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Sociedade, Comunicação e Cultura Aula 09 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 09: A origem da sociedade capitalista Objetivo: Compreender a origem da sociedade capitalista para compreender a sociedade atual, além de apresentar as consequências do desenvolvimento capitalista ao longo da história e as mudanças que ele imprimiu em todos os ambitos da sociedade. Origem da sociedade capitalista Objetivo: Ilustrar aula. O marco inicial do sistema capitalista se deu na Europa dos séculos IV a XIV (301-400 a 1301-1400 d. C.), na passagem da Idade Média para a Idade Moderna. Nesse período, acirram-se os conflitos entre a monarquia e os burgueses – nova classe social que foi surgindo com o renascimento comercial e urbano. Em toda a Europa, a organização social e econômica era ligada ao trabalho rural e à propriedade da terra. Os burgueses, além de donos de terras, eram visionários que ampliaram seus negócios e buscaram o lucro através de atividades comerciais nos chamados burgos¹. A corrida por ascensão era grande e bem disputada pelos já chamados homens de negócios. Foi nesse contexto de mudanças e de grande circulação de bens, produtos e, logicamente, de dinheiro, que a economia se desenvolveu e, por causa do acúmulo de riquezas, do controle dos sistemas de produção e da expansão dos negócios que surgiram as figuras dos cambistas e banqueiros, dando origem ao embrião do nosso sistema capitalista. No entanto, esse processo de mudanças não foi rápido; foram precisos pelo menos três séculos para que a Europa saísse dos domínios dos senhores feudais, ou seja, nobreza e alto clero. Exatamente por ser a terra a grande fonte de riquezas é que se perpetuou por muito tempo uma espécie de relação de poder perversa, pois se de um lado existia a nobreza, do outro a maioria das pessoas era forçada a trabalhar nas terras feudais para sobreviver e, ainda, pagando altos tributos pelo uso dessa terra. Não havia vantagem alguma para os servos pobres. As desigualdades, que não são novidade para nós, também foram a marca principal desse período, pois nesta sociedade de base agrária, na qual as cidades quase não existiam (eram pouco mais de pequenas aldeias e lugarejos) o comércio era escasso e o pensamento religioso ditava as regras para todos. É somente a partir do século XIV que esse mundo já em ebulição começou a se transformar rapidamente, levando a Europa para caos urbano-industrial. Sair do Feudalismo para o capitalismo foi uma verdadeira revolução, considerada um passo de gigante que teve diversos momentos e dimensões diferentes. Conforme Hobsbawm (1977, p. 205): “a transição do feudalismo para o capitalismo é, portanto, um processo longo que nada tem de uniforme. Cobre pelo menos cinco ou seis fases”, pois não houve apenas um Feudalismo, mas vários nos diversos países europeus tendo cada um deles moldado a sua maneira. No entanto, a principal mudança foi a revolução econômica, que alterou profundamente as relações de trabalho e mudou o perfil da sociedade estratificada em apenas dois estamentos², pois a partir daí surgiu um novo grupo social, o dos comerciantes e artesãos livres, que ganhou força e importância por serem pessoas que não dependiam da terra: seu trabalho era livre e suas atividades puramente urbanas. Além de formarem uma categoria social e profissional distinta das já estabelecidas, passaram a investir fortemente na produção e introduziram novas máquinas e técnicas de produção manufatureira. Ainda que primitivas, estas manufaturas formaram as primeiras indústrias de produção na Antiguidade. Eles contratavam vários empregados (assalariados) e o trabalho era dividido em diversas funções numa escala que pudesse acelerar o processo de produção. Nessa divisão interna de funções, cada trabalhador era responsável por apenas uma parte da produção e o trabalho parcelado em inúmeras atividades com melhores máquinas e técnicas, até chegar ao produto final. Essa divisão social do trabalho que se deu entre os séculos XVIII e XIX é o marco da Revolução Industrial, cuja dimensão econômica deu origem ao capitalismo. Segundo Oliveira (2003): O desenvolvimento da produção no capitalismo é movido pelo desejo de lucro. É para aumentar os seus lucros que os capitalistas procuram aumentar a produção, por meio dos aperfeiçoamentos técnicos, da exigência de maior produtividade dos operários, de uma maior racionalização do processo de produção. (p. 108) Foi esse modelo de comércio e manufatura o responsável pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas de produção e aumento das atividades industriais, bem como da urbanização acelerada e do enriquecimento dos poucos proprietários que detinham os meios de produção e constituiam a classe empresarial (a burguesia) e da exploração da maioria de pessoas que vendiam sua capacidade de trabalho por um salário (o proletariado). Conforme Meksenas (1992): A intensa urbanização do nosso século é fruto desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é. Agora sob a sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é mais a terra, mais sim a propriedade de fábricas, maquias, bancos, isto é, a propriedade dos meios de produção. Assim, os poucos proprietários dos meios de produção se constituem na classe imperial (burguesia), enquanto uma imensa maioria de pessoas não-proprietárias se constitui na classe trabalhadora (proletariado), que para sobreviver, troca sua capacidade de trabalho por salário. (p. 43-44). Como consequência desse processo, também se destaca uma revolução política que mudou de vez as relações socioeconômicas e políticas, pois a antiga nobreza feudal perdeu sua hegemonia de poder para a classe burguesa, detentora de um poder econômico mais forte e que passou a organizar a política com base nos seus próprios interesses e não mais se subjugando aos desmandos do clero e dos senhores feudais. É a partir do fortalecimento dessa burguesia que nasceu os primeiros ideais de um Estado moderno, com representantes eleitos pelo povo para defender seus interesses e regidos por uma constituição. Criou-se o parlamento, no qual todas as dimensões políticas dão uma aparência de democracia e onde o Estado se sobrepõe aos interesses de classe e tem como propósito organizar a sociedade em prol do desenvolvimento humano e igualitário. Este é o início do que chamamos de democracia burguesa, que derrubou o absolutismo monárquico e impera até os nossos dias, propagando uma visão de mundo em que a ideia de progresso é associada à de enriquecimento e da individualidade. Considerações finais Ao final desta aula, é possível perceber que o sistema capitalista é mais antigo do que pensamos. Em nome da modernidade, ele vai envolvendo tudo e todos de forma que nos sentimos aprisionados: não temos como escapar de suas teias. A ordem do dia é o consumo, a exploração da mão de obra e dos recursos naturais até seu esgotamento em nome de um bem, supostamente, maior: o desenvolvimento. Na próxima aula, veremos que o capitalismo foi divido em fases que explicamsua evolução até hoje. Por enquanto, dê uma passada pelo AVA e desenvolva as atividades propostas. Caso surja alguma dúvida, procure seu professor e a esclareça. Saiba mais Burgo1: designa, geralmente, uma cidade comercial que se desenvolvia fora das muralhas do núcleo urbano primitivo. Surgiram na Baixa Idade Média, na época da decadência feudal e crescimento comercial e urbano. Por essa época, grande parte da população abandonou as plantações e foi viver nas aldeias próximas aos muros dos castelos e dos mosteiros. Os habitantes dos burgos dedicavam-se ao comércio e à produção artesanal, que era realizada pelo mestre em sua oficina. Seus habitantes eram chamados de burgueses, crescendo em poder econômico de modo que no século XIX formaram a burguesia. Estamento2: constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as classes e mais abertas do que as castas, reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra. Vale a pena conferir Filmes que valem a pena serrem vistos: 1. Tempos modernos (EUA, Reino Unido, França, 1936): filme em que o famoso personagem de Chaplin, "Vagabundo" (The Tramp), tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e à industrialização. É considerado uma forte crítica a capitalismo, militarismo, liberalismo, conservadorismo, stalinismo, fascismo, nazismo e imperialismo, bem como aos maus tratos que os empregados passaram a receber depois da Revolução Industrial. 2. Capitalismo – Uma história de amor (EUA, 2009): Michael Moore apresenta uma análise de como o capitalismo corrompeu os ideais de liberdade previstos na Constituição dos Estados Unidos. 3. The Corporation (EUA, 2003): A Corporação é um documentário que analisa a fundo o poder das grandes empresas, ou seja, grandes corporações. O filme fala desde o nascimento desse tipo de negócio até o predomínio de suas atividades no mundo atual, refletindo desde a Revolução Industrial até as vitórias legislativas que permitiram que empresas e cientistas chegassem a patentear boa parte da vida natural. * O QR Code é um código de barras que armazena links às páginas da web. Utilize o leitor de QR Code de sua preferência para acessar esses links de um celular, tablet ou outro dispositivo com o plugin Flash instalado. REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas da filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005. _______. Filosofando, introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993. CHAUÍ, Marilena. Unidade 8: O mundo da prática. Capítulo 1: A cultura. In: Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995. HOBSBAWM, Eric. Do feudalismo para o capitalismo. In: A transição do feudalismo para o capitalismo – um debate por Paul Sweezy e outros. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. MEKSENAS, Paulo. Sociologia. São Paulo: Cortez, 1992. OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à sociologia. 25. ed. São Paulo: Ática, 2004. SOARES, G.; ALMEIDA, J.; VERGILI, R. Comunicação no mercado financeiro: um guia para relações com investidores. São Paulo: Saraiva, 2010.
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