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Sociedade, Comunicação e Cultura Aula 13 Os direitos desta obra foram cedidos à Universidade Nove de Julho Este material é parte integrante da disciplina oferecida pela UNINOVE. O acesso às atividades, conteúdos multimídia e interativo, encontros virtuais, fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos diretamente no ambiente virtual de aprendizagem UNINOVE. Uso consciente do papel. Cause boa impressão, imprima menos. Aula 13: Aspectos positivos e negativos da globalização Objetivo: Analisar os aspectos positivos e negativos da globalização, suas vantagens e desvantagens, prós e contras na economia, cultura e ciências, além de sua relação com desemprego, crises mundiais, especulação financeira e problemas cambiais. Principais aspectos positivos da globalização A globalização, como vimos na aula passada, é algo maior do que possamos mensurar. Ela é, conforme Giddens (2000), o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. O geógrafo Milton Santos (2011) genuinamente descreveu a globalização como um processo que deve ser analisado a partir da existência de ao menos três mundos num só: como fábula, como perversidade e como possibilidade, pois, segundo o próprio autor, explicações mecanicistas não abrangem a complexidade do mundo atual, materialmente fabricado pelo homem, responsável pela criação da “Torre de Babel” que vive a nossa era globalizada. O mundo como nos fazem vê-lo – a globalização como fábula: dá a falsa ideia de que todos fazem parte dos sistemas mundiais de comunicação, que informa a todos, e há consumo exacerbado. Que todos, conforme Duarte (1998), partilhamos os mesmos valores e vivemos o paradoxo de estarmos envolvidos num amálgama¹ informacional global. Um mundo em que a ideologização nos faz acreditar que a vida é mais fácil e inclusiva. O mundo como ele é – a globalização como perversidade: para a maior parte da humanidade é assim que ela funciona, pois se percebe cada dia mais o desemprego crescente, o aumento da pobreza, da violência, da queda da qualidade de vida, do desabrigo e da fome em todos os cantos do mundo. Há o surgimento de novas enfermidades como HIV/AIDS, o tráfico mundial de pessoas e a prostituição de menores, também em escala mundial. Constam, ainda, a aglomeração de pessoas nos centros urbanos, o aumento da mortalidade infantil, a competitividade em nada igualitária, o ressurgimento dos fundamentalismos, os conflitos locais em escala global, entre outros males mundiais. O mundo como ele pode ser – a globalização como possibilidade, como outra globalização: acreditando que a globalização atual não é um processo irreversível e que ainda podemos mudar os rumos da história universal com novo discurso e nova prática política, reconstrução das relações locais, abrindo a possibilidade de utilização dos sistemas técnicos atuais a serviço dos homens, considerando a verdadeira sociodiversidade. Por isso, deve-se considerar que a globalização, enquanto fenômeno mundial, tem muitos aspectos positivos e outros tantos que nos desafiam, como veremos. Aspectos econômicos Com a economia globalizada, o sistema de produção muda e as empresas abrem novas frentes de trabalho em busca de melhores condições de produção. A mesma empresa fabrica seus produtos em várias etapas e em vários países com o propósito de torná-lo mais barato para o consumidor. Para isso, abre filiais em países emergentes, como China, Índia, Brasil, África do Sul, nos quais a mão de obra qualificada é mais barata. Aspectos científicos Outro aspecto que a globalização favorece é a troca de tecnologia, o avanço nas pesquisas científicas e a troca de experiências entre os centros acadêmicos, de pesquisas e tecnologia de todo o mundo, proporcionando, de forma mais rápida e eficiente, avanços nas áreas de Medicina, Genética, Biomedicina, Física, Química, Astronomia, etc. Aspectos culturais Conhecer novos povos e culturas, ampliar o conhecimento sobre línguas, música, dança, moda ou o que quer que seja já deixou de ser um problema. Com a globalização impulsionada pela internet, tal intercâmbio tornou-se mais simples e rápido. Além das comunidades virtuais, que agregam pessoas de todo o mundo, aumentou o interesse por cultura, economia e política de outros países. Tais aspectos mudaram a visão de mundo das pessoas, aumentaram o turismo para lugares antes desconhecidos e, principalmente, o consumo de bens culturais. Principais aspectos negativos da globalização Apesar dos benefícios desse sistema que interliga tudo e todos, os desafios que a globalização impõe são enormes. Não tem como fecharmos os olhos para as desigualdades crescentes e cada vez mais visíveis exatamente por sua exposição nos meios de comunicação. O desemprego, as crises econômicas, a falência inesperada de empresas por causa das quedas nas bolsas de valores, a desconfiança com a flutuação do mercado financeiro, o aumento de impostos e, ao mesmo tempo, a sede de consumo desenfreado em nome da modernidade, entre outros. A desvalorização da mão de obra, a exploração dos meios de produção, o esgotamento de fontes de recursos naturais, como minérios e água, e o excesso de lixo e de materiais poluentes são apenas alguns dos problemas enfrentados por todos os países, que tentam driblar esses problemas assumindo compromisso com o desenvolvimento humano sustentável, a redução de poluentes na camada de ozônio, etc.: tentativas que, até então, se mostraram pouco eficientes. Mesmo com tanta tecnologia e aumento de produção, a pobreza e a miséria aumentam dia a dia, do mesmo jeito que aumenta o número de ricos e super-ricos na lista das nações. A meta dos governos mundiais é erradicar a pobreza, sem, contudo, acelerar a distribuição de rendas, o que se torna um grande empecilho para aqueles que não querem dividir seu quinhão. A globalização favorece a transferência de empresas e empregos para os países emergentes, como China, Índia, Cingapura, Taiwan, Malásia, entre outros, no entanto, apesar de abrir novas frentes de trabalho, mexe com a cultura local, provocando a falência do pequeno comércio, as mudanças nos hábitos culturais e a exploração da mão de obra, favorecendo as importações e desfavorecendo as exportações das empresas locais. Um dos exemplos desse processo é o próprio Brasil, que tem sofrido com a alta valorização do Real nos últimos anos, desde que os bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa despejaram elevadíssimo volume de moedas no mercado. A competitividade com esses países é extremamente desigual e o mercado não facilita a entrada de produtos daqui nesses países, há, por exemplo, o embargo ao suco de laranja, à carne e aos grãos. Essa internacionalização do capital provoca a interligação entre países num processo especulativo que acaba prejudicando muito a economia dos países que não conseguem controlar os fluxos de capital que entram e saem de um país em questões de segundo. É uma luta constante para entender e renovar as práticas comerciais e bancárias que perpassam as relações internacionais e que envolvem o mercado local. Considerações finais Conforme percebemos, a globalização tem aspectos tanto positivos quanto negativos e nos desafia a transformar o mundo numa realidade melhor e inclusiva; tarefa difícil diante da complexidade das relações geopolíticasque o mundo desenvolveu nas últimas décadas por causa da corrida do desenvolvimento capitalista. No entanto, conforme afirma Milton Santos, o processo não é irreversível, dá para, aos poucos, tomarmos consciência do mundo e provocar as mudanças, ainda que pequenas. Saiba mais Amálgama1: mistura de pessoas ou coisas heterogenias. Resultado da fusão de dois ou mais grupos diferentes que produzem algo de novo. Vale a pena conferir 1. O mundo global visto do lado de cá (2006), Direção: Silvio Tendler – é um documentário que discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o Terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos (1926–2001), gravada quatro meses antes de sua morte. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=GntDtPUdnvc>. 2. O documentário do item número 1 foi baseado no livro Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal, lançado pela editora Record, que explica, de forma clara e sem as obrigações de textos acadêmicos, como se deu esse processo pelo mundo e como ele é encarado pelos países mais pobres. É uma das leituras mais que obrigatórias para entender como se territorializam os processos econômicos e como, muitas vezes, eles podem ser vorazes e violentos com aqueles com menos condições de se defender. Agora entre no AVA e complete as questões propostas. Caso surja alguma dúvida, consulte seu professor. * O QR Code é um código de barras que armazena links às páginas da web. Utilize o leitor de QR Code de sua preferência para acessar esses links de um celular, tablet ou outro dispositivo com o plugin Flash instalado. REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Temas de Filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. DUARTE, Fábio. Global e Local no mundo contemporâneo: integração e conflito em escala global. São Paulo: Moderna, 1998. GIDDENS, Anthony. O mundo na era da globalização. 2. ed. Lisboa: Presença, 2000. HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. McLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg: a formação do homem tipográfico. São Paulo: Editora Nacional; Editora da USP, 1972. REIS, José. A globalização como metáfora da perplexidade? Os processos geo- econômicos e o “simples funcionamento dos sistemas complexos”. In: SANTOS, B. S. (org.). A Globalização e as Ciências Sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. SANTOS, B. S. (org.). A Globalização e as Ciências Sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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