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1 AULA 03 3 BARRAS AXIALMENTE TRACIONADAS Os elementos metálicos quando solicitados, podem ser divididos em dois grupos distintos: os tracionados e os comprimidos, entendendo-se assim inclusive os submetidos à flexão, que possuirão uma região tracionada e outra comprimida. Quando comprimidos, os elementos metálicos podem atingir a ruptura por escoamento ou, o que é mais comum, atingem a ruptura por perda de estabilidade (flambagem) global ou local. Aos elementos tracionados aplicam-se dois estados limites últimos: - E.L de escoamento da seção bruta, e - E.L. de ruptura da seção líquida efetiva. De acordo com a resistência dos materiais, barras submetidas a tração axial têm distribuição constante de tensões normais na área bruta, isto é, na seção transversal sem furos, figura 3.1a, sendo esta situação predominante ao longo de quase a totalidade da barra. Portanto a fim de evitar deformações excessivas da barra, limita-se a tensão máxima que poderá agir nesta como sendo a tensão de escoamento da material (verificação do E.L. de escoamento da seção bruta). O mesmo não ocorre na área liquida, isto é, na seção com furos. Neste caso, a distribuição das tensões normais é variável, podendo o valor máximo, junto á borda do furo, atingir cerca de três vezes o valor médio, figura 3.1b. Neste caso como a região envolvida é diminuta em relação ao restante da peça e para propiciar a redistribuição plástica das tensões, permiti-se que seja atingida a tensão de ruptura do material (verificação do E.L. de ruptura da seção líquida efetiva). 2 Figura 3.1 – Distribuição das tensões normais nas barras tracionadas 3.1- Resistência de cálculo Segundo a NBR8800:2008 as verificações da resistência de cálculo das barras tracionadas para os dois estados limites últimos citados, são apresentadas a seguir: Estado limite de escoamento da seção bruta: 1 , . a yg Rdt fA N Onde: a1 = coeficiente redutor igual à 1,1 Ag = área bruta da seção transversal, fy = tensão de escoamento do aço. Estado limite de ruptura da seção líquida efetiva: 2 |, . a ue Rdt fA N Onde: a2 = coeficiente redutor igual à 1,35 Ae = área líquida efetiva, fu = tensão de ruptura do aço. 3 3.2 Áreas de Cálculo 3.2.1 Área Bruta - A área bruta Ag da seção transversal de uma barra é igual á soma dos produtos, em cada elemento da seção, da espessura pela largura bruta, medida perpendicularmente ao eixo da barra, ver figura 3.2. Para cantoneiras, a largura bruta é a soma das abas menos sua espessura, ver ainda a figura 3.2. Figura 3.2 – Área bruta de barras tracionadas 3.2.2 Área Líquida - A área líquida An de uma seção qualquer de uma barra é calculada substituindo-se, na definição da área bruta, a largura bruta pela largura liquida. Para calcular a largura liquida, devem ser seguidas as condições: a) A largura dos furos deve ser tomada 2mm a mais que seu valor nominal. Para furos padrões, o diâmetro do furo é 1,5mm maior que o diâmetro real do parafuso, assim: df = dp + 1,5 +2,0 (mm) onde: df = diâmetro da furo dp = diâmetro do parafuso b) No caso de furos distribuídos transversalmente ao eixo da barra - em diagonal a este eixo ou em ziguezague (figura 3.3) - calcula-se a largura líquida deste elemento conforme o seguinte procedimento: b1) Deduzem-se, da largura bruta, as larguras de todos os furos em cadeia. 4 b2) Para cada linha entre dois furos – oblíqua á seção transversal - soma-se o valor: s2/ 4g onde (s) e (g) são, respectivamente, os espaçamentos longitudinal e transversal, entre estes dois furos. b4) A largura líquida crítica deste elemento é dada pela cadeia de furos, que tem a menor largura líquida, dentre todas possibilidades de linhas de ruptura, ver figura 3.3. Figura 3.3 – Largura líquida crítica de elementos tracionados c) Para cantoneiras o espaçamento transversal (g), entre furos de abas diferentes, é igual á soma das distâncias dos centros dos furos á aresta da cantoneira, menos sua espessura, como mostrado na figura 3.4. Figura 3.4 – Espaçamento transversal entre furos em abas de cantoneiras 5 3.2.3 Área Líquida Efetiva - Define-se a área liquida efetiva Ae pela expressão: Ae = Ct An Onde: Ct é o coeficiente redutor da área líquida, este considera a influência da distribuição não uniforme de tensões na seção transversal do perfil, na região da ligação, quando este não esta conectado por todos seus elementos. O valor de Ct é avaliado conforme as seguintes condições: a) se a força de tração é transmitida a todos elementos da seção, por ligações parafusadas ou soldadas: Ct = 1,0 b) quando a força de tração for transmitida somente por soldas transversais: g c t A A C Onde: Ac é a área da seção transversal dos elementos conectados; Ag é área bruta da seção transversal da barra. 6 c) nas barras com seções transversais abertas, quando a força de tração for transmitida somente por parafusos ou somente por soldas longitudinais ou ainda por uma combinação de soldas longitudinais e transversais para alguns , mas não todos, os elementos da seção transversal: c c t l e C 1 (0,6 Ct 0,9) Onde: ec é a excentricidade da ligação, igual à distância do centro geométrico da seção da barra, G, ao plano de cisalhamento da ligação. lc , nas ligações soldadas, é o comprimento da ligação, igual ao comprimento da solda e nas ligações parafusadas é a distância do primeiro ao último parafuso da linha de furação com maior número de parafusos, na direção da força axial; FIGURA – Ilustração dos valores de ec e lc. ec lc 7 d) para chapas, quando a força de tração for transmitida por soldas longitudinais ao longo de ambas bordas, ver figura 3.6, o comprimento (l) das soldas deve ser, no mínimo, igual á largura (b) da chapa e, conforme seja a relação entre (l) e (b), devem ser adotados os seguintes valores: b l < 1,5b.................Ct = 0,75 1,5b l < 2b...............Ct = 0,87 l 2b .........................Ct = 1,00 Figura 3.6 – Chapas tracionadas ligadas por meio de solda longitudinal e) nas barras com seções tubulares retangulares, quando a força de tração for transmitida por meio de uma chapa de ligação concêntrica ou por chapas de ligação em dois lados opostos da seção, desde que o comprimento da ligação, lc, não seja inferior a dimensão da seção na direção paralela a chapa de ligação: c c t l e C 1 FIGURA – Ilustração do valor de ec em seção tubular retangular (fonte NBR8800:2008) 8 f) nas barras com seções tubulares circulares, quando a força de tração for transmitida por meio de uma chapa de ligação concêntrica : - se o comprimento da ligação, lc, for superior ou igual a 1,30 do diâmetro externo da barra; 1tC - se o comprimento da ligação estiver compreendido entre o diâmetro externo da barra e 1,30 vezes este diâmetro; c c t l e C 1 FIGURA – Ilustração do valor de ec em seção tubular circular (fonte NBR8800:2008) 3..3 Verificação do índice de esbeltez Com exceção de tirantes em barras redondas pré-tensionadas, o índice de esbeltez ( = l/r ) de barras tracionadas não deve superar... 300 Esta limitação tem por finalidade evitar vibrações ou deformações quando do manuseio da estrutura (carga, transporte, descarga e montagem). 9 BIBLIOGRAFIA: - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e Execução de Edificações em Estruturas de aço – NBR 8800. Rio de Janeiro, 1986. - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios - Procedimento – NBR 8800. Rio de Janeiro, 2008 - ANDRADE, P. B. Curso básicode estruturas de aço. Belo Horizonte: IEA Editora, 1994 - MALITE, M; et al. Elementos de estruturas de aço – dimensionamento. São Carlos, 1993 10 Exercícios propostos: 01) Verificar qual a máxima solicitação de cálculo que uma chapa de 200x10mm, em aço ASTM A-36 suporta na tração, para duas situações de furação: 1a Situação: g = 60mm s = 30mm dp = 16mm 2a Situação: g = 40mm s = 60mm dp = 16mm
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