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Doenças autossômicas dominantes e recessivas m Alguns dos principais conceitos em genética Fenótipo é o conjunto de características decorrentes da ação do genótipo associado à ação do meio ambiente, e inclui características morfológicas, fisiológicas e comportamentais. Fenótipo: sangue AB Genótipo: IAIB Fenótipo: ervilha verde Genótipo: aa Johann Gregor Mendel (1822-1884) • Monge Agostiniano • Plantava ervilhas nos jardins do mosteiro Características das ervilhas estudadas por Mendel Ondulada Púrpura Lisa PRIMEIRA LEI DE MENDEL Lei da segregação dos fatores Com esse experimento, deduziu que: • As características hereditárias são determinadas por fatores herdados dos pais e das mães na mesma proporção; • Tais fatores se separam na formação dos gametas; • Indivíduos de linhagens puras possuem todos seus gametas iguais, ao passo que híbridos produzirão dois tipos distintos, também na mesma proporção. Cada caráter é determinado por um par de fatores genéticos denominados alelos. Estes, na formação dos gametas, são separados e, desta forma, pai e mãe transmitem apenas um para seu descendente. Os dois membros de um par de genes se segregam um do outro para formar os gametas, de modo que metade dos gametas tem um membro do par e a outra metade tem o outro membro do par. PRIMEIRA LEI DE MENDEL ou Lei da Segregação dos fatores Interpretação da Símbolos para Heredogramas Heredograma Os padrões demonstrados pelos distúrbios de um gene único nos heredogramas depende de 2 fatores: 1) Se o fenótipo é dominante (expresso quando somente um cromossomo do par for portador do alelo mutante e o outro cromossomo possuir um alelo ou locus selvagem) ou recessivo (expresso somente quando ambos os cromossomos do par forem portadores dos alelos mutantes no locus) 2) A localização cromossômica dos locus genético que pode ser em um autossomo (cromossomo 1 a 22) ou em um cromossomo sexual (X ou Y). Herança Dominante em Autossomos • Fenótipo expresso tanto em homozigotos como em heterozigotos para um alelo mutante. • Distúrbios dominantes ocorrem se houver ou não produto genético normal produzido pelo alelo normal remanescente. • Veremos 3 doenças com herança dominante em autossomos: - Acondroplasia - Neurofibromatose - Doença de Huntington Herança Dominante em Autossomos Acondroplasia • também chamada de nanismo acondroplásico, é uma das formas mais comuns de baixa estatura desproporcional, que ocorre devido ao impedimento do correto desenvolvimento dos ossos em comprimento. Popularmente, os indivíduos portadores dessa condição são conhecidos como anões (deficiência na ossificação endocondral). • A acondroplasia é de origem hereditária, é autossômica dominante e a maioria é esporádica, resultado de nova mutação, em outras palavras, é o primeiro caso da família. • O quadro clínico dessa condição é típico e já pode ser observado ao nascimento. Os achados que caracterizam a acondroplasia são: baixa estatura desproporcionada, encurtamento, macrocefalia, fronte ampla e proeminente, face plana, base nasal deprimida, nariz em botão, tronco longo e estreito, lordose acentuada, braquidactilia e dedos fusiformes. Em alguns casos pode ocorrer hipotonia da musculatura, resultando em um retardo do desenvolvimento motor. • Muitas vezes, a doença vem acompanhada por diversos problemas de desenvolvimento que leva à morte prematura, antes do primeiro ano de vida. No entanto, quando esses problemas são inexistentes, sendo presente apenas o defeito de crescimento dos ossos longos, a esperança de vida desses indivíduos se iguala com o a população em geral. Má formação, dedos curtos (Uel) No homem, a acondroplasia é uma anomalia determinada por um gene autossômico dominante. Qual é a probabilidade de um casal de acondroplásicos, que já tem um filho normal, vir a ter um bebê acondroplásico? a) 1 b) 3/4 c) 3/8 d) 1/4 e) 1/8 No homem, a acondroplasia é uma anomalia determinada por um gene autossômico dominante. Qual é a probabilidade de um casal de acondroplásicos, que já tem um filho normal, vir a ter um filho (sexo masculino) acondroplásico? a) 1 b) 3/4 c) 3/8 d) 1/4 e) 1/8 Neurofibromatose • Também conhecida como Doença de Von Recklinghausen, caracteriza-se por áreas de hipo ou hiperpigmentação (manchas café com leite) na pele, associadas a tumores benignos subcutâneos que ocorrem ao longo dos trajetos dos nervos periféricos, geralmente diminutos mas que podem se desenvolver na idade adulta, dando início a complicações neurológicas resultantes de compressão. • Fenótipo variável: casos assintomáticos até casos graves • Geralmente a neurofibromatose é benigna e pode ser dividida em dois grupos: • Neurofibromatose tipo 1: causada por mutações no cromossomo 17 que reduzem a produção de neurofibromina, uma proteína utilizada pelo organismo para evitar o surgimento de tumores. Este tipo de neurofibromatose também pode provocar perda de visão e impotência sexual; • Neurofibromatose tipo 2: provocada por mutações no cromossomo 22, diminuindo a produção de merlina, outra proteína que suprime o crescimento de tumores em indivíduos saudáveis. Este tipo de neurofibromatose pode causar perda de audição e/ou visão. Neurofibromatose • Sintomas O principal sintoma é o surgimento de tumores moles na pele. No entanto, dependendo do tipo de neurofibromatose, outros sintomas são: Neurofibromatose tipo 1 • Manchas marrons na pele; • Sardas na região inguinal e axilas aos 4 ou 5 anos; • Pequenos nódulos debaixo da pele; • Problemas de desenvolvimento e deformação dos ossos. Neurofibromatose tipo 2 • Redução gradual da visão ou da audição; • Dificuldades de equilíbrio; • Problemas na coluna, como escoliose; Tumores = neurofibromas Manchas marrons Neurofibromatose • Sintomas Surgem durante a infância e, por isso, é recomendado consultar um pediatra para fazer o diagnóstico da neurofibromatose com exame físico, exames de raio-x ou tomografia, assim como teste genéticos de sangue, por exemplo. • Tratamento Pode ser feito através da cirurgia para remover os tumores que estão provocando pressão sobre órgãos ou através da radioterapia para reduzir o seu tamanho. Porém, não existe um tratamento que garanta a cura ou que impeça o aparecimento de novos tumores. Nos casos mais graves, em que o paciente desenvolve câncer, pode ser necessário fazer o tratamento com quimioterapia ou radioterapia direcionada para os tumores malignos. Doença de Huntington • A doença de Huntington é uma doença hereditária que provoca a degeneração progressiva de células nervosas do cérebro que causa problemas motores e mentais. A principal característica é a coréia, movimentos involuntários que se manifestam por contrações musculares irregulares, espontâneas e transitórias. O sintoma está presente em mais de 90% dos portadores da enfermidade, que também apresentam emagrecimento intenso, mesmo que mantenham dieta adequada, e envelhecimento precoce. Doença de Huntington • O raciocínio e o comportamento também são afetados. A maior parte dos pacientes sofre perdas cognitivas, mas há uma relativa preservação da memória até as fases mais adiantadas. A capacidade de concentração e a memória de curto prazo diminuem com a evolução da doença. Sintomas psiquiátricos, como mudança de personalidade, irritabilidade, apatia, instabilidade emocional e agressividade, são freqüentes e podem precederem anos as disfunções motoras. Transtornos do humor, principalmente depressão, afetam até 60% dos portadores. As psicoses, quando ocorrem, afetam especialmente os indivíduos jovens. O risco de suicídio deve sempre ser considerado, uma vez que a incidência é de quatro a seis vezes maior nas famílias afetadas pela doença. Doença de Huntington • Crises convulsivas são raras nos adultos, mas podem ocorrer principalmente quando a enfermidade é precoce. Nesses casos, é preciso atenção, pois o mal epiléptico pode ser fatal. • O tempo médio de sobrevida do paciente varia de 14 a 17 anos. As causas de morte geralmente estão relacionadas às complicações da doença, como por exemplo, infecções, asfixia e traumatismos crânio-encefálicos. Doença de Huntington • A doença de Huntington é causada por uma deficiência genética de um único gene do cromossomo 4. Esse defeito faz com que uma parte do DNA, chamada de sequência CAG, ocorra várias vezes mais do que deveria ocorrer. Normalmente, essa sequência se repete de 10 a 28 vezes. Em pessoas diagnosticadas com a doença de Huntington, no entanto, ela se repete de 36 a 120 vezes. Doença de Huntington • O diagnóstico mais apurado e definitivo é feito hoje por meio de testes genéticos. • Em casos com suspeita deste diagnóstico, deve-se investigar a possibilidade de enfermidades com sintomas semelhantes, como a coréia hereditária benigna e discinesias tardias (movimentos involuntários causados por medicamentos). Exames complementares, como eletroencefalograma ou exames de imagens, não indicam a presença da doença, mas ajudam a descartar outras patologias e acompanhar a evolução da moléstia. Herança Recessiva em Autossomos • Um fenótipo expresso somente em homozigotos • A maioria dos distúrbios recessivos é devido a mutações que reduzem ou eliminam a função do produto genético (mutações perda de função) Pais iguais com filho diferente! Herança Recessiva em Autossomos Maior probabilidade em Cruzamentos consanguíneos Fenilcetonúria • Incidência: 1/10000 a 1/15000 nascimentos. • 1% dos pacientes com retardo mental institucionalizados são fenilcetonúricos. • Sintomas: irritabilidade, convulsões, vômitos já nas primeiras semanas de vida; pele seca com lesões inflamatórias e eruptivas ou eczema generalizado; pigmentação da pele, cabelo e olhos mais clara do que apresentado na família (deficiência de melanina). Deficiência de adrenalina. Microcefalia, tremores e reflexos aumentados, anormalidades de eletroencefalograma e convulsões epiléticas. Retardo mental já detectado por volta dos 6 meses de vida e QI inferior a 50. Fenilcetonúria • Causa: erro inato do metabolismo que determina deficiência de uma enzima hepática, a hidroxilase da fenilalanina – responsável pela conversão da fenilalanina em tirosina. • A fenilalanina acumulada no sangue e no líquido cefalorraquidiano é transformado em ácido fenilpirúvico. • O loco do gene se encontra no cromossomo 12 Fenilcetonúria • Diagnóstico Fácil diagnóstico através de triagem de rotina de erros inatos de metabolismo em berçários – teste do pezinho. (ou testes de detecção de ácido fenilpirúvico na urina na primeira semana de vida e confirmação pela presença dos níveis séricos de fenilalanina). • Tratamento Dieta pobre em fenilalanina, em pacientes diagnosticados precocemente (antes de 3 semanas de vida), impede o retardo mental e outros sintomas. Lista de alimentos ricos em fenilalanina • Os principais alimentos ricos em fenilalanina e que devem ser retirados da alimentação são: • Carnes de todos os tipos: carnes vermelhas, frango, peixes e mariscos; • Derivados de carne: linguiça, bacon, presunto, salsicha, salame; • Vísceras de animais: coração, tripas, moela, rins; • Leite e derivados, inclusive alimentos que contenham leite como ingrediente; • Adoçantes com aspartame; • Ovos; • Oleaginosas: amêndoas, amendoim, noz-pecã, castanha-de-caju, castanha do Pará, avelã, pistache, pinhão; • Farinha de trigo e alimentos que a contenham como ingrediente; • Leguminosas: soja e derivados, grão de bico, feijão, ervilha, lentilha; • Alimentos industrializados ricos em ingredientes que contêm fenilalanina, como achocolatado, gelatina, biscoitos, pães, sorvetes. Obs: os mais ricos são aqueles que contém muita proteína (fenilalanina é um aminoácido), por isso a dieta deve ser muito bem controlada e acompanhado por especialistas, para que o paciente consiga a ingestão de quantidades apropriadas de proteína sem prejudicar.
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