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Livro Eletrônico Aula 02 Criminologia p/ PC-MA (Delegado) Pós-edital Professor: Renan Araujo 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo AULA 02 CRIMINOLOGIA E POLêTICA CRIMINAL. MODELOS TEîRICOS DA CRIMINOLOGIA. TEORIAS SOCIOLîGICAS. PREVENÌO DA INFRAÌO PENAL NO ESTADO DEMOCRçTICO DE DIREITO. PREVENÌO PRIMçRIA. PREVENÌO SECUNDçRIA. PREVENÌO TERCIçRIA. MODELOS DE REAÌO AO CRIME. CRIMINOLOGIA AMBIENTAL. SUMçRIO 1 MODELOS TEîRICOS ............................................................................................. 3 1.1 Criminologia cientfica e seus modelos tericos ............................................. 3 1.2 Teorias bioantropolgicas, psicodinmicas e psicopsicolgicas. O homem delinquente ................................................................................................................. 5 1.3 Teorias sociolgicas ....................................................................................... 8 1.3.1 Criminologia do consenso ................................................................................ 9 1.3.1.1 Escola de Chicago .................................................................................... 9 1.3.1.2 Teoria da associao diferencial (aprendizagem social ou social learning) ...... 10 1.3.1.3 Teoria das subculturas delinquentes ......................................................... 11 1.3.1.4 Teoria da anomia .................................................................................. 11 1.3.2 Criminologia do conflito ................................................................................ 12 1.3.2.1 Teoria do etiquetamento ou labeling approach ........................................... 12 1.3.2.2 Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal ........................................ 14 1.3.3 Criminologia ambiental ................................................................................. 16 1.4 A preveno penal no Estado Democrtico de Direito ................................... 18 1.4.1 Preveno primria ...................................................................................... 19 1.4.2 Preveno secundria ................................................................................... 19 1.4.3 Preveno terciria ....................................................................................... 19 1.4.3.1 Teoria absoluta da pena ......................................................................... 19 1.4.3.2 Teoria relativa e sua finalidade preventiva ................................................ 20 1.4.3.3 Teoria Mista (unificadora ou ecltica ou unitria) e sua dupla finalidade ........ 20 1.4.4 Programas de preveno de infraes penais ................................................... 21 2 CRIMINOLOGIA E POLêTICA CRIMINAL. CRIMINOLOGIA E CIæNCIAS CRIMINAIS 23 2.1 MODELOS DE REAÌO AO CRIME .................................................................. 24 2.1.1 Clssico ou dissuasrio ................................................................................. 24 2.1.2 Ressocializador ............................................................................................ 24 2.1.3 Restaurador ................................................................................................ 24 3 RESUMO .............................................................................................................. 25 4 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 31 5 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 40 6 GABARITO .......................................................................................................... 59 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Ol, meus amigos! Hoje, finalizando nosso pequeno curso, vamos falar sobre diversos temas importantes da criminologia: Modelos tericos, teorias sociolgicas, preveno penal, etc. Desejo a todos uma excelente maratona de estudos! Prof. Renan Araujo 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 1! MODELOS TEîRICOS 1.1!Criminologia cientfica e seus modelos tericos A criminologia enquanto cincia s surge no final do sculo XIX, e apesar de romper com o modelo criminolgico pr-cientfico, se valeu de algumas contribuies destas ÒpseudocinciasÓ para seu desenvolvimento. Pr-cientificamente podemos citar a: DEMONOLOGIA Explica o crime por meio da existncia do demnio. Focava muito nos doentes mentais, pois eram confundidos com possudos e endemoniados FISIONOMIA Foi a pseudocincia que mais se aproximou da criminologia positivista (ou positivismo criminolgico) do final do sculo XIX. Busca explicar o crime com base na aparncia do indivduo, na sua fisionomia, fazendo uma ligao entre o fsico e o psquico. Por meio das caractersticas fsicas seria possvel determinar se o indivduo era ÒbomÓ ou ÒmalÓ e, portanto, menos ou mais propenso prtica de delitos. Tem em DELLA PORTA o seu maior expoente (embora o precursor mais rudimentar tenha sido SÌO JERïNIMO). Curiosamente, a repercusso de tal pseudocincia foi to grande que chegou-se at mesmo ao conhecido ÒDITO DE VALRIOÓ1. FRENOLOGIA Os frenlogos se valem da contribuio da fisionomia para desenvolver sua teoria. Contudo, para esta teoria, o comportamento delitivo poderia ser explicado por meio da anlise do crnio, especificamente. Foi fundada e difundida por FRANOIS JOSEPH GALL. Para GALL o formato do crnio ir influenciar a atividade cerebral, podendo, pela anlise externa da caixa craniana, saber quais faculdades cerebrais so mais ou menos desenvolvidas e, assim, determinar as caractersticas psicolgicas da pessoa (agressividade, coragem, etc.), o que culmina na possibilidade de afirmar a propenso prtica de delitos. PSIQUIATRIA Surge com o francs PHILIPPE PINEL. Sua grande contribuio foi a diferenciao entre criminoso e enfermo mental. 1 ÒQuando se tem dvida entre dois presumidos culpados, condena-se o mais feioÓ (VIANA, Eduardo. CRIMINOLOGIA, 2¼ ed. 2014. Ed. Juspodivm. Pg. 24.) 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Tal diferenciao possibilitou o desenvolvimento da ideia de imputabilidade penal e de criao de estabelecimentos distintos para cada um (doente mental e criminoso). Ultrapassada esta fase pr-cientfica, a criminologia passa a tentar explicar o fenmeno do crime e o comportamento criminal de forma mais cientfica, utilizando-se do empirismo como ponto de partida. Seus PRINCIPAIS MODELOS TEîRICOS FORAM: CRIMINOLOGIA CLçSSICA E NEOCLçSSICA Tinham como ponto central de seu trabalho o LIVRE ARBêTRIO.Para este modelo, o homem LIVRE para fazer suas escolhas, inclusive para cometer delitos. Nega completamente a influncia de fatores externos, como a condio econmico-social, etc. CRIMINOLOGIA POSITIVISTA Rompe com a ideia de que o homem ÒdelinqueÓ porque quer delinquir. Para este modelo terico, compreender o fenmeno criminal uma tarefa que demanda a anlise de fatores causais-explicativos, ou seja, deve-se buscar as causas do delito (o que se pode chamar de Òparadigma etiolgicoÓ). Contudo, as ÒcausasÓ do delito poderiam se de diversas ordens (biolgicas, psicolgicas, sociais, etc.). SOCIOLOGIA CRIMINAL Enquanto a criminologia positivista v o crime como uma consequncia de determinados fatores (diversos), a sociologia criminal rompe com a ideia de Òcausas do crimeÓ e parte para a ideia da teoria da criminalizao. Com uma forte influncia marxista, tal modelo entende que no importa tanto a ÒcausaÓ de determinado comportamento criminoso, e mais o ÒporquÓ de se considerar criminoso determinado comportamento, ou seja, quais os interesses esto por trs da criminalizao de determinadas condutas. A teoria da REAÌO SOCIAL o principal marco deste modelo. Tambm conhecida como teoria da rotulao social ou do etiquetamento (labelling aproach). LUIZ FLAVIO GOMES e ANTONIO GARCêA-PABLOS DE MOLINA ainda acrescentam um QUARTO modelo terico, que seria representado por diversas correntes criminolgicas contemporneas (como a teoria do curso da vida, a teoria das trajetrias criminais, etc.), que tentam explicar o fenmeno delituoso 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo por meio de uma anlise dinmica dos padres de comportamento do indivduo ao longo da vida (e suas diversas variveis). 1.2!Teorias bioantropolgicas, psicodinmicas e psicopsicolgicas. O homem delinquente Embora na atualidade a classificao dos criminosos em determinados ÒgruposÓ, de acordo com suas caractersticas biolgicas, psicolgicas, etc., tenha perdido bastante de sua relevncia, ainda gozam de algum prestgio em determinados setores. Vamos estudar as principais classificaes do Òhomem delinquenteÓ: Classificao de HILçRIO VEIGA DE CARVALHO BIOCRIMINOSOS PUROS (pseudocriminosos) So criminosos apenas por fatores biolgicos, de forma que se nega a estes o livre arbtrio ( o caso dos doentes mentais) BIOCRIMINOSOS PREPONDERANTES (criminosos de difcil correo) Possuem uma tendncia biolgica ao delito, e acabam por delinquir ao ceder a estmulos externos. Aqui h alguma dose de livre arbtrio. BIOMESOCRIMINOSOS (criminosos de correo possvel) Sofrem influncias de fatores biolgicos e externos, no sendo possvel definir qual destes fatores prepondera. A reincidncia, aqui, ocasional. MESOCRIMINOSOS (criminosos de correo provvel ou esperada) Possuem personalidade fraca, sofrendo grande influncia do meio. So os clssicos ÒMaria vai com as outrasÓ, nas palavras do prprio mestre HILçRIO. MESOCRIMINOSOS PUROS (criminosos ambientais) So considerados ÒvtimasÓ do meio. Agem de forma antissocial apenas em razo de fatores externos. o caso do holands que vem ao Brasil e acende um cigarro de maconha. Em seu seio social tal conduta permitida. No Brasil, trata-se de conduta criminosa (posse de droga para uso prprio). Para esta classificao os ÒPUROSÓ (mesocriminosos puros e biocriminosos puros) so considerados ÒpseudocriminososÓ, pois no possuem todos os elementos necessrios ao delito. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Em relao aos ltimos faltaria a conscincia da ilicitude, no possuindo a inteno de violar a Lei. Em relao aos primeiros faltaria a possibilidade de autodeterminao. Classificao segundo LOMBROSO, FERRI e GAROFALO Classificao de LOMBROSO NATOS Um degenerado, por fatores biolgicos (cabea pequena ou deformada, sobrancelhas salientes, etc.). Um selvagem sem correo. LOUCOS Perverso, louco moral, alienado mental. Deve permanecer fora da sociedade, segregado em manicmio ou similar. DE OCASIÌO Possuem predisposio hereditria e so influenciados pelo meio, ou seja, so criminosos em razo das circunstncias (ÒA ocasio faz o ladroÓ. POR PAIXÌO So inconsequentes, irrefletidos, impulsivos, exaltados. Classificao de ENRICO FERRI NATO Possui as mesmas caractersticas do criminoso nato de LOMBROSO. LOUCO Inclui, alm dos alienados completos, os semiloucos (ou fronteirios). OCASIONAL O indivduo que no se dedica ao crime habitualmente, mas acaba por cometer delitos de forma ocasional, inclusive em razo das circunstncias momentneas. Pode ser associado ao criminoso Òde ocasioÓ de LOMBROSO. HABITUAL Faz do crime seu meio de vida. Poderia comear como ocasional e Òse desenvolverÓ para o criminoso habitual. PASSIONAL Semelhante ao criminoso Òpor paixoÓ de LOMBROSO. impetuoso, inconsequente, etc. Classificao de GARîFALO ASSASSINOS So instintivos, egostas, aproximando-se dos seres selvagens e das crianas. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo ENRGICOS OU VIOLENTOS Possuem senso moral, mas lhes falta compaixo. LADRÍES OU NEURASTæNICOS Falta a estes criminosos a ideia de honestidade, de probidade, embora no lhes falte o senso moral. Percebam que as classificaes destes trs expoentes do POSITIVISMO criminolgico so bem semelhantes. As classificaes de FERRI e LOMBROSO, ento, so praticamente idnticas. Classificao de ODON RAMOS MARANHÌO OCASIONAL Sua personalidade normal, mas em decorrncia de algum fator poderoso (externo ou interno) h um rompimento transitrio dos mecanismos de conteno impulsos. SINTOMçTICO Seus atos esto mais vinculados predisposio criminosa decorrente de uma doena do que existncia de um fato desencadeante. CARACTEROLîGICO A delinquncia, aqui, deriva de falha na formao do carter, havendo pouca ou nenhuma influncia de um fator desencadeante. Classificao para GUIDO ARTURO PALOMBA IMPETUOSOS Seus atos so frutos de Òamnsia momentnea do senso crticoÓ. So similares aos criminosos passionais de FERRI. OCASIONAIS No se dedicam atividade criminosa, cometendo crimes esporadicamente, em razo de fatores internos e externos. HABITUAIS Segundo o professor, so Òincapazes de readquirir uma existncia honestaÓ. Fazem do crime seu meio de vida. o chamado Òcriminosos contumazÓ. FRONTEIRIOS Apresentam deformidades permanentes em seu senso moral, com distrbios de afeto e sensibilidade. Tais alteraes psquicas os conduzem ao crime. LOUCOS CRIMINOSOS Dois tipos: (i) Agem mediante um processo lento e reflexivo; (ii) Agem por impulso. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Como vocs podem perceber, a bem da verdade, existemdiversas classificaes que acabam por dizer, se no a mesma coisa, quase a mesma coisa, com pequenas variveis. Assim, podemos resumir as teorias BIOANTROPOLîGICAS como aquelas que buscam explicar o criminoso com base em fatores biolgicos. Para esta teoria, existe o ÒcriminosoÓ e Òno criminosoÓ. As teorias PSICODINåMICAS tambm entendem haver o ÒcriminosoÓ e o Òno criminosoÓ, mas ao invs de considerar tal distino com base em fatores biolgicos, enxergam a diferena entre eles como decorrncia de falhas no processo de aprendizado e socializao do indivduo. Por fim, as teorias PSICOSOCIOLîGICAS verificam a existncia de predominncia dos fatores sociais sobre o fenmeno do crime, em detrimento de fatores ligados personalidade do criminoso. 1.3!Teorias sociolgicas Sociedade crimingena , por definio, uma sociedade que PRODUZ CRIME. Essa ideia de que a sociedade produz o criminoso e, por consequncia, o crime, possibilitou o surgimento de diversas teorias calcadas na ideia de que o centro da anlise do fenmeno delitivo no o criminoso, e sim a sociedade (embora aquele tambm merea ateno). Assim, desloca-se o centro do estudo para o meio (a sociedade), criando-se o que se convencionou chamar de SOCIOLOGIA CRIMINAL. Dentro deste quadro sociolgico, dois grandes grupos tericos se desenvolveram: A TEORIA DO CONSENSO e a TEORIA DO CONFLITO. A teoria do consenso ou Òcriminologia do consensoÓ parte da premissa de que a sociedade formada por uma sria de valores fundamentais consensuais, que devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito Penal nada mais seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns a todos os indivduos. Inserem-se nesta ideia as teorias desenvolvidas pela ESCOLA DE CHICAGO, ANOMIA E ASSOCIAÌO DIFERENCIAL. A criminologia do conflito, por sua vez, verifica a sociedade no como um todo coeso e harmnico, fundado em valores comuns a todos os indivduos, e sim um campo de batalha entre classe dominante e dominada. Partindo deste vis marxista, as teorias decorrentes desta ideia vo estabelecer que o Direito Penal nada mais que uma ferramenta a servio da classe dominante, de forma a garantir a manuteno do status quo, coagindo a classe dominada a Òandar na linhaÓ. Para tanto, o Direito Penal seria absolutamente seletivo na escolha das condutas que seriam criminalizadas, optando por uma criminalizao primria voltada s condutas geralmente praticadas pelos indivduos pertencentes classe dominada (furto seria mais grave que condutas lesivas ordem econmica, por exemplo). 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Feita essa distino, vamos anlise das principais teorias relativas sociologia criminal. 1.3.1!Criminologia do consenso 1.3.1.1! Escola de Chicago A Escola de CHICAGO e sua explicao ECOLîGICA do crime talvez seja a principal escola criminolgica moderna. PARK foi o principal expoente desta Escola. Este autor analisou o crescimento populacional na cidade de Chicago no comeo do sculo XX e, com suas observaes, a Escola de Chicago chegou concluso de que o fenmeno delitivo estava relacionado diretamente ao conglomerado urbano e suas caractersticas (multiculturais, tnicas, etc.). Assim, a CIDADE (mais especificamente do que a ÒsociedadeÓ genericamente considerada) seria o foco principal da ateno da criminologia. Para os tericos desta Escola, a CIDADE, ou seja, o meio urbano produz a criminalidade (crescimento populacional, crescimento desordenado, etc.). A Escola de Chicago tambm chegou concluso de que a delinquncia era mais concentrada em determinadas reas, e tal concentrao seria fruto, dentre outras coisas, da desorganizao social destas reas. So oriundas da Escola de Chicago as teorias ECOLîGICA, ESPACIAL, DAS JANELAS QUEBRADAS e DA TOLERåNCIA ZERO. Vejamos sinteticamente cada uma delas: ECOLîGICA (DESORGANIZAÌO SOCIAL) Para esta teoria o progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos. Prope que a estabilidade e a integrao contribuem para a ordem social, enquanto a desordem social e a ausncia de integrao entre os indivduos contribuem para ndices mais elevados de criminalidade. A deteriorao de ncleos primrios (famlia, igreja, etc.), a superficializao das relaes sociais, tudo isso cria um meio desorganizado e potencialmente crimingeno2. ESPACIAL Defendia a reestruturao arquitetnica das cidades como forma de preveno do delito, inclusive como forma de permitir maior controle sobre as pessoas. Teve em OSCAR NEWMAN seu maior expoente. JANELAS QUEBRADAS Tem suas razes na obra dos estadunidenses JAMES WILSON e GEORGE KELLING. Para esta teoria a 2 GARCêA ÐPABLOS DE MOLINA, Antonio. GOMES, Luiz Flavio. Criminologia. Ed. Revista dos Tribunais. 8¼ ed. P. 344. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo represso dos menores delitos ABSOLUTAMENTE INDISPENSçVEL para inibir a prtica dos delitos mais graves. Tem este nome em razo de um experimento de PHILIP ZIMBARDO. O citado psiclogo deixou um carro estacionado na rua em um bairro de classe alta da cidade de Palo Alto, Califrnia. Durante a primeira semana, o carro permaneceu intacto. Aps, o pesquisador quebrou uma das janelas do veculo e o deixou mais uma semana parado na rua. Ao final desta segunda semana o veculo foi completamente destrudo e furtado por vndalos. Da a ideia de que um ÒpequenoÓ dano sociedade, se no consertado, gera a sensao de que Òtudo permitidoÓ, estimulando a prtica de delitos. TOLERåNCIA ZERO A teoria da tolerncia zero (neorretribucionismo) decorre naturalmente da ideia defendida pela teoria das janelas quebradas. Trata-se de uma poltica criminal de represso a toda e qualquer conduta desviante, por menor que seja, como forma de reafirmar o poder do Estado e a necessidade de respeito Lei. Surgiu em Nova York, no comeo dos anos 90. Trata-se de decorrncia do como ÒMovimento Lei e OrdemÓ (Law and Order), que pugna pela expanso do Direito Penal, um seja, um incremento da resposta formal do Estado. 1.3.1.2! Teoria da associao diferencial (aprendizagem social ou social learning) Difundida por Edwin Sutherland, tendo como base as ideias de Gabriel TARDE (e suas ÒLeis da ImitaoÓ). SUTHERLAND focou seus estudos sobre os crimes de colarinho Branco, nos Estados Unidos da Amrica, mais especificamente em Chicago. Para Sutherland, as explicaes fornecidas pelas diversas teorias criminolgicas at ento no seriam capazes de responder de forma adequada questo dos crimes de colarinho branco, j que todas (ou quase todas) viam nas mazelas sociais (desorganizao social, pobreza, etc.) a gnese do crime, de forma que se distanciavam da realidade dos crimes de colarinho branco (White colar crimes). Para Sutherland, ningum nasce criminoso, mas APRENDE a se tornar um, ou seja, o crime mero resultado de um processo inadequado ou falho de socializao do indivduo. Segundo esta teoria o indivduo se tornaria criminoso ao observar outras condutas criminosas e INTERAGIR com outras pessoas, notadamente aquelas que se dedicam ao delito. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br11 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Assim, a pessoa se tornaria delinquente por estar mais submetida a modelos de comportamento delitivo do que a modelos de comportamento no delitivos. A cultura criminosa existe e, a depender do nvel de atuao do Estado em determinados grupos sociais, ela predomina em relao cultura legal. 1.3.1.3! Teoria das subculturas delinquentes Tal teoria acaba defende que a conduta delitiva no seria um reflexo negativo da desorganizao social e outras mazelas da sociedade contempornea. Para esta teoria todo agrupamento humano dotado de subculturas, com uma filosofia de vida e regras prprias. Assim, a existncia de subculturas corresponde, naturalmente, existncia de valores distintos daqueles pregados pela cultura dominante. Desta forma, possvel que algumas destas subculturas possuam valores que se contraponham aos valores da cultura dominante e, em razo disso, o delito no derivaria de uma predisposio violao da Lei, e sim um mero reflexo destas diferenas culturais. 1.3.1.4! Teoria da anomia Denominada por alguns de Òestrutural-funcionalistaÓ, teve como principais expoentes ROBERT MERTON e TALCOTT PARSONS, que se valeu das ideias de DURKHEIN, para desenvolver sua teoria. Para esta teoria, o crime um fenmeno ÒnaturalÓ, inerente sociedade, de forma que seriam invlidas as ideias de criminoso como anormal, bem como as tentativas de explicar o crime com base em aspectos sociolgicos. DURKHEIM, talvez o principal nome desta teoria, entendia que o crime era algo ÒnormalÓ na sociedade, pois uma sociedade sem crime seria absolutamente invivel, e que patologia social no seria a existncia de crime, mas a sua ausncia. Para DURKHEIM, o crime era o fenmeno o social que permitia a reafirmao da ordem social, pois toda vez que um crime era praticado surgia a possibilidade de reafirmao e legitimao dos vnculos estruturais e estruturantes da sociedade. Tal Teoria no prega a desvinculao entre crime e ambiente social, apenas entende que o crime decorrncia natural do meio social, e no uma anormalidade. Para esta teoria a sociedade impe objetivos e metas inalcanveis para a maioria dos indivduos (sucesso, poder, status), e como tais metas so inatingveis, a dissociao entre os objetivos e os instrumentos para seu alcance geraria a ANOMIA, que seria uma situao de renncia s normas sociais. Esta teoria elenca diversos modelos de adaptao do indivduo sociedade. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Primeiro temos o indivduo que aceita as metas sociais e os meios sua disposio. Depois temos o indivduo que, ao perceber que os meios no so hbeis obteno das finalidades, continua aceitando as metas sociais, mas no os meios colocados sua disposio. Ou seja, aqui ele passa a buscar um ÒatalhoÓ para alcanar as metas sociais. Outro modelo o do ritualismo. O indivduo renuncia s metas sociais, aos objetivos culturais, mas permanece apegado s normas da sociedade. H, tambm, o modelo evasivo (retraimento). Neste grupo se incluem os bbados habituais, mendigos, drogados crnicos, etc. Tais indivduos se conformam e buscam mecanismos de fuga. Por fim, h o modelo da rebelio. Aqui o indivduo rejeita completamente as metas culturais e os meios sua disposio (institucionalmente falando). Este indivduo passa a se dedicar luta pela criao de novos paradigmas sociais, de uma nova ordem. 1.3.2!Criminologia do conflito 1.3.2.1! Teoria do etiquetamento ou labeling approach No seio da criminologia crtica, surge a TEORIA DO LABELING APPROACH, ou ÒTeoria do EtiquetamentoÓ. A teoria do etiquetamento vai dizer, basicamente, que o crime no um dado ontolgico, ou seja, no existem condutas que so, por sua prpria natureza, criminosas. O que existem so condutas, simplesmente, condutas. A qualidade de ÒcriminosaÓ a uma conduta o que revela o carter de ÒetiquetamentoÓ do Direito Penal, ou seja, as condutas, em seu estado natural, no so criminosas, at que surge um dado novo, de cunho normativo, que lhes confere tal ÒestigmaÓ. Tal teoria tem, em grande parte, fundamento na ideia de Òinteracionismo simblicoÓ. A expresso Òinterao simblicaÓ se refere aos processos de relacionamento interpessoal entre os indivduos, de forma que a noo de crime surge da relao entre os indivduos e da eleio dos valores que devem ser protegidos, ou seja, o rtulo de ÒcrimeÓ a uma conduta dado pela sociedade, e no pela natureza. Isto posto, temos uma corrente criminolgica que sustenta que no se deve buscar entender por que algum vira criminoso, mas porque a sociedade rotula tal conduta cromo criminosa (ou tal pessoa como criminosa). 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo EXEMPLO: A conduta criminosa prevista no art. 169, ¤ nico, II do CP, que estabelece o crime de Òapropriao de coisa achadaÓ. Vejamos a redao: Art. 169 - Apropriar-se algum de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou fora da natureza: Pena - deteno, de um ms a um ano, ou multa. Pargrafo nico - Na mesma pena incorre: (...) Apropriao de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitu-la ao dono ou legtimo possuidor ou de entreg-la autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias. Vejam, assim, que a conduta de Òapropriar-se de coisa achadaÓ no , por si s, crime. Ela passa a ser crime quando a norma penal assim estabelece. Qual a grande sacada desta teoria? Ela desmistifica a ideia de criminoso. Imagine que a ideia de criminoso esteja centrada sobre aquele que furta. Se amanh surgir nova lei dizendo que furto no crime, aquela pessoa Òdeixaria de ser criminosoÓ e todos os estudos referentes ao crime e suas causas iriam por gua abaixo. Alm disso, seguindo a linha da teoria do conflito, a teoria do etiquetamento entende que o Direito Penal procede ÒrotulaoÓ de condutas no em razo da persecuo de um fim legtimo e a defesa de valores comuns aos cidados, mas tendo como objetivo supremo a perpetuao da estrutura social dividida em classes. Desta forma, o Estado se vale do Direito Penal para rotular como ÒcriminosasÓ as condutas praticadas com maior frequncia pelos membros das classes mais baixas, bem como impe a elas penas mais severas. Com relao s condutas praticadas com maior frequncia pelas classes altas, ou no so rotuladas como criminosas ou, quando o so, recebem penas brandas. Para esta teoria, portanto, o crime no seria um fenmeno social, mas um fenmeno normativo, ou seja, o Estado rotula como crime as condutas que ele pretende sejam consideradas como criminosas. Assim, no existiria um crime Òpor naturezaÓ, mas apenas ÒcondutasÓ, que recebem o rtulo de criminosas de acordo com os interesses do Estado (que nem sempre protegem por igual os interesses dos mais diversos grupos sociais, tendendo a conferir maior proteo aos bens de interesse da classe dominante).3 Alm disso, no seriam apenas as condutas (isoladamente consideradas) que influenciariam na resposta do Estado, mas tambm a pessoa do indivduo e sua posio social. Portanto, ao desviaro foco do desviante para o processo de criminalizao (e suas seletivas escolhas), a teoria da reao social coloca em xeque os 3 HASSEMER, Winfried. MUOZ CONDE, Francisco. Introducin a la Criminologia y al Derecho Penal. Ed. Tirant lo blanch. Valncia, 1989, p. 18 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo repressores, ao argumento de que o desviante mero produto das instncias formais de controle na sociedade punitiva. Teve como principais expoentes GOFFMAN, LEMERT e BECKER. 1.3.2.2! Garantismo, minimalismo e abolicionismo penal O principal papel da criminologia num Estado Democrtico de Direito pugnar pelo desenvolvimento de um sistema jurdico-penal que respeite os direitos e garantias fundamentais. Um modelo, portanto, GARANTISTA. FERRAJOLI4 foi o maior expoente do Garantismo penal, que para ele pode ser definido segundo trs prismas: ¥! Modelo normativo ¥! Teoria Jurdica ¥! Filosofia Poltica Nas palavras de FERRAJOLI: ÒSegundo um primeiro significado, "garantismo" designa um modelo normativo de direito: precisamente, no que diz respeito ao direito penal, o modelo de "estrita legalidade, prprio do Estado de direito, que sob o plano epistemolgico se caracteriza como um sistema cognitivo ou de poder mnimo, sob o plano poltico se caracteriza como uma tcnica de tutela idnea a minimizar a violncia e a mxima liberdade e, sob o plano jurdico, como um sistema de vnculos impostos func ̧o punitiva do Estado em garantia dos direitos dos cidados. , consequentemente, "garantista" todo sistema penal que se conforma normativamente com tal modelo e que o satisfaz efetivamente. (...) Em um segundo significado, "garantismo" designa uma teoria jurdica da "validade" e da "efetividade" como categorias distintas no s entre si mas, tambm, pela "existncia" ou "vigor" das normas. Neste sentido, a palavra garantismo exprime uma aproximac ̧o terica que mantm separados o "ser" e o "dever ser" no direito; e, alis, pe como questo terica central, a diverge ̂ncia existente nos ordenamentos complexos entre modelos normativos (tendentemente garantistas) e prticas operacionais (tendentemente antigarantistas), interpretando-a com a antinomia - dentro de certos limites fisiolgica e fora destes patolgica - que subsiste entre validade (e no efetividade) dos primeiros e efetividade (e invalidade) das segundas. (...) Segundo um terceiro significado, por fim, "garantismo" designa uma filosofia poltica que requer do direito e do Estado o o ̂nus da justificac ̧o externa com base nos bens e nos interesses dos quais a tutela ou a garantia constituem a finalidade. Neste ltimo sentido o Garantismo (pressupe) a doutrina laica da separao entre direito e moral, entre validade e justic ̧a, entre ponto de vista interno e ponto de vista externo na valorao do ordenamento, ou mesmo entre o "ser" e o "dever serÓ do direito. E 4 O Garantismo penal foi bem desenvolvido por FERRAJOLI, professor da Universidade de Camerino, na Itlia. Para um aprofundamento maior: FERRAJOLI, LUIGI. Direito e razo: teoria do garantismo penal. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 683 e seguintes. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo equivale assuno, para os fins da legitimac ̧o e da perda da legitimac ̧o tico- poltica do direito e do Estado, do ponto de vista exclusivamente externo. Um Estado democrtico de Direito deve, portanto, buscar a adoo de um sistema penal garantista, no apenas no que tange s previses normativas, mas tambm no que se refere ao efetivo respeito ao modelo normativamente adotado, a fim de que seja respeitado pelas instncias de controle (Polcia, Judicirio, etc.). Assim, um modelo baseado no ÒDireito Penal do InimigoÓ, por exemplo, no pode, de forma alguma, ser admitido num Estado democrtico de Direito. Mas o que seria o ÒDireito Penal do InimigoÓ? Trata-se de um modelo que pressupe a existncia de um Direito Penal que mitigue as garantias constitucionais aos criminosos considerados ÒcontumazesÓ, ou seja, aqueles que fazem do crime seu meio de vida.5 Assim, haveria um ÒDireito Penal do CidadoÓ (garantista), no qual so observados os direitos e garantias fundamentais do acusado, e um ÒDireito Penal do InimigoÓ, no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, j que no se estaria diante de algum que merecesse qualquer considerao por parte do Estado. Este tipo de teoria inadmissvel num Estado Democrtico de Direito por, inicialmente, violar o princpio da isonomia. Num segundo plano, no menos importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo que elas FAZEM e no pelo que elas SÌO. Da mesma forma, num Estado Democrtico de Direito o ser humano o centro, o fim ltimo de toda e qualquer ao do Estado. Desta maneira, a pena deve ter por finalidade no apenas castigar o infrator, tampouco servir apenas a uma esperada Òpreveno especialÓ, mas tambm, e principalmente, ressocializar o infrator. O MINIMALISMO penal, por sua vez, prega a reduo do raio de abrangncia do Direito Penal, que deve ser reservado apenas quelas condutas absolutamente incompatveis com a vida em sociedade, e apenas para a proteo dos bens jurdicos mais valiosos (Direito Penal mnimo). O minimalismo tem em FERRAJOLI e BARATTA dois de seus maiores expoentes. A lgica do minimalismo clara: se o Direito Penal o instrumento mais invasivo de regulao social, s deve ser utilizado em ltimo caso (ultima ratio). Alm da reduo do raio de abrangncia do Direito Penal, o minimalismo prega, ainda a reduo da aplicao da pena privativa de liberdade, que deve, sempre que possvel, ser substituda por sanes alternativas. 5 Este termo foi desenvolvido de maneira aprofundada pelo professor alemo, da Universidade de Bonn, Gnther Jakobs. JAKOBS, Gnther. La normativizacin de la dogmtica jurdico-penal. Trad. Manuel Cancio Meli e Bernardo Feij Snchez. 1. ed. Madrid: Ed. Thomson Civitas, 2003, p. 57 e seguintes. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Por fim, o ABOLICIONISMO PENAL prega a supresso do Sistema Penal, seja porque se nega legitimidade tico-poltica a essa forma de controle social, desde seu surgimento, seja porque visto, na prtica, como mais danoso que vantajoso. Os fundamentos do abolicionismo so: ⇒! Anomia do sistema penal Ð Apesar de existir, o Direito Penal no consegue regular a vida em sociedade. ⇒! Seletividade do sistema penal Ð O Direito penal no tutela de maneira uniforme a vida em sociedade, mas seleciona, cuidadosamente, os destinatrios de sua atuao. ⇒!O Direito Penal estigmatiza o condenado Ð Ao invs de ressocializar o apenado, o Direito Penal funciona como uma marca negativa para aqueles que foram condenados, privando-os, perpetuamente, do retorno vida social. ⇒!O Direito Penal marginaliza a vtima Ð O Estado, por meio do Direito Penal, expropria o problema (que, a princpio, se d entre dois indivduos),castiga o infrator (quando consegue), mas no se preocupa com a vtima. H, basicamente, duas grandes vertentes abolicionistas: ⇒! Abolicionismo imediato Ð Defendido, dentre outros, por LOUCK HULSMAN, prega a imediata supresso do Direito Penal. Isso no significa que esses doutrinadores pregam a ausncia total de controle formal do Estado sobre as condutas lesivas sociedade, mas a substituio imediata do Direito Penal por outros mtodos de soluo de conflitos (composio civil dos danos, etc.). ⇒! Abolicionismo mediato Ð Tambm conhecido como minimalismo radical, prega que o ideal seria a abolio do Direito Penal, mas a realidade impe a manuteno de tal sistema, j que seria impossvel sua supresso sem que houvesse um abalo social considervel, com possvel transmutao da violncia estatal para a vingana privada sem qualquer regulamentao estatal. Dentre os defensores do Abolicionismo mediato podemos citar THOMAS MATHIESEN como o principal expoente. 1.3.3!Criminologia ambiental Vrios so os fatores crimingenos, ou seja, o crime um fenmeno que deriva de uma srie de fatores, como a personalidade do agente, o meio social no qual est inserido, etc. Esta ideia de que a conduta criminosa influenciada pelo ambiente em que se insere o criminoso o principal fundamento da chamada Òcriminologia ambientalÓ. Assim, o ambiente que cerca o infrator no momento do crime pode e deve ser considerado um fator crimingeno. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo A criminologia ambiental, portanto, estuda os eventos criminosos no sob a perspectiva do infrator como um ser isolado, mas sob a perspectiva de um indivduo cercado por um determinado contexto. Garofalo, j em 1914, dizia que o estilo de vida de uma pessoa era um fator capaz de determinar sua maior ou menor propenso a sofrer um delito. Isto parte da ideia de Òteoria da oportunidadeÓ. As Òteorias da oportunidadeÓ foram melhor desenvolvidas por CLARKE e FELSON, e se fundamentam na ideia de que o comportamento criminoso produto de da interao de trs fatores: um infrator inclinado a praticar o delito, uma vtima propcia e a ausncia de controle. Assim, a ÒoportunidadeÓ para delinquir seria, em determinados casos, um fator determinante para a ocorrncia do delito. EXEMPLO: Jos uma pessoa comum, trabalhadora, no inclinada, em regra, prtica de delitos. Certo dia, um caminho-frigorfico tombou prximo sua casa, espalhando quilos de carne pela estrada. Como no havia policiamento, vrias pessoas comearam a saquear a carga. Jos, percebendo a oportunidade e a ausncia de controle, resolveu furtar tambm 01 quilo de carne. Percebam que Jos, possivelmente, no furtaria 01 quilo de carne no aougue da esquina, ou no supermercado, em condies normais. Todavia, as circunstncias relatadas formaram um cenrio ideal para a prtica do delito. Um outro exemplo pode ajudar a esclarecer: EXEMPLO: Imaginem que torcedores de times rivais frequentam o estdio sem entrar em confronto, j que ambos possuem um nmero de integrantes semelhante e h bastante policiamento. Todavia, em determinado ÒclssicoÓ, uma das torcidas organizadas comparece com apenas 20 integrantes, enquanto outra comparece com cerca de 500 integrantes. Neste mesmo dia, a polcia militar enviou efetivo extremamente reduzido para acompanhar a partida. Assim, os integrantes da torcida organizada que estava em maior nmero, resolveram armar uma emboscada, para agredir os torcedores rivais. Percebam, assim, que no ltimo exemplo a torcida organizada que praticou o delito encontrou um cenrio ideal para a prtica do delito: uma vtima perfeita (uma torcida em menor nmero) e a ausncia de controle. Tudo isto, aliado inclinao daqueles indivduos prtica delitiva, gerou o fato criminoso. Assim, a ideia de que o contexto ajuda a maximizar ou minimizar a ocorrncia de um evento criminoso fundamental para que se possa combater a criminalidade. Atravs de dados estatsticos possvel determinar quais locais e situaes criam Òoportunidades delitivasÓ, de maneira que o aparato estatal possa 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo intervir para fazer desaparecer tais oportunidades ou, ao menos, reduzi- las ao mnimo possvel. 1.4!A preveno penal no Estado Democrtico de Direito O principal papel da criminologia num Estado Democrtico de Direito pugnar pelo desenvolvimento de um sistema jurdico-penal que respeite os direitos e garantias fundamentais. Assim, um modelo criminolgico baseado no ÒDireito Penal do InimigoÓ6, por exemplo, no pode ser admitido, j que pressupe a existncia de um Direito Penal que mitigue as garantias constitucionais aos criminosos considerados ÒcontumazesÓ, ou seja, aqueles que fazem do crime seu meio de vida. Assim, haveria um ÒDireito Penal do CidadoÓ, no qual so observados os direitos e garantias fundamentais do acusado, e um ÒDireito Penal do InimigoÓ, no qual estas garantias poderiam ser flexibilizadas ou afastadas, j que no se estaria diante de algum que merecesse qualquer considerao por parte do Estado. Este tipo de teoria inadmissvel num Estado Democrtico de Direito por, inicialmente, violar o princpio da isonomia. Num segundo plano, no menos importante, violaria, ainda, a ideia de que o Direito Penal pune as pessoas pelo que elas FAZEM e no pelo que elas SÌO. Da mesma forma, num Estado Democrtico de Direito o ser humano o centro, o fim ltimo de toda e qualquer ao do Estado. Desta maneira, a pena deve ter por finalidade no apenas castigar o infrator, tampouco servir apenas a uma esperada Òpreveno especialÓ, mas tambm, e principalmente, ressocializar o infrator. Mais especificamente no que tange preveno, podemos estabelecer a preveno do delito, no Estado Democrtico de Direito, como: ¥! MEDIDAS DIRETAS DE PREVENÌO Ð Atuam diretamente sobre o delito, como a pena, a tipificao de condutas, etc. ¥! MEDIDAS INDIRETAS DE PREVENÌO DE DELITOS Ð Atuam nas causas da criminalidade (melhorias na condio de vida da populao, educao, sade, emprego, moradia, etc.). 6 A teoria do Direito Penal do inimigo foi melhor desenvolvida por Gnther Jakobs. Para o autor, o Direito Penal deve separar as pessoas dos inimigos. As pessoas seriam aquelas que, eventualmente, cometeram algum delito, mas que no se dedicam a atividades criminosas. Para estes, o Direito Penal preservaria toda o sistema de garantias processuais. De outro lado, aqueles que praticam crimes de forma reiterada perderiam a condio de ÒpessoaÓ, sendo considerados inimigos da sociedade e, portanto, estaria autorizada uma flexibilizao no sistema de garantias. (JAKOBS, Gnther. La normativizacin de la dogmtica jurdico-penal. Trad. Manuel Cancio Meli e Bernardo Feijo Snchez. Ed. Thomson civitas, primera edicin. Madrid, 2003, p. 57-59) 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Por outra classificao, podemos ter a preveno nos seguintes moldes: ¥! Preveno primria ¥! Preveno secundria ¥! Prevenoterciria Vejamos cada uma delas: 1.4.1!Preveno primria Programas cuja finalidade atacar a causa da criminalidade, ou seja, a origem do problema (desigualdade social, pobreza, desemprego, etc.). Trata-se, portanto, de uma forma de preveno que busca atingir as estruturas do sistema. Temos, aqui, os mtodos preventivos com resultado de mdio a longo prazo. 1.4.2!Preveno secundria Momento posterior ao delito ou na iminncia de sua ocorrncia. Aqui o foco da preveno recai sobre os setores sociais em que a criminalidade mais se manifesta, ou seja, recai sobre os grupos que apresentam determinadas caractersticas que os tornam mais propensos a praticar ou sofrer delitos. Apresentam resultados de curto a mdio prazo. A preveno secundria ocorre, por exemplo, por meio da criminalizao de condutas, da ao policial, etc. 1.4.3!Preveno terciria Aqui a preveno recai sobre o condenado, ou seja, visa a evitar a reincidncia. Pode se dar por meio da escolha da pena mais apropriada, pela progresso de regime, que possibilita o reencontro paulatino do preso com a sociedade, etc. A preveno terciria materializada por meio da pena, ou seja, a pena o instrumento utilizado pelo Estado para alcanar preveno terciria, de forma a evitar a reincidncia. Para a melhor compreenso do tema, necessria se faz uma breve sntese das finalidades atribudas pena criminal, de acordo com as diversas teorias: 1.4.3.1! Teoria absoluta da pena Para esta teoria, pune-se o agente simplesmente porque ele cometeu uma transgresso ordem estabelecida e deve ser castigado por isso. No h nenhuma finalidade educacional de reinsero do indivduo vida social. A pena mero instrumento para a realizao da vingana estatal. Trata-se de um 23422165215 - alberto pereira pinto filho d Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo imperativo categrico de Justia ou de Moral (se delinquiu, deve ser punido, independentemente de qualquer outra finalidade).7 1.4.3.2! Teoria relativa e sua finalidade preventiva Pune-se o agente no para castig-lo, mas para prevenir a prtica de novos crimes. Essa preveno pode ser: Preveno Geral Ð Busca controlar a violncia social, de forma a despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode ser negativa8, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigncia da Lei penal. Preveno especial Ð No se destina sociedade, mas ao infrator, de forma a prevenir a prtica da reincidncia. Tambm pode ser negativa, quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele no cometa novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupao est voltada ressocializao do condenado (Infelizmente, no h uma preocupao com isto na prtica). IMPORTANTE! FRANZ VON LISZT foi um dos mais conceituados expoentes da ÒEscola Moderna AlemÓ. Buscou enxergar a pena como meio de ressocializao do indivdio, muito alm da mera punio pelo ato cometido. Para tanto, defendia que a pena deveria ter finalidade preventiva, mas apenas em relao aos criminosos corrigveis. Para ele, os criminosos poderiam ser divididos em: ⇒!Habituais Ð Sem chance de ressocializao. A pena no teria, aqui, finalidade preventiva especial. ⇒! Iniciantes Ð Estes poderiam ser ressocializados, de maneira que a pena teria, em relao a estes, finalidade preventiva especial. ⇒!Ocasionais Ð Estes no necessitariam de ressocializao, pois apenas cometeram um desvio pontual. Tais pensamentos ficaram conhecidos como ÒPrograma de MarburgoÓ. 1.4.3.3! Teoria Mista (unificadora ou ecltica ou unitria) e sua dupla finalidade Aqui, entende-se que a pena deve servir como castigo (punio) ao infrator, mas tambm como medida de preveno, tanto em relao sociedade quanto 7 BACIGALUPO, Enrique. Manual de Derecho penal. Ed. Temis S.A., tercera reimpressin. Bogot, 1996, p. 12 8 ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general. Madrid: Civitas, 1997. tomo I, p. 91. 23422165215 - alberto pereira pinto filho 7 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo ao prprio infrator (preveno geral e especial). Alm de consagrada na maioria dos pases ocidentais9, foi a adotada pelo art. 59 do CP.10 1.4.4!Programas de preveno de infraes penais Podemos elencar como principais programas os seguintes: ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO SOBRE DETERMINADAS ÒçREAS GEOGRçFICASÓ Ð Trata-se da preveno ÒdirigidaÓ. Tem como premissa a existncia de um determinado espao, geogrfica e socialmente delimitado, em praticamente todos os centros urbanos, que concentra os mais elevados ndices de criminalidade. So reas geralmente muito pobres, deterioradas, esquecidas pelo Poder Pblico e com alta desorganizao social. ⇒! PREVENÌO DO DELITO POR MEIO DO DESENHO ARQUITETïNICO E URBANêSTICO Ð Visam a reestruturao urbana e se valem do desenho arquitetnico, de forma a neutralizar o elevado risco de influncias que favorecem o comportamento criminoso, existente em certos espaos. Somente desloca o delito para outras reas menos protegidas, mas no atinge as bases do problema criminal. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO VITIMAL - Orientada para as vtimas, parte de uma perspectiva de que o risco de se tornar vtima no se distribuir de forma isonmica na populao nem produto do acaso: O risco de se tornar vtima possvel de ser calculado de forma estatstica, tendo como base inmeras variveis, todas relacionadas com a prpria vtima (idade, personalidade, classe social, etc.) ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO POLêTICO-SOCIAL - So programas de preveno ÒprimriaÓ, autntica preveno. Uma sociedade que assegura a todos os seus membros um acesso efetivo aos mecanismos para o alcance dos fins que lhe so exigidos, reduz, consequentemente, a possibilidade de que o indivduo recorra a instrumentos paralelos para a obteno destes fins, o que contribui para a queda nas taxas de criminalidade. 9 DOS SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal, Parte Geral. Curitiba: Ed. Lumen Juris, 2008, p. 470 10 Art. 59 - O juiz, atendendo culpabilidade, aos antecedentes, conduta social, personalidade do agente, aos motivos, s circunstncias e consequncias do crime, bem como ao comportamento da vtima, estabelecer, conforme seja necessrio e suficiente para reprovao e preveno do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 23422165215 - alberto pereira pinto filho 9 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO DA CRIMINALIDADE DE ORIENTAÌO COGNITIVA Ð Fundamenta-se na premissa de que a aquisio de determinadas habilidades (positivas) uma tcnica reintegradora com alto potencial de sucesso, porque afasta o criminoso de influncias negativas, substituindo-as por boas influncias, no que se pode conceber como um ataque s Òsubculturas criminaisÓ. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO Ë REINCIDæNCIA Ð So programas de preveno terciria, pois aqui o crime j ocorreu, de forma que se buscar evitar sua nova ocorrncia. Na verdade, estes programas esto mais relacionados interveno(sobre o delinquente) do que preveno (para evitar que haja delinquncia). Um dos maiores problemas no que tange profilaxia criminal a diferena entre a criminalidade real e a criminalidade registrada pelas agncias de controle, a denominada de CIFRA NEGRA. Assim, temos como Òcifra negraÓ o nmero de delitos que, por qualquer razo, no chegam ao conhecimento das agncias formais de controle. PILGRAN assevera que a existncia de Òcifra negraÓ, bem como da impunidade, decorre de um processo de filtragem que envolve as vtimas, as testemunhas, o Judicirio, a Polcia, o legislador e o MP. Para ele, o legislador falha ao: ¥! No criminalizar ¥! Criminalizar de forma lacunosa ¥! Criminalizar excessivamente No mesmo sentido, a vtima tambm contribui para a impunidade e, neste particular, para a cifra negra, ao no proceder comunicao da ocorrncia do delito (notitia criminis). A Polcia, por sua vez, contribuiria para a impunidade ao no proceder abertura da investigao (por falta de estrutura, conhecimentos tcnicos, corrupo, etc.), bem como ao proceder a uma investigao deficiente, defeituosa. O MP contribuiria quando no procede abertura dos processos, seja porque oferece denncia inepta, seja porque requer o arquivamento, etc. O Judicirio tambm seria um fator determinante, quando: ¥! Apresenta falhas na comprovao do delito ¥! Quando no se obtm prova cabal para a condenao, devendo ser aplicado o princpio do in dubio pro reo. ¥! Quando a morosidade do Judicirio conduz prescrio. ¥! Quando falha na efetiva execuo da pena Por fim, importante destacar o que se convencionou chamar de cifra dourada, cifra cinza e cifra amarela: 23422165215 - alberto pereira pinto filho 7 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo CIFRA DOURADA um subtipo da cifra negra. Contudo, est atrelada aos crimes praticados pelas consideradas ÒelitesÓ, como os crimes contra a ordem tributria, sonegao fiscal, crimes contra o sistema financeiro, etc. a chamada Òcriminalidade do colarinho brancoÓ. Trata-se, aqui, de uma impunidade ÒpropositalÓ, ou seja, o Estado conivente com tais prticas, notadamente em razo da influncia do criminoso. CIFRA CINZA Consiste nos delitos que so registrados perante os rgos pblicos, mas cuja soluo encontrada na prpria delegacia, no havendo instaurao de processo judicial (Ex.: ausncia de representao nos crimes de ao penal pblica). CIFRA AMARELA A cifra amarela tambm uma espcie de cifra negra. Contudo, aqui estamos diante de delitos praticados pela prpria polcia contra o indivduo que, por medo de futuras represlias, acaba por no registrar o fato. 2! CRIMINOLOGIA E POLêTICA CRIMINAL. CRIMINOLOGIA E CIæNCIAS CRIMINAIS Inicialmente, devemos entender as diferenas entre criminologia e suas reas correlatas (poltica criminal e cincias criminais). A Criminologia a cincia que emprica, interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vtima e da sociedade, conforme ns j vimos. A Poltica Criminal, por sua vez, o ramo que estuda os meios de preveno e represso criminalidade. Ou seja, a poltica criminal se vale da criminologia para traar estratgias de controle penal, seja pela ampliao ou restrio de condutas incriminadas, estabelecimento das penas adequadas, etc. As cincias criminais, por seu turno, englobam: ¥! CRIMINOLOGIA ¥! POLêTICA CRIMINAL ¥! DIREITO PENAL Este ltimo a materializao dos dois primeiros, por meio da converso de suas concluses em termos jurdicos. Com relao ao sistema de Justia Criminal, ele pode ser conceituado como o aparato desenvolvido pelo Estado para que seja realizado o controle punitivo. 23422165215 - alberto pereira pinto filho f Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Voltando ao estudo da Poltica Criminal, no podemos deixar de atrelar suas proposies ao Sistema de Justia Criminal, j que este ltimo, ao fim e ao cabo, tambm atua na preveno e represso ao delito. Embora a atuao se d com muito maior nfase na represso ao delito, o carter preventivo tambm encontrado quando entendemos que a pena tambm possui carter preventivo. Assim, qualquer atuao do sistema de Justia Criminal sobre determinada violao norma penal ser, ao mesmo tempo, represso e preveno, j que adotada a teoria ecltica da pena por nosso sistema jurdico-penal. 2.1!MODELOS DE REAÌO AO CRIME A Doutrina elenca os chamados MODELOS DE REAÌO AO CRIME, assim definidos: 2.1.1!Clssico ou dissuasrio Tem por finalidade INTIMIDAR o delinquente (ou o potencial delinquente), por meio da ameaa da pena, de forma que pratique a conduta delituosa ou, caso tenha praticado, no torne a delinquir Este modelo se vale da finalidade de preveno negativa da pena, ou seja, a preveno do delito por meio a ameaa, de maneira que depender, naturalmente, de diversos fatores, como a gravidade da sano prevista, a maior ou menor probabilidade de sua imposio, etc. O problema deste modelo que ele pressupe que o potencial criminoso ir refletir seriamente antes de praticar o delito e, aps muita discusso interna, adotar a conduta que tenha o melhor custo-benefcio, de forma que a pena deve ser severa, a fim de que nesse raciocnio o potencial criminoso chegue concluso de que o Òcrime no compensaÓ. 2.1.2!Ressocializador De carter mais ÒhumanizadoÓ, busca interferir na vida do delinquente, promovendo sua reinsero social. Assim, o modelo ressocializar est calcado numa finalidade de preveno positiva da pena, ou seja, a pena como instrumento de transformao social. 2.1.3!Restaurador considerado um modelo integrador, pois busca reparar o dano causado vtima, restabelecendo o status quo ante, bem como reparar o Òdano socialÓ causado pelo delito. No se preocupa tanto com o castigo, nem com a transformao do infrator, mas volta sua viso para a figura da vtima, de forma que o dano a ela provocado 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo seja reparado, j que os dois modelos anteriores acabam por negligenciar a figura do ofendido. 3! RESUMO Para finalizar o estudo da matria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula. Nossa sugesto a de que esse resumo seja estudado sempre previamente ao incio da aula seguinte, como forma de ÒrefrescarÓ a memria. Alm disso, segundo a organizao de estudos de vocs, a cada ciclo de estudos fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informao, no deixem de retornar aula. Criminologia cientfica - A criminologia enquanto cincia s surge no final do sculo XIX, e apesar de romper com o modelo criminolgico pr-cientfico, se valeu de algumas contribuies destas ÒpseudocinciasÓ para seu desenvolvimento. Pr-cientificamente: ⇒!DEMONOLOGIA ⇒! FISIONOMIA ⇒! FRENOLOGIA ⇒! PSIQUIATRIA Mtodo da criminologia cientfica - A criminologia passa a tentar explicar o fenmeno do crime e o comportamento criminal utilizando-se do empirismo como ponto de partida.Principais modelos tericos: CRIMINOLOGIA CLçSSICA E NEOCLçSSICA - Tinham como ponto central de seu trabalho o LIVRE ARBêTRIO. Para este modelo, o homem LIVRE para fazer suas escolhas, inclusive para cometer delitos. CRIMINOLOGIA POSITIVISTA - Rompe com a ideia de que o homem ÒdelinqueÓ porque quer delinquir. Para este modelo terico, compreender o fenmeno criminal uma tarefa que demanda a anlise de fatores causais- explicativos, ou seja, deve-se buscar as causas do delito (paradigma etiolgico). SOCIOLOGIA CRIMINAL Ð Abandona a ideia de Òcausas do crimeÓ e parte para a ideia da teoria da criminalizao. Com uma forte influncia marxista, tal modelo entende que no importa tanto a ÒcausaÓ de determinado comportamento criminoso, e mais o ÒporquÓ de se considerar criminoso determinado comportamento, ou seja, quais os interesses esto por trs da criminalizao de determinadas condutas 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Teoria sociolgicas Sociedade crimingena - Uma sociedade que PRODUZ CRIME. Teoria do consenso ou Òcriminologia do consensoÓ - Parte da premissa de que a sociedade formada por uma sria de valores fundamentais consensuais, que devem ser protegidos e promovidos por todos. Assim, o Direito Penal nada mais seria que uma ferramenta para a defesa destes valores comuns a todos os indivduos. Teoria do conflito ou Òcriminologia do conflitoÓ - A criminologia do conflito, por sua vez, verifica a sociedade no como um todo coeso e harmnico, fundado em valores comuns a todos os indivduos, e sim um campo de batalha entre classe dominante e dominada. Partindo deste vis marxista, as teorias decorrentes desta ideia vo estabelecer que o Direito Penal nada mais que uma ferramenta a servio da classe dominante, de forma a garantir a manuteno do status quo, coagindo a classe dominada a Òandar na linhaÓ. Denuncia a seletividade do Sistema Penal. CRIMINOLOGIA DO CONSENSO Escola de Chicago - A Escola de CHICAGO e sua explicao ECOLîGICA do crime talvez seja a principal escola criminolgica moderna. PARK foi o principal expoente desta Escola. Este autor analisou o crescimento populacional na cidade de Chicago no comeo do sculo XX e, com suas observaes, a Escola de Chicago chegou concluso de que o fenmeno delitivo estava relacionado diretamente ao conglomerado urbano e suas caractersticas (multiculturais, tnicas, etc.). Tambm se chegou concluso de que a delinquncia era mais concentrada em determinadas reas, e tal concentrao seria fruto, dentre outras coisas, da desorganizao social destas reas. Escolas que derivam da Escola de Chicago: ⇒! ECOLîGICA (DESORGANIZAÌO SOCIAL) - Para esta teoria o progresso leva a criminalidade aos grandes centros urbanos. Prope que a estabilidade e a integrao contribuem para a ordem social, enquanto a desordem social e a ausncia de integrao entre os indivduos contribuem para ndices mais elevados de criminalidade ⇒! ESPACIAL - Defendia a reestruturao arquitetnica das cidades como forma de preveno do delito, inclusive como forma de permitir maior controle sobre as pessoas. Teve em OSCAR NEWMAN seu maior expoente. ⇒! JANELAS QUEBRADAS - Para esta teoria a represso dos menores delitos ABSOLUTAMENTE INDISPENSçVEL para inibir a prtica dos delitos mais graves. ⇒! TOLERåNCIA ZERO - A teoria da tolerncia zero decorre naturalmente da ideia defendida pela teoria das janelas quebradas. Trata-se de uma poltica criminal de represso a toda e qualquer conduta desviante, por menor que seja, como forma de reafirmar o poder do Estado e a necessidade de respeito Lei. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Teoria da associao diferencial (aprendizagem social ou social learning) - Difundida por Edwin Sutherland, tendo como base as ideias de Gabriel TARDE (e suas ÒLeis da ImitaoÓ). Para Sutherland, ningum nasce criminoso, mas APRENDE a se tornar um, ou seja, o crime mero resultado de um processo inadequado ou falho de socializao do indivduo. O indivduo se tornaria criminoso ao observar outras condutas criminosas e INTERAGIR com outras pessoas, notadamente aquelas que se dedicam ao delito. Teoria das subculturas delinquentes - Tal teoria acaba defende que a conduta delitiva no seria um reflexo negativo da desorganizao social e outras mazelas da sociedade contempornea. Para esta teoria todo agrupamento humano dotado de subculturas, com uma filosofia de vida e regras prprias. Desta forma, possvel que algumas destas subculturas possuam valores que se contraponham aos valores da cultura dominante e, em razo disso, o delito no derivaria de uma predisposio violao da Lei, e sim um mero reflexo destas diferenas culturais. Teoria da anomia - Teve como principal expoente ROBERT MERTON, que se valeu das ideias de DURKHEIN, para desenvolver sua teoria. Para esta teoria a sociedade impe objetivos e metas inalcanveis para a maioria dos indivduos (sucesso, poder, status), e como tais metas so inatingveis, a dissociao entre os objetivos e os instrumentos para seu alcance geraria a ANOMIA, que seria uma situao de renncia s normas sociais. CRIMINOLOGIA DO CONFLITO Teoria do etiquetamento ou labeling approach - Para esta teoria, tambm chamada de Òteoria da reao socialÓ, o crime no seria um fenmeno social, mas um fenmeno normativo, ou seja, o Estado rotula como crime as condutas que ele pretende sejam consideradas como criminosas. Assim, no existiria um crime Òpor naturezaÓ, mas apenas ÒcondutasÓ, que recebem o rtulo de criminosas de acordo com os interesses do Estado (que nem sempre protegem por igual os interesses dos mais diversos grupos sociais, tendendo a conferir maior proteo aos bens de interesse da classe dominante). Teve como principais expoentes GOFFMAN, LEMERT e BECKER. GARANTISMO, MINIMALISMO E ABOLICIONISMO PENAL Garantismo - Sistema jurdico-penal que respeite os direitos e garantias fundamentais. Trs prismas (Ferrajoli): ¥! Modelo normativo Ð Limites formais atuao punitiva do Estado- legislador. ¥! Teoria Jurdica Ð Necessidade de que o garantismo, assim entendido como o respeito aos direitos e garantias fundamentais, no fique 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo apenas no plano normativo, mas tambm seja verificado quando da operacionalizao do sistema. ¥! Filosofia Poltica Ð Limites materiais atuao punitiva do Estado, que deve saber separar direito e moral, criminalizando apenas aquilo que for capaz de atentar seriamente contra a vida em sociedade. Direito Penal do Inimigo - Trata-se de um modelo que pressupe a existncia de um Direito Penal que mitigue as garantias constitucionais aos criminosos considerados ÒcontumazesÓ, ou seja, aqueles que fazem do crime seu meio de vida. MINIMALISMO PENAL Ð Prega a reduo do raio de abrangncia do Direito Penal, que deve ser reservado apenas quelas condutas absolutamente incompatveis com a vida em sociedade, e apenas para a proteo dos bens jurdicos mais valiosos (Direito Penal mnimo). Prega, ainda a reduo da aplicaoda pena privativa de liberdade, que deve, sempre que possvel, ser substituda por sanes alternativas. ABOLICIONISMO PENAL - Prega a supresso do Sistema Penal, seja porque se nega legitimidade tico-poltica a essa forma de controle social, desde seu surgimento, seja porque visto, na prtica, como mais danoso que vantajoso. Fundamentos do abolicionismo: ⇒! Anomia do sistema penal ⇒! Seletividade do sistema penal ⇒!O Direito Penal estigmatiza o condenado ⇒!O Direito Penal marginaliza a vtima Vertentes abolicionistas: ⇒! Abolicionismo imediato Ð Defendido, dentre outros, por LOUCK HULSMAN, prega a imediata supresso do Direito Penal e sua substituio imediata do Direito Penal por outros mtodos de soluo de conflitos (composio civil dos danos, etc.). ⇒! Abolicionismo mediato Ð Tambm conhecido como minimalismo radical, prega que o ideal seria a abolio do Direito Penal, mas a realidade impe a manuteno de tal sistema, j que seria impossvel sua supresso sem que houvesse um abalo social considervel, com possvel transmutao da violncia estatal para a vingana privada sem qualquer regulamentao estatal (THOMAS MATHIESEN um dos principais defensores). Preveno do delito no Estado Democrtico de Direito ⇒! Preveno primria - Programas cuja finalidade atacar a causa da criminalidade, ou seja, a origem do problema (desigualdade social, 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo pobreza, desemprego, etc.). Trata-se, portanto, de uma forma de preveno que busca atingir as estruturas do sistema. ⇒! Preveno secundria - Momento posterior ao delito ou na iminncia de sua ocorrncia. Aqui o foco da preveno recai sobre os setores sociais em que a criminalidade mais se manifesta, ou seja, recai sobre os grupos que apresentam determinadas caractersticas que os tornam mais propensos a praticar ou sofrer delitos. ⇒! Preveno terciria - Aqui a preveno recai sobre o condenado, ou seja, visa a evitar a reincidncia. Pode se dar por meio da escolha da pena mais apropriada, pela progresso de regime, que possibilita o reencontro paulatino do preso com a sociedade, etc. Programas de preveno infrao penal ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO SOBRE DETERMINADAS ÒçREAS GEOGRçFICASÓ Ð Trata-se da preveno ÒdirigidaÓ. Tem como premissa a existncia de um determinado espao, geogrfica e socialmente delimitado, em praticamente todos os centros urbanos, que concentra os mais elevados ndices de criminalidade. So reas geralmente muito pobres, deterioradas, esquecidas pelo Poder Pblico e com alta desorganizao social. ⇒! PREVENÌO DO DELITO POR MEIO DO DESENHO ARQUITETïNICO E URBANêSTICO Ð Visam a reestruturao urbana e se valem do desenho arquitetnico, de forma a neutralizar o elevado risco de influncias que favorecem o comportamento criminoso, existente em certos espaos. Somente desloca o delito para outras reas menos protegidas, mas no atinge as bases do problema criminal. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO VITIMAL - Orientada para as vtimas, parte de uma perspectiva de que o risco de se tornar vtima no se distribuir de forma isonmica na populao nem produto do acaso. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO POLêTICO-SOCIAL - So programas de preveno ÒprimriaÓ, autntica preveno. Uma sociedade que assegura a todos os seus membros um acesso efetivo aos mecanismos para o alcance dos fins que lhe so exigidos, reduz, consequentemente, a possibilidade de que o indivduo recorra a instrumentos paralelos para a obteno destes fins, o que contribui para a queda nas taxas de criminalidade. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO DA CRIMINALIDADE DE ORIENTAÌO COGNITIVA Ð Fundamenta-se na premissa de que a aquisio de determinadas habilidades (positivas) uma tcnica reintegradora com alto potencial de sucesso, porque afasta o criminoso de influncias negativas, substituindo-as por boas influncias, no que se pode conceber como um ataque s Òsubculturas criminaisÓ. ⇒! PROGRAMAS DE PREVENÌO Ë REINCIDæNCIA Ð So programas de preveno terciria, pois aqui o crime j ocorreu, de forma que se buscar evitar sua nova ocorrncia. Na verdade, estes programas esto mais relacionados interveno (sobre o delinquente) do que preveno (para evitar que haja delinquncia). 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Desvios estatsticos na preveno do delito CIFRA NEGRA Nmero de delitos que, por qualquer razo, no chegam ao conhecimento das agncias formais de controle. CIFRA DOURADA um subtipo da cifra negra. Contudo, est atrelada aos crimes praticados pelas consideradas ÒelitesÓ, como os crimes contra a ordem tributria, sonegao fiscal, crimes contra o sistema financeiro, etc. (Impunidade proposital) CIFRA CINZA Consiste nos delitos que so registrados perante os rgos pblicos, mas cuja soluo encontrada na prpria delegacia, no havendo instaurao de processo judicial (Ex.: ausncia de representao nos crimes de ao penal pblica). CIFRA AMARELA A cifra amarela tambm uma espcie de cifra negra. Contudo, aqui estamos diante de delitos praticados pela prpria polcia contra o indivduo que, por medo de futuras represlias, acaba por no registrar o fato. Criminologia e Poltica criminal. Criminologia e Cincias criminais Criminologia - a cincia que emprica, interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vtima e da sociedade. Poltica Criminal - Ramo que estuda os meios de preveno e represso criminalidade. Ou seja, a poltica criminal se vale da criminologia para traar estratgias de controle penal, seja pela ampliao ou restrio de condutas incriminadas, estabelecimento das penas adequadas, etc. Cincias criminais Ð Englobam ⇒! CRIMINOLOGIA ⇒! POLêTICA CRIMINAL ⇒!DIREITO PENAL Modelos de reao ao delito ⇒! Clssico (dissuasrio) - Tem por finalidade INTIMIDAR o delinquente (ou o potencial delinquente), por meio da ameaa da pena, de forma que pratique a conduta delituosa ou, caso tenha praticado, no torne a delinquir ⇒! Ressocializador - De carter mais ÒhumanizadoÓ, busca interferir na vida do delinquente, promovendo sua reinsero social. ⇒! Restaurador - considerado um modelo integrador, pois busca reparar o dano causado vtima, restabelecendo o status quo ante, bem como reparar o Òdano socialÓ causado pelo delito. 23422165215 - alberto pereira pinto filho Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 61 CRIMINOLOGIA Ð PC-MA (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo ___________ Bons estudos! Prof. Renan Araujo 4! EXERCêCIOS DA AULA 01.! (CESPE Ð 2013 Ð POLêCIA FEDERAL Ð DELEGADO) O surgimento das teorias sociolgicas em criminologia marca o fim da pesquisa etiolgica, prpria da escola ou do modelo positivista. 02.! (CESPE Ð 2013 Ð POLêCIA FEDERAL Ð DELEGADO) De acordo com o interacionismo simblico, ou simplesmente interacionismo, cuja perspectiva macrossociolgica, deve-se indagar como se define o criminoso, e no quem o criminoso. 03.! (CESPE Ð 2013 Ð POLêCIA FEDERAL Ð DELEGADO) O positivismo criminolgico caracteriza-se, entre outros aspectos, pela negao do
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