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Serviços Públicos


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Serviços Públicos: Conceito, Princípios, Classificação, 
Outorga e Delegação. 
 
Nem toda atividade exercida pelo Estado é serviço público. 
A doutrina moderna tem restringido cada vez mais a noção de serviços 
públicos. 
Para que determinada atividade seja considera serviço público, precisa 
atender 3 requisitos: 
- Substrato material: o serviço público é uma comodidade ou utilidade prestada 
a toda sociedade de forma contínua. O serviço público não é estanque, não 
tem início, meio e fim, ele é contínuo. 
- Trato formal: O serviço público precisa ser prestado sob um regime de direito 
público, ainda que prestado por um particular. 
- Elemento subjetivo: o Estado é quem promove a prestação do serviço, direta 
ou indiretamente. É ele quem é o titular do serviço público. O particular pode 
até prestar o serviço, mas mediante delegação do Estado. 
 
CRFB, Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob-
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de 
serviços públicos. 
 
O serviço público não pode se confundir com o poder de polícia, pois este não é 
comodidade, e sim restrição, ainda que exercido na busca do interesse público. 
Serviço público também não é obra, pois esta tem início, meio e fim, não é 
contínua. 
É muito comum que a obra seja necessária para a prestação de um serviço, mas 
ainda assim ela não se confunde com o próprio serviço, que é contínuo, não 
tem fim. 
O serviço público também não se confunde com a exploração de atividade 
econômica pelo Estado, pois esta é feita sob o regime jurídico de direito 
privado, sem as prerrogativas estatais. 
Os serviços públicos estão regulamentados pela Lei 8987|95. 
 
Princípios inerentes à prestação de serviços públicos (Art 6º): 
1) Princípio da generalidade ou universalidade: 
Os serviços não podem ser direcionados a determinadas camadas da 
população. 
O serviço público precisa ser destinado a todas as pessoas, ou pelo menos a 
maior quantidade de pessoas possível. 
 
2) Princípio da modicidade das tarifas: 
Os serviços tem que ser prestados com tarifas módicas, pois se o serviço for 
prestado de forma cara, ele é restrito. A modicidade é também uma garantia 
da generalidade. 
 
3) Princípio da atualidade: 
O Estado deve se adaptar às técnicas mais modernas e atuais na prestação de 
serviços. 
Não pode buscar técnicas obsoletas. 
 
4) Princípio da cortesia: 
Deve haver “cortesia” na prestação do serviço. O usuário deve ser enxergado 
como um sujeito que em princípio tem razão. 
 
5) Princípio da continuidade: 
O serviço deve ser prestado de forma ininterrupta. 
A continuidade admite exceções, como no caso de greve ou de exceção de 
contrato não cumprido. Mas ainda assim é preciso haver formas de suplência e 
substituição, para garantir a continuidade. 
 
6) Princípio da Isonomia: 
O serviço público deve ser prestado a todos de forma igualitária, sem distinção 
dos usuários. 
No entanto, deve também se observar a isonomia material, tratando 
desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades. 
A concessionária que presta serviço público deve oferecer no mínimo 6 datas 
de vencimento. 
 
Classificação dos Serviços Públicos: 
1) Gerais: 
São usufruídos pela coletividade ao mesmo tempo e, portanto, o Estado não 
tem como medir a utilização individual. 
Ex: segurança pública, defesa nacional, limpeza pública, iluminação pública. 
Por isso, esses serviços são custeados pela arrecadação geral dos impostos. 
 
2) Individuais: 
O Estado tem como medir individualmente a utilização desses serviços (Ex: 
água, energia elétrica, etc). 
Por isso, os serviços são prestados mediante a cobrança de tarifas 
proporcionais à utilização desse serviço. 
Os serviços podem ainda ser exclusivos indelegáveis (prestados sempre de 
forma direta, como o serviço postal, segurança pública, organização judiciária 
etc) ou exclusivos delegáveis (serviços que o Estado pode prestar de forma 
direta ou indireta, mediante delegação a particulares, como telefonia, água, 
gás e luz). 
Existem ainda os serviços públicos exclusivos de delegação obrigatória, que não 
podem ser prestados sozinhos pelo Estado, como televisão e rádio, em virtude 
de um sistema plural e democrático. 
Existem também os serviços públicos não exclusivos, que o Estado tem o dever 
de prestar diretamente e o particular também tem o poder de prestar por 
iniciativa própria, sem delegação, como saúde, educação e previdência. O 
Estado só irá autorizar e fiscalizar, e não delegar. Esses serviços não exclusivos 
não são serviços públicos propriamente ditos, o STF chama de serviços de 
utilidade pública. São serviços de interesse público prestados pelo particulares. 
Portanto, um hospital privado segue a reparação do regime do direito civil, e 
não está submetido à regra do art. 37 §6º. São também chamados de serviços 
públicos impróprios. Os demais serviços, exclusivos, são os serviços públicos 
próprios. 
 
A descentralização pode se dar por outorga ou por delegação. 
Por meio da outorga, o Estado transfere a titularidade e a execução de um 
serviço. A outorga só pode ser feita a pessoas jurídicas de direito público, 
mediante lei. 
Na delegação, o Estado se mantém na titularidade e transfere somente a 
execução do serviço. Pode ser feita aos entes da administração indireta de 
direito privado (por lei) ou a particulares (mediante contrato, como os 
contratos de concessão). 
 
OBS: Descentralização por serviço = Outorga ||| Descentralização por 
colaboração = Delegação