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Paralisia Cerebral Prof Dr. Mauro Henrique Moraes Vargas Fisioterapia Paralisia Cerebral-PC Definição: Grupo de desordens do desenvolvimento do movimento e da postura, causando limitações nas AVD’s. Distúrbios não progressivos que ocorrem no cérebro em desenvolvimento. As desordens motoras da PC são geralmente acompanhadas por alterações: sensação, percepção, cognição, comunicação e comportamento muitas vezes presença de crises convulsivas Paralisia Cerebral-PC Incidência: Países desenvolvidos, 2-3 a cada 1000 nascidos vivos. Evidências apontam para falta de acesso a serviços adequados a saúde. (pré-natal, quanto no peri e pós-natal) Fatores predisponentes ou causas: Principal causa: anoxia peri-natal. Prematuridade, infecções congênitas, malformações, hipóxia cerebral, alterações metabólicas, icterícia (amarelão) Crises convulsivas (período pós-natal) Causas 1. Causas pré-natais: Doença cérebrovascular Agentes físicos e gentes químicos Infecções Fatores maternos 2. Causas péri-natais: Anóxia peri-natal Hemorragias intra-cranianas Alterações metabólicas Infecções Icterícia precoce 3. Causas Pós-natais: Traumatismos cranianos Infecções Tumores AVCs Causas Diagnóstico Uma história completa dos antecedentes gestacionais e perinatais já permite uma suspeita diagnóstica; Deve-se considerar a possibilidade de o fator causal já ter acontecido em fases iniciais da gestação; Formas mais leves de paralisia cerebral passam despercebidas, se manifestando na fase de escolaridade por discretas incoordenações motoras. Exames complementares Excluir Encefalopatias progressiva: Erros inatos do metabolismo (EIM) com Teste do Pezinho PLUS; Excluir Doenças genéticas ou cromossômicas: Cariótipo, Dosagens enzimáticas; Ultrassonografia trans-fontanela, mais para identificação precoce das causas, visando a adoção de medidas terapêuticas (Estimulação precoce); Tomografia computadorizada (TC) e/ou Ressonância magnética (RM): confirmar malformações e/ou lesões sugestivas de sequela pré, péri e pós-natais; Eletroencafalograma (EEG): pouca utilidade, apenas quando associado a convulsões; Teste da Orelhinha: avaliação audiométrica; Teste do Olhinho: avaliação oftalmológica; Prognóstico É irregular e depende: Idade da criança Gravidade e extensão da lesão Comorbidades Presença de alterações associadas Acesso a assistência terapêutica Alteração cognitiva N° crises epiléticas Intensidade do distúrbio (comportamento) Interferem diretamente no desempenho da criança Prognóstico da marcha depende... Acometimento motor Capacidade intelectual Função dos MMSS (uso de muletas e andador) Idade de aquisição da postura sentada Quanto mais cedo o equilíbrio do tronco for alcançado Maior chance de deambulação Melhor autonomia da marcha Falta do ortostatismo... A falta de ortostatismo e descarga de peso MMII pode gerar: Subluxação ou luxação de quadril Aparecimento de contraturas Encurtamento muscular Escoliose e cifose Dor e fratura (osteopenia ou osteoporose) Alterações respiratórias na PC... São conhecidas porém pouco valorizadas: Encurtamento e fraqueza dos músculos inspiratórios Redução da expansibilidade torácica (retenção de CO2) Musculatura abdominal muito fraca Incapaz de gerar PEmax Tosse ineficaz Fraqueza de extensores da coluna Interfere na habilidade em retificar, elevar e expandir o tórax Impedindo uma boa capacidade pulmonar Tais disfunções biomecânicas acarretam em redução de volumes pulmonares e da complacência pulmonar Alterações respiratórias na PC... Aumento de secreções brônquicas Episódios recorrentes de infecção pulmonar (pneumonias) Prevalência de distúrbios respiratórios é maior nos casos de hipotonia e tetraparesia (imobilidade e posturas estáticas) Fatores que aumentam de ocorrências de disfunções respiratórias: Carência nutricional Convulsões (uso acentuado de anticonvulsivantes) Alteração no motricidade orofaríngea Refluxo gastresofágico Disfagia (dificuldade em deglutir) Classificação- 4 dimensões Desordens Motoras. Natureza e tipo da desordem motora: anormalidades de tônus e desordens de movimento presentes na avaliação. Habilidade Funcional Motora: avalia o quanto o indivíduo é limitado em suas atividades (AVD’s), incluindo a fala. Deficiências associadas. A presença ou ausência de alterações: músculo-esqueléticas, cranianas (micro ou hidrocefalia) alterações sensoriais crises convulsivas déficit auditivo e/ou visual alterações de comportamento, comunicação e/ou déficits cognitivos Classificação- 4 dimensões Distribuição anatômica e achados de neuroimagem. Distribuição anatômica: partes do corpo afetadas pela deficiência (MS, MI, tronco, região bulbar, etc.). Achados na tomografia e/ou ressonância magnética. Etiologia e tempo da lesão Quando a causa pode ser identificada (causas pós-natais). Ou presumir o tempo da instalação da lesão. Classificação Tônus muscular: Espástica (lesão no córtex motor ou piramidais) – movimentos voluntários Atáxica (lesão no cerebelo) – déficit de equilíbrio e coordenação Discinética: Coreoatetósicas ou distonia (lesão nos núcleos da base ou extrapiramidais) - movimentos involuntários Hipotônica (transitória relacionada a ataxia e atetose) Mista (associação de espástica e atetose) Brianeze, A.C. et al, 2009 PC Espástica- sinais clínicos Hipertonia e Hiperreflexia Sinais de liberação piramidal: clônus/ Babinski Assimetria Reações de proteção, equilíbrio e retificação prejudicadas Resistência aumentada na movimentação passiva Pouca movimentação espontânea (pequena amplitude) Fixação de posturas anormais Criança mais passiva, insegura, sem iniciativa e dependente Emocionalmente mais estáveis que as discinéticas. PC Espástica- objetivos do tratamento Adequar a hipertonia pela inibição aos padrões Uso de pontos chaves para o manuseio Incentivar movimentos amplos (ativos de preferência) Atividades voltadas para a função (planos e eixos) Prevenir reações associadas e contraturas (deformidades, fazer uso de órteses) Estimular as reações de equilíbrio para melhorar o ajuste postural Posicionamento adequado Favorecer simetria (cabeça na linha média) Alongamento + descarga de peso = diminuição do tônus PC Atáxica- sinais clínicos Dificuldade em controlar a ADM, direção, força e velocidade Incoordenação motora, movimentos bruscos Hiporreflexia e hipotonia Tremor de ação (dificulta marcha e pega objetos) Diminuição da propriocepção, marcha com base alargada Dismetria (dificuldade em mensurar a distância) PC Atáxica- sinais clínicos Reações de equilíbrio e retificação deficitárias Poucos movimentos rotacionais (movimentos em blocos) Deformidades mais comuns: pés planos valgos Disatrofonia, fala escandida (lenta, exitante, pausa inadequada, sílabas longas, gaguejo) Nistagmo (movimento oscilatório e/ou giratório do olho) PC Atáxica- objetivos do tratamento Realizar transferências de peso (DD, DL, sentado, 4 apoios, pé) Melhorar a qualidade dos movimentos (força, modulação e ritmo) Estabilizar o controle postural e conduzir rotação ativa sobre o eixo do corpo (dissociar cinturas) Resistência nos movimentos (FNP) Ajustar as reações de equilíbrio (aumentar a dificuldade) Melhorar o equilíbrio e propriocepção PC Discinética - sinais clínicos Em razão da diminuição do tônus, inicialmente a criança pode ter diagnóstico de “Síndrome do bebê hipotônico” ou Floppy Movimentos involuntários: amplos, desorganizados, descontrolados Coreoatetose (pernas e braços) e/ou Distonia (qualquer região do corpo) contração de agonistas e antagonistas simultaneamente Tônus flutuante (varia de acordo com a gravidade e intensidade de estímulo e esforço) PC Discinética - sinais clínicos Assimetria Ausência de estabilidade proximal Coordenação prejudicada Propensão a subluxação de quadril e escoliose Pacientes mais expansivos e inteligentes Menos inseguras que as crianças com espasticidade PC Discinéticas- objetivos do tratamento Comando verbal, estimular movimentos lentos, organizados, controlados e menor ADM. Atividades em simetria, na linha média, preensão bimanual Transferência de peso em cadeia cinética fechada Estabilizar tônus postural e evitar espasmos, permitindo atividades funcionais com os membros Uso de pontos chaves distais para proximais Prevenir alterações como escoliose PC Hipotônica - sinais clínicos Hipotonia transitória Evolui para (atetose, espástica ou ataxia) Tônus postural insuficiente para vencer a gravidade Controle de tronco deficitário Hiporreflexia, reações de retificação e equilíbrio prejudicadas PC Hipotônica - sinais clínicos Passividade aumentada MMII (abdução, flexão e rotação externa) Frouxidão ligamentar, maior risco de luxações articulares Dificuldade para sucção e deglutição Tendência a dificuldade respiratória PC Hipotônica- objetivos do tratamento Estimular tônus postural (elevar tônus- transferência de peso) Melhorar o controle e o alinhamento da cabeça e tronco É necessário encontrar uma postura que a criança consiga trabalhar ativamente Uso de talas extensoras para MMSS e MMII Ênfase na biomecânica respiratória Orientações aos pais quanto ao posicionamento e manipulação. Prevenir a aspiração Classificação Topografia por comprometimento corporal: Tetraplegia ou tetraplesia Diplegia ou diparesia Hemiplegia ou hemiparesia Tipos Tetraparesia ou Quadriplegia Diagnóstico precoce Normalmente são espásticos Acometimento por todo corpo, a mais grave Persistência de reflexos tônicos (RTL) Manifestações clínicas se agravam com o crescimento, pois não cumprem as etapas do DNPM Sinais clínicos: Tetraparesia ou Quadriplegia Disfunção associada: audição, fala, disfagia, convulsões, sialorréia, cognição e emocional Pode haver grau de comprometimento diferente nos hemicorpos Extensão da coluna MMII (extensão ou flexão, RI de quadril e plantiflexão) MMSS ( RI ombro, cotovelo fletidos, mãos fechadas) Sinais clínicos: Tetraparesia ou Quadriplegia Movimentos globais, posicionamento mais adequado Estimular o DNPM (enfatizar controle da cabeça e tronco) Necessidade de acompanhamento global Adaptações em domicílio Melhorar biomecânica respiratória Parapódium, goteiras antiequino, talas de lona e splints Objetivos fisioterapêuticos: Hemiparesia ou Hemiplegia Diagnóstico precoce facilitado pela assimetria Heminegligência do lado afetado – propensão a escoliose Dificuldade em desenvolver as reações protetoras Acomete principalmente o MMSS Atraso na marcha (2 – 3 anos), padrão extensor Cognição pouco afetada, são capazes e autossuficientes Menor ocorrência de convulsões do que a tetraplegia MS: padrão flexor MI: padrão extensor Hemiparesia ou hemiplegia Estimular o DNPM em posturas simétricas Encorajar descarga de peso no hemicorpo lesado Promover reações de equilíbrio, proteção e endireitamento Estimular a sensibilidade (propriocepção e tato) Goteira antiequino, abdutor de polegar, splint (punho e dedos) Objetivos fisioterapêuticos: Diparesia ou Diplegia Diagnóstico precoce dificultado Afeta principalmente MMII (RI quadril e adução) Senta em W com hipercifose dorsal Marcha em tesoura ou agachamento Muitas deformidades e retrações Auxílio de terceiros, órteses, andador e muletas Déficit na aprendizagem Diparesia ou diplegia Melhora da mobilidade pélvica Melhora do controle do tronco Promover o ortostatismo precoce Evitar posturas assimétricas Goteira antiequino e talas de lona Objetivos fisioterapêuticos: Níveis de acometimento (GMFCS) Nível I: deambula sem restrições, com limitações mais complexas como correr e pular Nível II: deambula sem auxílio, mas com limitações na marcha Nível III: deambula com auxílio (órteses), limitações na marcha Nível IV: mobilidade limitada, necessita de cadeira de rodas Nível V: mobilidade gravemente limitada, mesmo com o uso de tecnologia assistida. Gross Motor Function Classification System Tratamento médico Medicamentoso: anticonvulsivantes e antiespasmódicos Aplicação de toxina butolínica: Melhorar desempenhos de atividades funcionais (marcha) Diminuir a hipertonia muscular Aumentar a motricidade ativa e passiva Melhorar a tolerância ao uso de órteses Permitir melhor posicionamento na cadeira de rodas, prevenindo alterações posturais e úlceras de pressão Tratamento fisioterapêutico... Intervenção precoce Conceito bobath (inibição, facilitação e estimulação) Hidroterapia Equoterapia Fortalecimento muscular Suporte parcial de peso FNP, RPG, estimulação elétrica Órteses, adaptações e mobiliários Orientações gerais aos familiares Outras Uso de órteses visa... Melhorar o controle funcional do movimento Manter o comprimento da musculatura envolvida Prevenir deformidades musculares e ósseas Alinhamento de articulações Estabilizar uma ou mais articulações, melhorando o funcionamento de outras Diminuir a necessidade de cirurgias Método Pediasuit É uma órtese corporal leve, resistente, flexível, proprioceptiva e dinâmica. É recomendado para crianças a partir de 2 anos de idade ou 12Kg. É composto por: Touca (as vezes) Colete Calção Joelheira e calçado adaptado Tracionadores emborrachados Método Pediasuit Possui ganchos plásticos que fixam tracionadores emborrachados Produzem tensão semelhante à produzida pelo alongamento e encurtamento de músculos humanos Auxiliam na correção de situações anormais do corpo ou movimento. Permite que o corpo permaneça em postura próxima do normal quanto possível (posições estáticas e dinâmicas). Pediasuit Theratogs É uma roupa aderente à pele Composto por faixas e velcros que envolvem o corpo Promove o alinhamento e estabilidade postural Menor pressão em relação ao Pediasuit. Theratogs Contra indicações das técnicas Crianças que possuem subluxação de quadril maior que 30% Contraturas articulares ou musculares graves Não possuir alinhamento próximo do normal na postura em pé. Náuseas e vômitos (Pediasuit) Obrigado!
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