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DA AÇÃO PENAL É direito público subjetivo de se pedir aos Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto. Características do direito de ação: autônomo, abstrato, subjetivo, público e instrumental. Autônomo: não se confunde com o direito material – preexistente à pretensão punitiva do Estado. Abstrato: não depende do resultado do processo. Subjetivo: o titular do direito de ação é especificado na própria lei – em regra o MP (257, I CPP) e excepcionalmente a vítima ou seu representante. Público: a atividade provocada é de natureza pública, sendo a ação exercida contra o próprio Estado. Instrumental: é meio para se alcançar a efetividade do direito material. CONDIÇÕES DA AÇÃO São requisitos necessários e que condicionam o exercício do direito de ação. Art. 395, II CPP – Gerais: legitimidade, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido. Específicas: (condições de procedibilidade) – representação e requisição do Ministro da Justiça. Possibilidade Jurídica do Pedido: a providência requerida pelo demandante deve ser admitida no direito objetivo. Tem respaldo legal. Interesse de Agir: trinômio necessidade, adequação e utilidade. Necessidade (de se levar a lide ao judiciário – é presumido na seara criminal). Adequação: o mecanismo utilizado para se levara pretensão ao Estado-Juiz deve ser hábil. Ex: súmula 693, STF. Utilidade: somente existe quando houver esperança na possibilidade do exercício do direito de punir pelo Estado. Legitimidade: (legitimatio ad causam) – pertinência subjetiva da ação. Condições específicas: representação da vítima, requisição do Ministro da justiça, a entrada do autor da infração no território nacional (art. 7º, §§2º e 3º CP), autorização da Câmara dos Deputados para instauração de processo criminal contra o Presidente, vice ou ministros de estado perante o STF. (51, I da CF). CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO PENAL Ação Penal Pública: incondicionada, condicionada. Incondicionada é regra no processo penal – no silêncio da lei é incondicionada. Condicionada: a lei estabelece no próprio tipo penal que tal infração de procede mediante representação ou requisição do Ministro da Justiça. Ação Penal Privada: a iniciativa da propositura caberá à vítima, mediante queixa-crime. Subdivide-se em: exclusiva, personalíssima e subsidiária da pública. Exclusiva: a iniciativa cabe à vítima, mas se menor ou incapaz pode ser proposta pelo representante legal. Em caso de morte da vítima a ação pode ser proposta pelos seus sucessores ou já estando em andamento poderão prosseguir na ação. A lei prevê expressamente: somente se procede mediante queixa. Personalíssima: a ação só pode ser proposta pela vítima. Se menor, deve-se aguardar os 18 anos e se incapaz deve-se aguardar o restabelecimento. Não pode ser proposta pelos sucessores e estes não podem prosseguir na ação em caso de morte da vítima. A lei prevê: somente se procede mediante queixa do ofendido. 236 CP Subsidiária da Pública: é proposta pela vítima nos casos de ação penal pública nas situações em que o MP não se manifesta no prazo legal. Princípios Constitucionais da Ação Penal: 1- Juiz Natural: ART. 5º, LIII CF – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. O julgamento por autoridade incompetente gera nulidade absoluta (564, I CPP) Criação de vara especializada: STF – não fere o princípio do juiz natural o deslocamento da ação em andamento para a vara especializada criada ou criação de nova Comarca. Desloca-se também a competência nos casos de foro especial – o réu assume cargo ou função que dá a ele direito a foro especial, mas pode ocorrer o inverso. No rito do Júri – o desaforamento não fere o princípio do juiz natural – 427 e 428 CPP. Princípio do Promotor natural: mesmo art. 5º, LIII. Princípio do devido processo legal: art. 5º, LIV – para todo crime cometido existe um procedimento previsto em lei para a sua apuração – matéria de ordem pública. A não observância do procedimento pode ensejar nulidade do processo que pode ser absoluta ou relativa. Princípio da Vedação da prova ilícita: art. 5º, LVI. Art. 157 do CPP Princípio da presunção de inocência: art. 5º, LVII – somente quando não mais couber recurso contra a decisão o réu poderá ser considerado culpado. Não é absoluto, pois, a prisão provisória é possível. (art. 5º, LXI) Princípio do Contraditório e da ampla defesa. (art. 5º, LV)- Princípio do privilégio contra a autoincriminação: nemo tenetur se detegere. – art. 5º, LXIII / art. 186,§ú CPP Princípio da Publicidade: art. 5º, LX e 93, IX . Princípio da razoável duração do processo: art. 5º, LXXVIII – provas (400,§1º) Princípio da motivação das decisões judiciais: art. 93, IX Princípio da imparcialidade do juiz: não é expresso na CF – encontra-se na CF garantias e vedações ao juiz. (95) Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: decorre da previsão da competência recursal dos Tribunais. Princípio da Iniciativa das partes: a jurisdição é inerte. Princípio da Intranscendência: art.5º, XLV – a pena não pode passar da pessoa do condenado. Outros Princípios da Ação Penal: Verdade real: busca-se a realidade dos fatos, não basta a verdade formal. Provas – 156 CPP. – limitações ao princípio da verdade real- provas ilícitas e revisão criminal pro societate. Princípio do Impulso Oficial: Princípio da Correlação: impede que o juiz ao proferir sentença extrapole os limites da acusação. (extra petita) – deve haver correlação entre o fato imputado e a sentença proferida. Princípio da identidade física do juiz: aquele que colheu a prova deve ser o mesmo a julgar. (399,§2º) Princípio do favor rei: havendo dúvida, o juiz deve optar pela solução mais favorável ao réu. (in dubio pro reo). Isso não ocorre na fase de pronúncia. AÇÃO PENAL PÚBLICA: é aquela cuja titularidade é exclusiva do MP – art. 129, I CF, para os delitos que a lei defina como de ação pública. Princípios da APP: obrigatoriedade, indisponibilidade e oficialidade. Obrigatoriedade: O MP não pode transigir ou perdoar o autor do crime de ação pública. Entendendo que existem indícios suficientes de autoria e materialidade é obrigado a denunciar. Infrações de menor potencial ofensivo: o MP pode deixar de oferecer denúncia quando ocorra a transação penal (98, I, CF) Indisponibilidade: art. 42 CPP – não pode ocorrer desistência da ação penal proposta, bem como do recurso interposto. (576, CPP). Suspensão condicional do processo: atenuou tal princípio – 89 lei 9.099. crime com pena mínima de 1 ano. Mas não é caso de ser exceção efetiva ao princípio. Oficialidade: titular da ação é órgão oficial – MP – atenuado pela CF. art 5º, LIX AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA A denominação decorre da desnecessidade de qualquer condição especial para que seja iniciada a ação penal pelo MP. Basta a existência das condições da ação (gerais). Quando o tipo penal nada menciona a respeito da espécie de ação penal é considerado de ação penal pública incondicionada. Art. 24, §2 CPP – impõe a ação penal pública incondicionada quando o crime é praticado contra patrimônio ou interesse da união, estados e municípios. A. P CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Representação é a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante no sentido de solicitar providências ao Estado para a apuração do crime e, ao mesmo tempo, autorizar o MP a ingressar com a ação penal. Condição de procedibilidade Alguns autores denominação a representação como delatio criminispostulatória. O IP só se inicia com a representação da vítima, salvo nas infrações de menor potencial ofensivo (TC pode ser lavrado sem a representação que só será colhida na audiência preliminar). A lei menciona junto ao tipo penal que “somente se procede mediante representação”. Ex: 147 CP, 156 CP, §1º) Pode encontrar-se em outra lei como no caso de lesão corporal leve e culposa (88 da lei 9.099) Não vinculação do MP à representação- poderá o MP promover o arquivamento, bem como denunciar somente um ou alguns dos investigados. Não pode o autor da representação se valer do art. 28 do CPP. Conteúdo da representação: não é adequado que da representação conste o nome daquele contra quem se faz a representação, mas mesmo que houver tal indicação o MP pode denunciar outros que não estejam nomeados na mesma. Não há renúncia em relação àquele que não teve o nome veiculado na representação. Retratação da representação – art. 25 do CPP – possibilidade antes do oferecimento da denúncia. Aspectos formais da representação: art. 39 Mais importantes: endereçamento ao juiz, MP ou DELPOL; oferecida pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; escrita ou oral (reduzida a termo). Prazo para a representação: art. 38 do CPP – 6 meses a contar do conhecimento da autoria. Prazo é decadencial – se inicia com o descobrimento da autoria pela vítima ou representante. Prescrição pode ocorrer antes de se conhecer a autoria, pois, se inicia a partir da data do fato. Titularidade do direito de representação: Vítima ou representante legal – art. 38 Representante: quando a vítima for menor de 18 anos ou incapaz em razão de doença ou retardamento mental. Vítima menor de 18 anos sem representante legal – nomeação de curador especial pelo juiz, para a verificação da conveniência da representação (33 do CPP – interpretação extensiva) Curador deve ser pessoa de confiança do juiz e não está obrigado à representar. Colidência de interesses entre a vítima e o representante: hipótese de nomeação de curador especial. Vítima menor de 18 anos – nomeação de curador pelo juízo da infância. (148,§ú, f ECA) Doente mental: nomeação pelo próprio juízo criminal. Vítima menor de 18 anos que conhece a autoria, mas não comunica ao representante – prazo de representação se inicia com a maioridade da vítima. Morte da vítima maior: o direito de representação passa ao cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão. (CCADI) Pluralidade de vítimas e representação por uma delas: a denúncia deve se ater ao fato relacionado àquele que representou, despreza-se concurso formal de crimes. Retratação: art. 25 – pode ocorrer até o oferecimento da denúncia. Admite-se retratação da retratação – se dentro do prazo decadencial de 6 meses. Representação e Lei Maria da Penha: é a regra na lei – Não se aplica a lei 9.099/95- havendo representação lavra-se IP. Exceção: lesão corporal leve e culposa – pública incondicionada. STF – ADI 4424 Retratação na Maria da Penha: deve ser elaborada uma certidão de comparecimento e da intenção de retratação. O Juiz, caso não tenha recebido a denúncia, designará audiência nos termos do art. 16 da lei 11.340/06. Não cabe retratação da retratação. Ação Penal Pública Condicionada à requisição do Ministro da Justiça: condição de procedibilidade. Decorre da necessidade de verificação da conveniência política de ser iniciada a ação penal pelo MP. Situações: art. 7º, §3º, b do CP e 145,§ú – somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça. A requisição não vincula o MP – independência funcional: art. 127,§1º da CF. Prazo: não segue a regra da representação, não há prazo, podendo ser oferecida a qualquer tempo antes da prescrição. Retratação: duas correntes – NÃO: o art. 25 só a prevê para representação: Tourinho, Capez e outros. SIM: apesar do art 25, pode ser aplicado por analogia, já que todo ato adm. pode ser revogado. Damásio e outros. Opções do MP ao receber o IP concluído (APP condicionada ou incondicionada) Requerimento de novas diligências: imprescindíveis ao esclarecimento dos fatos. Indeferimento pelo juiz pode ocorrer caso entenda que é dispensável nova diligência. Insistência do MP na diligência: aplica-se analogicamente o art. 28 do CPP. MP pode requerer diligências diretamente nos termos dos arts. 13 do CPP e 129, VIII da CF. MP promovendo o arquivamento, não cabe determinação de novas diligências pelo juiz – caberá interposição de correição parcial. Requerimento de remessa a outro juízo: entendendo que o réu cometeu crime diverso do qual tenha sido indiciado e em razão disso, o juízo para o qual foi encaminhado não seja competente, poderá se manifestar de modo fundamentado rogando pela remessa ao juízo competente. O Juiz não poderá simplesmente indeferir – caso discorde deve se utilizar do art. 28 do CPP. Não aplicando-se o art. 28 – cabe correição parcial. Do conflito negativa de atribuição que surge com a negativa do promotor que recebeu no novo juízo, caberá decisão por parte do PGJ. Promoção de arquivamento: situações: fato atípico, presença de excludente de ilicitude, extinção da punibilidade ou inexistência de indícios suficientes de autoria ou de materialidade. Hipóteses: concordância do juiz com a promoção do arquivamento – ver art. 18 CPP e súmula 524 do STF. Da decisão que determina o arquivamento em regra não cabe recurso. Exceção: art. 7º da lei 1521/51 – recurso de ofício por parte do juiz – crime contra economia popular e saúde pública. Arquivamento pelo DELPOL (art. 17) ou pelo juiz de ofício: impossibilidade . Discordância do juiz: aplicação do art. 28 do CPP. Promotor designado – não pode recusar-se em denunciar, pois, age por ordem do PGJ. PGJ – pode determinar novas diligências e após o IP retornará para ele se manifestar. Aplica-se o art. 28 do CPP quando se tratar de peças de informação. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA Havendo indícios de autoria e de materialidade de crime de ação pública, constantes do IP ou das peças de informações, o MP está obrigado a oferecer denúncia. Desde que não estejam presentes causas impeditivas do exercício da ação penal. Prazo de oferecimento: regra geral – 5 dias com indiciado preso e 15 se solto (art. 46). Início do prazo: recebimento dos autos com vistas ao MP. Retorno à delegacia para diligências: quando retornar ao MP, após as diligências, o prazo será computado novamente desde o início. Prazos em leis especiais: na lei de drogas o prazo é de 10 dias (art. 54, caput, lei 11.343/06) Trata-se de prazo impróprio – o MP pode denunciar após transcorrido o prazo legal. Consequências do não atendimento do prazo pelo MP: possibilidade de o indiciado preso pleitear a sua liberdade, bem como a possibilidade de oferecimento de queixa-crime subsidiária. Não obrigatoriedade do IP – art. 27 e 40 do CPP. MP pode se valer de peças de informações. Início do prazo para a denúncia quando da dispensa de IP – art. 46, §1º - data do recebimento das peças ou da representação (39,§5º). REQUISITOS DA DENÚNCIA Na denúncia não há lugar para a análise de provas. O MP imputa a prática de determinado crime a alguém, descrevendo dia e local do fato, que se enquadra em determinado tipo penal. Deve ser sucinta, mas deve trazer todas elementares que compõem o tipo penal. Não é mero resumo das fases do IP, deve o MP reproduzir na peça em que consistiu o fato criminoso. Requisitos: art. 41 do CPP 1- exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias: A) todas as elementares do tipo e amaneira como ocorreram no caso concreto; B) todas as circunstâncias agregadas que possam implicar em alteração da pena – as qualificadoras e causas de aumento não podem ser reconhecidas pela juiz sem que constem da denúncia. Qualificadoras: alteram a pena em abstrato. Ex: homicídio simples de 6 a 20 anos e o qualificado de 12 a 30 anos. Causas de aumento de pena: são índices de aumento: a pena será aumentada de 1/3; aumentada de ½. As agravantes genéricas (61 e 62 do CP) podem ser reconhecidas mesmo que não constem da denúncia (385 CPP). C) todas as circunstâncias de tempo, local e modo de execução. II – qualificação do acusado ou elementos pelos quais se possa identificá-lo. III – classificação do crime: indicação do artigo de lei infringido. A classificação pode posteriormente ser alterada – 384 e 383 do CPP. A classificação é importante, pois, com base nela é que se verifica a possibilidade de suspensão condicional do processo (pena mínima não superior a 1 ano), ou cabimento de prisão preventiva. O juiz não pode ao receber a denúncia dar outra classificação ao crime, somente ao final. Súmula 337 STJ. Caso o MP classifique o fato como crime que admita a suspensão condicional do processo e o juiz não concorde, basta que não a homologue, devendo o feito prosseguir. IV – Rol de testemunhas: na denúncia é o momento de se arrolar testemunhas de acusação.A omissão leva à preclusão. Poderá o MP neste caso requerer a oitiva como testemunhas do juízo (209, CPP) Forma da Denúncia: tem forma de petição, devendo ter endereçamento, exposição dos fatos e do direito e os requerimentos. Deve conter todos os elementos da ação: partes, pedido e causa de pedir. Cota de oferecimento da denúncia: escreverá o MP que oferece denúncia em apartado. Deve o MP fazer constar no termo de vistas, eventuais requerimento necessário naquele momento. Ex: prisão preventiva, liberdade provisória, suspensão condicional do processo. Recebimento da denúncia: trata-se de cisão interlocutória simples, devendo ser proferida em 05 dias (800, II, CPP). Recomenda-se ao juiz que não se limite a despachar “recebo a denúncia”. É mero juízo de admissibilidade, não exigindo-se fundamentação do art. 93, IX CF. - STF HC 101.971 Recurso contra a decisão que recebe a denúncia: não existe recurso específico previsto em lei. Admite-se, assim, que se impetre HC quando o crime constante da denúncia seja passível a cominação de pena de prisão. HC – para trancar a ação penal nos casos de atipicidade ou extinção da punibilidade. Com o recebimento da denúncia interrompe-se o prazo prescricional, nos termos do art. 117, I do CP. Aditamento da denúncia: 569 CPP – omissões podem ser sanadas a qualquer tempo antes da sentença final, mediante aditamento. Também se pode aditar para fins de correções, como nome do réu, data ou local do crime. Aditamento para inclusão de corréu ou fato novo: art. 569 e 82 do CPP. Caso o juiz entenda que a inclusão do corréu seja possível determinará a citação e demais providências, proferindo-se uma sentença ao final. Do contrário, entendendo que haverá prejuízo para a tramitação, receberá o aditamento, mas determinará o desmembramento do feito. O MP ao perceber que o aditamento pode atrapalhar a tramitação em razão do estado do processo, poderá optar por nova denúncia, para o início de novo processo. Hipóteses de rejeição da denúncia: art. 395 do CPP São: inépcia manifesta, falta de pressuposto processual, falta de condição da ação e falta de justa causa. Inépcia manifesta: 395,I – decorre da narrativa incompreensível dos fatos, da insuficiente identificação do réu ou inobservância do requisitos mínimos (41). Pode ser reapresentada após as correções. Falta de Pressuposto Processual: 395, II, 1ª parte – decorre da ausência de capacidade de ser parte, falta de capacidade postulatória, ilegitimidade de parte, etc. Falta de condição da Ação: 395, II, 2ª parte - Falta de Justa Causa para o exercício da ação penal – 395, III – ausência de lastro probatório mínimo para início da ação quanto a autoria e materialidade, atipicidade da conduta narrada ou ainda a ocorrência de prescrição ou outra causa de extinção da punibilidade. Recurso contra a decisão que rejeita a denúncia: RESE (581,I) – uma vez interposto, deve-se intimar o denunciado para oferecer contrarrazões, sob pena de nulidade. Súmula: 707 STF – nulidade pela falta de intimação. Súmula 709 STF – acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela, salvo se nula a decisão de 1º grau. AÇÃO PENAL PRIVADA: forma de ação penal cuja iniciativa é do ofendido ou seu representante legal (quando menor ou incapaz). Princípios Específicos Oportunidade: o ofendido decide de acordo com o seu livre-arbítrio se promove ou não a ação. Disponibilidade: pode o ofendido desistir da ação penal por meio do perdão ou perempção (51 e 60 CPP), bem como desistir do recurso interposto (567) Indivisibilidade: art. 48 – a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos. A não inclusão intencional de autor do crime, gera a renúncia em favor de todos os demais. (49) Intranscendência: a ação somente atinge os autores da infração, não atingindo 3º. Titularidade de AP Privada: art. 30 CPP e 100, §2º do CP – ofendido ou seu representante legal. Ofendido menor de 18 anos sem representante – nomeação de curador pelo juiz. Morte ou ausência do ofendido: ação ainda não proposta – art 31 CPP. Caso já tenha sido proposta, poderá haver continuidade pelos titulares alternativos. Mulher casada pode exercer o direito de queixa ou representação? Não há mais restrições – art. 35 do CPP perdeu razão de ser. Pessoas Jurídicas: art. 37 – fundações, sociedades e associações devidamente constituídas – deve ser representadas por aqueles que constam do ato constitutivo e no silêncio, por seus diretores ou sócios-gerentes. Não podem ser sujeitos passivos da pretensão punitiva, salvo em crimes ambientais. Prazo para o exercício da queixa- crime: art. 38 CPP – seis meses a contar do conhecimento da autoria ou com o fim do esgotamento do prazo para oferecimento da denúncia, nos termos do art. 29. Prazo na hipótese do art. 31 – morte ou declaração de ausência – 6 meses a contar da ciência da autoria pelo sucessor. Divisão da Ação Penal Privada: divide-se em 3 espécies: 1- propriamente dita ou exclusivamente privada: exercício compete ao ofendido ou representante. 2- Subsidiária da pública: decorre da inércia do MP (29) seja pública condicionada ou incondicionada. 3- personalíssima: exercício compete única e exclusivamente ao ofendido. (236, CP) Morte do ofendido na ação personalíssima: ocorre a extinção da punibilidade, pois, não se aplica o art. 31 CPP. Despesas processuais: art. 806 CPP Início da Ação Penal Privada: ato inaugural – queixa-crime. Procuração outorgada ao advogado – art 44 – poderes especiais. Oitiva do MP: antes do recebimento da peça acusatória, o juiz abrirá vista ao MP para manifestação como fiscal da lei. O MP pode aditar para correções formais - 45 Oferecimento da queixa diretamente pelo ofendido- desde que tenha capacidade postulatória. Destino do IP após a sua conclusão nos crimes de ação penal privada: - art. 19 CPP – será remetido ao juízo competente e ficará à disposição do ofendido. Não sendo proposta a ação penal no prazo decadencial o juiz declarará a extinção da punibilidade e determinará o arquivamento do IP. Causas extintivas da punibilidadeda ação penal privada no CPP Incidem na ação penal privada exclusiva e personalíssima – decadência, perempção, renúncia e perdão. Decadência: perda do direito de propor a ação penal em face do decurso do prazo. Prazo: 6 meses do conhecimento da autoria pelo ofendido – 103 do CP. O prazo é peremptório – não se suspende ou prorroga. Terminando o prazo em feriado ou fim de semana não se prorroga para o próximo dia útil. Perempção: sanção imposta ao querelante e consiste na perda do direito de prosseguir na ação penal. Decorre da inércia ou omissão durante a ação. Os efeitos estendem-se a todos os querelados. Não ocorre nos casos de ação penal privada subsidiária da pública, pois, em caso de inércia o MP reassume a ação. Hipóteses de perempção – art. 60 CPP RENÚNCIA: é ato unilateral e ocorre quando o ofendido abre mão do direito de queixa. Ocorre antes do início da ação penal (antes do recebimento da queixa) Formas de renúncia: expressa (50) ou tácita (57) – prática de ato incompatível. Renúncia de estende a todos os autores do crime. Renúncia e a lei 9.099/95 – art.74 – composição de danos civis implica em renúncia ao direito de queixa e de representação. Excepcionalmente não se estende a todos os autores do crime. PERDÃO: ato pelo qual o querelante desiste do prosseguimento da ação penal privada. Cabível após o recebimento da queixa e antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. É ato bilateral, pois, depende de aceitação do querelado. É instituto exclusivo da ação penal privada. Se concedido a um dos querelados, a todos se estende, mas só extingue a punibilidade daqueles que aceitarem o perdão. (51) Pode ser concedido pessoalmente ou por procurador com poderes especiais. Pode ser: processual ou extraprocessual. Processual – mediante declaração expressa nos autos – será o querelado notificado para no prazo de 3 dias se manifestar se aceita ou não, devendo constar do mandado que o silêncio importará em aceitação. Extraprocessual: pode ser expresso ou tácito: expresso é concedido mediante declaração assinada pelo ofendido ou procurador com poderes especiais. Tácito: quando o querelante pratica ato incompatível com a intenção de prosseguir na ação. Admite-se qualquer meio de prova. É extraprocessual na origem, mas só será reconhecido pelo juiz em caso de prova feita em juízo a seu respeito. Aceitação do perdão extraprocessual deve se dar por declaração assinada pelo querelado, representante ou procurador com poderes especiais. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA CF – art. 5º, LIX. A exclusividade do MP para a ação penal pública não é absoluta. Prazo para atuação da vítima – inicia-se com o fim do prazo para o MP oferecer denúncia. Lapso temporal: 6 meses – decadencial para a vítima. O prazo para o MP oferecer denúncia não é peremptório – poderá apresentar denúncia após o prazo legal que possui caso a vítima não tenha apresentado a ação subsidiária. Após o prazo legal de denúncia pelo MP (art.46) surge uma titularidade concorrente. Arquivamento pelo promotor ou determinação de retorno à delegacia – não gera direito de propor a queixa subsidiária. Caso venha a ser apresentada deverá ser rejeitada por ilegitimidade de parte – 395, II Atuação do MP – custos legis: poderes especiais de acordo com o art. 29 do CPP. 1- vistas ao MP antes do recebimento da queixa subsidiária: o MP poderá repudiá-la caso não preencha os requisitos do art. 41 e oferecerá denúncia substitutiva – retoma a titularidade da ação. 2- poderá aditá-la se apesar de entender como sendo viável a queixa, encontre falhas. Neste caso não retoma a titularidade da ação penal. Pode ainda incluir corréu ou crime conexo, e ainda qualificadoras ou causas de aumento de pena. Prazo para aditamento: 3 dias. 3- pode apresentar recurso qualquer que seja a natureza da decisão. (absolvição, condenação, extinção da punibilidade, montante de pena) – na ação exclusiva privada ou personalíssima – somente pode recorrer me favor do réu. 4- pode fornecer elementos de provas e participar da produção das mesmas. 5- pode retomar a titularidade da ação em caso de negligência do querelante, não ocorrendo perempção. Pluralidade de partes da ação penal – LITISCONSÓRCIO. PASSIVO: é comum nos casos de concurso de pessoas que praticam o mesmo crime ou em casos de cometimento de crimes conexos. ATIVO: decorre do cometimento de crimes conexos (devem ser apurados em conjunto), mas não coincide a titularidade da ação. Hipóteses: cometimento de crimes conexos, sendo um de ação pública e outro de ação privada ou ainda em crimes conexos de ação privada com vítimas distintas. LEGITIMIDADE CONCORRENTE: neste caso a ação penal pode ser proposta pelo MP ou pelo particular. Hipóteses: 1- durante o prazo de 6 meses para a propositura da queixa subsidiária. 2- crimes contra a honra de funcionário público – art. 145, §ú do CP. Súmula 714 do STF – fala em titularidade concorrente.
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