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Prof.ª:Liliane Martins e Marta Magalhães Material Didático: Aula 13.1 PATOLOGIAS DO INTESTINO DELGADO PARTE 1 1 FACULDADE ESTÁCIO DE SERGIPE FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA I Patologias do Intestino Delgado Doença Celíaca; Doença de Crohn; Síndrome da Alça Cega; Síndrome do Intestino Curto; Fístulas Digestórias. 2 Doença Celíaca A doença celíaca (DC) é autoimune, sendo causada pela intolerância permanente ao glúten, principal fração proteica presente no trigo, no centeio, na cevada e na aveia, e se expressa por enteropatia mediada por linfócitos T em indivíduos geneticamente predispostos. 3 FISIOPATOLOGIA Reação inflamatória na mucosa intestinal em resposta à ingestão de glúten Com a progressão leva a atrofia das vilosidades de graus variados e outras complicações Essa atrofia bem como a manutenção e piora do processo inflamatório leva a má absorção de diversos nutrientes e à liberação de mediadores pró inflamatórios Estes, determinam o desenvolvimento dos sintomas e das complicações intestinais e extra intestinais EPIDEMIOLOGIA Ocorre em adultos e crianças com prevalência mundial → 1/100 a 200 indivíduos Pernambuco, 2012→ 11.7/1000 habitantes Alemanha, anos 80 – 105/1000 habitantes GRUPOS DE RISCO Parentes em 1º grau → prevalência de 10 a 17% Pacientes com agravos próprios da doença (anemia ferropriva, baixa estatura, osteoporose) Pacientes com problemas autoimunes (DM tipo 1, tireoidite autoimune) ETIOLOGIA Inflamação da mucosa intestinal após ingestão de glúten com reação inflamatória em indivíduos sensíveis Localização em duodeno e jejuno mas pode se estender por todo o intestino Lesões com intensidade e extensões variáveis ao longo do intestino, intercalado com zonas de mucosa normais → diversidade de sintomatologia e de quadro clínico ETIOLOGIA Grau de sensibilidade individual ao glúten, Quantidade presente na dieta, Idade do paciente Extensão e gravidade da resposta inflamatória Outros fatores ainda desconhecidos Indivíduos podem apresentar sintomas gastrointestinais e ou extra intestinais ou podem ser assintomáticos QUADRO CLÍNICO DOS DIFERENTES TIPOS DE DOENÇA CELÍACA Forma clássica - sintomas descritos. Crianças de 6 a 24 meses. Pode ocorrer em adultos Forma atípica – anemia ferropriva, osteopenia, dermatite herpetiforme, retardo do crescimento ou do desenvolvimento puberal ;sintomas gastrointestinais discretos. Crianças de 5 a 7 anos Forma silenciosa – assintomáticos com sorologia positiva. Lesões intestinais características, positivas. Típica do adulto Forma potencial (latente)– assintomáticos, sorologia positiva, biópsia intestinal normal ou com discretas alterações. Doença celíaca refratária – persistência da inflamação mesmo em uso de dieta restrita (tipo I ou tipo II) Doença Celíaca 9 Dentre os exames solicitados para diagnosticar a doença celíaca podemos citar: Biopsia jejunal e a detecção dos anticorpos: antigliadina (IgA e IgG), antiendomísio (IgA e IgG), antitransglutaminase tecidual (IgA). 10 Com relação aos métodos de diagnóstico da doença celíaca: O registro alimentar deve ser diário, por um período mínimo de uma semana em situações em que o alérgeno não foi identificado; Nas dietas de eliminação são empregados alimentos de baixa alergenicidade por 2 a 3 semanas, no mínimo; Na história clínica é realizada a investigação dos sintomas: verificado o tempo de aparecimento dos sintomas após a ingestão do alimento e de sua respectiva quantidade. COMPLICAÇÕES Osteopenia e osteoporose (def. Vit D) Menarca tardia Abortos Atrofia do baço Jejunite ulcerativa em idosos Distúrbios neurológicos TRATAMENTO Exclusão completa do glúten, após biópsia. Em crianças pequenas com quadro grave, deve-se considerar a retirada inicial também da lactose (temporária) Repor micronutrientes conforme quadro clínico Dieta própria para idade em energia e distribuição de macronutrientes, corrigindo a desnutrição e o déficit pôndero estatural Atenção aos rótulos de alimentos, comer fora de casa, festinhas, viagens. Lei Federal n° 8.543, de 23 de dezembro de 1992 Lei Federal nº 10.674, de 16 de maio de 2003. 13 Ver artigo anexo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas - Portaria SAS/MS no 307, de 17 de setembro de 2009. (Republicada em 26.05.10) Realizar leitura do artigo para maiores esclarecimentos sobre a patologia e conduta dietoterápica. Doença Inflamatória Intestinal - DII Fatores endógenos Fatores ambientais luminais Resposta imune anormal DII D. Crohn RCUI Predisposição genética 14 Na DII a esteatorréia promove a perda de Cálcio, zinco e magnésio. Caso Clínico - DII 15 Um jovem de 19 anos deu entrada em um serviço de urgência de um hospital X com diagnóstico de crise aguda de DII com história recente de distensão e dores abdominais, fezes líquidas e receio de alimentar-se em função do quadro álgico encontrando-se visivelmente emagrecido. O nutricionista prescreveu para ele dieta por via oral, com características constipante. O que vc sugere com relação as características que a dieta no referido texto deve apresentar para melhorar o estado do paciente? 16 Na ocorrência de esteatorréia a dieta deverá ter alimentos fontes de ácidos graxos de cadeia média que tem absorção facilitada mesmo na deficiência da lipase pancreática; A dieta deverá ser isenta de lactose, para prevenir quadro de diarréia osmótica propiciado pela situação de má absorção e pelo achatamento das vilosidades; A suplementação de glutamina é indicada para esse paciente por ser fonte energética preferencial dos enterócitos e imunomodulador o que auxilia na recuperação da mucosa intestinal Doença de Crohn Inflamação crônica, de origem não conhecida, que pode acometer qualquer segmento do trato digestivo (acomete da boca ao ânus) Distribuição assimétrica , segmentar , focal ou transmural. Complicada por fístulas e/ou obstrução . Apresenta-se sob três formas principais: inflamatória, fistulosa e fibroestenosante. Os segmentos do tubo digestivo mais acometidos são íleo, região íleo-cecal, cólon e região perianal. Períodos de remissão e recorrências Em crianças, 75% dos casos acomete a região do íleo terminal 17 ANATOMIA E PATOLOGIA Colite (fezes diarréicas com muco e sangue) somente 15 a 20% Intestino delgado 80% Perianal e periretal / reto poupado (presença de pólipos em grande parte dos pacientes). Além das manifestações no sistema digestório, a DC pode ter manifestações extraintestinais, sendo as mais frequentes as oftalmológicas, as dermatológicas e as reumatologias. 18 19 Epidemiologia da D.C Brasil, ano 2000→ 1,5/100.000 habitantes A prevalência e a incidência em países desenvolvidos situam-se em torno de 5:100.000 e 50:100.000 respectivamente. Uma estimativa da prevalência na cidade de São Paulo encontrou uma prevalência de 14,8 casos por 100.000 habitantes. ADC inicia mais frequentemente na segunda e terceira décadas de vida, mas pode afetar qualquer faixa etária. Em crianças menores de 2 anos, é muito raro Há relatos na literatura de crianças com início em idades precoces, relacionando –se com aumento da gravidade da doença 20 Apresentações Inflamatória Obstrutiva Fistulizante Extra intestinal: cutânea, oral , ocular, articular e hepatobiliar Outras: malabsorção , amiloidose, tromboembolismo 21 Sintomas da Crohn O sintoma mais comum no momento do diagnóstico é diarreia, seguida por sangramento (40%-50%), dor abdominal (70%) e perda de peso (60%). Os sinais mais comuns são febre, palidez, caquexia, massas abdominais, fístulas e fissuras perianais. Mais de 6 semanas de diarreia é o critério sugerido como prazo útil para diferenciação com diarreia aguda infecciosa. 22 Quadro clínico Dor abdominal e diarréia crônica Anorexia, perda de peso, febre, aftas orais Anemia Manifestações cutâneas, articulares e oculares 23 Diagnóstico diferencial DII (Doença Inflamatória Intestinal) Enterocolite infecciosa Apendicite/ abscesso periapendicular Diverticulite cecal Tuberculose intestinal Linfoma Doenças ovarianas/gravidez ectópica, Etc. 24 Diagnóstico História Exame físico Exames de fezes Provas de atividade inflamatória Colonoscopia com biópsia Trânsito de delgado TC=avaliação de fístulas e abcessos 25 Tratamento Remissão: prednisona 40 a 60 mg/dia Manutenção Tto das complicações Tto da doença perianal- metronidazol Resistência e dependência do corticóide OBS: A DC não é curável clínica ou cirurgicamente e sua história natural é marcada por agudizações e remissões. 26 27 O tratamento da DC é definido segundo a localização da doença, o grau de atividade e as complicações. As opções são individualizadas de acordo com a resposta sintomática e a tolerância ao tratamento. Sulfassalazina, mesalazina e antibióticos não têm ação uniforme ao longo do trato gastrointestinal, enquanto corticosteroides, imunossupressores e terapias anti-TNF parecem ter uma ação mais constante em todos os segmentos gastrointestinais . A abordagem cirúrgica é necessária para tratar obstruções, complicações supurativas e doença refratária ao tratamento clínico CROHN 28 Tratamento nutricional na DC 29 A nutrição é importante no tratamento tanto para a DC ativa como para manutenção da remissão; Avaliação nutricional consta de antropometria (peso, estatua, IMC, classificados conforme faixa etária); exames bioquímicos (hemograma, Fe sérico, proteínas totais, ferritina, ....) e consumo alimentar Tratamento nutricional na DC 30 Alimentação oral com consistência conforme aceitação. Livre de alimentos irritantes, flatulentos e de difícil digestão. A NE é considerada a melhor opção de tratamento e pode ser usada de forma exclusiva ou suplementar. A fórmula pode ser polimérica, semi elementar ou elementar a depender da gravidade do caso. Período: 6 a 8 semanas. Tratamento Nutricional na DC Alimentos Restringidos: - feijão; - verduras cruas; - mamão, pera, laranja, ameixa; - leite, iogurte, queijos; - mel; - aveia; - carne de porco, linguiça, salsicha; - carnes gordas, banha; - biscoitos amanteigados, doces folhados, chocolate; - frituras, gratinados, preparações sauté, maionese; - pratos prontos, industrializados; - manteiga, margarina, creme de leite. 31 Tratamento Nutricional na DC Alimentos Permitidos: - arroz; purês; - carnes magras; - legumes cozidos; - ovo cozido; - gelatina; - banana maçã; maçã; - chuchu; mandioquinha; - batata; cenoura; - abobrinha; - espinafre, agrião; - óleo de peixe, sardinha, atum, salmão. ** As refeições devem ser freqüentes e de pequeno volume. 32 Considerações – Tratamento da DC O tratamento da Doença de Crohn é individualizado de acordo com as manifestações da doença em cada paciente. Como não há cura, o objetivo do tratamento é o controle dos sintomas e das complicações. Não existe um padrão dietético para pacientes com Crohn, mas alguns parâmetros nutricionais podem auxiliar os pacientes a evitar erros na dieta. Dieta deve ser hipercalórica, hiperproteica, normolipídica, adicionada de Ômega 3, minerais e vitaminas conforme RDA (Ca, vit. D, Zn, Fe, vit. B12, P, Mg, vit. A e E) 33 34 Doces e frutas em compota com alto grau de açúcar exacerbam a atividade da doença em muitas pessoas. Pão branco, pão de forma e comidas altamente condimentadas não fazem parte da dieta para pacientes com doença de Crohn e deveriam ser substituídos por alimentos com alta quantidade de fibras. Importantes fontes de fibra podem ser encontradas em pão integral e em muitos tipos vegetais. As fibras vegetais auxiliam as funções intestinais. Entretanto, nos casos de constricção intestinal ( redução da luz intestinal ou estenose ) uma dieta pobre em fibras deve ser seguida. Considerações sobre DC A esteatorréia é tida como um sinal clínico característico de má absorção e pode estar presente em paciente portador de doença de Crohn. Para prevenir distúrbios nutricionais nesta doença, a recomendação lipídica adequada DEVE SER: Dieta de hipo a normolipídica, com utilização de triglicerídeos de cadeia média e triglicerídeos de cadeia longa. 35 36 A etiologia da doença de Crohn é desconhecida até hoje, apesar de inúmeras investigações realizadas que demonstraram uma disfunção imunológica e um agente transmissor e atração pelo fator genético. Os pacientes são mentalmente normais, e as alterações do perfil psicológico que apresentam são angústias secundárias e próprias de indivíduos que sofrem de doenças crônicas. O tratamento nutricional na fase aguda disabsortiva, com preservação ainda do acesso oral, deve ser pobre em resíduos. Para Exercitar: Estudo de caso R.C.S; desnutrido foi internado no hospital queixando-se de dor abdominal e diarréia de moderada intensidade (4 a 6 evacuações pastosas ou liquefeitas por dia, sem sangue e sem tenesmo). Após realizar exames (endoscopia e biopsia intestinal) foi diagnosticado com Doença de Crohn (DC). Descreva como deve ser a conduta dietoterápica na DC. 37 38 Durante as crises deve-se evitar o que sabidamente faz mal ao paciente em particular. Limitar o leite, por causa da intolerância a lactose, gorduras e substratos fermentáveis, tais como açúcares simples, o pão e as massas. Dieta branda, fracionada e reduzida em volume por refeição. Alimentos proibidos na fase aguda deverão ser paulatinamente reintroduzidos. Administração de vitaminas específica: vitamina B12 e o ácido fólico. Quando o paciente for incapaz de atingir suas necessidades nutricionais diárias, estas poderão ser complementadas com produtos industrializados. Nos casos mais graves onde a desnutrição é importante e quando não se consegue alimentar por via oral, pode-se usar a terapia nutricional enteral ou parenteral. Síndrome da Alça Cega Síndrome de malabsorção associada com uma alça cega (intestino desviado) na parte superior do intestino delgado, caracterizada pela perda dos movimentos peristálticos,estase do conteúdo intestinal e crescimento excessivo de bactérias. Este crescimento bacteriano interfere com a ação dos sais Biliares, processamento de ácidos graxos (gorduras), integridade das microvilosidades e a absorção de nutrientes, como VITAMINA B12. 39 Síndrome da Alça Cega - Fisiopatologia É um distúrbio caracterizado pelo crescimento bacteriano excessivo que resulta da estase do trato intestinal como um resultado da doença obstrutiva , enterite de radiação , formação de fístula ou reparo cirúrgico do intestino. As bactérias desconjugam os sais biliares que além de serem citotóxicos , são menos eficazes como formadores de micelas. 40 41 Consequência: pouca absorção de gordura e esteatorréia , má absorção de carboidratos ocorre devido à lesão à borda em escova secundária aos efeitos tóxicos dos produtos do catabolismo bacteriano e consequente perda de enzimas. TRATAMENTO Remoção da alça cega ou Controle do crescimento bacteriano excessivo com antibióticos Dieta sem lactose Pobre em gorduras + TCM Suplementação de B12 parenteral pode ser útil. Síndrome do Intestino Curto - Fisiopatologia Conjunto de sinais e sintomas usados para descrever as consequências nutricionais e metabólicas de grandes ressecções do intestino delgado. Ressecções de 40 a 50% podem levar a algumas das consequências de SIC. Ressecção de 70% ou mais de int. delgado deixa um paciente com 70 -100 cm . Pacientes com menos de 100 cm de intestino delgado que não apresentam cólon em continuidade : necessitam de NP 42 43 Com o tempo o intestino remanescente sofre alterações tanto estruturais quanto funcionais que aumentam a absorção de nutrientes e fluidos. CAUSAS MAIS COMUNS: Doença de Crohn Enterite por radiação Infarto mesentérico Doença maligna Síndrome do Intestino Curto – Complicações COMPLICAÇÕES: Má absorção de nutrientes ( vitaminas hidrossolúveis são absorvidas no jejuno proximal- B12, folato) . Mais de 60 cm de íleo for ressecado, (deve haver injeções mensais de B12). A ressecção do íleo terminal interfere na absorção da vit B12. Desequilíbrios hidroeletrolíticos e cátions bivalentes (Ca, Mg, Zn, Cu, Se, Cr, Fe, Mo) 44 45 Perda de peso; Deficiência de crescimento (nas crianças); Hiper secreção gástrica; Acidose Láctica; Supercrescimento bacteriano; Cálculos renais de oxalato (nefrolitíase); Cálculos biliares de colesterol ( colelitíase - devido a menor concentração de sais biliares na bile secundária a ressecção ileal e má absorção de sais biliares) Considerações sobre SIC Após ressecções maciças do intestino delgado, a parte preservada sofre, com o tempo, mudanças adaptativas tais como espessamento da parede, dilatação e diminuição da motilidade que resultam em progressiva melhora da diarréia e da má absorção, principalmente de gorduras e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Tais adaptações, transcorrem em três períodos distintos no pós- operatório. 46 47 No primeiro, com até 3 meses de duração, há desequilíbrio hidroeletrolítico decorrente da diarréia intensa. O segundo, com duração de até um ano, corresponde ao período de adaptação no qual há estabilização da diarréia, permitindo o início da dieta via oral. No terceiro a adaptação máxima é atingida e a dieta via oral é elaborada de maneira a oferecer todos os nutrientes necessários para manutenção de um bom estado nutricional. Tratamento Nutricional da SIC Nas três fases o tratamento é bastante individualizado e varia com a área de ressecção do intestino, condições fisiológicas, idade, aceitação e tolerância da dieta e estado de saúde do indivíduo. Orientações gerais incluem: Aumentar a frequência e diminuir o volume das refeições afim de compensar a má absorção; Suplementação de vitaminas, minerais, ácidos graxos de cadeia média e glutamina; 48 49 Aumentar o consumo de líquidos para prevenir a desidratação; Evitar alimentos ricos em oxalato como: chocolate, chá preto e chá mate, refrigerantes a base de cola, cerveja, sucos com bagaço, limonada, suco de tomate, café instantâneo, manteiga de amendoim, tofu, feijões, beterraba, cenoura, aipo, couve, alface, batata frita, alho-poró, amora, uvas, batata-doce, tangerina, farinha de milho, pipoca, biscoitos de soja, gérmen de aveia, cereais matinais, nozes, pimenta, sopa de vegetais; 50 Reposição de probióticos; Restringir lactose quando há ressecção de jejuno; Medicação anti-motilidade intestinal pode ser necessária. Observação: Os alimentos bem tolerados deverão ser reintroduzidos na dieta afim de evitar a monotonia do cardápio e para a prevenção de deficiências nutricionais. Considerações sobre SIC Qual a conduta nutricional favorável ao final da 2a fase (adaptação progressiva - até o 6º mês pós-operatório) de recuperação dos pacientes com Síndrome do Intestino Curto, com preservação da válvula íleo-cecal? Alimentação oral lenta e progressiva, com grande fracionamento das refeições por dia, restrição de sacarose e lactose e controle dos lipídios. Com estímulo a fibra solúvel. 51 Fístula Digestiva / Digestória Fístula - externa ou interna - é uma comunicação anormal entre o trato digestivo e o exterior ou entre dois órgãos internos. A fístula digestiva é sempre uma complicação: o paciente, submetido à cirurgia, surge com deiscência de anastomose ou já desenvolvia doença interna, da qual eclodiu a fístula. 52 Fístulas Externas A fístula externa localiza-se entre o trato gastrintestinal e a superfície externa do corpo, geralmente a pele, tal como a enterocutânea ou pancreatocutânea. É a mais comumente encontrada e decorre, em sua grande maioria, de complicações cirúrgicas (fistula traumática, pós- operatória, iatrogênica). Uma percentagem menor surge espontaneamente, secundária à doença de Crohn e tuberculose intestinal. 53 54 Aparece mais freqüentemente nas operações de emergência para trauma, hemorragia, peritonites e obstrução. No entanto, pode surgir após qualquer cirurgia intra-abdominal que envolva víscera oca. A presença de doença inflamatória ou neoplásica em atividade, irradiação prévia, anastomose em área isquêmica, anastomose cirúrgica sob tensão e desnutrição funcionam como fatores predisponentes. Outras causas comuns são lesões acidentais no ato cirúrgico, procedimentos técnicos improcedentes, tentativas de liberar aderências, contato de corpo estranho, colocação de drenos duros vizinhos à alça operada e infecções. Fístula Interna A fístula interna encontra-se entre dois órgãos internos, como a colecistoentérica e a colovesical. As fístulas internas, de menor importância clínica, podem ou não apresentar sintomas. Quando assintomáticas, são surpreendidas durante propedêutica radiológica ou constituem achado ocasional. As sintomáticas não respondem a medidas conservadoras e pedem tratamento cirúrgico 55 56 A partir de 1968 a descoberta da nutrição parenteral total, ao possibilitar a recuperação do estado de nutrição e o repouso da área do trato gastrintestinal acometido, modificou definitivamente a abordagem das fístulas. A NP, bem como melhor suporte cardiorrespiratórioe o avanço nos conhecimentos acerca dos agentes microbianos, reduziu para 10,5% a taxa de mortalidade. Toda fístula digestiva externa, ao menos inicialmente, deverá receber tratamento conservador, envolvendo medidas clínicas convencionais e apoio nutricional, até identificação de algum fator que impeça seu fechamento espontâneo. Considerações sobre Fístulas Intestinais Nas doenças inflamatórias intestinais quando há a presença de fístulas deve-se: Usar uma dieta de pouco resíduo (elementar) ou de pouca fibra/branda; que possua grande conteúdo calórico; conteúdo protéico de 1-1,5 g por Kg de peso corporal por dia. Redução do tempo do trânsito intestinal, promovendo uma rápida eliminação do bolo fecal, com redução do tempo de contato do tecido intestinal com substâncias mutagênicas e carcinogênicas e; Formação de substâncias protetoras pela fermentação bacteriana dos compostos de alimentação. 57 58 REFERENCIAS FARRUKH, Affifa; MAYBERRY, John Francis. COELIAC DISEASE IN CENTRAL AND SOUTH AMERICA: time for a concerted approach to its epidemiology. Arq. Gastroenterol., São Paulo , v. 52, n. 2, p. 129-133, June 2015 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004- 28032015000200129&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032015000200010 FARRUKH, Affifa; MAYBERRY, John Francis. INFLAMMATORY BOWEL DISEASE IN HISPANIC COMMUNITIES: a concerted South American approach could identify the aetiology of Crohn’s disease and ulcerative colitis. Arq. Gastroenterol., São Paulo , v. 51, n. 4, p. 271-275, Dec. 2014 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004- 28032014000400271&lng=en&nrm=iso>. access on 09 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0004-28032014000400002 LAMEU, E. Clinica nutricional. Revinter. 2005. CUPARI, L. Nutrição clínica no adulto. Manole. 2014
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