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ELABORAÇÃO DE PARÁGRAFOS direito 2015

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ELABORAÇÃO DE PARÁGRAFOS/TEXTOS ARGUMENTATIVOS 
TEXTO ARGUMENTATIVO é o texto em que defendemos uma idéia, opinião ou 
ponto de vista, uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso 
ouvinte/leitor aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem-se três 
componentes: a tese, os argumentos e as estratégias argumentativas. 
TESE, ou proposição, é a ideia (ponto de vista) que o autor do texto defende, pode 
ser polêmica ou não, pois a argumentação implica divergência de opinião. 
 
Os ARGUMENTOS de um texto são facilmente localizados: identificada a tese, 
faz-se a pergunta por quê? (Ex.: o autor é contra a pena de morte (tese). Porque ... 
(argumentos). 
 
ESTRATÉGIAS argumentativas são todos os recursos (verbais e não-verbais) 
utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para impressioná-lo, para convencê-lo 
melhor, para persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc. 
O PARÁGRAFO E O TÓPICO FRASAL 
Parágrafo é a unidade de composição constituída de uma ou mais frases, em que se 
desenvolvem uma ideia principal (tópico frasal), a que se ligam outras ideias dela 
decorrentes (ideias secundárias). 
Em geral, o parágrafo-padrão, aquele de estrutura mais comum e mais eficaz — o 
que justifica seja ensinado aos principiantes —, consta, sobretudo na dissertação e 
na descrição, de duas e, ocasionalmente, de três partes: a introdução, representada 
na maioria dos casos por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de 
maneira sumária e sucinta a idéia-núcleo (é o que passaremos a chamar daqui por 
diante de tópico frasal), o desenvolvimento, isto é, explanação mesma dessa idéia-
núcleo; e a conclusão, mais rara, mormente nos parágrafos pouco extensos ou 
naqueles em que a idéia central não apresenta maior complexidade. 
Tópico frasal é a ideia núcleo, a principal informação de um parágrafo, sendo que as 
demais ideias são apenas um desdobramento daquilo que foi expresso inicialmente. 
Constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal 
encerra de modo geral e conciso a ideia-núcleo do parágrafo. Mais de 60% deles 
apresentam tópico frasal inicial. 
De fato, que é o tópico frasal, quando inicial, se não uma generalização a que se 
seguem as especificações contidas no desenvolvimento? Esse modo de assim expor 
ou explanar idéias é, em essência, o método dedutivo: do geral para o particular. 
Quando o tópico frasal vem no fim do parágrafo — e neste caso é, realmente, a sua 
conclusão —, precedido pelas especificações, o método é essencialmente indutivo: 
do particular para o geral. 
Exemplo: 
O Brasil é a primeira grande experiência que faz na história moderna a espécie 
humana para criar um grande país independente, dirigindo-se por si mesmo, 
debaixo dos trópicos. Somos os iniciadores, os ensaiadores, os experimentadores 
de uma das mais amplas, profundas e graves empresas que ainda se acharam em 
mãos da humanidade. Os navegadores das descobertas que chegaram até nós 
impelidos pela vibração matinal da Renascença, cumpriram um feito que terminava 
com o triunfo na luz da própria glória; belo era o país que descobriam, opulenta a 
terra que pisavam, maravilhoso o mundo que em redor se desdobrava; podiam 
voltar, contentes, que tudo para eles se cumprira. (Três livros, p. 332) 
O primeiro período — grifado, aliás, pelo próprio Autor, com a intenção de mostrar 
que se trata de idéia central do parágrafo — constitui o tópico frasal, que traduz uma 
declaração sobre o Brasil como país independente. O rumo das idéias a serem 
desenvolvidas já está aí traçado: seria desconcertante se o Autor não explanasse, 
especificando, justificando, fundamentando, nas linhas seguintes, o que anunciou 
nas três primeiras. O seu propósito já está definido. Se o Autor julgasse oportuno 
fazer digressões, o próprio tópico frasal o controlaria, impedindo-o de ultrapassar 
certos limites, além dos quais elas se tornariam descabidas, e forçando-o a voltar 
antes do fim ao mesmo rumo de idéias que tomara no princípio. 
Por isso tudo, principalmente por ser um excelente meio de disciplinar o raciocínio, 
recomenda-se aos principiantes que se empenhem em seguir esse método de 
paragrafação, até que maior desenvoltura e experiência na arte de escrever lhes 
deixem maior liberdade de ação. 
Considerando a recomendação de iniciar o parágrafo com o tópico frasal, este pode 
assumir aspectos diferenciados, a saber: 
a) Declaração inicial — o autor afirma ou nega alguma coisa logo de saída para, em 
seguida, justificar ou fundamentar a asserção, apresentando argumentos sob a forma 
de exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições — fatos ou evidência, 
processos de explanação. 
Exemplo: 
Vivemos numa época de ímpetos. A Vontade, divinizada, afirma sua 
preponderância, para desencadear ou encadear; o delírio fascista ou o torpor 
marxista são expressões pouco diferentes do mesmo império da vontade. À 
realidade substituiu-se o dinamismo; à inteligência substituiu-se o gesto e o grito; e 
na mesma linha desse dinamismo estão os amadores de imprecações e os amadores 
de mordaças (...) (Gustavo Corção, Dez anos, p. 84) 
b) Definição — Frequentemente o tópico frasal assume a forma de uma definição. 
Exemplo: 
Estilo é a expressão literária de idéias ou sentimentos. Resulta de um conjunto de 
dotes externos ou internos, que se fundem num todo harmônico e se manifestam por 
modalidades de expressão a que se dá o nome de figuras. 
c) Divisão — Processo também quase que exclusivamente didático, dadas as suas 
características de objetividade e clareza, é o que consiste em apresentar o tópico frasal 
sob a forma de divisão ou discriminação das ideias a serem desenvolvidas: 
 
Exemplo: 
O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto (isto é, feito de 
vários silogismos explícita ou implicitamente formulados). Distinguem-se quatro 
espécies de silogismos compostos!... (Jacques Maritam. Lógica menor, p. 246) 
 
d) Alusão histórica: Recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor é o da alusão 
a fatos históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos de que o 
Autor tenha sido participante ou testemunha. 
Exemplo: 
Conta uma tradição cara ao povo americano que o Sino da Liberdade, cujos sons 
anunciaram, em Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopinadamente se 
fendeu, estalando, pelo passamento de Marshall. Era uma dessas casualidades 
eloquentes, em que a alma ignota das coisas parece lembrar misteriosamente aos 
homens as grandes verdades esquecidas (...). 
 
O tópico frasal pode estar inserido em outra parte do texto, ou pode também estar 
diluído neste e até mesmo implícito, o que requer muita perspicácia do escritor e, é 
claro, do leitor. 
DESENVOLVENDO O PARÁGRAFO 
Desenvolver o parágrafo é expor de forma pormenorizada a idéia principal desse. 
Tal desenvolvimento pode se dar por diversas maneiras. 
Enumerando ou descrevendo detalhes 
O autor enumera e detalha a idéia apresentada; é muito usado nos parágrafos 
iniciados pelo tópico frasal. 
Exemplo: 
A arte (...) é tudo o que pode causar uma emoção estética, tudo que é capaz de 
emocionar suavemente a nossa sensibilidade, dando a volúpia do sonho e da 
harmonia, fazendo pensar em coisas vagas e transparentes, mas iluminadas e amplas 
como o firmamento, dando-nos a visão de uma realidade mais alta e mais perfeita, 
transportando-nos a um mundo novo, onde se aclara todo o mistério e se desfaz toda 
a sombra, e onde a própria dor se justifica como revelação ou pressentimento de 
uma volúpia sagrada. E, em conclusão, a energia criadora do ideal. 
Confrontando, fazendo analogia ou comparando 
Processo muito comume muito eficaz de desenvolvimento é o que consiste em 
estabelecer confronto entre idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Suas formas 
habituais são o contraste (baseado nas dessemelhanças), e o paralelo (que se assenta 
nas semelhanças). A antítese é, de preferência, uma oposição entre idéias isoladas. A 
analogia, que também faz parte dessa classe, baseia-se na semelhança entre idéias ou 
coisas, procurando explicar o desconhecido pelo conhecido, o estranho pelo 
familiar. 
Exemplo: 
Vejamos o que distingue Vieira de Bernardes. Lendo-os com atenção, sente-se que 
Vieira, ainda falando do céu, tinha os olhos nos seus ouvintes; Bernardes, ainda 
falando das criaturas, estava absorto no Criador. Vieira vivia para fora, para a 
cidade, para a corte, para o mundo, e Bernardes para a cela, para si, para o seu 
coração. Vieira estudava graças a louçainhas de estilo (...); Bernardes era como 
essas formosas de seu natural que se não cansam com alinhamentos (...) Vieira fazia 
a eloqüência; a poesia procurava a Bernardes. Em Vieira morava o gênio; em 
Bernardes, o amor, que, em sendo verdadeiro, é também gênio (...). 
Exemplo: 
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma 
com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a 
arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou 
tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de o explorar a benefício de 
interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou conjunto das funções do 
organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e 
senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos 
povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política 
é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de 
moralidade estragada. 
Exemplo: 
O Sol é muitíssimo maior do que a Terra, e está ainda tão quente que é como uma 
enorme bola incandescente, que inunda o espaço em torno com luz e calor. Nós aqui 
na Terra não poderíamos passar muito tempo sem a luz e o calor que nos vêm do 
Sol, apesar de sabermos produzir aqui mesmo tanto luz como calor. Realmente 
podemos acender uma fogueira para obtermos luz e calor. Mas a madeira que 
usamos veio de árvores, e as plantas não podem viver sem luz. Assim, se temos 
lenha, é porque a luz do Sol tornou possível o crescimento das florestas. 
Definindo, dividindo e citando exemplos 
Ao definir, o autor, de forma clara e concisa, conceitua o objeto, ser, fato ou 
fenômeno apresentado, esta, pode envolver ou não a divisão e citação de exemplos; 
estas, por sua vez, podem acompanhar uma definição ou serem usadas isoladamente 
desta e uma da outra. Quando divide, o autor explora as idéias em cadeia, ou seja, 
após apresentar a temática no tópico frasal, divide-a e explana-a em períodos 
seguintes, sempre de forma a manter a cadeia de desenvolvimento. Ao exemplificar, 
o autor tanto pode estar esclarecendo o assunto proposto quanto comprovando-o. 
Exemplo: 
Toda esta alma de Santo [Antero] morava, para tornar o homem mais estranhamente 
cativante, num corpo de Alcides [sobrenome patronímico de Hércules]. Antero foi 
na sua mocidade um magnífico varão (tópico frasal constituído por dois períodos de 
sentido equivalente). Airoso e leve (detalhe), marchava léguas (exemplo geral), em 
rijas caminhadas (exemplo específico) que se alongavam até à mata do Bussaco: 
com a mão seca e fina, de velha raça (detalhe), levantava pesos (exemplo específico) 
que me faziam gemer a mim, ranger todo, só de o contemplar na façanha; jogando o 
sabre para se adestrar (exemplo) tinha ímpetos de Roldão (detalhe por comparação), 
os amigos rolavam pelas escadas, ante o seu imenso sabre de pau, como mouros 
desbaratados: — e em brigas que fossem justas o seu murro era triunfal (detalhe). 
Conservou mesmo até à idade filosófica este murro fácil: e ainda recordo uma noite 
na rua do Oiro, em que um homem carrancudo, barbudo, alto e rústico como um 
campanário, o pisou, brutalmente, e passou, em brutal silêncio... O murro de Antero 
foi tão vivo e certo, que teve de apanhar o imenso homem do lajeado em que 
rolara... 
Exemplo: 
Como as caravanas do deserto africano, a primeira virtude dos bandeirantes é a 
resignação, que é quase fatalista, é a sobriedade levada ao extremo. Os que partem 
não sabem se voltam e não pensam mais em voltar aos lares, o que frequentes vezes 
sucede. As provisões que levam apenas bastam para o primeiro percurso da jornada; 
daí por diante, entregues à ventura, tudo é enigmático e desconhecido. 
Exemplo: 
Analogia é um fenômeno de ordem psicológica, que consiste na tendência para 
nivelar palavras ou construções que de certo modo se aproximam pela forma ou pelo 
sentido, levando uma delas a se modelar pela outra. Quando uma criança diz fazi e 
cabeu, conjuga essas formas verbais por outras já conhecidas, como dormi e 
correu. 
Exemplo: 
A vocação literária é sempre concreta. Manifesta-se como tendência, não só à 
atitude geral, mas ainda a este ou àquele gênero de atitude. Entre as inúmeras 
posições possíveis (e neste terreno as classificações chegam às maiores minúcias), 
há cinco a marcar bem nitidamente inclinações diferentes do gênio criador — o 
lirismo, a epopéia, o drama, a crítica e a sátira. O lirismo é a expressão da própria 
alma. A epopéia, a representação narrativa da vida. O drama, a representação ativa 
dela. A crítica, o juízo sobre a criação feita. E a sátira, a caricatura dos caracteres 
(...) 
Exemplo: 
De várias espécies são as condições susceptíveis de influir sobre a literatura. 
Podemos mencionar quatro ordens principais de condições desse gênero — 
geográficas, biológicas, psicológicas e sociológicas. 
Mostrando causa, motivo ou razão; consequência ou efeito 
Desenvolve-se assim o parágrafo, esclarecendo a causa, motivo ou razão, bem como 
a consequência ou efeito do acontecimento ou fato apresentado como idéia 
principal. O desenvolvimento do parágrafo por apresentação de razões e 
consequências ocorre quando se trata de justificar uma declaração ou opinião 
pessoal a respeito de atos ou atitudes do homem, e que se deve falar em relação de 
causa e efeito, quando se procura explicar fatos ou fenômenos, quer das ciências 
naturais, quer das sociais. 
Exemplo: 
Tanto do ponto de vista individual quanto social, o trabalho é uma necessidade, não 
só porque dignifica o homem e o provê do indispensável à sua subsistência, mas 
também porque lhe evita o enfado e o desvia do vício e do crime. 
Exemplo: 
Esta Cidade já não é mais a capital oficial do País, mas continua sendo a capital do 
povo brasileiro, quer queiram, quer não. E a capital política, embora as Câmaras 
(alta e baixa) estejam em Brasília, de onde nos vêm, diluídos e distantes, 
amortecidos e mudados, os ecos das agitações parlamentares. Aqui funcionou o 
Brasil; aqui encontrou a sua síntese, o seu centro de gravidade, esse complexo que é 
o nosso País unificado e íntegro. Aqui, ainda hoje, está a capital brasileira, sensível, 
viva, martirizada, crivada de setas como o seu próprio padroeiro. Nas ruas, nas 
casas, nos locais de encontro concentra-se a mais politizada das populações 
brasileiras. Aqui se sente, em profundidade, o desabar das terras que os nossos 
maiores constituíram em Nação. Aqui se ouve mais nitidamente o ruído das raízes 
do Brasil irem sendo pouco a pouco arrancadas. É um singular, um constrangedor 
espetáculo. Todas as mudanças são tristes quando significam não apenas novas 
folhagens ou florações, mas a grande mudança do essencial, da alma, a 
transmutação do que deveria ser permanenteem nós. 
Exemplo: 
A pressão exercida sobre um corpo sólido transmite-se desigualmente nas diversas 
direções por causa da forte coesão que dá ao sólido sua rigidez. Num líquido, a 
pressão transmite-se em todas as direções, devido à fluidez. Um líquido precisa de 
apoio lateral do vaso que o contém, porque a pressão do seu peso se exerce em todas 
as direções. Se um corpo for mergulhado num líquido, experimentará o efeito das 
pressões recebidas ou exercidas pelo líquido. 
QUALIDADES DO PARÁGRAFO 
A experiência nos ensina que os defeitos mais graves nas redações de alunos do 
curso fundamental — e até superior — decorrem menos dos deslizes gramaticais 
que das falhas de estruturação da frase, da incoerência das idéias, da falta de 
unidade, da ausência de realce. Quando o estudante aprende a concatenar idéias, a 
estabelecer suas relações de dependência, expondo seu pensamento de modo claro, 
coerente e objetivo, a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não 
chegam a invalidar a redação. Isoladamente, unidade e coerência têm características 
próprias, mas quase sempre a falta de uma resulta da ausência da outra. A primeira 
pode ser em grande parte conseguida graças ao expediente do tópico frasal; a 
segunda depende principalmente de uma ordem adequada e do emprego oportuno 
das partículas de transição (conjunções, advérbios, locuções adverbiais, certas 
palavras denotativas e os pronomes). Em síntese, a unidade consiste em dizer uma 
coisa de cada vez, omitindo-se o que não é essencial ou que não se relaciona com a 
idéia predominante no parágrafo. Evitem-se, portanto, digressões descabidas e 
indiquem-se de maneira clara as relações entre a idéia principal e as secundárias. 
Exemplo com falta de unidade: 
Acabam de chegar a Cuba reforços militares da União Soviética para o regime 
comunista de Fidel Castro. A condecoração de "Che" Guevara, um dos 
colaboradores casuistas, pelo ex-presidente Jânio Quadros, por afrontosa, 
escandalizou a opinião pública e contribuiu para a sua renúncia. 
Pergunta-se: qual é a idéia principal desse parágrafo? A chegada de reforços, a 
condecoração, o escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente? Se é a 
chegada de reforços, que relação há — ou mostrou seu autor haver — entre esse fato 
e os restantes? Há, sem dúvida, uma relação implícita, histórica, ocasional, entre as 
três personagens referidas, mas não entre suas ações indicadas no trecho. Falta, pois, 
ao parágrafo qualquer traço de unidade, coerência e ênfase. Para consegui-lo, seria 
necessário dar-lhe uma nova estrutura. Uma das versões possíveis seria esta: 
Acabam de chegar a Cuba reforços militares da União Soviética para o regime 
comunista de Fidel Castro. Pois foi a um dos colaboradores casuístas — "Che" 
Guevara — que o ex-presidente Jânio Quadros condecorou, escandalizando a 
opinião pública e contribuindo para a sua própria renúncia. 
Outra versão: 
Com a chegada a Cuba de reforços militares da URSS para o regime comunista de 
Fidel Castro, a condecoração de "Che" Guevara pelo èx-presi-dente Jânio Quadros 
— gesto que talvez tenha contribuído para sua renúncia — toma-se ainda mais 
afrontosa à opinião pública. 
Assim, nesta última versão estão mais ou menos razoavelmente evidenciadas as três 
principais qualidades do parágrafo (que no caso são também do período): 
a) unidade: uma só idéia predominante; 
b) coerência: relação (no caso, de consequência) entre essa idéia predominante e as 
secundárias; 
c) ênfase: a idéia predominante não apenas aparece sob a forma de oração principal 
mas também se coloca em posição de relevo, por estar no fim ou próximo ao fim do 
período-parágrafo. 
COMO CONSEGUIR UNIDADE 
1. Use, sempre que possível, um tópico frasal explícito; 
2. Evite pormenores impertinentes, acumulações desnecessárias e redundâncias; 
Exemplo: 
Quando eu tinha quatro anos de idade e morava com uma tia viúva e já idosa, que 
passava a maior parte do dia acariciando um gatarrão peludo sentada numa velha e 
rangente cadeira de balanço, na sala de jantar da nossa casa, que ficava nos subúrbios, 
próxima ao Hospital São Sebastião, já era louco por futebol. 
Quando eu tinha quatro anos e morava com uma tia viúva e idosa, numa casinha dos 
subúrbios, já era louco por futebol. 
3. Frases entrecortadas frequentemente prejudicam a unidade do parágrafo; 
selecione as mais importantes e transforme-as em orações principais de períodos 
menos curtos; 
Original 
Saí de casa hoje de manhã muito cedo. Estava chovendo. Eu tinha perdido o guarda-
chuva. O ônibus custou a chegar. Eu fiquei todo molhado. Apanhei um bruto resfriado. 
Revisão 
Quando saí de casa hoje de manhã muito cedo, estava chovendo. Como tinha perdido o 
guarda-chuva e o ônibus custasse a chegar, fiquei todo molhado e apanhei um bruto 
resfriado. 
4. Ponha em parágrafos diferentes idéias igualmente relevantes, relacionando-as 
por meio de expressões adequadas à transição; 
Original: 
O Brasil de hoje empenha-se, com intenso esforço, na tarefa de vencer o seu 
subdesenvolvimento crônico. Muitos obstáculos, contudo, se opõem a esse propósito. 
Problemas inadiáveis, de importância fundamental, impedem o progresso do país. O 
crescimento industrial e a exploração de novas fontes de riqueza estão a exigir uma elite 
de técnicos capazes de realmente acionar o aproveitamento de nossas potencialidades 
econômicas em benefício do progresso nacional. As universidades vêm falhando 
lamentavelmente em virtude da sua incapacidade de prover a formação de técnicos em 
alto nível. Seus currículos desatualizados, a precariedade dos laboratórios, a ausência do 
espírito de pesquisa, o desamparo das autoridades, que se viciaram na rotina 
burocrática, e outros fatores constituem óbices ao preparo de profissionais capazes. 
Revisão: 
O Brasil de hoje empenha-se, com intenso esforço, na tarefa de vencer o seu 
subdesenvolvimento crônico. Entretanto, muitos obstáculos, representados por 
problemas inadiáveis, de importância fundamental, se opõem a esse propósito, 
dificultando o progresso do País. Ora, o crescimento industrial e a exploração de novas 
fontes de riqueza, com que nos livraremos do subdesenvolvimento, estão a exigir uma 
elite de técnicos capazes de realmente acionar o aproveitamento de nossas 
potencialidades econômicas. No entanto, as nossas universidades vêm falhando 
lamentavelmente na sua missão de formá-los, em virtude de vários fatores, tais como 
currículos desatualizados, precariedade dos laboratórios, ausência do espírito de 
pesquisa e desamparo das autoridades. 
Em conclusão: para conseguir unidade através da estrutura do parágrafo, deve o 
estudante: 
a) dar atenção ao que é essencial, enunciando claramente a idéia-núcleo em tópico 
frasal; 
b) não se afastar, por descuido, da idéia predominante expressa no tópico frasal; 
c) evitar digressões irrelevantes ou impertinentes, i.e., que não sirvam à fundamentação 
das idéias desenvolvidas. São cabíveis apenas as intencionais, e não as que decorrem 
somente de associações de idéias num ludismo de palavra-puxa-palavra. Mas, de 
qualquer forma, nunca devem as digressões ser mais extensas do que o próprio 
desenvolvimento do pensamento central, a que o autor deve voltar logo, dentro do 
mesmo parágrafo, e não no seguinte; 
d) evitar a acumulação de fatos ou pormenores que "abafem" a idéia-núcleo; 
e) inter-relacionar as frases ou estágios do desenvolvimento por meio de conectivos de 
transição e palavras de referência adequados à coerência, da qual depende também, em 
grande parte, a unidade. 
COMO OBTER COERÊNCIA 
A coerência consiste em ordenar e interligar as idéias de maneira clara e lógica e de 
acordo com um plano definido.Sem coerência é praticamente impossível obter-se ao 
mesmo tempo unidade e clareza. Ela é, por assim dizer, a "alma" da composição. Em 
geral, escrevemos à medida que as idéias nos vão surgindo: mas, como nosso raciocínio 
nem sempre é lógico, ocorrem lapsos, hiatos e deslocações extremamente prejudiciais à 
coerência e à clareza. Para evitar esse inconveniente, torna-se necessário planejar o 
desenvolvimento das ideias. Ordem e transição constituem, pois, os principais fatores 
de coerência. 
ORDEM LÓGICA 
Na dissertação, nas explanações didáticas, na exposição em geral, é importantíssima a 
ordenação lógica das idéias. Pode-se iniciar o parágrafo por uma generalização, 
acrescentando-se fatos ou detalhes que a fundamentem (método dedutivo), ou partir dos 
detalhes (especificação) para chegar à conclusão (método indutivo). Se se estabelecem 
relações de causa e efeito, pode-se começar pela apresentação da primeira, enumerando-
se depois as consequências, ou adotar processo inverso. No parágrafo que damos a 
seguir, a ordem lógica é evidente. Ele se inicia com uma generalização (tópico frasal), 
seguindo-se as especificações que a fundamentam, e termina por uma conclusão 
claramente enunciada, em que se amplia o sentido da declaração introdutória: 
A mocidade é essencialmente generalizadora. Os casos particulares não interessam. A 
análise, exigindo demora e paciência, repugna ao espírito imediatista da mocidade, que 
não quer apenas mas quer já. E quer em linhas gerais que tudo abranjam. Esse espírito 
de fácil generalização leva os moços a concluírem com facilidade e a julgarem de tudo e 
de todos com precipitação e vasta dose de suficiência. Tudo isso, porém, é utilíssimo 
para os grandes empreendimentos que exigem certa dose de temeridade para serem 
levados avante. A mocidade é naturalmente totalitária e as soluções parciais não lhe 
interessam ou pelo menos não a satisfazem. 
PARTÍCULAS DE TRANSIÇÃO E PALAVRAS DE REFERÊNCIA 
Devemos cuidar da transição entre as idéias, da conexão entre elas. Palavras 
desconexas são como fragmentos de um jarro de porcelana. É preciso "colá-las", 
interligá-las para se obter uma unidade de comunicação eficaz. 
a) Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, primeiramente, 
acima de tudo, precipuamente, mormente, principalmente, primordialmente, 
sobretudo; 
b) Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade, 
simultaneidade, eventualidade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, 
logo após, a princípio, pouco antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, 
em seguida, afinal, por fim, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, 
constantemente, às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre, 
raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse ínterim, nesse 
meio tempo, enquanto isso; 
c) Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim 
também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por 
analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, 
conforme, sob o mesmo ponto de vista; 
d) Adição, continuação: além disso, (a)demais, outrossim, ainda mais, ainda por 
cima, por outro lado, também — e as conjunções aditivas (e, nem, não só... mas 
também, etc); 
e) Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe? é provável, 
não é certo, se é que; 
f) Certeza, ênfase: de certo, por certo, certamente, indubitavelmente, 
inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza; 
g) Causa e consequência: daí, por consequência, por conseguinte, como resultado, 
por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito; 
h) Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, 
exceto, menos; 
NORMAS OU SUGESTÕES PARA REFUTAR ARGUMENTOS 
Whitaker Penteado arrola algumas sugestões para refutar idéias ou argumentos. 
1. Procure refutar o argumento que lhe pareça mais forte. Comece por ele; 
2. Procure atacar os pontos fracos da argumentação contrária; 
3. Utilize a técnica de “redução às últimas consequências”, levando os argumentos 
contrários ao máximo de sua extensão; 
4. Veja se o opositor apresentou uma evidência adequada ao argumento empregado; 
5. Escolha uma autoridade que tenha dito exatamente o contrário do que afirma o seu 
opositor; 
6. Aceite os fatos, mas demonstre que foram mal empregados; 
7. Ataque a fonte na qual se basearam os argumentos do seu opositor; 
8. Cite outros exemplos semelhantes, que provem exatamente o contrário dos 
argumentos que lhe são apresentados pelo opositor; 
9. Demonstre que a citação feita pelo opositor foi deturpada, com a omissão de palavras 
ou de toda a sentença que diria o contrário do que quis dizer o opositor; 
10. Analise cuidadosamente os argumentos contrários, dissecando-os para revelar as 
falsidades que contêm. 
EXERCÍCIOS 
O Brasil é a primeira grande experiência que faz na história moderna a espécie 
humana para criar um grande país independente, dirigindo-se por si mesmo, debaixo 
dos trópicos. Somos os iniciadores, os ensaiadores, os experimentadores de uma das 
mais amplas, profundas e graves empresas que ainda se acharam em mãos da 
humanidade. Os navegadores das descobertas que chegaram até nós impelidos pela 
vibração matinal da Renascença, cumpriram um feito que terminava com o triunfo 
na luz da própria glória; belo era o país que descobriram, opulenta a terra que 
pisavam, maravilhoso o mundo que em redor desdobrava; podiam voltar, contentes, 
que tudo para eles se cumprira. 
TÓPICO FRASAL (TESE): 
Até fins da década passada, possuir um tapete oriental no Brasil era privilégio de 
alguns poucos colecionadores particulares. Com a abertura das importações e 
consequente diminuição das taxas, a oferta dessas peças aumentou 
significativamente nos anos 90, provocando uma crescente curiosidade sobre o 
assunto. Por isso, e também pelo quase total desconhecimento dos consumidores 
brasileiros sobre a matéria, nos sentimos compelidos a elaborar este trabalho. 
TÓPICO FRASAL (TESE): 
A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja 
estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma 
minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores 
ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a 
metade do salário mínimo,. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde 
há crianças e mulheres, a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o 
número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham 
cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, 
ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham 
prova que a distribuição de renda em nosso país é injusta. 
TÓPICO FRASAL (TESE): 
Regime, ginástica e cama 
A falta de sono adequado é, definitivamente, um fator de risco isolado para o ganho 
de peso. A matemática da perda de peso é simples. O consumo de calorias deve ser 
inferior ao total de energia gasta pelo organismo. Nos últimos cinco anos, porém, 
uma série de estudos vem demonstrando que um terceiro fator deve ser incluído na 
equação do emagrecimento - o sono. Como a má alimentação e o sedentarismo, uma 
sucessão de noites mal dormidas pode condenar ao fracasso qualquer luta contra a 
balança. A pesquisa mais recente e uma das mais intrigantes sobre o assunto foi 
publicada na revista científica americana Annals of Internal Medicine. Conduzida 
por médicos da Universidade de Chicago, ela demonstrou que, em períodos de 
pouco sono, a queima de gordura corporal é 55% menore a perda de massa magra, 
60% maior. "Perder massa magra significa perder músculos, e isso é ruim porque 
leva à desaceleração do metabolismo e faz com que a pessoa ganhe peso com mais 
facilidade", diz o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente eleito da 
Associação Internacional para o Estudo da Obesidade. Em outras palavras: dormir 
pouco favorece o efeito sanfona, a grande questão de quem tenta se livrar dos quilos 
em excesso. 
1) Nesse texto, a ideia principal defendida pelo autor é que a 
A) falta de sono está relacionada ao ganho de peso. 
B) má alimentação derruba a luta contra a balança. 
C) perda de massa magra é maior com pouco sono. 
D) perda de massa magra desacelera o metabolismo.

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