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RAIVA APOSTILA

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE VALENÇA – CESVA 
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DOM ANDRÉ ARCOVERDE 
MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
RAIVA URBANA 
– RAIVA DOS CÃES E GATOS – 
 
 
 
 
 
 
RENATA VITÓRIA CAMPOS COSTA 
DISCIPLINA DE DOENÇAS INFECCIOSAS E EPIDEMIOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VALENÇA 
2011 
RAIVA URBANA - RAIVA DOS CÃES E GATOS 
 
 
A raiva é uma doença que acomete mamíferos e pode ser transmitida ao 
homem, sendo portanto, uma zoonose. É causada por vírus que causa uma 
encefalomielite fatal, tanto para o homem, quanto para os animais. 
Apesar de conhecida desde a antigüidade, a raiva continua sendo um problema 
de saúde pública nos países em desenvolvimento, especialmente a transmitida por 
cães e gatos, em áreas urbanas. Em alguns países da África e Ásia, por exemplo, a raiva 
humana, causada através da infecção por cães e gatos, provoca cerca de 55.000 
mortes por ano. 
 
 
CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA RAIVA URBANA 
- Distribuição: 
 
A raiva está presente em todos os continentes, à exceção da Austrália e 
Antártica. Alguns países desenvolvidos (Inglaterra, Irlanda, Japão e países 
escandinavos) obtiveram sucesso na erradicação da doença, mais ainda é efetuada a 
vigilância (Figura 01). 
Na América Latina ainda ocorrem casos de raiva humana transmitidos pelo cão, 
assim como tem sido um problema emergente os surtos de raiva causados pelos 
morcegos hematófagos, principalmente na região Amazônica. 
 
Figura 01 – Distribuição da Raiva Humana, segundo risco de transmissão 
 
Fonte: Manual Técnico – Instituto Pasteur. 2009. 
No Brasil, a raiva humana ainda faz vítimas e a doença apresenta níveis 
distintos de endemicidade nas diferentes regiões do País. 
Na região Sul, a raiva urbana está controlada. Os últimos casos em humanos 
nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina ocorreram em 1981. No Paraná, o 
último caso humano foi registrado em 1987. Apesar disso, em 2001 ocorreu no Rio 
Grande do Sul um caso em felino cuja fonte de infecção foi uma variante de VR de 
origem de morcegos não hematófagos. Em 2007 ocorreu a contaminação de um cão 
com uma variante de morcegos usualmente detectada em morcegos insetívoros. 
Assim, apesar de episódios isolados de contaminação com vírus de outros hospedeiros 
naturais, as variantes do VR que tem como hospedeiro natural o cão não tem mais sido 
detectadas em populações caninas na região Sul. 
As demais regiões do País ainda apresentam casos de raiva urbana. Não 
obstante, ao examinar os casos notificados no Brasil no decênio 1997-2006, observa-se 
que tem havido um decréscimo significativo e continuado de casos em caninos e 
felinos. 
No período de 1990 a 1993 a raiva se apresentou com um número médio anual 
de 63 casos; de 1994 a 2001 ocorreram, em média, de 25 casos/ano. Após 10 óbitos 
em 2002 e 17 em 2003, houve em 2004 e 2005 uma importante mudança de perfil 
epidemiológico da doença ocasionada por surtos de raiva humana transmitida por 
morcegos hematófagos nos Estados do Pará e Maranhão. Por ocasião desses surtos 
(2004-2005), o Brasil foi responsável por cerca de 40% dos casos de raiva nas 
Américas. 
A Figura 02 demonstra a evolução da raiva humana nas Américas, segundo a 
espécie transmissora, no período de 2000 a 2008, segundo dados da OPAS. 
 
Figura 02 – Casos de Raiva Humana nas Américas segundo fonte de infecção – 2000 a 2008 
 
 
 
Fonte: Manual Técnico – Instituto Pasteur. 2009. 
 
- Reservatórios e ciclos epidemiológicos da raiva: 
 
Provavelmente todas as espécies animais de sangue quente são passíveis de 
serem infectadas pelo vírus da raiva (VR). No entanto, a maioria dessas espécies, 
quando infectadas, tornam-se hospedeiros finais do agente, pois a infecção resulta em 
morte e não ocorre disseminação do mesmo para novos hospedeiros. Para garantir sua 
perpetuação na natureza, o VR adaptou-se a determinadas espécies, denominadas 
“hospedeiros naturais”, as quais servem como reservatórios do vírus. 
Os hospedeiros naturais são os principais reservatórios da infecção. 
Ocasionalmente, espécies de hospedeiros não naturais do vírus (hospedeiros finais) 
podem atuar como reservatórios da infecção 
Na natureza, o VR é mantido pelos reservatórios, em ciclos ocasionalmente 
inter-relacionados, denominados ciclos urbanos, silvestre (aéreo e terrestre) e ciclo 
rural (Figura 03). 
No ciclo urbano, as principais fontes de infecção são o cão e o gato domésticos. 
O caráter zoonótico da raiva é mais evidente neste ciclo em função da natureza da 
relação entre cães e humanos. Variantes do VR adaptadas a cães são detectadas em 
áreas onde a raiva urbana permanece endêmica. O ciclo urbano se faz presente, 
também, em regiões onde a raiva canina foi controlada, com a ocorrência de casos de 
raiva em cães e gatos com variantes de morcego. A população felina, face às baixas 
coberturas vacinais nesta espécie e ao seu instinto predador, passa a ser mais 
vulnerável a se infectar com o vírus da raiva através de contatos com morcegos de 
espécies hematófagas ou não hematófagas. 
O ciclo silvestre aéreo refere-se à raiva em morcegos. No Brasil, o morcego 
hematófago é o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre. Morcegos 
não hematófagos também podem se infectar e disseminar o vírus. Outros 
reservatórios silvestres (ciclo silvestre terrestre) são: macaco, raposa, coiote, chacal, 
gato-do-mato, jaritataca, guaxinim e mangusto. 
O ciclo rural refere-se à raiva dos herbívoros, que envolve, principalmente 
bovinos e eqüinos e na qual o principal vetor é o morcego hematófago. Outras 
espécies de animais de produção também são englobadas nesse ciclo, como ovinos, 
caprinos e suínos. 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 03: Ciclos epidemiológicos da raiva: 
 
 
 
Fonte: Guia Epidemiológico. Ministério da Saúde. 2007. 
 
 
AGENTE ETIOLÓGICO 
 
O vírus da raiva (VR) pertence à ordem Mononegavirales, família 
Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. 
O gênero Lyssavirus é presentemente subdividido em sete genótipos. O VR é 
classificado como genótipo “1”, sendo o protótipo do gênero. Além desses, outros 
quatro novos genótipos foram propostos recentemente. Até o presente, nas Américas, 
todas as amostras de vírus do gênero Lyssavirus isoladas pertencem ao genótipo 1, 
que compreende todas as amostras “clássicas” do VR. 
A partícula completa do vírus rábico (denominada vírion) apresenta um 
formato característico que lembra uma bala de revólver, com um diâmetro de 
aproximadamente 75 nm e comprimento entre 100 e 300 nm. Seu genoma é 
constituído por RNA. de fita simples Apresenta dois antígenos principais: um de 
superfície, constituído por uma glicoproteína, responsável pela formação de 
anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-célula, e outro interno, constituído por uma 
nucleoproteína, que é grupo específico. 
O VR é envelopado e, como tal, sensível a detergentes e solventes lipídicos 
(éter, clorofórmio). Sua resistência fora do hospedeiro é baixa. O vírus é rapidamente 
inativado a temperaturas altas, sendo destruído a 50°C durante 15 minutos. É sensível 
ao dessecamento, luz solar, radiação ultravioleta, hipoclorito de sódio, soda cáustica a 
2%, sabões, detergentes, formalina a 10%, glutaraldeído a 2%, fenóis a 5%, cresóis e 
ácidos e bases e em extremos de pH. O vírus se mantém estável por longos períodos a 
4°C, se conservado a -20°C em tecidos mergulhados em glicerina tamponada, o vírus se 
mantém por vários anos. 
Nos anos 80, com a utilização de anticorpos monoclonais para o estudo de 
amostras do VR, a ocorrência de variantes antigênicas tornou-se bemmais evidente. 
Aqueles estudos e muitos outros que os sucederam confirmaram que amostras de VR 
originárias de diferentes hospedeiros naturais apresentavam variantes com 
características antigênicas particulares. 
Com esse painel foram identificadas no Brasil até o presente: as variantes 
denominadas 2, encontrada principalmente em cães, apresentando o perfil típico de 
amostras de raiva urbana; a variante 3, usualmente identificada em morcegos 
hematófagos Desmodus rotundus; a variante 4, identificada em morcegos insetívoros 
Tadarida brasiliensis; a variante 5, relacionada a morcegos hematófagos na Venezuela, 
porém no Brasil isolada de uma “raposa” ou “cachorro-do-mato” (Cerdocyon thous) e a 
variante 6, isolada de um morcego insetívoro Lasiurus cinereus. 
 
 
TRANSMISSÃO 
 
A maioria das infecções pelo vírus rábico se dá por transmissão percutânea, 
através da mordedura de animais infectados. O vírus é introduzido através da saliva do 
animal infectado. 
A lambedura de pele com ferimento já existente ou de mucosa, mesmo íntegra, 
pode, ocasionalmente, levar à transmissão de raiva. 
A arranhadura por unha de gato, que tem o hábito de se lamber, pode ser 
profunda, introduzindo o vírus. 
Os receptores do vírus rábico no organismo encontram-se na pele e nas 
mucosas. 
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do 
aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. 
Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de 
transmissão, sabendo-se que varia de espécie para espécie. Por exemplo, 
especificamente os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem 
sintomatologia aparente. 
 
 
PERÍODO DE INCUBAÇÃO 
 
O período de incubação da raiva é muito variável após infecções naturais. 
Diversos fatores podem estar associados a um maior ou menor período de incubação, 
tais como a amostra de vírus envolvida, o local da mordedura (quanto mais próximo do 
sistema nervoso central, mais rápido o acesso do vírus ao mesmo), a carga viral 
presente na ocasião da agressão, a suscetibilidade da espécie exposta e imunidade do 
animal agredido. Geralmente, o período de incubação é de 2 a 12 semanas, porém 
períodos superiores á um ano já foram relatados. 
 
 
REPLICAÇÃO NO HOSPEDEIRO E PATOGENIA DA RAIVA 
 
O vírus se replica no local da inoculação, inicialmente nas células musculares ou 
nas células do tecido sub-epitelial, até que atinja concentração suficiente para alcançar 
terminações nervosas, sendo este período de replicação extra neural responsável pelo 
período de incubação relativamente longo da raiva, quando comparado com outras 
infecções virais. Contudo, ocasionalmente, pode ocorrer a entrada direta do vírus no 
Sistema Nervoso central (SNC), sem replicação prévia no músculo. 
O vírus é conduzido via terminações nervosas motoras, aos nervos periféricos, 
provavelmente pela combinação de fluxo axoplásmico retrógrado, transmissão célula-
célula via junções sinápticas, até atingir o SNC. 
A distribuição do vírus rábico não é homogênea no SNC e muitas vezes, os 
sintomas estão associados com a localização anatômica no cérebro. 
A partir da intensa replicação no SNC, o vírus da raiva segue em direção 
centrífuga, disseminando-se através do sistema nervoso periférico e autônomo para os 
tecidos não neuronais de diferentes órgãos (pulmões, coração, rins, bexiga, útero, 
testículos, folículo piloso etc.) e glândulas salivares, sendo eliminado pela saliva. Sua 
excreção através da saliva é o principal mecanismo de disseminação e perpetuação do 
mesmo na natureza. 
Um aspecto interessante em relação à infecção pelo vírus da raiva, 
diferentemente do que ocorre com a maioria das encefalites, é o fato de não haver 
uma grande reação inflamatória, com destruição de tecidos. No caso da raiva há 
poucas alterações neuropatológicas, fato contraditório com a intensidade dos 
sintomas e letalidade apresentada pela infecção. A doença ocorre por causa da 
disfunção neuronal e não pela morte celular. 
A disfunção neuronal é causada pelas anormalidades na neurotransmissão 
envolvendo, principalmente o GABA (ácido gama aminobutírico). 
 
 
SINTOMAS DA RAIVA NO CÃO E GATO: 
- Raiva no cão: 
 
Os sinais clínicos aparecem somente após o envolvimento do SNC.- 
- O início do quadro, ou fase prodrômica, pode anteceder as manifestações 
mais típicas e revelar sinais pouco sugestivos, tais como alterações de comportamento, 
inapetência, apatia, depressão, inquietude e incoordenação motora. A fase 
prodrômica dura, aproximadamente, 3 dias. 
- Após a fase prodrômica manifesta-se a fase furiosa, freqüentemente 
observada em caninos, onde o sinal mais marcante é a agressividade com tendência a 
morder objetos, outros animais, o homem (inclusive o seu proprietário) e morder a si 
mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, 
uma vez que o animal e incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos 
músculos da deglutição. Há alteração do seu latido, que se torna rouco ou bitonal, 
devido à paralisia parcial das cordas vocais. Os cães infectados pelo vírus rábico tem 
propensão de abandonar suas casas e percorrer grandes distancias, durante a qual 
podem atacar outros animais, disseminando, dessa maneira, a raiva. Embora possam 
ser também observados sinais de depressão, excitabilidade, mudanças de 
comportamento, insônia e, ocasionalmente, febre. 
- Pode ocorrer ainda uma apresentação clínica muda ou paralítica com fase de 
excitação ausente, inaparente ou curta. Uma paralisia ascendente se manifesta a partir 
dos membros inferiores, dificuldade de deglutição, sialorréia, coma e morte. 
 
- Raiva no gato: 
A raiva em gatos geralmente apresenta-se sob a forma furiosa, com 
sintomatologia similar à do cão. A mudança de comportamento, muitas vezes, não é 
observada, uma vez que os gatos são animais “semi-domésticos”. • 
 
Em conseqüência das características da doença, o animal raivoso é facilmente 
atropelado em vias públicas, o que exige muito cuidado ao prestar socorro a um 
animal. 
O cães e gatos infectados pelo VR podem estar eliminando vírus na saliva desde 
o 5° dia, antes de apresentar os primeiros sintomas. 
A evolução da raiva nos cães e gatos é de aproximadamente 5 a 7 dias e 
termina com a morte do animal por paralisia respiratória. 
Deve-se considerar que os sinais e sintomas das diferentes apresentações não 
seguem, necessariamente, seqüências obrigatórias ou apresentam-se em sua 
totalidade. Especial atenção se deve dar a outras sintomatologias que podem ocorrer 
quando a raiva em cães e gatos for transmitida por morcegos, fato que vem ocorrendo 
em algumas regiões do pais. 
 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
É essencial que seja realizado o diagnóstico laboratorial. Todo mamífero que 
apresente qualquer sintoma neurológico, ou com diagnóstico clínico de raiva, deve ser 
submetido ao diagnóstico laboratorial, para a confirmação da doença e para que sejam 
adotadas medidas de controle. 
O tecido de eleição para o diagnóstico de raiva é o encéfalo dos animais 
suspeitos. A distribuição do vírus rábico não é homogênea no SNC e, por esta razão, a 
porção de eleição para encaminhamento ao laboratório de diagnóstico varia de 
espécie para espécie. As regiões mais habitualmente atingidas são: hipocampo, tronco 
cerebral, medula e células de Purkinje no cerebelo ou fragmentos de tecidos 
encefálicos. 
Cuidados na remoção do encéfalo, como o uso de equipamentos de proteção 
individual, são importantes para evitar acidentes e inoculações acidentais com 
material infectado. Todo indivíduo que executa ou auxilianecropsias de animais com 
suspeita de raiva deve se submeter ao esquema vacinal pré-exposição e ter seu soro 
dosado para anticorpos anti-rábicos 
 
 
- Acondicionamento, conservação e transporte da amostra: 
O material para diagnóstico deve ser acondicionado em saco plástico duplo, 
vedado hermeticamente, identificado de forma clara e legível, não permitindo que a 
identificação se apague em contato com a água ou gelo. 
A amostra, devidamente embalada e identificada, deve ser colocada em caixa 
de isopor, com gelo suficiente para que chegue bem conservada ao seu destino. A 
caixa deve ser rotulada e bem fechada, não permitindo vazamentos que possam 
contaminar quem a transporte. O modo de conservação dependerá do tempo 
(estimado) decorrido entre a remessa ao laboratório e o processamento da amostra: 
• até 24 horas – refrigerado; 
• mais de 24 horas – congelado; 
Juntamente com o material, deve ser enviada a ficha epidemiológica completa, 
com o nome e endereço do solicitante, a espécie do animal e os possíveis contatos 
com humanos e animais; se houve observação do animal doente e qual o período; se o 
animal foi sacrificado ou morreu naturalmente, etc. 
 
- Provas laboratoriais: 
 
a) - IFD: 
A Prova de eleição para o diagnóstico rápido da raiva é a Imunofluorescência Direta 
(IFD). Esta passou a ser amplamente utilizada devido a sua alta sensibilidade e 
especificidade. A IFD baseia-se na detecção do vírus em esfregaços de tecido com 
anticorpos específicos conjugados a uma substância fluorescente (isotiocianato de 
fluoresceína). Em um laboratório com equipamento e pessoal adequadamente 
treinado, a IFD chega a atingir sensibilidade e especificidade próximas a 100%. 
 
 
 
 
b) - A prova biológica 
É o teste confirmatório obrigatório quando o resultado da IFD resulta negativo. 
Trata-se da inoculação em camundongos lactentes de tecido cerebral de animais 
suspeitos (em amostras negativas pela IFD). Os camundongos devem ser observados 
por um período de 30 dias. Buscando diminuir as necessidades de inoculação em 
animais de experimentação, por razões tanto humanitárias como de custo, há uma 
tendência a substituir a inoculação de camundongos pela inoculação de cultivos 
celulares. 
 
c) A Histopatologia 
Consiste na coloração de impressões de diferentes porções do sistema nervoso 
central com o corante de Sellers e na pesquisa (por meio de microscopia ótica comum) 
da presença de inclusões patognomônicas da infecção rábica denominadas 
corpúsculos de Negri, que são concentrações de proteínas virais que se localizam no 
citoplasma da célula infectada. Principalmente no corno de Amon (hipocampo), nas 
células de Purkinje do cerebelo e na medula. Tais inclusões são acidófilas, com 
granulções basófilas. A utilização da coloração de Sellers permite a realização de um 
diagnóstico diferencial entre raiva e cinomose, visto que a infecção pelo vírus da 
cinomose determina a formação de inclusões de Lentz, que são intracitoplasmaticas ou 
intranucleares e basófilas e possuem estrutura homogênea. 
Porém, essa técnica pode deixar de identificar amostras positivas para raiva, 
visto que os corpúsculos de Negri são visualizados em apenas em 70 a 80 % das 
amostras positivas (70 a 80% de sensibilidade). 
 
Técnicas baseadas em métodos moleculares vêm sendo largamente aplicadas 
ao diagnóstico e caracterização do VR 
O diagnóstico sorológico não é rotineiramente empregado para diagnóstico de 
casos suspeitos de raiva em animais; nestes casos, o exame post mortem do sistema 
nervoso em busca de antígenos é absolutamente eficaz. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
 
- Diagnóstico diferencial da raiva canina 
Cinomose, encefalites não especificadas, infestação por helmintos (migração de 
larvas para o cérebro), intoxicação por estricnina, atropina, doença de Aujeszky, 
eclâmpsia, ingestão de corpos estranhos e traumas medulares, constituem-se algumas 
das enfermidades que podem se assemelhar, clinicamente, à raiva canina. 
 
- Diagnóstico diferencial da raiva felina: 
Pode-se fazer o diagnóstico diferencial da raiva felina, doenças como 
encefalites, intoxicação e traumatismo cranioencefálico. 
PREVENÇÃO E CONTROLE 
 
A prevenção da raiva urbana baseia-se na vacinação de cães e gatos. No Brasil, 
atualmente, são vacinados cerca de 24 milhões de cães e gatos ao ano. 
Os Programas de controle populacional, a captura de cães errantes e o estimulo 
à posse responsável de animais, são medidas essenciais para o controle e erradicação 
da raiva urbana. 
A Campanha Anual de Vacinação Contra a Raiva Canina é uma das ações do 
Programa de Controle da Raiva. Por intermédio dela, se procura obter um grande 
número de animais vacinados, num mesmo e breve espaço de tempo. A meta a ser 
atingida pela vacinação de cães no sistema de campanhas, preconizada no 8º Informe 
de Peritos em Raiva da OMS, é de, no mínimo, 75% da população canina estimada. 
A cobertura vacinal das Campanhas Nacionais de vacinação de cães e gatos vem 
aumentando a cada ano. Porém, existem diferenças significativas quanto às diferentes 
regiões do Brasil. No Nordeste e Norte, regiões com as maiores notificações, a 
cobertura é menor do que nas regiões onde a enfermidade se apresenta em baixos 
níveis. 
As vacinas também estão disponíveis para a comercialização em clínicas 
particulares e estabelecimentos comerciais autorizados. 
As vacinas utilizadas em cães e gatos são vacinas inativadas, aplicadas uma vez 
ao ano a partir dos 3 meses de idade. 
O controle de focos com a aplicação de vacinação em massa, nas áreas focal e 
perifocal, são as medidas recomendadas nos casos de ocorrência de raiva em cão ou 
gato. 
Informações detalhadas quanto às campanhas de vacinação, tipo e doses de 
vacinas e outras informações importantes relacionadas à vacinação de cães e gatos, 
podem ser encontradas no link: 
http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_3/manual_00.htm 
 
Como a raiva acomete todas as espécies de mamíferos, recomenda-se que todo 
e qualquer animal suspeito de estar infectado com o vírus da raiva seja encaminhado 
para diagnóstico laboratorial. 
 
 
Profilaxia da raiva humana: 
 O veterinário deve sempre orientar o proprietário (ou qualquer pessoa) que foi 
agredido (ou teve contato direto) por um cão ou gato suspeito ou já diagnosticado 
como positivo para raiva, a procurar um posto de saúde. A profilaxia será 
recomendada pelo médico. 
A avaliação do risco na profilaxia da raiva depende de vários fatores. As 
espécies de estimação ou de companhia são as principais transmissoras da raiva aos 
homens no mundo, e responsáveis pela maioria dos atendimentos. No nosso meio os 
agravos com cães representam 85 a 95% e com gatos cerca 7 a 10%. 
A classificação de área geográfica com raiva controlada ou não-controlada é 
baseada na existência de raiva nessas espécies. A situação epidemiológica norteia a 
conduta médica a ser adotada, pois se o acidente ocorrer em área geográfica de raiva 
não-controlada e a natureza da lesão grave, severa, deve-se iniciar o tratamento, 
durante o período de observação do cão ou do gato.Por outro lado, mesmo em casos 
de exposição de natureza grave, quando o animal agressor é de uma região em que a 
raiva se encontra controlada, existe tranqüilidade em se observar o animal durante os 
10 dias, e não indicar a profi laxia anti-rábica. 
Além disso, é importante que seja avaliada, por um veterinário, a condição do 
animal agressor quanto ao estado sanitário, estado clínico e hábitos de vida. Deve ser 
ressaltado que quando um animal apresenta comportamento diferente, mesmo que 
ele não tenha agredido pessoas, não deve ser mortoe enterrado. Caso morra ou tenha 
sido submetido à eutanásia, fragmentos do SNC devem ser enviados para diagnóstico 
da raiva em laboratório especializado. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BATISTA, H.B.C.R.; FRANCO, A.C.; ROEHE, P.M. Raiva: uma breve revisão. Acta 
Scientiae Veterinariae. 35(2): 125-144, 2007. 
MINISTERIO DA SAUDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilancia 
Epidemiologica. Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva. 2009. 
 
MINISTERIO DA SAUDE. Guia de Vigilância Epidemiológico. 2007. 
 
SÃO PAULO. Manual Técnico do Instituto Pasteur: Educação e Promoção da Saúde no 
Controle da Raiva. 2000.

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