devido à lesão à borda em escova secundária aos efeitos 
tóxicos dos produtos do catabolismo bacteriano e 
consequente perda de enzimas. 
 
TRATAMENTO 
 Remoção da alça cega ou Controle do crescimento 
bacteriano excessivo com antibióticos 
 Dieta sem lactose 
 Pobre em gorduras + TCM 
 Suplementação de B12 parenteral pode ser útil. 
 
 
Síndrome do Intestino Curto - Fisiopatologia 
 
 
 Conjunto de sinais e sintomas usados para descrever as 
consequências nutricionais e metabólicas de grandes ressecções 
do intestino delgado. 
 Ressecções de 40 a 50% podem levar a algumas das 
consequências de SIC. 
 Ressecção de 70% ou mais de int. delgado deixa um paciente 
com 70 -100 cm . 
 Pacientes com menos de 100 cm de intestino delgado que não 
apresentam cólon em continuidade : necessitam de NP 
42 
43 
 Com o tempo o intestino remanescente sofre alterações tanto 
estruturais quanto funcionais que aumentam a absorção de 
nutrientes e fluidos. 
 
CAUSAS MAIS COMUNS: 
 
Doença de Crohn 
 
 Enterite por radiação 
 
 Infarto mesentérico 
 
Doença maligna 
 
 
Síndrome do Intestino Curto – Complicações 
 
 COMPLICAÇÕES: 
 
Má absorção de nutrientes ( vitaminas hidrossolúveis são 
absorvidas no jejuno proximal- B12, folato) . Mais de 60 cm 
de íleo for ressecado, (deve haver injeções mensais de B12). 
A ressecção do íleo terminal interfere na absorção 
da vit B12. 
 
Desequilíbrios hidroeletrolíticos e cátions bivalentes (Ca, 
Mg, Zn, Cu, Se, Cr, Fe, Mo) 
44 
45 
 Perda de peso; 
 
 Deficiência de crescimento (nas crianças); 
 
 Hiper secreção gástrica; 
 
 Acidose Láctica; 
 
 Supercrescimento bacteriano; 
 
 Cálculos renais de oxalato (nefrolitíase); 
 
 Cálculos biliares de colesterol ( colelitíase - devido a menor 
concentração de sais biliares na bile secundária a ressecção ileal e má 
absorção de sais biliares) 
 
Considerações sobre SIC 
 Após ressecções maciças do intestino delgado, a parte 
preservada sofre, com o tempo, mudanças adaptativas tais como 
espessamento da parede, dilatação e diminuição da motilidade 
que resultam em progressiva melhora da diarréia e da má 
absorção, principalmente de gorduras e vitaminas lipossolúveis 
(A, D, E e K). 
 
 Tais adaptações, transcorrem em três períodos distintos no pós-
operatório. 
46 
47 
 No primeiro, com até 3 meses de duração, há desequilíbrio 
hidroeletrolítico decorrente da diarréia intensa. 
 
 O segundo, com duração de até um ano, corresponde ao 
período de adaptação no qual há estabilização da diarréia, 
permitindo o início da dieta via oral. 
 
 No terceiro a adaptação máxima é atingida e a dieta via oral é 
elaborada de maneira a oferecer todos os nutrientes necessários 
para manutenção de um bom estado nutricional. 
 
Tratamento Nutricional da SIC 
 Nas três fases o tratamento é bastante individualizado e varia com a 
área de ressecção do intestino, condições fisiológicas, idade, 
aceitação e tolerância da dieta e estado de saúde do indivíduo. 
 
 Orientações gerais incluem: 
 
Aumentar a frequência e diminuir o volume das refeições afim de 
compensar a má absorção; 
 Suplementação de vitaminas, minerais, ácidos graxos de cadeia 
média e glutamina; 
 
 48 
49 
 
Aumentar o consumo de líquidos para prevenir a desidratação; 
 
 
 Evitar alimentos ricos em oxalato como: chocolate, chá 
preto e chá mate, refrigerantes a base de cola, cerveja, sucos com 
bagaço, limonada, suco de tomate, café instantâneo, manteiga de 
amendoim, tofu, feijões, beterraba, cenoura, aipo, couve, alface, 
batata frita, alho-poró, amora, uvas, batata-doce, tangerina, 
farinha de milho, pipoca, biscoitos de soja, gérmen de aveia, 
cereais matinais, nozes, pimenta, sopa de vegetais; 
 
50 
Reposição de probióticos; 
Restringir lactose quando há ressecção de jejuno; 
 Medicação anti-motilidade intestinal pode ser necessária. 
 
Observação: 
Os alimentos bem tolerados deverão ser reintroduzidos na 
dieta afim de evitar a monotonia do cardápio e para a 
prevenção de deficiências nutricionais. 
 
Considerações sobre SIC 
 Qual a conduta nutricional favorável ao final da 2a fase 
(adaptação progressiva - até o 6º mês pós-operatório) de 
recuperação dos pacientes com Síndrome do Intestino Curto, 
com preservação da válvula íleo-cecal? 
 
 Alimentação oral lenta e progressiva, com grande 
fracionamento das refeições por dia, restrição de 
sacarose e lactose e controle dos lipídios. Com 
estímulo a fibra solúvel. 
51 
Fístula Digestiva / Digestória 
 Fístula - externa ou interna - é uma comunicação anormal entre 
o trato digestivo e o exterior ou entre dois órgãos internos. 
 
 A fístula digestiva é sempre uma complicação: o paciente, 
submetido à cirurgia, surge com deiscência de anastomose ou já 
desenvolvia doença interna, da qual eclodiu a fístula. 
52 
Fístulas Externas 
 A fístula externa localiza-se entre o trato gastrintestinal e a 
superfície externa do corpo, geralmente a pele, tal como a 
enterocutânea ou pancreatocutânea. 
 É a mais comumente encontrada e decorre, em sua grande 
maioria, de complicações cirúrgicas (fistula traumática, pós-
operatória, iatrogênica). 
 Uma percentagem menor surge espontaneamente, secundária à 
doença de Crohn e tuberculose intestinal. 
53 
54 
 Aparece mais freqüentemente nas operações de emergência 
para trauma, hemorragia, peritonites e obstrução. No entanto, 
pode surgir após qualquer cirurgia intra-abdominal que 
envolva víscera oca. 
 
 A presença de doença inflamatória ou neoplásica em atividade, 
irradiação prévia, anastomose em área isquêmica, anastomose 
cirúrgica sob tensão e desnutrição funcionam como fatores 
predisponentes. 
 
 Outras causas comuns são lesões acidentais no ato cirúrgico, 
procedimentos técnicos improcedentes, tentativas de liberar 
aderências, contato de corpo estranho, colocação de drenos 
duros vizinhos à alça operada e infecções. 
 
 
Fístula Interna 
 A fístula interna encontra-se 
entre dois órgãos internos, 
como a colecistoentérica e a 
colovesical. As fístulas internas, 
de menor importância clínica, 
podem ou não apresentar 
sintomas. 
 Quando assintomáticas, são 
surpreendidas durante 
propedêutica radiológica ou 
constituem achado ocasional. 
 As sintomáticas não respondem a 
medidas conservadoras e pedem 
tratamento cirúrgico 
55 
56 
 A partir de 1968 a descoberta da nutrição parenteral total, ao 
possibilitar a recuperação do estado de nutrição e o repouso 
da área do trato gastrintestinal acometido, modificou 
definitivamente a abordagem das fístulas. 
 
 A NP, bem como melhor suporte cardiorrespiratórioe o 
avanço nos conhecimentos acerca dos agentes microbianos, 
reduziu para 10,5% a taxa de mortalidade. 
 
 Toda fístula digestiva externa, ao menos inicialmente, deverá receber 
tratamento conservador, envolvendo medidas clínicas 
convencionais e apoio nutricional, até identificação de algum 
fator que impeça seu fechamento espontâneo. 
 
 
Considerações sobre Fístulas Intestinais 
 Nas doenças inflamatórias intestinais quando há a presença de fístulas 
deve-se: 
 
 Usar uma dieta de pouco resíduo (elementar) ou de pouca 
fibra/branda; que possua grande conteúdo calórico; conteúdo 
protéico de 1-1,5 g por Kg de peso corporal por dia. 
 
 Redução do tempo do trânsito intestinal, promovendo uma rápida 
eliminação do bolo fecal, com redução do tempo de contato do 
tecido intestinal com substâncias mutagênicas e carcinogênicas e; 
 
 Formação de substâncias protetoras pela fermentação bacteriana dos 
compostos de alimentação. 
 
57 
58 
REFERENCIAS 
FARRUKH, Affifa; MAYBERRY, John Francis. COELIAC DISEASE IN CENTRAL AND 
SOUTH AMERICA: time for a concerted approach to its epidemiology. Arq. 
Gastroenterol., São Paulo , v. 52, n. 2, p. 129-133, June 2015 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
28032015000200129&lng=en&nrm=iso>. access 
on 09 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032015000200010 
 
FARRUKH, Affifa; MAYBERRY, John Francis. INFLAMMATORY BOWEL DISEASE IN 
HISPANIC COMMUNITIES: a concerted South American approach could identify the 
aetiology of Crohn’s disease and ulcerative colitis. Arq. Gastroenterol., São Paulo , v. 
51, n. 4, p. 271-275, Dec. 2014 . Available from 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
28032014000400271&lng=en&nrm=iso>. access 
on 09 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032014000400002 
 
LAMEU, E. Clinica nutricional. Revinter. 2005. 
 
CUPARI, L. Nutrição clínica no adulto. Manole. 2014

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