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297 Constipação Conceito (Chemin): Segundo Chemin, de acordo com o Comitê de Roma, para poder ser considerado constipado, um paciente deve preencher dois ou mais dos seguintes critérios: - dificuldade em 25% das defecações - sensação de evacuação incompleta após 25% ou mais das defecações - fezes duras ou caprinas em 25% ou mais da evacuações - menos de 3 evacuações semanais Causas da constipação: As causas mais comuns de constipação em indivíduos completamente saudáveis incluem: -ausência repetida de resposta ao estímulo de defecar, - insuficiência de fibra na dieta, - ingestão insuficiente de líquido, - inatividade e - uso crônico de laxantes. - tensão nervosa Tratamento Inclusão na rotina diária pessoal, de: - fibra dietética adequada, - líquidos adequados - exercício e - atenção ao estímulo de defecar. Os efeitos primários das fibras da dieta sobre a função intestinal se relacionam a capacidade de reter água e aumento da massa microbionana, a qual presumivelmente leva à fezes maiores, mais macias e seu efeito de distensão do cólon distal e reto, o qual aumenta o estímulo de defecar e a velocidade do trânsito colônico (Figura 1). O uso de caldo de ameixa preta, devido à presença do ácido deiidroxifenilisatin, pode ter uma ação benéfica na constipação. (Dan) Fibra e resíduo: Fibra é definida como a porção do alimento que se origina amplamente das paredes da célula vegetal e que não é prontamente digerida pelas enzimas no TGI. Recomendação diária de fibras: Dan 25 a 35 g/dia, ou o correspondente a 10g de fibras para cada 1000 kcal. Chemin 20 a 30g/dia de fibras (de maneira que o resíduos fecal seja de 150g ao dia. O resíduo se refere à quantidade de massa fecal remanescente após os processos de ingestão e secreção GI, absorção de fermentação GI. Os componentes principais do resíduo fecal são: bactérias e água, os quais constituem 60-80% do peso das fezes. O conteúdo restante inclui fibra dietética, células mucosas descamadas, muco e quantidades variáveis de amidos não absorvidos. (Dan) Atenção! Casos especiais de constipação: Pacientes com obstipação decorrente de megacólon chagásico, em fases avançadas da doença, não respondem positivamente ao acréscimo de fibras à alimentação, podendo favorecer a formação de fecalomas. Recomendação: Dieta de resíduo mínimo + alimentos laxativos (caldo de ameixa preta). Hemorróidas O esforço evacuatórios decorrente da expulsão de fezes duras predispõe ao prolapso muco-hemorroidário e ao sangramento. Encontramos hemorróidas internas e externas. Podem ser sintomáticas e assintomáticas, hemorrágicas e não hemorrágicas. Outros fatores desencadeantes que devem ser valorizados além da constipação intestinal são: o abuso de laxativos, em especial os catárticos, a diarréia crônica, a gravidez, pelo aumento da pressão intra-abdominal, ou a associação à posição ortostática do ser humano. O tratamento consiste em banho de assento, calor úmido, compressas, medicação emoliente de fezes SOS, supositórios, cirurgia SOS. Recomenda-se evitar o uso de laxativos especialmente os catárticos Orientação dietética: - dieta rica em fibras (20 a 30g) e líquidos; além de supressão de bebidas alcoólicas, pimentas e condimentos, pela ação irritante nas mucosas. Nos pacientes com constipação devem ser acrescentados auxiliares da evacuação como mucilagem, metilcelulose, sene e semente de plantago. (Chemin) TRATO GATROINTESTINAL II Prof. Cristina Fajardo Diestel cristinadiestel@nutmed.com.br 298 Doença Celíaca ou Enteropatia Sensível ao Glúten ou Espru não-tropical A doença celíaca é uma doença sistêmica imunomediada que ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, expostos ao glúten e às prolaminas relacionadas e a outros fatores ambientais. É causada por uma reação às proteínas do glúten. As proteínas deletérias do glúten, responsáveis pela lesão na mucosa são a gliadina (trigo), a hordeína (cevada), a secalina (centeio), sendo a gliadina o componente mais estudado. A aveia não é imunogênica, porém, o problema é sua contaminação com o trigo. As gliadinas apresentam as frações alfa, beta, gama e ômega, sendo a ALFAGLIADINA o fator protéico tóxico. (Dan) A gliadina e gluteninas do trigo são ricas em prolina e glutamina que são potentes ativadores da resposta imunológica na doença celíaca. (Dan). A doença é caracterizada pela combinação de manifestações clínicas dependentes do glúten, anticorpos específicos, presença de halótipos HLA-DQ2 e/ou HLA- DQ8 e enteropatia. Os principais determinantes da suscetibilidade genética para doença celíaca são os genes HLA classe II, HLA-DQ2 e HLA-DQ8, presentes no braço curto do cromossomo 6. Esses genes estão presentes em mais de 95% dos pacientes com doença celíaca. Epidemiologia Há um predomínio da doença em indivíduos de raça branca e no sexo feminino. Cerca de 8 a 13% dos pacientes adultos com doença celíaca irão desenvolver alguma doença maligna, sendo as mais freqüentes o linfoma intestinal não-Hodgkin, carcinoma de esôfago e carcinoma de orofaringe. O risco reduz de modo importante com a exclusão do glúten da dieta, tornando-se semelhante ao da população em geral após 05 anos de tratamento adequado. Fisiopatologia A doença primariamente afeta a mucosa das porções proximal e média do intestino delgado, mas os segmentos mais distais também podem estar envolvidos. O glúten é parcialmente digerido no intestino em fragmentos de gliadina, substrato preferido para a enzima transglutaminase. Na lãmina própria a gliadina ativa a enzima tecidual transglutaminase, sofrendo desamidação e aumentando sua imunogenicidade. A partir de então, a glidina é apresentada às células apresentadoras de antígeno HLA-DQ2 ou DQ-8 para ativação de linfócitos T- CD4+. Uma vez ativados, ocorre a produção de citocinas na mucosa intestinal. O resulado dessa cascata inflamatória é o dano na mucosa intestinal, característico da doença celíaca. A resposta inflamatória auto-imune leva à atrofia dos vilos, má absorção e desnutrição, além de hiperplasia das criptas e aumento da celularidade. As células plasmáticas e linfócitos aumentados prejudicam a absorção de nutrientes. (Dan) A atrofia e o achatamento das vilosidades afetam gravemente, a área disponível para absorção de nutrientes. Além disso, as células das vilosidades se tornam deficientes nas dissacaridases e peptidases necessárias para digestão e também nos carreadores necessários para transporte de nutrientes para a corrente sangüínea. A liberação diminuída de colecistoquinina diminui as secreções da vesícula biliar e pancreática e contribui ainda mais para a má absorção. Na figura A observamos uma mucosa intestinal normal e na figura B uma mucosa atrofiada. Mucosa intestinal normal (A) e atrofiada (B) Diagnóstico da Doença Celíaca: O diagnóstico de doença celíaca é feito por uma combinação de avaliações clínicas, laboratoriais e histológicas, porém a biópsia de intestino delgado é o ponto final (padrão ouro) do diagnóstico. É realizada uma biópsia inicial (no duodeno, jejuno ou íleo) enquanto o paciente está com uma dieta com glúten. Em seguida é obtida a remissão com a retirada da gliadina. Os anticorpos circulantes e seu subseqüente desaparecimento com dieta sem glúten adiciona força ao diagnóstico. Quanto ao testes sorológicos, o anticorpo antiendomísio da classe IgA, obtido pela técnica de imunofluorescência indireta é considerado o teste de referência pela alta especificidade (93-100%) e sensibilidade (98-100%). Os anticorpos transglutaminase são realizados pela técnica de imunoensaio enzimático (ELISA) e possuem sensibilidade superiores a 90%. O teste de antigliadina deamidada pode ser útilem crianças e em pacientes com deficiência de IgA, realizando a dosagem de IgG. Manifestações clínicas: Segundo Dan divide-se os sintomas da DC em gastrointestinais e extraintestinais. Gastrointestinais: Sintomas de má-absorção GI após exposição ao glúten da dieta – diarréia ou esteatorréia, perda de peso, dor e distensão abdominal e deficiências nutricionais. Se manifesta entre 6 e 24 meses de idade. Extraintestinais: Pouco ou nenhum sintoma GI (sem diarreia). Predomínio das manifestações A B 299 extraintestinais. Surge mais tardiamente. Os únicos indícios podem ser a baixa estatura ou anemia. A doença celíaca por ser ainda silenciosa, onde os pacientes assintomáticos, mas com sorologia e biopsia positivas para a DC e potencial ou latente, naqueles que possuem sorologia positiva, mas com biopsia intestinal normal, mesmo com dieta contendo glúten. Segundo Chemin, o quadro clínico apresenta a tríade dominante clássica constituída por diarréia, perda de peso e astenia. Os sintomas mais comuns nas crianças de 06 meses a 03 anos de idade são: diarréia, esteatorréia, atraso de crescimento e puberdade, apatia, pouco ganho de peso, vômito e distensão abdominal. Os adultos podem experimentar perda de peso, apesar de apetite aumentado, dor abdominal, diarreia, fraqueza e fadiga ou eles podem se apresentar com sintomas extra-intestinais como artralgia, anemia (principalmente por deficiência de ferro), osteopenia, infertilidade e aborto recorrente ou espontâneo, síndrome do intestino irritável, neuropatia periferia, estomatite recorrente e outras formas de doença auto-imune. As pessoas com dermatite herpetiforme, um distúrbio de pele papulovascular com prurido, mostram sensibilidade intestinal à gliadina: 60% também possuem atrofia vilosa grave do intestino delgado. A manifestação cutânea também responde a uma dieta sem glúten. Na tabela abaixo podemos observar as manifestações extra-intestinais de doença celíaca. Manifestações extra-intestinais da doença celíaca e suas possíveis causas Órgão Manifestação Causa provável Hematopoiético Anemia Hemorragia, púrpura Deficiência de folato, ferro, vitamina B12 Hipoprotrombinemia, geralmente devido a má absorção de vitamina K Esquelético Osteomalácia Osteoporose, dor óssea Osteopenia, fraturas Hipolasia de esmalte dentário Absorção prejudicada de vitamina D Formação de sabões de cálcio insolúveis por ácidos graxos no lúmen intestinal levando ao transporte e absorção de cálcio defeituosas Muscular Parestesias, Câimbras musculares, tetania, fraqueza Depleção de cálcio ou magnésio devido à absorção precária Hipocalemia devido a perdas a potássio Neurológico Neuropatia periférica Deficiências de vitaminas tais como tiamina e vitamina B12 Endócrino Hiperpartireoidismo 2° Hipopituitarismo 2° Insuficiência adrenocortical Hiperceratose folicular Petéquias e equimoses Má absorção de cálcio e vitamina D causando hipocalcemia Desnutrição devido à má absorção Hipopituitarismo Deficiência de vitamina A Hipoprotrombinemia Tratamento da Doença Celíaca Dentro de 02 a 08 semanas do início de uma dieta sem glúten, a maioria dos pacientes relata que os sintomas clínicos desaparecem. A retirada da gliadina (e das outras proteínas) geralmente reverte o processo e a mucosa intestinal volta ao normal, entretanto alguns pacientes podem necessitar de meses até anos de dieta para a recuperação máxima. A gliadina deve ser evitada por toda a vida. Nesta dieta, trigo, centeio, aveia e cevada são excluídos. Pode-se utilizar milho, batata, arroz, soja, tapioca, amaranto, quinoa, painço, araruta, polvilho doce e azedo, sagu, mandioca, fécula de batata, fubá, farinha de milho, amido de milho e canjica e trigo sarraceno (é assim conhecido, mas não pertence a família do trigo comum e não possui glúten). Segundo Dan, embora o trigo sarraceno não contenha glúten, ele pode estar contaminado com glúten e essa contaminação pode ocorrer no campo, na colheita e na moagem, pois o trigo sarraceno normalmente está próximo da plantação de trigo. A relação entre o glúten e a doença celíaca está bem estabelecida, porém, a relação entre a quantidade de glúten ingerida e a ocorrência de anormalidades clínicas e histológicas ainda não. A quantidade de glúten consumida não deve ser superior a 50mg/dia. Entretanto, como não é possível analisar o conteúdo de glúten que o paciente com doença consome por dia, deve-se orientar que a dieta seja totalmente isenta de glúten. Segundo o Codex Alimentarius, para que um produto industrializado seja denominado gluten free a quantidade de glúten não pode exceder 20mg/kg. A ausência de sintomas após consumir gliadina (e as outras proteínas) não necessariamente significa que as vilosidades não estão danificadas. A condição precipitante continua a existir e a gliadina causa alterações mucosas dentro de horas. Entretanto os sintomas podem levar 02 até 08 semanas ou mais para reaparecer. Foi observado que adultos que iniciam e param a dieta sem gliadina várias vezes podem atingir um estado no qual não respondem mais à dieta. Em casos não tratados, a resposta exagerada imune e inflamatória eventualmente resulta em lesão suficiente da mucosa intestinal, a ponto de comprometer as funções secretoras, digestivas e absortivas normais, especialmente no intestino delgado proximal. Recentemente, a necessidade de se restringir aveia na dieta de pessoas com doença celíaca e dermatite herpetiforme tem sido desafiada, sendo que as manifestações clínicas e GI de sensibilidade ao glúten não parecem recorrer em avaliação de ingestão de aveia que durem de 06 meses a 05 anos ou mais. Porém, ainda 300 reluta-se quando a esta indicação e são necessários mais estudos. As organizações celíacas da América do Norte não recomendam a ingestão de aveia. No Brasil, em 1992, foi promulgada uma lei federal que determinava a impressão da advertência “contém glúten” nos rótulos e nas embalagens de alimentos industrializados que apresentassem trigo, centeio, cevada e aveia e seus derivados em sua composição. Em maio de 2003, a Lei Federal 10674 foi promulgada em substituição a anterior, determinando que todos os alimentos industrializados deveriam conter a expressão “contém glúten” ou “não contém glúten”, conforme o caso. Há também, uma resolução – RDC 137, de maio de 20003 – para os produtos faramacêuticos, que devem conter a expressão contem glúten para os medicamentos que contém essas proteína. A intolerância à lactose ocorre algumas vezes secundariamente à doença celíaca e necessita de terapêutica apropriada. Normalmente após a dieta sem gliadina a lactase volta a níveis normais e a intolerância a lactose desaparece. Outras suplementações de nutrientes específicas podem ser necessárias de acordo com as seqüelas nutricionais relacionadas na tabela 6. Os pacientes que continuam com má absorção devem receber um suplemento de vitaminas e minerais para atingir a RDA. Se houver má absorção o TCM pode auxiliar a fornecer calorias. Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) As duas principais DIIs são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI). São de evolução crônica, caracterizadas por períodos de atividade e/ou complicações, intercalados com fases de aparente acalmia, possuem respostas terapêuticas semelhantes, mesmo que, fisiopatologicamente devam ser consideradas doenças diferentes. A predisposição genética e o fenômeno auto-imune estão presentes, sendo também influenciadas por fatores ambientais (possivelmente a dieta e interações virais e bacterianas com células intestinais). Nas DIIs os mecanismos reguladores da resposta imune são defeituosos ou os fatores que estimulam a resposta imunológica e a fase aguda são intensificados, levando a fibrose e destruição tecidual.A DC e a RCUI compartilham algumas características clínicas, por exemplo, as intolerâncias alimentares, diarréia, febre, perda de peso, desnutrição (principalmente na DC), deficiência de crescimento e manifestações extra- intestinais (artrítica, dermatológica e hepática) ocorrem em ambas doenças. Em ambas o risco de doença maligna é aumentado com doença de longa duração. As duas doenças, entretanto, possuem características diferentes em termos de genética. Epidemiologia: (Chemin) - As DIIs são mais comuns em parentes de 1º grau: exposição aos mesmos fatores ambientais ou pela presença de fatores genéticos comuns. - As DIIs são mais incidentes em países com alto poder sócio-econômico relação com dieta, hábito de fumar e outras questões ainda não definidas. O aumento da higiene pessoal e a conseqüente redução da exposição do sistema imune do intestino a micróbios durante a infância podem ser identificados como um denominador comum para estes fatores que, posteriormente, resultam em resposta imune alterada, ou seja, em uma DII. Etipatogenia: (Chemin) - Envolve, basicamente, quatro aspectos que interagem entre si e com fatores ambientais: (a) fatores genéticos, (b) fatores luminais relacionados à microbiota intestinal e aos seus antígenos e produtos metabólicos e aos antígenos alimentares, (c) fatores relacionados a barreira intestinal, incluindo os aspectos referentes a imunidade inata e a permeabilidade intestinal, (d) fatores relacionados a imunorregulação, incluindo imunidade adaptativa ou adquirida. - Há alterações quantitativa e qualitativas na microbiota intestinal de pacientes com DIIs. Também ocorre aumento de bactérias anaeróbias com redução de bifidobactérias e lactobacillus. O Fenômeno da tolerância às bactérias que compõem a microbiota intestinal parece ser perdido na DII. Doença de Crohn (DC) A incidência de doença de Crohn vem aumentando nos últimos anos por motivos não determinados. Acomete mais a raça branca, sem preferência por sexo. O fator genético parece ter papel mais importante na DC que na RCU. Embora possa acometer qualquer faixa etária a DC predomina em pessoas jovens, com pico de incidência entre 10 e 40 anos de idade, porém, 15% das pessoas têm mais de 60 anos ao diagnóstico, caracterizando um segundo pico de incidência, menos evidente, entre 60-80 anos, configurando uma apresentação bimodal. As características particularmente importantes da DC incluem: Pode envolver qualquer parte do TGI, da boca ao ânus. O intestino delgado, particularmente o íleo terminal estão envolvidos; Inflamação segmentar – áreas sadias intercaladas com áreas inflamadas; Envolvimento transmural da parede levando à complicações como fístulas, ulceração, abscessos, espessamento submucoso, estenoses (Figura abaixo) e obstruções parciais do trânsito. Estenose na doença de Crohn As cirurgias podem ser necessárias para reparar estreitamento ou remover porções do intestino quando o tratamento clínico falha. A cirurgia não cura a doença, apenas trata as complicações. Retocolite Ulcerativa Inespecífica (RCUI) 301 A RCUI acomete igualmente ambos os sexos, e ao contrário da DC, a RCU apresenta dois picos de incidência: um primeiro no adulto jovem, entre 15 e 35 anos, e um segundo entre os 60 e 70 anos, sendo que a doença no idoso caracteriza-se por um quadro mais leve. Ao que parece a nicotina e o hábito de fumar exerce efeito protetor na RCUI e precipitante na DC, mas não explicações definitivas para este mecanismo até o momento. As características particularmente importantes da RCUI são: A doença envolve apenas o cólon e sempre se estende a partir do reto; A inflamação é limitada a camada mucosa; A doença contínua é característica ao contrário da DC; O sangramento retal ou diarréia com sangue são comuns (e maiores que a DC) Na doença grave ou no risco aumentado de câncer, é recomendada a remoção completa do cólon, com a criação de uma ileostomia ou bolsa ileal. (Veremos a descrição destes procedimentos cirúrgicos mais adiante, ainda neste capítulo) Sintomas: são variáveis. Os principais são a dor abdominal, cólicas em hipogástrio precedendo e/ou aliviadas parcialmente pelas evacuações, dor difusa associada à distensão abdominal e acompanhada de náuseas e vômitos com redução ou parada da eliminação de gases e fezes, o que sugere oclusão ou suboclusao dos segmentos estenosados, sendo mais comum no acometimento exclusivo do íleo terminal. A diarreia crônica, quando o cólon não está acometido, geralmente se apresenta sem sangue, muco ou pus e, juntamente com a dor abdominal, está presente em mais de 70% dos pacientes no momento do diagnóstico. Sintomas sistêmicos também podem estar presentes como mal- estar, anorexia, emagrecimento e febre. Existe um aumento da frequência de colelitíase nos pacientes com DC devido a redução do pool de sais biliares pela redução da absorção ileal, com consequente supersaturação biliar de colesterol e a redução da motilidade biliar. . Tratamento Clínico das DIIs Os objetivos do tratamento das DIIs são induzir e manter a remissão e o estado nutricional. O tratamento das manifestações GI primárias parece corrigir a maioria das características extra-intestinais da doença também. As medicações utilizadas são os corticosteróides, os agentes anti-inflamatórios (aminossalicilatos), agentes imunossupressores e antibióticos (metronidazol). Um novo agente terapêutico que vem sendo utilizado principalmente da DC é o infliximab que é um anti TNF-, sendo assim, inativa uma das citocinas pró- inflamatórias primárias. Ele é normalmente utilizado nos casos mais graves de doença de Crohn e no tratamento de fístulas, mas ainda não se mostrou eficaz na colite ulcerativa Cuidado Nutricional nas DIIs A dieta e a nutrição desempenham um papel importante no tratamento de exacerbações e sintomas das DIIs. Os principais objetivos da terapia nutricional são: - controlar os sintomas, induzindo a remissão da doença - otimizar a qualidade de vida - minimizar a toxicidade dos medicamentos utilizados em curto e longo prazo - retardar e reduzir as recidivas da atividade da doença - restaurar e manter o estado nutricional - promover o desaparecimento das lesões inflamatórias - manter o crescimento em crianças, - garantir suporte nutricional no pré e pós-operatório de pacientes com indicações cirúrgicas - utilizar dietas que diminuam a atividade de doença - aumentar o tempo de remissão da doença - reduzir as indicações cirúrgicas Ainda não está claro se os fatores dietéticos contribuem para exacerbar a doença mas, certamente, podem agravar os sintomas. A DII pelo seu envolvimento do TGI e seus efeitos sobre a ingestão alimentar é comum estar associada a deficiência nutricional, podendo esta variar desde alterações discretas nos níveis de oligoelementos até estados óbvios de desnutrição severa, com grande perda de peso (Chemin) A desnutrição, por si só, compromete a função digestiva e absortiva (redução da secreção de enzimas pancreáticas e diminuição da atividade enzimática na borda em escova das células da mucosa intestinal) e pode aumentar a permeabilidade do TGI a agentes inflamatórios potenciais. Á desnutrição aguda observada durante os surtos de atividade de doença tem como principais manifestações clínicas perda de peso, anemia e hipoalbuminemia. As manifestações de desnutrição são mais frequentes na DC e muitas vezes relacionada a atividade da doença. Em pacientes com diarreia intensa, há aumento das perdas de cobre, zinco, magnésio e fósforo. A deficiência de fósforo interfere no equilíbrio da microbiota intestinal. O déficit de selênio também pode refletir-se na redução sérica da fosfatase alcalina, uma vez que esta é uma metaloenzima do zinco. Também, pode ocorrer deficiência de niacina (pelagra).Em pacientes com DC e ressecções intestinais maiores de 20cm e naqueles que recebem nutrição enteral, foi descrita deficiência de selênio. Segundo Chemin, pacientes com DII (especialmente de DC) têm um risco maior de fratura óssea consequente a redução do conteúdo mineral ósseo. Constituem fatores de risco para a osteoporose nesses pacientes o uso de corticoides, baixo peso, má-absorção de cálcio e vitaminas lipossolúveis e o próprio processo inflamatório. 302 Na tabela abaixo podemos observar os principais problemas nutricionais associados às DIIs. No quadro abaixo podem ser observados os principais déficits nutricionais observados nos pacientes com DII e seus respectivos mecanismos (Chemin, 2016) Vitaminas antioxidantes Pacientes com DII estão sujeitos a intenso estresse oxidativo, o que leva a consumo de elementos antioxidantes como ácido ascórbico, alfa e betacaroteno e licopenos. A suplementação com vitaminas E e C favorece a redução do estresse oxidativo. Vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) Principalmente nos pacientes com DC e má-absorção e/ou naqueles com comprometimento ileal (ou ressecção). A falta de reabsorção dos sais biliares no íleo terminal provoca redução no pool de sais biliares e prejuízo na absorção dos lipídios, inclusive das vitaminas lipossolúveis. O uso de colestiramina (que promove a quelação de ácidos biliares) também prejudica a absorção dessas vitaminas. A vitamina D é a vitamina lipossolúvel mais frequentemente afetada, o que contribui ainda mais para o desenvolvimento de osteoporose. Zinco Até 50% dos pacientes com DC podem desenvolver déficit de zinco. A redução de zinco contribui para diminuição do apetite. Paralelamente, há redução na fosfatase alcalina, que é uma metaloenzima do zinco. Ácido fólico A deficiência de ácido fólico é mais comum na retocolite ulcerativa (RCU) (até 60%) do que na doença de Crohn (DC) (até 40%) em grande parte pelo uso mais corriqueiro de sulfassalazina na RCU. A sulfassalazina interfere na absorção intestinal de ácido fólico, ocasionando anemia macrocítica. Metotrexato também pode provocar deficiência de ácid fólico e consequente mucosite, principalmente oral. Nessas duas situações, o paciente deve repor ácido fólico na dose de 1 a 5mg/dia, por via oral. Cálcio O uso de crticosteroides interfere na absorção do cálcio, o que deve ser lembrado especialmente no tratamento de crianças e adolescentes, por causa da interferência no desenvolvimento e no crescimento. Também é descrita má-absorção de cálcio em pacientes com DC. A deficiência de cálcio é relacionada com o desenvolvimento de osteopenia e osteoporose e com o 303 risco de fraturas. Cobre Pacientes com intensa diarreia, fístulas e estomias têm risco de desenvolver redução de cobre. Ferro Além da redução da ingestão, a perda crônica ou aguda de ferro por diarreia ou enterorragia justifica a redução da ingestão de ferro nos pacientes com DII (anemia ferropriva, microcítica, hipocrômica). Essa perda tende a ser mais comum na RCU (até 70% maior do que na DC (até 40%). A deficiência de ferro produz forte impacto na qualidade de vida dos pacientes. Contribuem ainda para essa deficiência nesses pacientes a supressão da produção de eritropoietina por citocinas proinflamatórias (por exempli, interleucina 6) e a alteração no metabolismo do ferro provocada pelo incremento de citocinas proinflamatórias, de metabólitos reativos de oxigênio e do óxido nítrico. Homocisteína Os níveis de homocisteína costumam estar elevados tanto em crianças quanto em adultos com DII, particularmente na DC aumentando ainda mais o risco trombótico já existente. Lipoproteínas Transportam gorduras e vitaminas lipossolúveis na circulação, contribuindo para a integridade da membrana celular. O colesterol LDL e as lipoproteínas A-I e B estão geralmente diminuídos na DC, e os níveis não se correlacionam com atividade da doença. Magnésio e fósforo Diminuem por redução da ingestão oral, por perdas crônicas (diarreia, fístulas) e por má-absorção intestinal. Contribuem para osteopenia e osteoporose. O fósforo desempenha papel importante na manutenção das funções intestinais (por exemplo, processo de absorção e reconhecimento de antígenos) e do equilíbrio da microbiota intestinal (equilíbrio entre bactérias não patogênicas e potencialmente patogênicas). Niacina A deficiência de niacina gera pelegra, que pode ser verificada em pacientes com DC e importante má-absorção. Caracteriza- se por lesões descamativas e hipercrômicas pelo corpo, particularmente em áreas expostas ao sol. Pode acompanhar-se de fadiga e quadro psiquiátrico (por exemplo, lentidão, confusão). Proteínas Hipoalbuminemia é relativamente comum em pacientes com DII (até 65% dos casos). Contribuem para hipoproteinemia a redução na ingestão alimentar, as perdas intestinais e o aumento do catabolismo. A dosagem de alfa-1-antitripsina nas fezes é útil na avaliação de perda proteica intestinal. A depleção associa-se à maior moralidade pós-cirúrgica. Selênio Está geralmente reduzido nos pacientes com intestino curto e naqueles submetidos à nutrição enteral por longo tempo. Vitamina A Faz parte do grupo das vitaminas lipossolúveis; reduzida em pacientes com má-absorção intestinal (esteatorreia) e naqueles com baixa ingestão. Seu déficit provoca xerostomia, xeroftalmia, cegueira noturno e aumenta o risco de fraturas. Vitamina B12 Particularmente nos pacientes com DC que comprometa o íleo ou em ressectados. A redução da ingestão também contribui para o déficit de vitamina B12, com consequente anemia megaloblástica. A reposição por via intramuscular nesses casos é recomendada. Vitamina K Além de ser fundamental nos processos de coagulação, a vitamina K também é um cofator na carboxilação de osteocalcina, uma proteína crucial para incorporar o cálcio ao osso. A vitamina K promove a carboxilação dos resíduos do ácido glutâmico nas proteínas que contêm esse ácido, como é o caso da osteocalcina. Relaciona-se, portanto, com o desenvolvimento de osteoporose. A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel cujo papel no desenvolvimento da DII tem sido subestimado, seus níveis estão associados a morbidade e a evolução da DII. A deficiência de vitamina D facilita o desenvolvimento da DC e da RCU e pode piorar a sua evolução e tem uma relação inversa com a atividade da doença. Evidências sugerem que a vitamina D pode modificar favoravelmente a resposta imunológica nas DIIs. Aparentemente, os indivíduos que possuem níveis de vitamina D menores apresentam maior necessidade de corticoides, terapia biológica, narcóticos, tomografias, visitas a emergência, internações e cirurgias quando comparados aos indivíduos com níveis normais. A deficiência de zinco na DII é frequente, por ingestão oral inadequada, redução da absorção, aumento das necessidades e das perdas. Os baixos níveis séricos de zinco e a hipoalbuminemia estão associados a atividade inflamatória e ao comprometimento do intestino delgado. Anemias As anemias são muito comuns em pacientes com DIIs. Na tabela abaixo podem ser observadas as principais características das anemias nas DIIS. 304 Cuidado Nutricional na Fase Aguda das DIIs (Dieta de resíduo mínimo) Característica da dieta Recomendação Valor energético total 25-35 kcal/kg peso ideal/dia As necessidades podem alcançar ate 45kcalkgdia Proteínas 1,2 a 1,5 g/kg peso ideal/dia Lipídios Hipolipídica (< 20% das calorias totais), uma vez que podem piorar a diarréia (defic. sais biliares) Carboidratos Normoglicídica Isenta de lactose (níveis de lactase diminuídos pela diarréia) Controle de mono e dissacarídeos para evitar soluções hiperosmolares que possam aumentar a diarreia – dar preferência a maltodextrina e polímerosde glicose Rica em fibras solúveis (atuam na formação de AGCC) e pobre em fibras insolúveis. Alimentos fermentativos Devem ser evitados excesso de sacarose e fibras Vitaminas e minerais Alguns autores recomendam suplementação diária de vitaminas e minerais A vitamina B12 deve ser medida regularmente em portadores de DC com ou sem ressecção de íleo distal. Em uso de corticosteroides – Ca 1500-2000mg/dia Intestino curto ou ressercções múltiplas de intestino – avaliar vitamina D – se deficiência 25000-50000UI Volume Diminuído Fracionamento Aumentado 305 Na tabela abaixo podem ser observados os efeitos nutricionais dos medicamentos usados no tratamento das DIIs: Hoje, o uso de pré e próbióticos é considerado plausível porque eles têm o papel de alterar a microflora GI Os probióticos alteram a flora e a resposta imune a nível intestinal. Segundo Chemin eles atuariam como coadjuvantes na terapia de manutenção, aumentando seu período tanto na DC quanto na RCU. Os probióticos produzem efeito benéfico na imunidade intestinal, produzem AGCC, amenizam a intolerância à lactose, controlam a diarréia aguda, melhoram a atividade clínica da doença e previnem as recidivas das DIIs. (Chemin) Probióticos e simbióticos apresentam melhores resultados quando usados na RCU ativa e na bolsite. Na fase ativa, em remissão ou no pós-operatório da DC, os resultados ainda são controversos. Além disso, no Brasil, a falta dos produtos que são comercializados no exterior e devidamente testados em DII ainda tem limitado bastante seu uso. A modificação das dietas orais e enterais com ácidos graxos ômega 3 (que tem efeito anti-inflamatório), e o uso de fibras fermentáveis são estratégias terapêuticas junto com os outros tratamentos. A tabela abaixo mostra os efeitos propostos para alguns destes nutrientes. Efeitos de nutrientes específicos Nutrientes Funções Ác. graxo ômega 3 – RCUI melhora da inflamação, sintomas e necessidades de corticosteroides, promovendo melhora colônica, histológica e endoscópica – Chemin - sem evidências conclusivas em DC e RCUI - Dan Fibras solúveis São fermentadas pelas bactérias que produzem AGCC que fornecem 4,4 kcal/g, importante fonte E no cólon Chemin – menor frequencia de evacuações com sangue em pacientes com RCU em atividade com a utilização de enema de butirato por via retal. Uso de fibra mostrou ser útil na remissão em RCU Efeitos do AGCC: redução do pH colônico, o que favorece o crescimento de bactérias não patogênicas, como Lactobacillus e Bifidobactérias, e reduz o desenvolvimento de bactérias potencialmente patogênicas (por exemplo, Clostridium, Pseudomonas e Klebsiellla); estimula a secreção de mucina, aumento do fluxo vascular, aumento da absorção colônica de sódio e 306 água. O TGF-B2 ou fator transformador do crescimento beta 2 é um polipeptídeo encontrado normalmente no leite, capaz de enriquecer a dieta enteral em razão de sua ação modular a imunidade intestinal, uma vez que antagoniza o TNF-α. Os estudos parecem demonstar benefíciosm mas a maioria não é controlado, de modo que não pode-se realizar sua indicação. Terapia Nutricional nas DIIs A dieta enteral deve ser utilizada quando os pacientes não conseguem atingir adequadamente suas necessidades por via oral. É comum o crescimento linear ser prejudicado no início da DC pediátrica, antes do diagnóstico, bem como durante os anos subsequentes, o mesmo podendo acontecer na maturidade, com relação a altura. Dos múltiplos fatores que contribuem para isso, a inadequação nutricional crônica e os efeitos inibitórios do crescimento diretos produzidos pelas citocinas produzidas pelo intestino inflamado são os mais importantes. A NE é empregada no manejo dos pacientes pediátricos com DC, não apenas para melhorar sua ingestão de calorias e o seu estado nutricional, intensificando o seu crescimento, mas também, como um tratamento básico da inflamação intestinal ativa. As hipóteses em relação ao mecanismo de ação na melhora da inflamação incluem: alteração na flora microbiana intestinal, eliminação de ingestão de antígenos dietéticos, diminuição da síntese intestinal dos mediadores inflamatórios pela redução da gordura dietética, diminuição das citocinas pró-inflamatórias, reposição nutricional global e administração de micronutrientes importantes ao intestino doente. Assim, as dietas enterais teriam um efeito anti-inflamatório e imunomodulador. NO que se refere ao teor de lipídios das dietas enterais utilizadas em DIIs o ideal é que haja um equilíbrio entre o TCM e o óleo de peixe que tem atividade anti- inflamatória, o ácido oléico que tem atividade inflamatória intermediária e o ácido linoleico que tem atividade pró- inflamatória. Assim, o ideal é que predominem os lipídios com ação anti-inflamatória. Fontes ideais de ácidos graxos, nesse contexto anti-inflamatória, incluem canola e óleo de oliva. Os resultados com a indução da remissão da doença com o uso de nutrição enteral são mais efetivos em pediatria do que em adultos, onde a taxa de remissão com nutrição enteral encontra-se na ordem de 60% ao contrário de 80% dos corticosteroides, isso, após 4-8 semanas de tratamento com nutrição enteral. Em crianças e adolescente, os resultados com terapia nutricional enteral exclusiva são mais positivos e semelhantes ao obtidos com os corticosteroides. Pelo efeito benéfico da dieta e isento de efeitos colaterais, a TNE exclusiva por 4-8 semanas é superior ao efeito dos corticosteroides na terapia na DC em atividade em crianças e adolescentes. Em adultos, a TNE exclusiva tem sido usados mais nos casos refratários, inclusive à terapia biológica, e no preparo para cirurgia. Em adultos, a terapia nutricional enteral exclusiva tem sido utilizada mais nos casos refratários, inclusive a terapia biológica e no preparo para cirurgia. No que se refere ao tipo de dieta enteral utilizado, os resultados são semelhantes quando se oferece dieta monomérica, oligomérica ou polimérica. Tendo em vista que a dietas poliméricas são isoosmolares e mais palatáveis e mais paláveis por VO, essa é a recomendação em DII. Entretanto, é importante colocar que em alguns pacientes com DC e importante lesão do intestino delgado certamente se beneficiarão mais com dietas oligoméricas pela maior absorção dos di e tripeptídeos na lesão intestinal. O mesmo se aplica aqueles que, por algum motivo, não toleram a dieta polimérica. O ideal é introduzir a NE com muito baixo volume (20ml/h), com progressão gradual até a dose completa em 3-4 dias para evitar a diarreia. Para reduzir o volume/hora, a NE deve ser infundida em 24 horas. Hoje, sabe-se que “descanso intestinal” com NPT não é necessário para atingir a remissão e a NE é o meio preferido de suporte nutricional e pode resultar em sucesso de maior indução de remissão que a NPT. Porém, a NPT pode ser necessária para restaurar a nutrição em pacientes com obstruções, fístulas, doença grave clinicamente de difícil controle e frente a ressecções GI. Na prática, contudo, alguns pacientes não conseguem tolerar a nutrição enteral, sendo recomendado, nestes casos, o tratamento com a nutrição parenteral. As dietas elementares são praticamente totalmente absorvidas no duodeno e jejuno proximal e podem ser eficazes no fechamento de fístulas distais. As fístulas de estômago e jejuno podem receber dieta a montante por sonda ou jejunostomia. É importante o acompanhamento do débito para verificar a eficácia da NE, se não pode introduzir-se a NPT. Os pacientes com DIIs tem maior probabilidade no desenvolvimento de alergias alimentares. A confirmação das reações GI alérgicas verdadeiras aos alimentos é um processo difícil. O paciente deve desejar consumir uma dieta de aminoácidos ou uma dieta muito rígida composta de apenas 3 ou 4 alimentos com adição de cada um dos alimentos suspeitos de cada vez. O alergeno éidentificado com base nos sintomas subjetivos e objetivos relacionados à adição e eliminação repetidas de alimento. Os anticorpos circulantes às proteínas alimentares têm sido considerados como um sinal de alergia, mas eles podem, na verdade, ser um sinal de permeabilidade aumentada, ao invés de uma alergia GI local. Cuidado Nutricional na remissão das DIIs segundo Chemin e Dan a dieta deve ser o mais liberal possível na remissão da doença, voltando quando tolerado a ingestão lácteos. As ressecções intestinais exigem atenção à terapia nutricional dependendo da área e da extensão da ressecção. Obesidade e DIIs A DC é uma doença inflamatória crônica caracterizada por um peculiar acúmulo de adipócitos mesentéricos que recobre a parede intestinal inflamada. Evidências recentes sugerem que , na DC, o tecido adiposo mesentérico hipertrofiado contribui para aumentar a atividade da doença e desenvolver complicações.O acúmulo de gordura mesentérica é comumente encontrado em sujeitos com sobrepeso ou obesos, mas pode ser encontrado também em indivíduos com peso normal e com obesidade central, visto na síndrome metabólica. 307 Síndrome do Intestino Irritável A síndrome do intestino irritável (SII) é um distúrbio funcional crônico caracterizado por dores abdominais ou desconforto, associados com alterações no ritmo das evacuações (constipação ou diarreia). Além disso, os pacientes podem apresentar distensão abdominal, alteração da consistência das fezes e sensação de evacuação incompleta. A SII é um distúrbio funcional e ocorre na ausência de doença orgânica. Incide em qualquer faixa etária, especialmente em adultos jovens (20-40 anos) e, preferencialmente em mulheres. Exibe mecanismos fisiopatológicos ainda não bem determinados que envolvem disfunção motora intestinal, alterações neutoendócrinas, mecanismos imunológicos, estresse psicológico e distúrbio de hipersensibilidade intestinal. Segundo Dan, outros fatores incluem fatores genéticos, processos infecciosos prévios, fatores ambientais, história de abuso na infância e disbiose. A dieta pode interferir nessa afecção de várias maneiras. De fato, qualquer tipo de alimento leva a algum tipo de resposta intestinal no sentido de alterar a sua motilidade, secreções e mesmo sensibilidade. Cerca de 60-70% dos pacientes referem piora dos seus sintomas após as refeições e 50-70% acreditam que alimentos são a causa de seus sintomas. Fisiopatologia da Síndrome do Intestino Irritável Anormalidades Motoras - Atividade colônica motora anormal (com e sem estímulo) - Atividade motora do intestino delgado anormal (com e sem estímulo) - Atividade motora alterada em outros sítios (por exemplo, esôfagoo, estômago, vesícula biliar, esfíncter de Oddi, bexiga e vias aéreas Anormalidade na sensibilidade visceral - Sensibilidade aumentada em condições basais - Sensibilidade aumentada sob estímulo Fatores relacionados ao sistema nervoso central (SNC) - Disfunção do SNC - Aspectos psicológicos - Papel do estresse Papel das infecções intestinais Papel da intolerância alimentar (p. ex., intolerância a lactose) Atividade neuro-hormonal alterada Característica fecais (por exemplo, excesso de sias biliares, de butirato e alterações da flora intestinal) Critérios diagnósticos (Roma III): Presença de dor ou desconforto abdominal que ocorre com frequência de três ou mais dias por mês, nos últimos 3 meses, acompanhadas por duas das seguintes características: - alívio com a defecação - associado com a mudança na frequência defecatória - associação na mudança na forma (aparência das fezes) Tratamento Nutricional - Não há nenhuma recomendação rigorosa de dieta, intolerâncias individuais devem ser respeitadas - Observar alimentos que estão associados com sintomas: lactose, sorbitol, frutose e gorduras. - o paciente pode se beneficiar de restrição de gordura de alimentos que produzem gases, além de frutas, doces, chocolates e bebidas com gás. - recomenda-se ingestão de fibras e líquidos, especialmente para pacientes com constipação predominante, mas também para aqueles com diarreia, por melhora na atividade peristáltica colônica, tornando as fezes mais compactas, em tentativa de transformar as evacuações de pequeno volume em poucas evacuações com volume maior. - Fibras alimentares: o aumento do teor de fibra na dieta pode beneficiar substancialmente a consistência e a frequência das evacuações de pacientes com SII na forma constipada quando associada ao consumo hídrico adequado e atividade física, embora alguns são se aliviem da queixa de dor abdominal a despeito da melhora no número das evacuações. Recomendação diária de fibra: 20-40g/25-38g. - Muitos pacientes com SII tem intolerância a lactose e a frutose. Como a absorção e frutose depende dos transportadores GLUT 5 e GLUT2, a adição de glicose a preparaçõa cotendo frutose, diminui essa intolerância. - Oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois: no caso de pacientes com diarreia, o mais recomendável é a redução no consumo de carboidratos fermentativos (FODMAPS) – lactose, frutose, sorbitol, os oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e poliois fermentáveis. É provável que deficiência das enzimas específicas que cause essas intolerâncias não seja a causa da SII, mas que o intestino hipersensível dos doentes responda, exageradamente, à distensão abdominal e aos fluídos em razão da absorção incompleta desses carboidratos. - FODMAPS – alimentos que contém frutose (maçã, pêra, melancia, mel), produtos à base de trigo (pães, massas em geral), sorbitol (adoçantes artificiais) e rafinose (p. ex, repolho, lentilha e feijão. Conquanto, bastante restrita, a dieta isenta de FODMAPS costuma gerar grandes benefícios aos pacientes com SII, particularmente naqueles com diarreia. 308 Reações não alérgicas ligadas a alimentos Aditivos alimentares e produtos químicos em alguns alimentos podem levar a uma extensa gama de sintomas intestinais e extraintestinais. Os mecanismos envolvidos nesse tipo de reação ainda são desconhecidos em sua totalidade, embora dados iniciais sugiram possíveis mecanismos modulados por IgE, é provável que outros fatores estejam envolvidos. Os sintomas mais frequente relatados incluem urticária ou angioedema, também podem ser encontrados flushing, asma, reações anafilactoides e sintomas gastrointestinais como cólica e diarreia. Seu diagnóstico é difícil, o que explica a falta de estudos bem conduzidos. Supercrescimento bacteriano e fúngico no intestino delgado A dieta influencia diretamente a microbiota, que, por sua vez, está diretamente relacionada a várias etapas da fisiopatologia da SII. Recentemente começou-se a dar bastante valor à inflamação intestinal como moduladora desse processo, destacando-se especialmente infiltrado mastocítico como carro-chefe dessa teoria. Assim, disbiose levaria a menor atividades da tight junctions intestinais, menor produção de defensnas, muco, IgA que se traduziria ppor aumento da permebiliodade intestinal, promovendo passagem de microorganismos e seus produtos para a submucosa, desencadeando processo inflamatório, migração de mastócitos e sua degranulação com liberação de várias citocinas, Esse processo inflamatório seria, então, identificado por fibras nervosas aferentes, que transportam essa informação ao SNC, que as modula e manda resposta eferente alterando motilidade, secreções e sensibilidades intestinais. A síndrome do supercrescimento bacteriano intestinal representa o exemplo mais clássico do que é disbiose. As infecções intestinais prévias predispõem ao SIBO e a SII, pois gera alterações de motilidade. Essas situações podem ser encontradas em até 30% dos pacientes com SII. O supercrescimento, então, vai produzir grande fermentação de carboidratos não digeridos (fibras). Agravandoos sintomas relacionados com várias intolerâncias alimentares e explicando de forma bem clara um dos mecanismos de melhora sintomática dos ppacientes com a dieta pobre em Fodmaps. 309 Ressecções do Intestino Delgado As complicações e os distúrbios nutricionais e metabólicos dependem da região ressecada e de sua extensão. Chemin: O pós-op. implica em jejum, com a utilização de sondas de descompressão até detecção da presença de ruídos hidroaéreos, quando inicia-se a via oral, se não houver nenhum impedimento; A cirurgia pode levar a dos níveis de lactase, comprometendo a digestão da lactose evitar produtos lácteos em geral, nos primeiros dias de alimentação. A tolerância posterior depende de cada indivíduo e é melhor ao iogurte que ao leite de vaca; Quando a ressecção ocorre no intestino delgado, o íleo é capaz de assumir as funções do jejuno, mas a recíproca não é verdadeira; Um fator importantíssimo para o prognóstico e conduta nutricional é levar em conta o tamanho da ressecção intestinal, o que pode-se estabelecer: o Até 50% do intestino ressecado geralmente é bem tolerado, pois a capacidade absortiva é recuperada com o processo de adaptação; o 50-75% do intestino ressecado serão necessárias modificações dietéticas específicas, geralmente há indicação de nutrição parenteral no pós-operatório imediato (curto período) para manter o balanço de nutrientes e fluídos, a suplementação de vitaminas e minerais também pode ser necessária e o nível sérico destes minerais também deve ser acompanhado, podendo haver necessidade de farmacoterapia para auxiliar o controle da diarréia, especialmente durante a fase de adaptação; o Mais de 75% do intestino ressecado há necessidade de nutrição parenteral (cuja dependência será determinada pela capacidade adaptativa do intestino remanescente) e a terapia nutricional é muito específica, bem como a farmacoterapia, que deve levar em conta não só o controle da diarréia, como também a reposição de nutrientes, cuja absorção não é satisfatória. Câncer de intestino delgado: A correlação entre hábitos alimentares e o aparecimento do adenocarcinoma de intestino delagdo é a mesma para câncer de cólon. O consumo excessivo de alimentos industrializados, como pães, massas, arroz e açúcar e de carne vermelha está associado a um maior risco para câncer intestinal. Ressecção Duodenal: (Dan) Não produz maiores conseqüências se a ressecção for da 1ª e/ou 2ª porção e for mantido o canal bíleo- pancreático. A absorção de ferro, ácidos graxos e cálcio são, então, compensados pelo jejuno. Anatomia duodenal Ressecção Jejunal: (Dan) Pode haver prejuízo na absorção de açúcares, ácidos graxos, proteínas, vitaminas hidrossolúveis, cloretos e potássio, eventualmente o duodeno ou íleo poderão compensar esta absorção sem haver prejuízos nutricionais. Esta ressecção pode levar ao aparecimento de intolerância a lactose, dada à atividade desta e de outras dissacaridases neste local. A passagem do alimento no jejuno exerce influência nas secreções exócrinas pancreáticas e biliares (estímulo a secreção de secretina e colescitoquinina) o que, na ausência deste, pode causar na absorção de nutrientes e tempo de trânsito intestinal acelerado. Ressecção Ileal: (Dan) Se for do íleo distal terá conseqüências importantes, pois ele é o único local da absorção do complexo vitamina B12/fator intrínseco e sais biliares além que o íleo absorve quantidades importantes de líquidos e fluídos ingeridos / secretados; Ocorre trânsito rápido de conteúdos intestinais e existe área absortiva diminuída; Se o íleo remanescente ao for capaz de reciclar os sais biliares secretados no TGI, a produção hepática não pode manter o pool adequado para emulsificação de lipídeos. A lipase gástrica e a pancreática podem digerir alguns triglicerídeos, mas sem a formação de micelas estes não podem ser adequadamente absorvidos. A má absorção de gordura leva a má absorção de vitaminas lipossolúveis A, D e E. Os ácidos graxos mal absorvidos formam “sabões” de cálcio, zinco e magnésio o que resulta também na má absorção destes nutrientes. Conseqüentemente à formação destes “sabões”, há um da absorção colônica de oxalato que normalmente está ligado aos cátios Ca, ZN e Mg levando a hiperoxalúria e cálculos de oxalato renal. Ocorre a formação de ácidos graxos hidroxi por bactérias colônicas a partir de gordura mal absorvida e resultar em absorção diminuída de fluídos e eletrólitos; A desidratação relativa e a urina concentrada podem o risco de formação de cálculos. Os cálculos biliares de colesterol podem acontecer com maior freqüência, pois a proporção de ácido biliar, fosfolipídeo e colesterol nas secreções biliares está alterada, resultado das ressecções ileais. Pode-se verificar a intolerância a lactose e sacarose, devido a deficiências de dissacaridases na mucosa intestinal, porém, caso o paciente tolere podem ser usadas em pequenas doses. Chemin Cirurgias onde o íleo remanescente é menor que 100 cm, implicarão em reposição intramuscular 310 de vitamina B12 e dieta hipolipídica. Recomenda-se o uso de TCM (gordura de coco – 80% TCM e industrializado). Como TCM não fornece AGE, verificar absorção, para avaliar reposição endovenosa. Tratamento nos Pacientes submetidos a Ressecção Intestinal As medicações são prescritas para retardar o esvaziamento gástrico, as secreções intestinais, tornar mais lenta a motilidade GI e tratar o crescimento bacteriano excessivo. A maioria dos pacientes com ressecção intestinal importante necessita de NPT inicialmente e a duração desta até sua evolução para NE, depende da extensão da ressecção ileal, do estado de saúde do paciente e na condição do TGI remanescente. Alguns pacientes podem necessitar usar NPT para suplementação por toda a vida. Quanto a NE, deve-se: 1) iniciar o mais precoce possível e; 2) a concentração e o volume da dieta gradualmente. As dietas em regime contínuo de infusão são mais bem toleradas. Os alimentos estimulam a adaptação e a melhora do TGI, diminuindo a má absorção e podem ser melhoradas com a suplementação de glutamina (combustível energético para enterócitos) e AGCC produzidos pela fermentação bacteriana colônica (combustível energético para colonócitos). A dieta oral deve ser oferecida com pequeno volume e fracionada, evitando-se fibras (principalmente insolúveis), lactose, grandes quantidades de doces e cafeína e gorduras (usar TCM). Um suplemento de vitaminas e minerais pode ser necessário para atingi-se as necessidades e devido às perdas de vitaminas lipossolúveis e de cálcio, zinco e magnésio podem ser necessárias quantidades extras destes nutrientes. A consistência inicial da dieta oral pode ser líquida e alimentos sólidos podem ser gradualmente introduzidos, individualmente. Doenças do Intestino Grosso Câncer de cólon Este tipo de câncer é típico de civilizações industrializadas; Fatores de risco e protetores: Fatores de risco alimentares dieta pobre em fibras e rica em gordura, alto consumo de carne vermelha e álcool, obesidade, sedentarismo . Fatores protetores alimentares vitaminas A, C, D, E e os minerais selênio e cálcio (alto consumo de frutas, vegetais frescos, cereais) e prática de atividade física. (Chemin). Outros fatores de risco portadores de RCUI e Doença de Crohn, especialmente após 10 anos de doença; portadores de polipose adenomatosa familiar. A ingestão excessiva de dietas com alto índice e carga glicêmica induz ao aumento da insulina plasmática, que por sua vez aumenta a síntese de IgF-1, o que, em mulheres obesas, aumenta o risco de câncer de cólon. Níveis de insulina e IGF-1 podem ser considerados preditores da associação entre indicadores de estilo de vida e mortalidade após ressecçãode câncer colorretal. Pacientes com câncer de cólon geralmente se apresentam com pouca ou nenhuma perda de peso; Sintomas: alteração do hábito intestinal é o mais freqüente. o Tu cólon direito diarreia e dor vaga no abdômen, nos estágios mais avançados surgem anemia e tumor palpável no quadrante inferior direito. o Tu cólon esquerdo constipação intestinal, fezes afiladas, escuras ou eventualmente com sangue. o Tu de reto tenesmo e evacuações mucossangüinolentas. Tratamento: cirurgia, rádio e quimioterapia ou uma associação destas modalidades. Cirurgias para Tratamento do Câncer de Cólon: o Hemicolectomia direita para tumores do cólon direito. Se houver ressecção da válvula íleo-cecal e de uma porção do íleo terminal pode ocorrer diarréia aquosa ocasionada pela entrada de sais biliares no cólon, bem como pela perda funcional da válvula. o Retirada do cólon transverso para tumores neste local o Hemicolectomia esquerda para tumores do cólon esquerdo; o Retossigmoidectomia Abdominal para tumores de sigmóide; Observação se o tumor invade órgãos vizinhos este também pode ser retirado junto com o tumor, como um “bloco”; o Colectomia Total com Íleoretoanastomose (retirada completa do intestino grosso e união do íleo com o reto) indicada para casos de câncer colorretal hereditário sem polipose ou com polipose adenomatosa familiar. Esta cirurgia pode ocasionar eliminação das fezes e diarréia. Como tempo, as evacuações passam a ser mais sólidas, numa freqüência de cerca de 2 a 3 vezes por dia. o Proctocolectomia Total (retirada completa do cólon e reto) faz-se a união do intestino delgado com o ânus. Faz-se um reservatório com o próprio intestino delgado (bolsa ileal) para fazer o papel do reto e conter as fezes antes da evacuação. Ressecção de cólon: (Chemin) No pós-op é comum a diarréia pelo menos até adaptação e porções do intestino anteriores a ressecção efetuem a compensação e de eletrólitos e água. Nas ressercções dos cólons, a retirada do cólon direito normalmente implica em diarreia mais intensa. Um fator que auxilia na normalização do transito intestinal é a oferta adequada de fibras alimentares, aumentando-se as solúveis e diminuindo-se as insolúveis. Recomenda-se o uso de próbióticos após cirurgia intestinal para recolonização da flora; Próbióticos devem conter microorganismos viáveis de linhagem pertencente à flora microbiana, que resiste à acidez gástrica, seguro par o ser humano, com durabilidade durante o armazenamento e capacidade de aderência na mucosa intestinal, produzindo efeitos benéficos. Uso de probióticos com bactérias láticas nas concentrações de 109 a 1011, têm sido relacionadas à: o incidência, gravidade e duração de doenças gástricas e intestinais; 311 o preservação da integridade intestinal; o atenuação dos efeitos de outras doenças intestinais, como diarréia associada ao uso de antibióticos, DIIs e colite o Melhora da intolerância à lactose Alimentação oral precoce após ressecções colorretais é um dos muitos fatores que contribuem para melhorar a recuperação após a cirurgia, impactanto, principalmente, no íleo de pós-operatório. Sugere-se ingestão de líquidos no primeiro dia de pós-operatório, posteriormente evoluindo para dieta normal. A tolerância a dieta é melhor e a ocorrência de íleo paralítico é menor frente a cirurgia laparoscópica em relação a cirurgia convencional. Ileostomias e Colostomias (Estomias) Consiste na abertura de um canal para permitir a defecação da porção intacta do intestino, pode localizar-se no íleo (ileostomia) ou no cólon (colostomia). Podem ser temporárias ou definitivas. A consistência da evacuação pelo estoma depende de sua localização 0). A consistência das fezes de uma ileostomia é líquida enquanto de uma colostomia varia de mole a bem formada. Consistência das fezes dependendo do local da colostomia. Ileostomia: As fezes da ileostomia possuem um odor fracamente ácido que não é desagradável. Na ileostomias, a adaptação acontece, as perdas fecais vão diminuindo e as fezes se tornando menos líquidas, o que acontece em torno de 07 a 15 dias. O débito normal do íleo para o cólon é de 750ml a 1,5L no TGi intacto. Segundo Chemin, quando débito da ileostomia é alto > 3 litros devem-se associar medicações antidiarréicas. Bebidas esportivas apresentam baixo teor de sódio ( 20 mmol/litro) e não são a melhor opção para a reidratação dos pacientes soluções de reidratação são mais indicadas, pois indica-se 90mmol sódio/litro para promover absorção proximal deste eletrólito. (Chemin) A ileostomia normal bem funcionante não esgota o paciente nem lhe confere um gasto energético aumentado. Os pacientes com ileostomia possuem, normalmente, baixas ingestões de vitamina C e folato, devido a baixas ingestões de vegetais e frutas e podem necessitar de sua suplementação. Colostomia: As fezes com odor desagradável, geralmente são causadas pela esteatorréia ou bactérias que atuam sobre os alimentos produzindo gases mal cheirosos. Os alimentos que tendem a causar odor nas fezes da colostomia são: milhos, feijões, secos, cebolas, repolho, alimentos muito condimentados, peixe além de antibióticos e alguns suplementos de vitaminas e minerais. Então, deve ser dada atenção a estes alimentos fermentecíveis, pois além de cólicas causadas pelos gases, a retenção destes na bolsa coletora da ostomia causa desconforto. (Chemin) Cirurgia do reto Segundo Chemin as cirurgias para tratamento de câncer de reto incluem: o Ressecção anterior de reto retirada do sigmóide e do reto com anastomose do cólon com o ânus. Em algumas situações pode ser necessária uma colostomia temporária para proteção da anastomose; o Amputação Abdominoperineal para tumores de reto baixo, é realizada uma colostomia pe o rmanente Recomendações Nutricionais para Via Oral para Cirurgias Intestinais de uma forma geral (Chemin) Recomendações (Dan) após cirurgia intestinais 312 Síndrome do Intestino Curto (SIC) Nos indivíduos normais, o comprimento do intestino delgado é muito variável, indo de 300 a 850 cm, ficando numa média em 620 cm. Manifestações graves podem ser observadas em paciente após ressecção intestinal e menos de 200 cm de intestino delgado remanescente (jejuno e íleo). Consideram-se casos ainda mais graves quando restam menos de 100 cm de intestino delgado. Segundo Chemin, ressecções maciças que envolvem mais de 75% do intestino, caracterizam a SIC (Estas ressecções segundo Dan, deixam 70-100cm de intestino delgado remanescente). O comprimento remanescente de intestino e a presença de anastomose jejunoilealse correlaciona com a insuficiência intestinal. De forma geral, necessita-se de um determinado comprimento crítico de intestino remanescente capaz de evitar a dependência permanente da TNP: - intestino remanescente (IR) maior que 35cm nos pacientes com anastomose jejunoileal - IR maior que 60cm dos pacientes com anastomose jejunocólica - IR amior que 115cm nos pacientes com jejunostomia terminal, A etiologia da SIC é variada, no adulto, predominam a doença vascular mesentérica, câncer e doença de Crohn. Em crianças, destaca-se a enterocolite necrotizante, volvo e atresia intestinal. O intestino delgado possui grande capacidade de reserva funcional para absorção de nutrientes, permitindo a remoção de até 45% sem prejuízo da absorção. A preservação do íleo terminal e particularmente do esfíncter íleo cecal favorece a compensação frente à extensa ressecção intestinal. A falência intestinal se estabelece quando não se pode manter o estado nutricional através de alimentação oral ou enteral, sendo necessário o uso contínuo da nutrição parenteral. Pacientes submetidos a ressecções distais do intestino delgados,geralmente apresentam: Falta de sais biliares e problemas para absorção de gorduras; Não conseguem absorver B12 (sítio absortivo íleo terminal); Ocorre possivelmente, deficiência de vitaminas lipossolúveis; Ocorre possivelmente, deficiência de cálcio, magnésio e zinco (formação de sabões insolúveis com ácidos graxos); Maior risco de formação de cálculos de oxalato pela maior absorção deste no cólon. Irritação do cólon por sais biliares e ácidos graxos não absorvidos; Na ausência da válvula íleo-cecal, ocorre refluxo de conteúdo bacteriano colônico, desconjugação dos sais biliares e utilização bacteriana de vitamina B12. Pacientes submetidos a ressecções proximais do intestino delgados, geralmente apresentam: Hipersecreção gástrica resposta aumentada à pentagastrina, que estimula a secreção gástrica de ácido clorídrico, pepsina e fator intrínseco. Inativação da lípase pancreática por acidez gástrica; Insuficiência pancreática por redução da secretina e colecistoquinina; Carga osmótica dos acúcares não absorvidos (falta de dissacaridases). 313 Adaptação Intestinal: Caracteriza-se pelo aumento progressivo da capacidade absortiva do intestino remanescente, ocorre hipeplasia da mucosa. O processo adaptativo inicia-se 12- 24h da ressecção intestinal, com aumento gradativo ao longo do tempo. Para adaptação intestinal, é de extrema importância o uso do tubo digestivo para alimentação. A ausência de nutrientes intraluminais diminui a adaptação intestinal pós- ressecção, pela liberação ou intensificação da apoptose enterocítica na mucosa. A adaptação intestinal na SIC pode ser influenciada por: Presença de nutrientes na luz intestinal, metabolizados ou não; Secreções pancreático-biliares estimuladas pela ingestão de nutrientes Hormônios como GH (hormônio do crescimento), IGF- 1 (hormônio insulina símile 1), insulina, EGF – fator de crescimento epidérmico Redução da motilidade (o quimo passa através do ID em menos que 1/3 do tempo) Presença do cólon, pois este assume importância na digestão de carboidratos que, podem ser fermentados pelas bactérias colônicas formando AGCC que quando absorvidos fornecem calorias adicionais (4,4 kcal/g) e estimulam a absorção de sódio e água. O cólon também tem a capacidade de absorver TCM. Arginina : O intestino é um importante local para seu metabolismo. È precursora das poliaminas, que são essenciais para o crescimento e a diferenciação de células eucarióticas. Glutamina: Participa na síntese de ac. Nucléicos e na proliferação celular. TCL, TCM e Fibras: Obs.: segundo Chemin a adaptação atinge um máximo em cerca de dois anos após a cirurgia. A abordagem atual para determinar a capacidade funcional do enterócito e/ou intestinal está centrada na avaliação de marcadores específicos como a concentração de citrulina. A avaliação pós absortiva da concentração de citrulina se correlaciona intensamente com outras medidas da função intestinal, como a capacidade digestiva básica para proteínas e gorduras. Na SIC, existem alguns fatores prognósticos, que são: Idade avançada; Tamanho pequeno de intestino residual; Ressecção distal ou invés de proximal; Ausência de válvula íleo-cecal e/ou cólon (o cólon pode atuar no esvaziamento gástrico, pelo mecanismo inibitório de retroalimentação hormonal, o chamado “freio colônico”); Relação entre tamanho do intestino residual e peso do paciente; Doenças nos segmentos intestinais remanescentes; Enterite de radiação; Desnutrição coexistente. Incapacidade adaptativa do intestino remanescente A diarreia associada a SIC possui diversas causas que precisam ser adequadamente tratadas, como pode ser observado no quadro abaixo. 1) Fase inicial da SIC esta fase dura, em média, até 01- mês quando há redução da diarréia. Características: - Fase logo após a ressecção intestinal - Desequilíbrio hidroeletrolítico - Incapacidade de usar o TGI - Início da NPT no pós-operatório - Controle de quadros infecciosos relacionados ao cateter venoso profundo - Controle da diarréia e hiperglicemia e da hipersecreção gástrica Segundo Chemin, um dos objetivos nutricionais é promover o desmame da NP o mais breve possível. Prescrição da TNP: - Calorias – 25 a 35 kcal/kg/dia - Proteína: 1 a 1,5g/kg/dia - Carboidratos: ≤ 7g/kg/dia - Lipídios: 1 g/kg/dia Pacientes que irão receber TNP por mais de 3m são candidados a Nutrição Parenteral Domiciliar. Pacientes com falência intestinal são orientados a controlar diariamente o seu balanço hídrico para auxiliar no manejo de fluídos. 2) Fase intermediária duração de 01-03 meses transição entre na NPT e a TNE 314 Características: - Caracterizada pelo processo adaptativo - Desmame progressivo na NPT e concomitante introdução da TNE - TNE participa no processo de adaptação intestinal (efeito trófico) – pode-se iniciar a dieta enteral quando débito é menor que 2l/dia. - A composição da dieta exige cuidado (carboidratos, lipídeos, proteínas e osmolaridade) - A ESPEN sugere o início da TNE em combinação com a dieta oral em pacientes com SIC. A grande vantagem da NE na estimulação intestinal é o modo de administração contínuo. O objetivo da NE contínua é promover melhor distribuição e máxima exposição aos nutrientes à superfície intestinal disponível. NO uso da TNE o uso de formulações poliméricas é mais vantajoso, exceto em casos de má absorção grave. Recomendações Nutricionais (Dan) Energia: 60 kcal/kg//dia ou mais ou 200 a 400% das necessidades basais Proteínas: 1,5 a 2g/Kg/dia Recomendações em NP: (Dan) - 1,4x o GEB ou 30 kcal/kg - 0,8 a 1,4g/kg/dia proteína Recomendações Nutricionais (Chemin) Energia: Enteral – acréscimo de 50% ou em torno de 60kcal/kg/dia Com adaptação, na fase de manutenção – 24 kcal/kg/dia Proteínas: 1,5 a 2 g/kg/dia Atingir necessidades de forma gradual e progressiva Na tabela abaixo pode ser observada recomendação dietética na SIC na presença ou ausência de cólon: Para os pacientes com o cólon presente, com objetivo de prevenir a formação de cálculo renal na síndrome do intestino curto, devemos evitar a desidratação e orientar a dieta pobre em oxalato, lembrando que os alimentos fontes são: aveia, trigo integral, farinha de soja, morango, uva, cítricos, ameixa, chá preto, café instantâneo, chope, chocolate, cacau em pó, tofu, grãos de soja, manteiga de amendoim. No início do manejo dietético, a lactose é excluída da dieta, porém, depois a exclusão permanece apenas naqueles pacientes que apresentem intolerância a mesma. A reintrodução da lactose deve ser lenta e gradual. A tolerância da lactose pels pacientes gira em torno de 20g. A absorção de pacientes com SIC é de 60-65% da ingestão calórica total, que deve ser compensada com aumento da ingestão. Recomenda-se 32kcal/kg/dia peso ideal (pode dobrar naqueles com mais de 50% do intestino ressecado) Ex: se a ingestão oral é de 32kcal/kg/dia, pode- se dizer que 19 serão absorvidos de modo que deverão ser completadas as outras 13kcal pela NPT. Para manutenção do estado nutricional após uma adaptação dietética, é necessário 50 a 70cm de intestino delgado remanescente com o cólon intacto ou 110 a 150 cm de intestino remanescente na ausência de cólon. O uso de medicações constipantes é por vezes útil em retardar o trânsito entérico e favorecer a absorção. 315 Segundo Chemin, são necessárias suplementações de vitaminas e minerais. Líquidos: a composição de líquidos vai depender d extensão e da porção do intestino remanescente. A osmolaridade e o conteúdo de glicose, sódio e outros íons do líquido são importantes porque podem contribuir para o aumento das perdas em pacientes com SIC. Líquidos hipoosmolares não contém as quantidades necessárias de sódio e glicose para facilitara sua absorção em pacientes com jejunostomias e podem levar a desidratação se consumidos em altas quantidades. Devido a esse processo de absorção no manuseio de água e sódio, presença de cólon faz toda a diferença na absorção de líquidos. Pacientes com ressecções de íleo e cólon possuem alto risco de diarreia e desidratação. Para pacientes com jejunostomia ou ileostomia terminal, a ingestão oral de líquidos deve ser maior que o débito da ostomia (geralmente 1,5-2 L/dia). As soluções de reidratação oral são boas opções pois possuem eletrólitos e glicose. Todos os pacientes com SIC devem evitar líquidos hipertônicos (ex. suco de frutas) porque bebeidas que possuem altas concentrações de açúcar não balanceadas com sódio promovem retirada de água e sódio para dentro da luz intestinal. A ingestão de cafeína e bebeidas alcoólicas também deve ser evitada. A ingestão de líquidos deve ser lenta e fracionada em pequenas porções ao longo dos dias. Nas tabelas abaixo, temos o exemplo de cardápio do ambulatório de intestino curto do hospital das clínicas. 316 3) Fase tardia (fase crônica) após 3 meses Características: - A máxima adaptação intestinal deve ser atingida - Ocorre a dependência ou independência de NPT - Prevenção de complicações da SIC ou da terapia nutricional (sepse, deficiências nutricionais, hipersecreção gástrica, falência hepática e cálculos renais) A terceira fase ocorre na vigência de ingestão oral para manter o peso estabilizado. Nem todos os pacientes chegam a este estágio. Até chegar a esta fase pode variar de 03 a 12 meses, podendo chegar a 02 anos. Após a ingestão oral os pacientes vão necessitar de suplementações vitamínicas, dependendo da área ressecada de vitaminas A, D, K, B12 e ácido Fólico. Ajustes devem ser feitos na oferta de Na, K, Cl, Ca, Mg, Fe, Zn e Cu de acordo com os exames Esta fase marca o término do processo adaptativo intestinal. A alimentação oral deve ser fracionada em 6 a 8 refeições/dia, pobre em resíduos, mas rica em fibras solúveis. Recomendações Nutricionais segundo o Dan para esse período: Recomenda-se 35 kcal/kg/dia e 1-1,5g/kg/dia de proteína, sendo 20-30% de gorduras na dieta Transplante de Intestino Delgado (TID) (Dan) Recentemente o TID despontou como a única opção terapêutica para pacientes em falência intestinal irreversível (FI), onde a NPT deixou de ser uma possibilidade terapêutica. Nesses casos o TID, aumenta a sobrevida e restabelece o prazer da degustação dos alimentos. O TID pode ser isolado, somente do intestino delgado ou combinado com outros órgãos abdominais como com o fígado, por exemplo. A função intestinal envolve vários fatores relativos a transporte, digestão, absorção de nutrientes, produção enzimática e hormonal, proteção mecânica e imunológica. A total desconexão da inervação e da drenagem linfática promove graus variados de distúrbios na fisiologia do enxerto. A função hormonal do enxerto, em geral é pouco afetada no TID. A NPT é iniciada dentro de 01 a 02 dias após TID, quando o paciente se torna hemodinamicamente estável. A conversão de NPT em enteral ou oral é de tempo variável. Logo que ocorre o retorno da peristalse, por volta do 7° ao 10° dia de pós-operatório, e com a integridade da mucosa avaliada por endoscopia, a alimentação enteral por jejunostomia pode ser iniciada com baixo volume e de forma contínua, dando-se preferência a fórmulas elementares ou semi-elementares com glutamina. Após 02 a 03 semanas administra-se gordura como uma mistura de TCL e TCM que pode ser absorvida diretamente na circulação portal, contudo, ácidos graxos essenciais devem ser administrados por via parenteral para evitar carência. Com a melhora do enxerto, a alimentação vai progredindo até o paciente conseguir ingerir por via oral. A função do enxerto intestinal pode acompanhada pelo estudo da dependência de NPT, peso, altura (em pediatria), volume de urina e da drenagem pelo estoma (normalmente deixa-se uma ostomia e a reconstrução do trânsito é feita em 02 a 03 meses) e freqüência e natureza das fezes. Reabilitação em falência intestinal (Dan) A insuficiência intestinal(II) é uma condição decorrente da obstrução, dismotilidade, ressecção cirúrgica, defeitos congênitos ou perda da absorção em associação à doença e se caracteriza pela incapacidade de manter o balanço protéico-calórico, hídrico, eletrolítico ou de micronutrientes. A SIC é uma das formas mais comuns de II. A reabilitação intestinal é o processo de restaurar a função intestinal pela dieta, medicação e terapias cirúrgicas não envolvendo o transplante. O Objetivo principal é: Otimizar a função intestinal remanescente, reduzindo ou eliminando a necessidade de TNP Este tipo de adaptação tem seu inicio imediatamente após a ressecção e ainda continua por 2 a 3 anos. Traduzindo a prescrição nutricional à dieta: Na presença de cólon Consumir de 5 a 6 refeições/dia. 50 a 60% de CHO 20% proteínas 20 a 30% de lipídios Evitar Oxalato. OBS: Pacientes com continuidade ao colo intestinal estão em risco aumentado de nefropatia por oxalato. Há 2 abordagens para este tratamento: 1º) Fornecer cálcio extra na dieta + limitar lipídios. 2º) Restringir o conteúdo de oxalato da dieta Na ausência do cólon Consumir de 4 a 6 refeições/dia. 40 a 50% de CHO 20% de proteínas 30 a 40% de lipídios Não há necessidade de restringir oxalato. 317 O sal deve ser adicionado liberalmente para aumentar a absorção. Novos fatores de crescimento em SIC (Dan) A terapia hormonal com GH e o péptide glucagoniforme 2 (GLP-2), passou a ser utilizada recentemente para intensificar o processo de adaptação natural. A FDA dos EUA já aprovou o hormônio do crescimento e a glutamina para serem usadas. As outras terapias hormonais, atualmente, só devem ser consideradas em contextos de pesquisas. Pacientes nos quais fracassem os esforços de reabilitação dietéticos, médicos e cirúrgicos podem ser mantidos com NP. Entretanto, considerando os riscos, custos e qualidade de vida da NP prolongada, o transplante de intestino delgado e multivisceral deve ser considerado como uma opção terapêutica. Transplante Intestinal e multivisceral (Dan) Permite adquirir a autonomia gastrointestinal e recuperar o EN. As principais indicações para sua prática incluem a disfunção hepática e falta de acesso vascular para TNP. Existem 3 tipos de transplante intestinal: pacientes com falência apenas do intestino, que devem receber transplante intestinal isolado; pacientes com falência intestinal associada à doença hepática avançada que recebe enxerto combinado intestino – fígado e pacientes com falência de vários órgãos abdominais que necessitam de transplante multivisceral ( pelo menos 3 orgãos abdominais são transplantados em bloco). A rejeição celular aguda é frequentemente observada no transplante intestinal e causa alta morbimortalidade. Uso de Pré e Probióticos nas Doenças Intestinais (Dan) Resultados positivos no controle de diarréias e melhora da obstipação, assim como nas doenças inflamatórias intestinais, alergias intestinais e prevenção do câncer. Os possíveis mecanismos envolvidos são: inibição da adesão de bactérias; atividades diretamente contra os patógenos como: síntese de compostos que inibem o seu crescimento/desenvolvimento, estimulação das resposta imunes e consumo de nutrientes requeridos por patógenos Os objetivos principais para o acréscimo de probióticos no tratamento são: Influenciar perfil da microflora colônica Garantir sobrevivência dos lactobacillus administrados Habilidade em influenciar a produção de citocinas e minimizar processos inflamatórios. Fibras e Prébióticos (Dan) Exercem efeitos funcionais comprovadamente importantes e diminuem o risco de para o aparecimento de determinadas
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