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s i st em as d e i n fo rm aç õe s g er en ci ai s Este símbolo (@), adotado como um dos ícones universais da internet, é usado nesta obra por estar relacionado a conceitos ligados à informática e à informatização de processos. sistemas de informações gerenciais Ficha técnica Editora Ibpex Diretor-presidente Wilson Picler Editor-chefe Lindsay Azambuja Editores-assistentes Adriane Ianzen Jerusa Piccolo Análise de informação Anderson Adami Revisão de texto Dorian Cristiane Gerke Capa Bruno Palma e Silva Projeto gráfico Raphael Bernadelli Diagramação Regiane de Oliveira Rosa Iconografia Danielle Scholtz Conselho editorial Editora Ibpex Ivo José Both, Dr. (presidente) Elena Godoy, Dr.a José Raimundo Facion, Dr. Sérgio Roberto Lopes, Dr. Ulf Gregor Baranow, Dr. Obra coletiva organi- zada pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Informamos que é de inteira respon sabilidade do autor a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a pré- via autorização da Ulbra. A violação dos direitos autorais é crime estabe- lecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo art. 184 do Código Penal. s623 Sistemas de informações gerenciais / [Obra] organizada pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). – Curitiba: Ibpex, 2008. 177 p. : il. isbn 978-85-7838-047-2 1. Sistemas de informações gerenciais. 2. Tecnologia da informação. 3. Planejamento estratégico. I. Universidade Luterana do Brasil. II. Título. cdd 658.4038011 20. ed. apresentação A finalidade do emprego dos sistemas e das tecnologias da informação é gerar e fornecer informações de qualidade. Um sistema de informação pode ser definido como o pro- cesso de transformar dados em informações. O objetivo primordial é auxiliar as organizações na geração de novos conhecimentos e habilitá-las a alcançar suas metas pelo uso eficiente dos recursos disponíveis. A disciplina Sistemas de Informações Gerenciais tem como principal finalidade desenvolver habilidades para o emprego dos sistemas e das tecnologias da informação Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is vi como ferramentas para capturar, armazenar e distribuir informações para apoio aos processos, e à tomada de deci- sões nas organizações. Turban, Rainer Jr. e Potter1 observam que o termo siste- mas de informações gerenciais é “ocasionalmente emprega do como um conceito abrangente para todos os sistemas de informação empregados em uma organização”. Isso explica o nome dessa disciplina. O uso das tecnologias da informação (TIs) tem con tri- buí do para promover grandes transformações em nossa sociedade. Da mesma forma, cria grandes oportunidades para as organi zações que têm obtido sucesso com o seu emprego. Por outro lado, a sua adoção oferece desafios e particularidades quanto ao seu gerenciamento, pois, à medida que essas tecnologias se tornam mais complexas, passam a exigir maior esforço para sua implantação e seu uso correto. Nesse contexto, com a presente obra, buscamos esclarecer os alunos sobre os melhores modos de empregar os sistemas de informação nos meios organizacionais. Para tanto, procuramos distribuir o conteúdo da disci- plina em dez capítulos. No primeiro, apresentamos os con- ceitos básicos que permitem um contato inicial com os elementos que compõem um sistema de informação. Pro- pomos, no segundo, o estudo sobre os processos organiza- cionais e as diferentes formas de representá-los graficamente. O terceiro delineia um roteiro de como confeccionar os ins- trumentos documentais do fluxo e das rotinas das informa- ções nas organizações. O quarto capítulo traz uma abordagem conceitual sobre a infra-estrutura de TI nor malmente adotada nas empresas. No capítulo que segue, abordamos a infra-es- trutura de software, complementando as informações sobre a infra-estrutura de TI. No sexto capítulo, apresentamos A pr es en ta çã o vii uma visão geral dos sistemas de informação computado- rizados, analisando as suas características e, no sétimo, mostramos como as empresas usam os sistemas de infor- mação para melhorar o processo de tomada de decisões. No capítulo oito, contemplamos o planejamento de TI e o seu alinhamento com a estratégia empresarial. O capítulo nono discorre sobre os principais métodos para a aquisi- ção de aplicações de TI. Por último, propomos uma dis- cussão sobre as questões éticas relacionadas à TI e sobre segurança da informação. sumário ( 1 ) Introdução aos sistemas de informação, 13 1.1 Dados, 16 1.2 Informação, 17 1.3 Conhecimento, 21 1.4 Sistema, 22 ( 2 ) Processos organizacionais, 27 2.1 Organogramas, 30 2.2 Processos, 32 2.3 Fluxogramas, 35 Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is x ( 3 ) Como representar graficamente as informações, 39 3.1 Ferramentas Fluxograma e Conectores, 42 3.2 Ferramenta Organograma, 46 ( 4 ) Infra-estrutura de TI, 49 4.1 , 52 4.2 Redes de computadores, 58 4.3 Tipos de processamento em rede, 61 4.4 A internet e os negócios eletrônicos, 67 ( 5 ) Infra-estrutura de TI: software, 73 5.1 Software básico e software aplicativo, 76 5.2 Gerenciamento de dados, 81 5.3 Administração dos recursos de TI, 89 ( 6 ) Sistemas de informações organizacionais, 93 6.1 Sistema de processamento de transações (SPT), 96 6.2 Sistema de informações gerenciais (SIG), 99 6.3 Sistemas integrados, 102 ( 7 ) Sistemas de apoio gerencial, 111 7.1 A tomada de decisão, 114 7.2 Sistema de apoio à decisão (SAD), 115 7.3 Sistema de informação executiva (SIE), 117 7.4 Sistemas inteligentes, 119 7.5 Inteligência empresarial, 121 ( 8 ) Planejamento estratégico de TI, 125 8.1 Planejamento estratégico empresarial (PEE), 128 8.2 Planejamento estratégico de TI (PETI), 129 8.3 Controle dos custos com TI, 134 ( 9 ) Aquisição de aplicações de TI, 139 9.1 Métodos para aquisição de aplicações de TI, 142 9.2 Ciclo de vida do desenvolvimento de um sistema, 146 Su m ár io xi ( 10 ) Ética e segurança da informação, 151 10.1 Questões éticas sobre o uso da informação em organizações, 154 10.2 Segurança da informação, 161 Referências por capítulo, 169 Referências, 173 Gabarito, 177 ( 1 ) introdução aos sistemas de informação Adriana Teresinha Rebechi Capellão é bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) e em Matemática pela Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), especialista em Administração e Planejamento para Docentes pela Ulbra, mestre em Gestão de Negócios pela Universidad de Ciencias Empresariales y Sociales (Argentina) e doutoranda em Ciências de Educação pela Universidad de Santiago de Compostela (Espanha). Na área educacional, além de atuar como professora da educação infantil e dos ensinos fundamental e médio, trabalha na Ulbra na área de aplicação e utilização da informática nos cursos de graduação em Pedagogia, Administração, Sistemas de Informação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas de Informação e Ciências Sociais. É também consultora de tecnologias educacionais em escolas municipais e privadas de educação infantil, de ensino fundamental e de ensino médio. Adriana Teresinha Rebechi Capellão ( ) neste capítulo, abordamos os conceitos básicos relacionados aos sistemas de informação. Para isso, escla- recemos o significado de alguns termos, como dados, infor- mação, conhecimento e sistema, uma vez que se encontram diretamente ligados a esse tema.Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 16 (1.1) dados De acordo com Stair e Reynolds, dados “consistem em fatos não trabalhados, como o nome de um empregado, a quan- tidade de horas semanais trabalhadas por ele, o número de peças em estoque ou de pedidos de vendas”1. O´Brien, por sua vez, apresenta o seguinte conceito: Dados são fatos ou observações crus, normalmente sobre fenômenos físicos ou transações de negócios. O lançamento de uma nave espacial, por exemplo, ou a venda de um auto- móvel gerariam muitos dados na descrição desses eventos. Mais especificamente, os dados são as medidas objetivas dos atributos (as características) de entidades (como pessoas, lugares, coisas e eventos).2 Segundo Stair e Reynolds3, os dados podem ser classi- ficados em: Alfanuméricos ▪ – São representados por números, le - tras ou caracteres especiais. De imagem ▪ – São representados por fotos ou imagens gráficas de diferentes origens. De áudio ▪ – São todos os tipos de sons, tons ou ruídos que podem ser armazenados. De vídeo ▪ – São representados por imagens em movi- mento de diferentes origens que podem ser arma ze- nadas. Mas os dados devem ser organizados e, portanto, re- lacionados para que se possa manipulá-los e compará-los, surgindo, assim, a informação. Se isso não ocorrer, os da- dos para pouco servirão às organizações. In tr od uç ão a os si st em as d e in fo rm aç ão 17 (1.2) informação Para Stair e Reynolds, informação é uma coleção de fatos organizados de modo que adquirem um valor adicional além do valor dos próprios fatos. Por exemplo, um gerente em particular poderia entender que o total de vendas mensais está mais adequado a seu objetivo, ou seja, é mais valioso do que o número de vendas de cada representante individual4. Segundo O’Brien, informação “são dados que foram convertidos em um contexto significativo e útil para usuá- rios finais específicos”5. Esses conceitos nos remetem então à seguinte lógica: os dados são submetidos a manipulação, ou seja, a inter- pretação, análise, avaliação, organização e, finalmente, à compilação de suas características, por meio de um pro- cesso chamado processamento de dados, que se concretiza em três etapas distintas: Entrada ▪ – Recebimento dos dados. Processamento ▪ – Realização de cálculos matemáticos, aritméticos e/ou lógicos. Saída ▪ – Nessa etapa, os dados recebem valor e são cha- mados de resultados do processamento, ou melhor, de in - formação válida para usuários específicos. Pode-se afirmar que o processo de tomada de deci- são empresarial dependerá da qualidade das informações para trazer resultados positivos para a organização, ou seja, quanto maior a qualidade das informações, melhores serão os resultados. Conseqüentemente, se as informações não tiverem qualidade, os resultados não serão satisfatórios. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 18 Portanto, é necessário que se tenha clareza com relação às características que uma informação deve e pode ter para realmente promover a melhoria do desempenho empresa- rial. Os quadros a seguir apresentam as características que aumentam o valor das informações e os atributos de infor- mações de alta qualidade. Quadro 1.1 – Características que agregam valor à informação Característica Definição Precisão A informação precisa não contém erro. Em alguns casos, geram-se informações equivocadas, porque dados imprecisos são alimentados no processo de transfor- mação (isso normalmente é chamado de entra lixo e sai lixo). Completeza A informação completa contempla todos os fatos importantes. Por exemplo, um relatório de investimento que não inclua todos os custos importantes não é completo. Economia A informação também deve ser relativa- mente econômica para ser viabilizada. Os tomadores de decisão sempre pre- cisam equilibrar o valor da informação com o custo de produzi-la. Flexibilidade A informação flexível pode ser usada para uma variedade de propósitos. Por exemplo, a informação sobre o estoque disponível de uma peça em particular pode ser útil para o vendedor num fecha- mento de venda, para o gerente de pro- dução, a fim de determinar a necessi dade ou não de mais estoque, e para o execu- tivo financeiro, para especificar o valor total que a empresa investiu em estoque. (continua) In tr od uç ão a os si st em as d e in fo rm aç ão 19 Confiabilidade A confiabilidade da informação pode ser dependente de algum outro fator. Em muitos casos, depende do método de coleta de dados. Em outros, da fonte da informação. Um rumor sem fonte conhecida sobre a elevação do preço do pe tróleo pode não ser confiável. Relevância A informação relevante é essencial para o tomador de decisão. Por exemplo, a queda no preço da madeira pode não ser relevante para um fabricante de chip de computador. Simplicidade A informação deve ser simples, e não excessivamente complexa. Uma informa- ção sofisticada e detalhada pode sobre- carregar o conjunto de informações. Quando um tomador de decisão dispõe de muitas informações, tem dificuldade em determinar qual delas é realmente importante. Pontualidade A informação pontual é aquela obtida quando necessária. Por exemplo, as con- dições do tempo para a última semana não interferirão na escolha do que vestir hoje. Verificabilidade A informação deve ser verificável. Isso significa que se pode conferi-la e assegu- rar-se de que está correta. Acessibilidade A informação deve ser facilmente acessí- vel pelos usuários autorizados. Obtê-la na forma correta e no tempo certo aten- derá, certamente, às necessidades deles. Segurança A informação deve ser segura para possi- bilitar seu acesso apenas por usuários autorizados. Fonte: Adaptado de STAIR; REYNOLDS, 2002, p. 6. (Quadro 1.1 – conclusão) Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 20 Quadro 1.2 – Informação de alta qualidade Atributo Descrição D im en sã o do t em po Prontidão A informação deve ser fornecida quando necessária. Aceitação A informação deve estar atualizada quando for fornecida. Freqüência A informação deve ser forne- cida tantas vezes quantas forem necessárias. Período A informação pode ser fornecida sobre períodos passados, presentes e futuros. D im en sã o do c on te úd o Precisão A informação deve estar isenta de erros. Relevância A informação deve estar relacio- nada às necessi dades de informa- ção de um receptor específico para uma situação específica. Integridade Toda a informação deve ser fornecida. Concisão Apenas a informação que for neces- sária deve ser fornecida. Amplitude A informação pode ter um alcance amplo ou estreito e um foco interno ou externo. Desempenho A informação pode revelar desem- penho pela mensuração das atividades concluídas, do pro- gresso realizado ou dos recursos acumulados. (continua) In tr od uç ão a os si st em as d e in fo rm aç ão 21 D im en sã o da f or m a Clareza A informação deve ser fornecida de uma forma que seja fácil de compreender. Detalhe A informação pode ser fornecida em forma detalhada ou resumida. Ordem A informação pode ser organizada em uma seqüência predeterminada. Apresentação A informação pode ser apresentada em forma narrativa, numérica, grá- fica ou outras. Mídia A informação pode ser fornecida na forma de documentos impres- sos, em monitores de vídeoou em outras mídias. Fonte: O’BRIEN, 2004, p. 25. Pode-se afirmar que uma informação com alto grau de qualidade, ou seja, que atenda a todas as características necessárias para ser útil para a organização, é um instru- mento valioso num processo de tomada de decisão acertado, coerente, dinâmico e que certamente gerará bons resultados. Com isso, então, estaremos desenvolvendo conhe cimento. (1.3) conhecimento Os dados e as informações são a base do conhecimento, pois, sem eles, este não se estabelece. Vejamos o que nos trazem os autores. Para Stair e Reynolds6, “o conhecimento representa a percepção e a compreensão de um conjunto (Quadro 1.2 – conclusão) Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 22 de informações e de como estas informações podem ser úteis para uma tarefa específica”. De acordo com O’Brien7, as “empresas geradoras de conhecimento exploram dois tipos de conhecimento. Um é o conhecimento explícito – dados, documentos, coisas escritas ou armazenadas em computadores. O outro é o conhecimento tácito – o ‘como fazer’ do conhecimento, que reside nos trabalhadores”. Pode-se, então, perceber que, além de os dados, a infor- mação e o conhecimento estarem diretamente interligados, é muito importante saber como usá-los quando se apresen- tam em sua forma concreta (conhecimento explícito) ou em sua forma abstrata (conhecimento tácito), que representam, respectivamente, tudo o que está registrado formal e con- cretamente e tudo o que está na mente dos colaboradores de uma organização. Mas, apesar de estarem interligados, são independentes, pois cada um tem seu momento, um será conseqüência do outro. Daí a necessidade de perceber mos que, assim como podem ser resultado, podem ser insumos do que passaremos a chamar de sistema de informação. Mas, afinal, o que é um sistema? (1.4) sistema Antes de abordarmos os sistemas de informações geren- ciais, vale lembrarmos Ludwig Von Bertalanffy, biólogo alemão que, no final da década de 1950, deixou obras sobre a Teoria Geral de Sistemas que representam um valioso legado para a informática e para a administração. In tr od uç ão a os si st em as d e in fo rm aç ão 23 De acordo com Cavalcanti e Paulaa, “mais que uma me- todologia, a Teoria Geral de Sistemas é um esqueleto, um modelo de análise do mundo empírico, um modelo de como analisar fenômenos complexos enquanto sistemas, um todo com partes inter-relacionadas”. Como os seres vivos – cuja existência envolve criação, evolução e decadência –, os sis- temas são, segundo essa teoria, compos tos de subsistemas e todos envolvem a entrada, o processamento e a saída de dados, conforme é demonstrado na figura a seguir. Figura 1.1 – Esquema teórico de qualquer sistema Meio Ambiente Processamento Entrada Saída Feedback Sistema da empresa Clientes Fornecedores Órgãos reguladores Concorrentes Fonte: Adaptado de ROSINI; PALMISANO, 2006, p. 3. a. CAVALCANTI; PAULA citados por MARTINELLI; VENTURA, 2006, p. 8. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 24 Para Rosini e Palmisano8, “o conceito básico de siste- mas de informações estabelece que todo sistema é um con- junto de elementos interdependentes em interação, visando atingir um objetivo comum”. Segundo esses autores, “Há dois tipos de sistemas: aberto e fechado. O sistema aberto é o que sofre influências do meio e que, com suas ações, influencia o meio; o sistema fechado não sofre influências do meio nem o altera com suas ações internas”9. As organizações enfrentam tempos de grandes mudan- ças em todos os âmbitos, tanto tecnológico quanto político e social, o que acaba tornando necessário, constante e dinâ- mico o processo de atualização e inovação. A capacidade de trabalhar com dados, informações e conhecimentos repre- senta, assim, um diferencial competitivo das organizações. Para Bertolini e Silveira10, o pensamento sistêmico é algo intrínseco às pessoas, possibilitando uma visão do todo, e não apenas das partes, a percepção de que os sistemas em todos os âmbitos estão interligados e é preciso agir de acordo com essa inter-relação. Surge, então, a necessidade de aprendermos um novo conceito: o de visão sistêmica. Entendemos como visão sis- têmica a nossa capacidade de compreender que o todo é composto pelas partes e que as partes compõem o todo, e que tudo interage dentro da amplitude e da complexidade das empresas. Isso nos move a buscar compreender as for- ças internas e externasb para entendermos a dinâmica orga- nizacional, que novamente é representada pelo processo de entrada, processamento e saída. b. As forças internas envolvem as políticas internas, bem como os recursos humanos, financeiros, tecnoló- gicos e materiais; as forças externas dizem respeito ao mercado, à concorrência, às normas governamentais, aos fornecedores, aos clientes, aos índices econômi- cos internacionais etc. In tr od uç ão a os si st em as d e in fo rm aç ão 25 Ter visão sistêmica é ter consciência do universo de informações e processos envolvidos na tomada de decisões, bem como das relações entre essas informações e pro- cessos, percebendo como interferem nos ambientes interno e externo da organização — considerados o meio ambiente, os clientes, os fornecedores, os sistemas, os órgãos regula- dores e os concorrentes (Figura 1.1). Por fim, chegamos ao sistema de informações gerenciais, que Oliveira11 define como “o processo de transformação de dados em informações que são utilizadas na estrutura deci- sória da empresa, proporcionando, ainda, a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados”. Ou seja, transformamos dados em informações, infor- mações em conhecimento e, com este, por meio da nossa visão sistêmica – ou seja, percebendo as interações e inter- relações entre as informações de cada uma das áreas que compõem uma organização –, buscamos não apenas atin- gir os resultados projetados, mas ir além deles. atividade Crie grupos de trabalho para discutir sobre as questões abaixo. Por que o estudo dos sistemas de informações gerenciais a. é importante para as organizações? Imagine que um indivíduo, ao repassar dados pessoais b. de uma pessoa física a uma pessoa jurídica, afirme que esses dados pertencem a outra pessoa. Você consegue se transportar para essa situação e vivenciá-la? Então, crie um exemplo que demonstre uma situação similar. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 26 Considerando as características que agregam valor à c. informação (Quadro 1.1), identifique uma situação prá- tica que sirva de exemplo para cada uma delas. Relate pelo menos uma situação empresarial em que foi d. possível identificar a visão sistêmica. Identifique em uma organização que você conhece todos e. os elementos que compõem a Figura 1.1. ( 2 ) processos organizacionais Adriana Teresinha Rebechi Capellão ( ) apresentamos neste capítulo as particularidades que envolvem os processos organizacionais e sua função na busca do atingimento das metas e objetivos de uma organi- zação, além das ferramentas que permitem a identificação dos elementos que compõem um sistema de uma empresa. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 30 (2.1) organogramas As empresas são organizadas por meio do estabelecimento de padrões para as atividades que os seus colaboradores rea- lizam, o que origina os cargos e as funções, bem como sua estrutura hierárquica. São também organizadas pela divi- são do trabalho em unidades. Os organogramas são empre- gadospara possibilitar uma visão panorâmica da empresa, considerados esses e outros modos de organização. As estruturas podem se apresentar de diferentes for- mas, cabendo lembrar que as estruturas mais clássicas estão sendo alteradas e substituídas por novas, como as or- ganizações de estrutura celular, as sem centro, as em rede e as virtuais. Segundo Cury1, “o organograma é conceituado como a representação gráfica e abreviada da estrutura da organi- zação”. O mesmo autor aponta suas finalidades, que con- sistem em representar: os órgãos que compõem uma organização; ▪ as funções desenvolvidas de forma genérica; ▪ as relações de interdependência e as vinculações entre ▪ as partes; os níveis administrativos da organização; ▪ a organização hierárquica entre departamentos e/ou ▪ funções. Vejamos, a seguir, um exemplo de organograma. Estratégia e Desem- penho Empresarial Novos Negócios Recursos Humanos Financeira Corporativo Planejamento Financeiro e Gestão de Riscos Finanças Contabilidade Tributário Relaciona - mento com Investi dores Gás e Energia Corporativo Marketing e Comercia- lização Logística e Participações em Gás Natural Operações e Participações em Energia Desenvol- vimento Energético Exploração e Produção Corporativo Engenharia de Produção Serviços Exploração Pré-Sal Norte- Nordeste Sul-Sudeste Abastecimento Corporativo Logística Refino Marketing e Comercia- lização Petroquímica e Fertilizantes Internacional Corporativo Suporte Técnico aos Negócios Desen vol- vimento de Negócios Cone Sul Américas, África e Eurásia Serviços Segurança, Meio Ambiente e Saúde Materiais Pesquisa e Desenvolvi mento (Cenpes) Engenharia Tecnologia da Informação e Telecomuni- cações Serviços Comparti lhados Gabinete do Presidente Secretaria Geral da Petrobras Desenvolvimento de Sistemas de Gestão Jurídico Comunicação Institucional Presidente Comitê de Negócios Diretoria Executiva Ouvidoria Geral Auditoria Interna Conselho de Administração Conselho Fiscal Figura 2.1 – Organograma da Petrobras Fonte: PETROBRAS, 2008. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 32 Por essa figura, pode-se perceber que, de formas di- ferenciadas, é possí vel representar graficamente nos or- ganogramas órgãos, funções, atividades e tarefas. Esses elementos nos levam aos processos de trabalho, seqüên- cias de atividades realizadas por meio do estabelecimento de regras, normas e procedimentos, com rotinas específi- cas da organização. (2.2) processos De acordo com Almeida, processo é o conjunto de recursos – humanos e materiais – dedicados às atividades necessárias à produção de um resultado final específico, independentemente do relacionamento hierárquico. Ou é a seqüência de atividades que transforma insumos em produtos finais, ou serviços, de valor muito maior para o cliente.2 [grifo nosso]. Aqui é importante lembrar que, segundo Rezende, as funções empresariais não devem ser confundidas com unidades departamentais ou setores da organização ou pes- soas que realizam as tarefas, pois algumas organizações não necessariamente têm todas as funções organizacionais com departamentos equivalentes e com o mesmo nome.3 Ou seja, os processos organizacionais ou empresariais são conjuntos de atividades, os quais, por sua vez, são con- juntos de tarefas realizadas segundo uma rotina e proce- dimentos específicos. P ro ce ss os o rg an iz ac io na is 33 Segundo Cury4, podem ser assim classi ficados: Processos de clientes ▪ – Relacionam-se com a confecção de um produto ou com a prestação de um serviço para um cliente externo da organização. Processos administrativos ▪ – São invisíveis para o cliente externo, mas completamente necessários aos processos de gerenciamento do negócio. Processos de gerenciamento ▪ – São aqueles fundamen- tados nas decisões executivas. A eficiência e a competitividade organizacionais são resultado da forma como as organizações harmonizam o trabalho, a informação e o conhecimento5. Segundo Rezende6 e Oliveira7, as atividades empresa- riais são as seguintes: Produção ou Serviços ▪ – É a transformação das maté- rias-primas em produtos e serviços. Exemplos: planeja- mento e controle de produção ou serviços, engenharia do produto ou serviços, sistemas de qualidade e pro- dutividade, custos de produção ou serviços, manuten- ção de equipamentos, produtos ou serviços. Comercial ou ▪ Marketing – Diz respeito à identificação das necessidades do mercado. Exemplos: planejamento e gestão de marketing, clientes e consumidores, pedidos de vendas, faturamento, administração de vendas, contra- tos e distribuição, exportação, pesquisas e estatísticas. Materiais e Logística ▪ – Refere-se ao suprimento de matéria-prima, serviços e equipamentos, bem como à normatização, ao armazenamento e à movimentação de materiais e equipamentos. Exemplos: fornecedores, compras ou suprimentos, estoque, recepção e expedi- ção de materiais, importação. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 34 Finanças ▪ – Envolve o planejamento, a captação e a ges- tão dos recursos financeiros. Exemplos: contas a pagar, contas a receber, movimento bancário, fluxo de caixa, orçamento, administração do capital, entre outras. Recursos Humanos ▪ – É o planejamento e a gestão dos recursos humanos. Exemplos: recrutamento e seleção, administração de pessoal, férias, admissão e demissão, folha de pagamento, cargos e salários, treinamento e desenvolvimento, benefícios e assistência social, segu- rança e medicina do trabalho. Jurídico e Legal ▪ – Diz respeito à garantia do atendi- mento às normas jurídicas que regem o funcionamento da organização. Exemplos: contabilidade, impostos e recolhimentos, ativo fixo ou patrimônio, livros fiscais de entrada e saída. Administração de Serviços ▪ – Envolve atividades rela- cionadas a serviços, como, por exemplo, transporte de pessoas, administração de escritórios, documentação, patrimônio e serviços jurídicos. Gestão Empresarial ▪ – Contempla planejamento empre- sarial e desenvolvimento de sistemas, assim como gestão da tecnologia da informação, que se constitui em uma ferramenta para a integração das atividades empresariais. Os processos de trabalho – ou processos organizacio- nais, ou ainda processos empresariais – podem ser mais bem organizados ou rearranjados conforme a necessidade da empresa. Para isso, pode-se usar o recurso da sua repre- sentação gráfica por meio de fluxogramas. P ro ce ss os o rg an iz ac io na is 35 (2.3) fluxogramas Fluxograma é uma representação gráfica muito eficiente usada para a execução de análises administrativas. Por meio dele, pode-se representar as etapas necessárias para a realização de qualquer trabalho, atividade, tarefa, pro- cesso, como, por exemplo, o desenvolvimento de um pro- duto ou serviço. Ou seja, pode-se, por exemplo, representar a ordem de execução de determinada tarefa, criticá-la e, se necessário, construir um novo fluxograma, otimizando as informações representadas. Entre as vantagens de usar essa modalidade de repre- sentação da informação, pode-se citar as se guintes: Permite a verificação do funcionamento e da eficiência ▪ de componentes de sistemas, mecanizados ou não. É aplicável a qualquer tipo de sistema e de empresa. ▪ Agiliza o processo de entendimento das alterações, ▪ quando se fizerem necessárias. Facilita a documentação de processos para a verifica- ▪ ção de áreas a serem estudadas. Propiciaa disciplina mental. ▪ Facilita a comunicação entre todas as partes de uma ▪ organização. Pode-se usar diferentes tipos de fluxogramas. No en - tanto, os mais adotados atualmente são o fluxograma verti cal e o de colunas. Vejamos a seguir um exemplo de fluxograma vertical. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 36 Figura 2.2 – Fluxograma vertical: processo de recebimento de matéria-prima Confere com o pedido de compra OK? Recebe notas fiscais Início Aguarda novas entregas Devolve lote ao fornecedor OK? Efetua testes de qualidade Envia amostras para o laboratório Envia lote ao depósito Sim Não Sim Não Para concluir este capítulo, devemos lembrar que as atividades desenvolvidas nas empresas compõem um fa - buloso recurso para maximizar o processo de organização das informações e, assim, trazer benefícios operacionais no momento da tomada de decisão. P ro ce ss os o rg an iz ac io na is 37 atividades Reúna-se com dois ou três colegas e, juntamente com eles, 1. escolha determinada atividade empresarial. Depois, use uma das ferramentas (organograma ou fluxograma) para fazer a representação gráfica da atividade selecionada. Pesquise e descreva outras ferramentas que, como as apre-2. sentadas, apóiam os gestores na organização de funções, atividades e processos. ( 3 ) como representar graficamente as informações Adriana Teresinha Rebechi Capellão ( ) no capítulo anterior, apresentamos os orga- nogramas e os fluxogramas, que são as principais formas de representar graficamente o fluxo das informações que circulam em uma organização, bem como os processos das quais estas fazem parte. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 42 Neste capítulo, mostraremos os aplicativos que permi- tem elaborar esses instrumentos. Quanto maior for a quali- dade visual deles, mais fácil será a análise dos processos e do fluxo das informações na organização e mais bem ope- racionalizados serão os processos de comunicação empre- sarial, beneficiando, ao final, os processos de tomada de decisão. Inicialmente, são três os aplicativos que podem ser usa- dos: o Microsoft Word, o Microsoft PowerPoint e o Microsoft Excela. Esses aplicativos oferecem as ferramentas básicas para a representação gráfica das informações. No entanto, precisamos lembrar que cada uma delas tem uma finali- dade diferente, respectivamente: editoração de textos, edi- ção e exibição de apresentações, criação e manipulação de planilhas de cálculo. Ou seja, não são aplicativos específi- cos para representação gráfica, embora possam ser facil- mente empregados para esse fim. (3.1) ferramentas fluxograma e conectores Como se pode visualizar na Figura 3.1, os aplicativos cita- dos oferecem a possibilidade de trabalhar com a barra de ferramentas Desenho, que é exibida na parte inferior da janela e pode ser habilitada pelo usuário. Na ferramenta Desenho, existe a opção Autoformas, conforme é demons- trado a seguir. a. Nesta publicação foi usada a versão 2002 dos res- pectivos aplicativos. C om o re pr es en ta r gr afi ca m en te a s in fo rm aç õe s 43 Figura 3.1 – Ambiente de trabalho do Microsoft Word Convém salientar que as ferramentas Fluxograma e Co- nectores oferecem as mesmas facilidades nos três aplicati- vos (Microsoft Word, Microsoft PowerPoint e Microsoft Excel). Vejamos, então, as possibilidades da ferramenta Fluxo- grama. Figura 3.2 – Ferramenta Fluxograma Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 44 Ao selecionar a opção Fluxograma, pode-se escolher o tipo de representação gráfica desejada. Ao posicionar o ponteiro do mouse sobre uma figura, o sistema informa sua função, tal como demonstrado na Figura 3.2 (Fluxograma: Decisão), ou seja, trata-se de uma figura cuja função é representar ações de decisão (do tipo “Sim ou Não”). Para inserir uma figura, deve-se primeiro selecioná-la e, depois, clicar no botão direito do mouse sobre algum ponto da área de edição – nessa etapa, o ponteiro é represen tado pelo símbolo “+”. Uma vez iniciada a inserção, deve-se manter o botão esquerdo do mouse pressionado para, desse modo, ser possível dimensionar a figura, conforme é ilus- tra do a seguir. Figura 3.3 – A construção das figuras Vejamos agora como trabalhar com a ferramenta Co - nec tores. Figura 3.4 – Ferramenta Conectores + C om o re pr es en ta r gr afi ca m en te a s in fo rm aç õe s 45 A inserção de um conector é semelhante à de uma figura de fluxograma. Antes, é importante lembrar que se inclui um conector com a intenção de ligar duas figuras. Para tanto, deve-se selecionar o conector desejado (Figura 3.4) e posicioná-lo sobre a lateral de uma das figuras a serem liga- das (Figura 3.5). Deve-se tomar cuidado com a escolha cor- reta dos pontos de ligação, que são visíveis nas figuras. Figura 3.5 – Inserção de um conector Também não se pode esquecer de identificar o depar- tamento, o setor ou a atividade que cada figura representa (ver exemplo no tópico 2.3 do capítulo anterior). Para isso, deve-se pressionar o botão direito do mouse sobre a figura, para possibilitar a inserção do texto, conforme ilustrado na figura a seguir. Figura 3.6 – Inserção de texto na figura geométrica Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 46 Uma vez selecionada a opção Adicionar texto, basta di gitá-lo. Lembramos ainda que, após inserir um texto, pode-se usar as opções relativas à for matação da fonte, como tipo, tamanho, cores, linhas etc. (3.2) ferramenta organograma Como se pode visualizar a seguir (Figuras 3.7 e 3.8), o Microsoft Word, o Microsoft PowerPoint e o Microsoft Excel tam- bém oferecem a possibilidade de trabalhar com organogra- mas. Para tanto, basta selecionar as opções Inserir, Imagem e Organograma, conforme demonstrado na Figura 3.7, lem- brando que essa possibilidade existe nos três aplicativos. Figura 3.7 – Organogramas no Microsoft Word Depois, basta seguir os comandos da tela. C om o re pr es en ta r gr afi ca m en te a s in fo rm aç õe s 47 Figura 3.8 – A construção do organograma Não se esqueça de salvar os arquivos diversas vezes, a fim de evitar que uma queda de luz, por exemplo, faça com que você perca seu trabalho. Enfim, diversas são as ferramentas que nos possibilitam representar graficamente as informações e os processos nas organizações. É importante que você tenha contato com pelo menos uma delas, para agregar valor ao seu trabalho. atividade Escolha um dos aplicativos apresentados neste capítulo e elabore um organograma e um fluxograma. ( 4 ) infra-estrutura de ti Iria Margarida Garaffa é bacharel em Administração, especialista em Sistema de Informação e Telemática, mestre em Ciência da Computação com ênfase em Sistemas de Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua como docente desde 1999 nos cursos de graduação e pós- graduação em Administração da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Além disso, trabalha há mais de 25 anos em empresas privadas como analista de sistemas, acumulando larga experiência em projetos e desenvolvimento de sistemas de informação. Iria Margarida Garaffa ( ) neste capítulo, contemplamos uma abordagem conceitual sobre a infra-estrutura de TI normalmente usada nas empresas, tendo como objetivo permitir uma melhor compreensãosobre o seu emprego nas organizações. Os autores Laudon e Laudon1 afirmam que essa infra- estrutura é formada por cinco componentes principais, coordenados entre si: hardware, software, tecnologias de gerenciamento de dados, tecnologias de redes e de teleco- municações e serviços de tecnologia. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 52 Genericamente, pode-se dizer, então, que a infra-estru- tura de TI contempla a base que sustenta todos os sistemas de informação computadorizados de uma organização. Um sistema de informação baseado em computador é um sis- tema que utiliza a infra-estrutura de TI para executar as funções desejadas. Pode compor-se de apenas um computa- dor pessoal ou incluir uma rede de diversos computadores tamanhos, além com impressoras e outros equipamentos, bem como redes de comunicação e bancos de dados2. De - talhamos, a seguir, os seus principais componentes. (4.1) hardware O hardware é o equipamento físico usado para atividades de entrada, processamento e saída de um sistema de infor- mação. Em um computador, é constituído pelos seguin- tes componentes: dispositivos de entrada, dispositi vos de saída, unidade central de processa mento (CPU), memória prin cipal ou memória RAM, memória secundária e dispo- sitivos de comunicação. Os dispositivos de entrada recolhem os dados e os con- vertem para uma forma que o computador possa entender. O quadro a seguir apresenta um resumo dos principais deles. In fr a- es tr ut ur a de T I 53 Quadro 4.1 – Dispositivos de entrada de dados Dispositivo Descrição Teclado É o dispositivo mais amplamente usado para inserir dados textuais e numéricos nos sistemas de computação. Mouse Dispositivo manual que serve para apon- tar e clicar. Funciona com a interface grá- fica com o usuário (GUI – Graphical User Interface). Tela sensível ao toque* Dispositivo pelo qual se pode inserir dados tocando-se a superfície sensibiliza da de um monitor de vídeo. Encontra-se freqüentemente esse tipo de tela em quiosques de informação instalados em shoppings, lojas de varejo, restaurantes etc. Reconhe- cimento óptico de caracteres É um dispositivo que permite a inserção direta de dados no computador. O código óptico mais usado é o código de barras, comum em sistemas de pontos-de-venda de supermercados e lojas de varejo. Entrada por caneta (Stylus) Dispositivo que converte para formato digital os movimentos feitos por uma caneta eletrônica pressionada sobre uma tela sensível ao toque. Entrada de áudio Dispositivos de entrada por voz que con- vertem palavras faladas em formato digital para processamento por computador. Fonte: Adaptado de Laudon; Laudon, 2007, p. 108. Nota: * A Microsoft prevê o uso desse recurso para a próxima versão do Windows, que sucederá o Windows Vista, com previsão de lançamento em 2010, de acordo com reportagem publicada na Folha Online em 28 de maio de 2008. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 54 Os dispositivos de saída apresentam os dados processa- dos de uma forma que as pessoas possam entendê-los. Os principais são: a saída de voz (converte dados digitais em fala inteligível), o monitor (tela de vídeo que mostra entra- das e saídas) e a impressora (de impacto, a laser, a jato de tinta, de transferência térmica e plotadora). A CPU manipula os dados e controla as tarefas realiza- das pelos outros componentes. A memória principal ou memória RAM (armazena- mento interno) armazena temporariamente dados, resulta- dos e instruções de programação durante o processamento e caracteriza-se por ser volátil, isto é, as informações são perdidas com o desligamento do computador. A memória secundária (armazenamento externo) é separada da memória principal e da CPU, mas se conecta diretamente a elas por meio do hard disk (HD) ou disco rígido, do compact disc (CD), do digital video disc (DVD), do pendrive etc., tendo como finalidade armazenar dados e programas permanentemente. Por fim, os dispositivos ou redes de comunicação usam diferentes meios de transmissão física de dados, tais como par trançado, cabo coaxial, fibra óptica, meios de trans- missão sem fio, que permitem compartilhar arquivos, pro- gramas e recursos diversos entre as redes de computadores de uma empresa3. Há computadores de todos os tamanhos, com diferen- tes recursos e capacidade para o processamento de dados. Eles se distinguem pela capacidade de processamento e são classificados conforme se mostra a seguir. Supercomputador É um computador sofisticado que tem mecanismos de computação extremamente rápidos, permitindo executar In fr a- es tr ut ur a de T I 55 tarefas que requerem cálculos complexos. Usa a tecnologia de processamento paralelo, em que a maior parte do pro- cessamento das transações é executada ao mesmo tempo (paralelamente). Sua velocidade é medida em teraflopsa. De acordo com Turban, McLean e Wetherbe4, os super- computadores são utilizados, geralmente, nas áreas cientí- fica e militar. Os autores citam alguns exemplos de uso: fazer previsões climáticas, projetar aeronaves (o Boeing 777, por exemplo), criar cenas e efeitos especiais em filmes (como o Parque dos dinossauros). Um exemplo de supercom- putador é o IBM Blue Gene/L, composto por 131.072 pro- cessadores PowerPC e tem 32 terabytesb de memória RAM. Mainframe É um computador de grande porte, com alto desempenho e capacidade para processar grande quantidade de dados com extrema velocidade. Oferece serviços de processa- mento aos usuários por meio de milhares de terminais conectados diretamente ou por meio de uma rede. Com- panhias aéreas, por exemplo, “usam mainframes para pro- cessar mais de três mil reservas por segundo”5. a. Esse indicador é usado para medir o desempenho de um computador. Em informática, é o acrônimo de Floating Point Operations per Second (“operações de pontos flutuantes por segundo”). Portanto, um teraflop equivale a um trilhão de pontos flutuantes por segundo. É um valor utilizado para indicar a taxa de velocidade dos microprocessadores (em computado- res), expressando, desse modo, a performance do mi- croprocessador. b. Unidade de armazenamento de dados. Um terabyte equivale a 1.024 gigabytes. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 56 Estação de trabalho (workstation) Uma workstation tem grande capacidade de processamen- tos gráfico e matemático, possibilitando realizar cálculos com altíssima velocidade, tais como os relacionados ao desenho assistido por computador (CAD). Esses computa- dores encontraram ampla aceitação na comunidade cientí- fica e no setor empresarial. Computador pessoal (PC) Também chamado de microcomputador, é a categoria menor e mais barata de computadores de uso geral. Eles podem ser subdivididos em categorias, com base em seu tama- nho: desktop, laptop, notebook, palmtop e assistente pessoal di- gital (PDA – Personal Digital Assistant). A categoria desktop, é um tipo de microcomputador que se usa em “mesa”. Normalmente são modulares e seus componentes podem ser substituídos. Os laptops e os notebooks (também chamados de minilaptops, pois são laptops menores) são microcomputa- dores portáteis e, por isso, são leves e pequenos. Foram projetados para oferecer maior conforto e mobilidade, per- mitindo aos usuá rios acesso a dados sem ficarem presos ao ambiente do escritório. Os palmtops são microcomputadores pequenos o bas- tante para serem carregados na mão. Apesar de serem capazes de realizar atividades de computação geral, eles normalmente são configurados para aplicações específicas etêm um limite de possibilidades para entrada e saída de dados. O PDA é um computador palmtop que tem um sistema operacional multitarefa e entrada de dados por meio de caneta, em vez de teclado. Difere de outros computadores In fr a- es tr ut ur a de T I 57 pessoais pelo fato de ser especialmente configurado para usuários individuais, podendo ser considerado antes um dispositivo de computação do que um computador de uso geral. Alguns PDAs permitem ao usuário comunicar-se via fax, correio eletrônico e paging ou acessar serviços on-line, conforme esclarecem Turban, McLean e Wetherbe6. Computador de vestir (wearable computer) É projetado para ser usado no corpo. Esse tipo de computa- dor é empregado, por exemplo, em sistemas para automação de fábricas e gerenciamento de depósitos e na visualização de manuais técnicos ou diagramas enquanto se constrói ou se repara algo. A empresa United Parcel Service (UPS), por exemplo, emprega essa tecnologia para a entrega de encomendas – seus mensageiros carregam uma prancheta eletrônica – e os governos têm avaliado esses dispositivos para possível uso militar.7 A área da saúde também está se beneficiando dessa tec- nologia. Um exemplo é o sistema biométrico da LiveShirt®, um computador de vestir que “coleta, analisa, monitora e alerta, de forma autônoma, variáveis biomédicas de seu portador, como temperatura corporal (interna e ao nível da pele), batimento cardíaco, pressão sanguínea, CO2 no san- gue, ritmo cerebral etc.”, segundo observado por Mandel6. Computador embutido É colocado dentro de outros produtos para aumentar seus recursos e habilidades. Por exemplo, um automóvel de ta manho médio tem mais de 3 mil computadores embuti- dos, chamados de controladores, que monitoram cada função, desde os freios até o desempenho do motor e os controles de assento com memória. Outros dispositivos desse tipo Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 58 são os crachás ativos e os botões de memória. Os crachás ativos podem ser usados como crachás de identificação. Eles ficam conectados aos computadores e dispositivos de comunicação da empresa enquanto os funcionários se movem pelas suas instalações. Os botões de memória são dispositivos pequenos, do tamanho de uma moeda, que armazenam um conjunto de dados, comunicando-se com qualquer coisa à qual estejam conectados. São semelhantes a um código de barras, mas têm mais conteúdo informa- cional, o qual é sujeito a alterações, de acordo com Turban, Rainer Jr. e Potter9. (4.2) redes de computadores Atualmente, empresas dos mais diversos portes, ramos e atividades têm seus computadores interligados em rede, o que facilita o intercâmbio de dados e a integração de diver- sos sistemas10. Turban, Rainer Jr. e Potter11 definem uma rede de com- putadores como “um sistema que conecta computadores através de meios de comunicação de modo a possibilitar a transmissão de dados entre eles”. É a ligação entre dois ou mais computadores para compartilhamento de dados, aplicativos, recursos e periféricos. Independentemente do tamanho da rede ou da sua complexidade, o seu objetivo básico é garantir que todos os recursos sejam compartilhados rapidamente, com segu- rança e de forma confiável. Para que os dados trafeguem em uma rede, é necessário um meio de comunicação (canal), In fr a- es tr ut ur a de T I 59 que pode ser um cabo (par trançado, cabo coaxial e cabo de fibra óptica, por exemplo) ou uma tecnologia sem fio (rádio, celular, transmissão por microondas, satélite). Conforme Laudon e Laudon12, a maioria das redes conta com um switch ou hub. Um hub é um dispositivo que tem a função de conectar os componentes de uma rede, enviando pacotes de dados de um computador para todos os outros dispositivos. Um switch é um aparelho semelhante ao hub, entretanto mais sofisticado, pois possibilita filtrar dados para um usuário específico e cria, assim, uma espécie de canal de comunicação exclusivo entre a origem e o destino, contribuindo para aumentar o desempenho da rede. Quando há uma ligação entre duas ou mais redes, é necessário um roteador – processador de comunicações inteligente que interconecta várias redes – para que um pacote de dados possa ser encaminhado até seu destino13. Há vários tipos de redes, como as redes de alcance local (LAN – Local Area Network), de alcance metropolitano (MAN – Metropolitan Area Network), de longo alcance ou área global (WAN – Wide Area Network), de alcance pessoal (PAN – Personal Area Network) e a internet. Uma LAN conecta dois ou mais computadores entre si, em uma região geográfica limitada, variando de poucos a aproximadamente mil metros (ver Figura 4.1a). Pode-se também dizer que redes locais conectam computadores e outros dispositivos em uma área física limitada, tais como escritórios, salas de aula, prédios, fábricas. Em geral, a co- municação física é feita por cabo, embora esteja em amplo crescimento o uso de sistemas de comunicação sem fio14. A rede MAN é maior do que a LAN, podendo atingir alguns quilômetros. É geralmente usada para interligar as redes LAN de diferentes unidades de uma mesma orga- nização, conforme apresentado na Figura 4.1b. Côrtes15 Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 60 elucida que a conexão entre as redes pode ser realizada por meio de linhas dedicadas (fibra óptica, por exemplo) ou por conexão direta (rádio ou internet). As redes de computadores que cobrem uma ampla área geográfica denominam-se redes de longo alcance, redes de área global ou WANs. São redes de banda largac, normalmente de acesso público, que podem interligar diferentes LANs ou MANs. A comunicação geralmente é efetuada por linha dedi- cada ou pela internet. No primeiro caso, contrata-se uma linha de transmissão de dados de empresas de telefonia ou de pro- vedores globais de serviços de comunicação16. No segundo, conecta-se uma LAN à internet e, com softwares específicos, faz-se a interligação entre redes diferentes. A Figura 4.1c apre- senta o exemplo de uma WAN insta lada em uma empresa que tem matriz em Porto Alegre e filial em Belém – nesse caso, existe uma LAN em Porto Alegre e uma em Belém. Quanto à rede PAN, ela é usada para conexões de curta distância, em geral de poucos centímetros até pou- cos metros com o objetivo de solucionar problemas especí- ficos, como conexão à internet, impressão ou transferência de arquivos. Seu uso normalmente se concentra em equipa- mentos como PDA, desktop, laptop, notebook e palmtop ou que usam tecnologias do tipo wireless, como Bluetooth®, infrared ou mesmo Wi-Fi®, as quais serão abordadas na continuidade deste capítulo. Como destacam Turban, Mclean e Wetherbe17, existe tam- bém a rede de valor agregado (VAN – Value Added Network), um tipo importante de WAN. Adotada somente para tráfego de dados, é uma rede privada gerenciada por terceiros que c. Banda larga diz respeito à tecnologia de alta velo- cidade usada para a transmissão de dados. Designa também um meio de comunicação único que permite a transmissão simultânea de dados. In fr a- es tr ut ur a de T I 61 pode diminuir os custos dos serviços e do gerenciamento da rede, pois é usada por diversas empresas. Os assinantes eco- nomizam nos preços das linhas e nos custos de trans missão, pois estes são pulverizados entre seus inúmeros usuários. As VANs podem oferecer serviços de teleconferência e de ar- mazenamento de mensagens, entre outros. Por último, há a rede privada virtual (VPN – Virtual Private Network), que consiste em uma rede remota ope- rada por terceiros e que usa a internet como sua principalestrutura. Para Turban, Rainer Jr. e Potter19, a VPN pode ser empregada para estabelecer uma ligação entre uma LAN empresarial e a internet e é uma forma de permitir acesso controlado ao correio eletrônico, a arquivos compartilhados ou à intranet por meio de uma conexão de internet. O pro- vedor VPN gerencia a segurança (como a autenticação, por exemplo), permitindo, assim, o acesso seguro à intranet de uma empresa. Segundo O’Brien20, as VPNs permitem a uma empresa usar a internet para obter intranets seguras entre suas filiais e unidades de produção, bem como estabelecer extranetsd seguras com seus clientes e fornecedores. (4.3) tipos de processamento em rede Em uma rede de computadores, existem sistemas centra- lizados ou distribuídos de processamento. Na arquitetu ra centralizada, o processamento é realizado por um compu- d. Intranets e extranets constituem-se em dois tipos de rede que se baseiam na internet, conforme é abor- dado no tópico 4.4. a) Exemplo de LAN (Local Area Network) b) Exemplo de MAN (Metropolitan Area Network) c) Exemplo de WAN (Wide Area Network) BelémManaus Rio de Janeiro Porto Alegre Compras Financeiro Produção Contabilidade Vendas Hub Figura 4.1 – Exemplo de redes LAN, MAN e WAN Fonte: Adaptado de CÔRTES, 2008, p. 156. Linha dedicada (fibra óptica, por exemplo) Comunicação via rádio Comunicação via internet Área administrativa Central de distribuição Fábrica tador central denominado de host (hospedeiro) ou servi dor , que tem grande capacidade de pro cessamento e armaze- namento interno. Diversos equipamentos periféricos que não têm processadores internos, como os terminais basea- dos em Windows (WBT – Windows Based Terminal)e e as im- pressoras, podem ser conectados a um host, permitindo a inserção, distribuição, armazenamento ou comunicação de informações por meio desses equipamentos21. O processamento distribuído divide o trabalho de pro- cessamento entre dois ou mais computadores. Conforme Laudon e Laudon22, um tipo comum de processamento dis- tribuído é baseado na arquitetura cliente/servidor. Em uma rede que usa essa arquitetura, os computadores são interco- nectados por redes locais e compartilham o processa mento de aplicações com o servidor23. Para Turban, Rainer Jr. e Potter24, um servidor é um computador agregado a uma rede que compartilha servi- ços de computação entre os clientes dela. Por exemplo, um servidor web é a máquina que faz o papel de repositório das informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão buscar páginas HTML, mensagens de e-mail ou qual- quer outro tipo de arquivo. Um cliente é um computador agregado a uma rede que requisita ao servidor aplicações, dados, processamento e outros serviços. Por exemplo, quando alguém envia um e-mail, está acessando um servidor que disponibiliza esse serviço ou, quando um servidor armazena e disponibiliza e. Um WBT é um subconjunto do computador de rede que oferece menos recursos que os microcomputado- res, permitindo, assim, reduzir os custos de manu- tenção e de suporte. Os usuários do WBT têm acesso a aplicativos Windows por meio de servidores centrais, mas, na prática, é como se esses aplicativos estives- sem rodando localmente. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 64 um banco de dados por meio de um software aplicativo (um sistema de informação), possibilita ao cliente que acesse e opere esse sistema por meio de uma LAN ou da internet, isto é, consulte, altere e exclua dados, tal como ocorre com os bancos, nos sistemas de internet banking. Protocolos A conexão de equipamentos por meio de rede (LAN, MAN, WAN etc.) é viabilizada pelo uso de protocolos, cuja apli- cação é padronizar a comunicação entre equipamentos e redes dos mais diversos tipos. Segundo Laudon e Laudon25, um protocolo “é composto de um conjunto de regras e pro- cedimentos que comanda a transmissão de informações, entre dois pontos de uma rede”. Ele permite a troca de dados entre computadores que usam diferentes platafor- mas de hardware ou de software. Côrtes26 esclarece que há diversos protocolos, sendo o mais utilizado o TCP/IP (Transmission Control Protocol/ Internet Protocol). O TCP lida com o tráfego de dados entre os computadores. Tem recursos para recuperação de dados perdidos, eliminação de dados duplicados e restabele- cimento de comunicação interrompida. O IP fornece um endereço para cada máquina ligada na rede, promovendo a entrega dos dados entre os computadores. Dispositivos sem fio O uso de dispositivos sem fio (wireless) para conexão com redes locais ou com a internet está se disseminando rapi- damente, substituindo ou complementando a computação com fio. A tecnologia wireless usa ondas eletromagnéticas (em vez de fios ou cabos), que transportam os sinais entre dis- In fr a- es tr ut ur a de T I 65 positivos de comunicação. Alguns exemplos são: ondas de rádio, microondas, ondas infravermelhas28. De acordo com Turban, Rainer Jr. e Potter23, essa tec- nologia viabiliza a computação móvel entre um disposi- tivo móvel (PDAs, notebooks, telefones celulares) e outros ambientes de computação, como a internet ou uma intranet. Além disso, permitiu o surgimento do comércio móvel e da computação ubíqua. O comércio móvel, também denomi- nado de m-commerce, refere-se às transações de comércio eletrônico realizadas em um ambiente sem fio, por meio da internet, e a computação ubíqua, à capacidade de estabele- cer conexões com ou sem fio a uma rede global, a qualquer momento, nas mais variadas situações. Laudon e Laudon29 destacam que são vários os bene- fícios da computação sem fio para uma organização: faci- lita o contato com clientes, fornecedores e colaboradores; a estrutura organizacional torna-se mais flexível; diminui os custos de instalação ou de extensão de redes de compu- tadores e, mais importante que isso, viabiliza a criação de novos modelos de negócios e de novos produtos ou servi- ços para os clientes. Na última década, novos padrões foram estabelecidos, em decorrência do surgimento das tecnologias de comuni- cação sem fio. Entre eles, podemos citar o Bluetooth®, o Wi-Fi®, o Wi-MaxTM, o infrared e o RFID30, que serão examinados a seguir: Bluetooth ▪ ® – Permite a troca de dados entre dispositivos de computação (como telefone celular, notebook, PDA, teclado, mouse, impressora, câmera fotográfica digital, entre outros) por meio de radiofreqüência. A distância de comunicação pode variar de 10 centímetros até 100 metros. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 66 Wi-Fi ▪ ® (Wireless Fidelity) – É adotado pela maioria dos fabricantes de hardware/software para redes locais sem fio (WLANsf). As WLANs oferecem acesso rápido à internet ou à intranet por banda larga, por meio de redes públicas instaladas em aeroportos, hotéis, cafés, universidades, casas, escritórios e outros. A distância de comunicação pode variar de 10 a 50 metros. WIMAX ▪ TM (Worldwide Interoperability for Microwave Access) – Esse padrão é similar ao Wi-Fi®, mas seu alcance de acesso sem fio é de até 40 quilômetros. Sua velocidade é maior que a dos outros padrões, além de possibilitar que um maior número de usuários se conecte à rede. Permite também interconectar diversas redes menores, além de viabilizar o acesso à internet em áreas rurais ou periferias urbanas que não têm infra-estrutura de linhas ADSL. Infrared ▪ – A radiação infravermelha (infrared) é empre- gada para conexão sem fio de curta distância, para transmissão de dados e para conexão de periféricos (teclado, mouse e impressora). RFID ▪ (Radio Frequency Identification)– Também cha- mado de identificação por radiofreqüência (por usar ondas de rádio), o RFID é uma tecnologia similar ao código de barras, sendo empregado para a identificação e a captura de dados automáticos. Os sistemas RFID usam minús- culas etiquetas (tags) com microchips embutidos, os quais contêm dados sobre um item e sua localização. Essas eti- quetas transmitem sinais de rádio a curta distância para leitores RFID, os quais, por sua vez, enviam os dados por rede a um computador, para processamento. Os f. Uma WLAN é similar a uma LAN, mas sem fio. In fr a- es tr ut ur a de T I 67 dados embutidos no microchip permitem a identificação de um item numa linha de produção e de mercadorias em trânsito, assim como a localização e a identificação de um veículo, de um animal ou de um indivíduo. (4.4) a internet e os negócios eletrônicos De maneira simples, pode-se definir a internet como uma rede mundial de computadores, ou melhor, como uma rede que envolve milhares de outras. Internet: histórico e funcionamento A internet teve início na década de 1970 como uma rede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Inicialmente denominada de Arpanet, tinha o propósito de conectar cien- tistas e pesquisadores ao redor do mundo. Turban, McLean e Wetherbe31 acentuam que, em 1993, empresas comerciais tiveram permissão de participar da Arpanet, que passou a se chamar internet. É possível conectar-se à rede mundial de computado- res por meio de um provedor de serviços de internet (ISP – Internet Service Provider), mediante o pagamento de uma assinatura – mas há também provedores gratuitos. Um ISP é uma organização comercial que tem conexão perma nente com a internet e vende conexões temporárias a assinan- tes. Linhas telefônicas, linhas a cabo (NET) ou tecnologias wireless são alguns dos recursos disponíveis para realizar essas conexões32. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 68 A internet está baseada no pacote de protocolo de rede TCP/IP e na tecnologia cliente/servidor, descritos ante rior- mente neste capítulo. Um cliente solicita os serviços por meio de um software de navegação – também conhecido como browser –, como o Microsoft Internet Explorer ou o Mozilla Firefox, por exemplo. Todos os dados são arma- zenados em um servidor, tornando-se, assim, disponíveis para o acesso dos clientes33. A world wide web (web) é um sistema com padrões uni- versalmente aceitos para armazenar, recuperar, formatar e apresentar informações. As páginas da web são baseadas em uma linguagem padrão de hipertexto (HTML – Hypertext Markup Language), a qual permite formatar documentos, bem como criar ligações (links) entre documentos, estejam estes armazenados no mesmo computador ou em compu- tadores remotos. Essas páginas são acessadas por meio do protocolo de transferência de hipertexto (HTTP – Hypertext Transfer Protocol), que é o padrão de comunicação usado para transferir páginas na web34. Assim, quando se digita um endereço web em um navegador, como http://www.ulbra.br, este envia uma requisição HTTP ao servidor ulbra.br para solicitar acesso à homepage dessa universidade. A intranet (ou web interna) é o uso das tecnologias e protocolos da internet para criar uma rede privada, em que o acesso é geralmente restrito aos membros de uma organi zação. Essas redes são projetadas para serem aber- tas, seguras e internas, e o software de navegação usado possibilita que os usuários acessem informações e serviços usando conceitos e ferramentas da web35. Por exemplo, com a intranet, um gerente de Recursos Humanos, usando um navegador, consegue visualizar currículos de funcionários, acessar as normas e procedimentos da empresa, além de revisar qualquer documento desejado. In fr a- es tr ut ur a de T I 69 A extranet é uma extensão da intranet. Por meio dela, os usuários remotos podem se conectar de forma segura, via internet ou redes privadas, à intranet principal de uma organização. Segundo O’Brien36, ela ofere ce acesso limi- tado às intranets das empresas participantes, usando as mesmas tecnologias da internet. Por exemplo, a Ulbra dis- ponibiliza o seu portal corporativo para acesso de alunos e professores no endereço http://www.ulbra.br – essa é a interface da extranet. No entanto, há conteúdos e servi- ços restritos apenas aos professores, que têm uma senha que lhes permite, por exemplo, acessar o banco de dados e alimentar as notas dos alunos e o conteúdo das discipli- nas. Há também áreas restritas aos alunos, nas quais eles podem consultar suas notas, o conteúdo das disciplinas, seu histórico escolar, entre outros dados. Para acessá-las, eles devem informar sua senha. Outro conceito importante é o de portal corporativo, também conhecido como portal empresarial. Baseado na web, é desenvolvido a partir de aplicações de intranet das empresas para fornecer informações de diferentes siste- mas aos membros da empresa a partir de um único ponto de acesso. Tem função de apoio, uma vez que oferece infor- mações para dar suporte às decisões da organização37. Negócios eletrônicos Mais conhecidos como e-business, os negócios eletrônicos re- ferem-se ao uso das tecnologias da informação e da internet para a realização das atividades internas da empresa e para a integração com seus parceiros de negócio (clientes, forne- cedores etc.). Têm como principal objetivo efetuar as transa- ções eletrônicas de uma organização. Com eles, é possível, por exemplo, a compra e venda de bens e serviços, o atendi- Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 70 mento aos consumi dores, a colaboração com parceiros co- merciais e a realização de transações dentro da empresa38. Enquanto estratégia, os negócios eletrônicos contri- buem para diminuir custos, eliminar a ineficiência, melho- rar a qualidade do fluxo das informações, pela redução ou eliminação de erros, e reduzir o tempo de ciclo para a exe- cução de transações comerciais, simplificando a coorde- nação e a colaboração ao longo da cadeia de suprimento, conforme esclarecem Laudon e Laudon39. O comércio eletrônico, também chamado de e-commerce, é parte integrante do e-business e envolve especialmente compra e venda de produtos e serviços pela internet, ati- vidades de marketing, suporte ao cliente, segurança, paga- mento e logística31. É comum que os dois termos – e-business e e-commerce – sejam empregados indis tintamente. Existem vários modelos de comércio eletrônico. Sob o ponto de vista de Turban e King32, os principais são: Empresa-a-empresa (B2B ▪ – business to business) – São transações em que tanto compradores quanto vende- dores são organizações. Um exemplo é uma empresa que usa a rede para fazer solicitações aos seus fornece- dores, receber pedidos e fazer pagamentos. Empresa-a-consumidor (B2C ▪ – business to con sumers) – Nesse caso, os vendedores são organizações e os com- pradores, indivíduos. É a categoria de varejo eletrônico. Existem shoppings eletrônicos por toda a internet, ofe- recendo de tudo, desde bolos e vinhos a computado res e carros. Consumidor-a-consumidor (C2C ▪ – consumer to con sumer) – São transações em que os indivíduos vendem produtos ou serviços a outras pessoas. Um exemplo são os classi- ficados eletrônicos. In fr a- es tr ut ur a de T I 71 Governo eletrônico ( ▪ e-government) – Nesse caso, o go - verno fornece serviços aos seus cidadãos, empregando as tecnologias da internet. Um exemplo é o site da receita federal: http://www.receita.fazenda.gov.br. Comércio móvel ( ▪ m-commerce) – É o comércio eletrônico que envolve o uso de um dispositivo portátil e sem fio, como o telefonecelular, por exemplo. O e-business melhora o resultado das empresas, pois emprega tecnologias eletrônicas e padrões universais e abertos para a interligação de seus clientes e parceiros de negócios. Contribui também para o fortalecimento das relações entre empresas parceiras e entre as empresas e o consumidor final. atividade Marque V para as proposições verdadeiras e F para as falsas. Os dispositivos de entrada de um sistema de compu-( ) tação fornecem dados aos seus usuários. Uma rede de alcance local (LAN) conecta computa-( ) dores e outros dispositivos dentro de uma área física limitada. Uma rede de área global (WAN) cobre grandes áreas ( ) geográficas. A extranet é uma extensão da intranet. Por meio dela, ( ) os usuários remotos se conectam de forma segura, via internet ou redes privadas, à intranet principal de uma organização. Uma rede de valor agregado (VAN) é considerada um ( ) tipo importante de LAN. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 72 Uma rede de valor agregado (VAN) é uma rede pri-( ) vada usada somente para tráfego de dados. Uma rede privada virtual (VPN) pode ser empregada ( ) para estabelecer uma ligação entre uma LAN empre- sarial e a internet. Os supercomputadores e os ( ) mainframes são usados por pequenas empresas. Em uma rede cliente/servidor, o servidor é o compu-( ) tador principal, tendo como função fornecer serviços aos clientes dessa rede. Em uma rede cliente/servidor, um cliente é um com-( ) putador agregado a uma rede que usa os recursos por ela disponibilizados. ( 5 ) infra-estrutura de ti: software Iria Margarida Garaffa ( ) neste capítulo, abordaremos aspectos relaciona- dos ao software e ao gerenciamento de dados, complemen- tando as informações sobre a infra-estrutura de TI vistas no capítulo anterior. Salientamos que esse estudo se torna relevante, na medida em que é preciso ter uma compreen- são cada vez melhor sobre a complexidade das tecnologias e dos softwares empregados nas organizações. Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 76 (5.1) software básico e software aplicativo Como vimos no capítulo anterior, a infra-estrutura de TI é formada por hardware, software e tecnologias de gerencia- mento de dados. Para usar o hardware, é necessário o soft ware, pois o computador não consegue executar nenhuma ação sem receber instruções. Essas instruções são codificadas pelo que chamamos de linguagens de programação, usadas para o desenvolvimento de softwares ou programas. Existem dois tipos principais de software: o básico e o apli- cativo1. O software básico, também denominado de soft ware de sistema, atua como intermediário entre o hardware e o software aplicativo, por meio de um conjunto de instruções. Já o software aplicativo visa atender às necessidades específicas de uma pessoa ou organização, como é o caso, por exemplo, de um programa desenvolvido para o Depar- tamento de Recursos Humanos de uma empresa. Segundo Turban, Rainer Jr. e Potter2, é projetado para realizar uma tarefa ou processamento específico. É interessante obser- var que o termo sistema de informação é normalmente usado como sinônimo de software aplicativo. Pela Figura 5.1, pode-se perceber que o software básico é um intermediário entre o hardware e o software aplicativo e, portanto, este não pode ser executado sem aquele. In fr a- es tr ut ur a de T I: so ft w ar e 77 Figura 5.1 – Software básico e software aplicativo Software aplicativo Software básico Hardware Fonte: Turban, McLean e Wetherbe, 2004c, p. 2. Segundo Turban, McLean e Wetherbe3, o software básico pode ser agrupado em três modalidades: suporte do sis- tema, desenvolvimento do sistema e controle do sistema. Os programas de suporte do sistema oferecem suporte às operações e aos usuários, servindo para executar tarefas comuns, como verificar a integridade de discos magnéticos, criar diretórios e subdiretórios, restaurar arquivos apaga- dos por engano, localizar arquivos em diretórios, geren- ciar o uso da memória, entre outras. Os programas de desenvolvimento do sistema são tec- nologias empregadas pelos especialistas de TI para desenvol- ver os programas que compõem um sistema de informação. Entre eles, os principais são os tradutores e editores de lin- Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 78 guagens de programação e os pacotes de ferramenta Casea (Computer-Aided Software Engineering – Engenharia de Soft ware Assistida por Computador). Os programas de controle do sistema são aqueles que controlam o uso do hardware, do software e dos recursos de dados. O mais importante programa dessa categoria é o sistema operacional (SO), que gerencia, controla e super- visiona as atividades e a operação geral do computador. O SO executa várias funções. As principais são4: Gerenciamento de tarefas ▪ – Envolve o preparo, o agen- damento e o monitoramento de tarefas em um sistema com putacional. Gerenciamento de recursos ▪ – Abrange o controle sobre o uso dos recursos do sistema computacional tanto pelo software básico quanto pelos softwares aplicativos. O SO gerencia, por exemplo, as memórias principal e secun- dária, os dispositivos de entrada e saída e o tempo de processamento da CPU. Gerenciamento de dados ▪ – Refere-se ao controle sobre a entrada e saída dos dados, bem como sobre sua loca- lização, armazenamento e recuperação. O SO controla a alocação dos dispositivos de armazenamento secun- dário, o formato físico e a catalogação do armazena- mento de dados, bem como a movimentação dos dados entre as memórias principal e secundária. Interface com o usuário ▪ – Compreende um conjunto de funções que permite ao usuário executar tarefas e se comunicar com o computador. Há diferentes tipos de SO, classificados de acordo com a. Software aplicativo que auxilia os profissionais de TI envolvidos na tarefa de desenvolver sistemas de informação. In fr a- es tr ut ur a de T I: so ft w ar e 79 a sua aplicação: podem ser projetados para aceitar um único usuário, em dispositivos móveis de mão (como os PDAs, por exemplo) e em computadores de pequeno porte (desktops e estações de trabalho), ou para aceitar dezenas ou milhares de usuários, em computadores de grande porte, conforme desta- cam Turban, Rainer Jr. e Potter5. O quadro a seguir apresenta um resumo dos principais sistemas existentes no mercado. Quadro 5.1 – Principais sistemas operacionais Sistema Operacional Características Windows Vista É o mais recente sistema operacional Windows, com aperfeiçoamentos na segu- rança, na busca interna e na sincronização com dispositivos móveis, câmeras e ser- viços de internet, além de melhor suporte para vídeo e TV. Windows XP É um sistema operacional para PCs, vol- tado para usuários domésticos e corpora- tivos. Tem suporte para internet, recursos multimídia e para trabalhos em grupo, além de avançados recursos de rede, de segurança e de gerenciamento corporativo. Windows Server 2003 É o sistema operacional Windows para servidores. Windows CE Plataforma É voltado para dispositivos com pouca capacidade de armazenamento, como pequenos computadores de mão, PDAs, dis- positivos de comunicação sem fio e outros. (continua) Si st em as d e in fo rm aç õe s ge re nc ia is 80 Unix É usado em PCs de grande capacidade, em estações de trabalho e em servidores de rede. Trata-se de um sistema operacional multitarefa (que executa vários processos ao mesmo tempo)