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AULA 01-RESPONSABILIDADE CIVIL

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Esta expressão refere-se ao dever do Estado ou de quem lhe faça as vezes de reparar um dano causado a terceiros no exercício da função administrativa e independentemente de vínculo contratual.
É o dever de reparar um dano.
Não havendo dano, não há responsabilidade. Do mesmo modo, se não for demonstrado o dano, não se pode sequer falar em responsabilidade civil.
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
A responsabilidade civil poderá ser:
1) Contratual: o que gera o dever de reparar o dano é o descumprimento do contrato. A lei 8.666 disciplina o inadimplemento contratual e suas consequências.
2) Extracontratual: o que gera o dever de reparar o dano é uma conduta/ comportamento. Esta poderá ser produto de:
a) Conduta ilícita: trata-se de uma responsabilidade subjetiva (depende da demonstração do ato ilícito).
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
2) Extracontratual
b) Conduta lícita ou ilícita: trata-se de uma responsabilidade objetiva (independe da demonstração do ato ilícito).
O estudo da responsabilidade civil contratual ocorre no estudo dos contratos administrativos. 
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CONCEITO
“Entende-se por responsabilidade patrimonial extracontratual do Estado a obrigação que lhe incumbe de reparar economicamente os danos lesivos à esfera juridicamente garantida de outrem e que lhe sejam imputáveis em decorrência de comportamentos unilaterais, lícitos ou ilícitos, comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos.”
Celso Antônio Bandeira de Mello
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CONCEITO
“A responsabilidade civil do Estado diz respeito à obrigação a este imposta de reparar danos causados a terceiros em decorrência de suas atividades ou omissões.”
Odete Medauar
“A responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.”
Maria Sylvia Zanella de Pietro
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EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1ª Fase: Irresponsabilidade do Estado (The King can do not wrong)
A teoria da irresponsabilidade foi adotada na época dos Estados absolutistas e repousava fundamentalmente na ideia de soberania. O Estado dispõe de autoridade incontestável perante o súdito; ele exerce a tutela do direito, não podendo, por isso agir contra ele.
2ª fase – Teoria Civilistas (a partir do início do Sec. XVIII)
Pautava a responsabilidade civil do Estado nas normas de Direito Privado, cujo fundamento precípuo é a ideia de culpa. 
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2ª fase – Teoria Civilistas (a partir do início do Sec. XIXI)
No Direito Privado, a responsabilidade civil sustenta-se na culpa. Culpa é ato ilícito. O Estado responderia pelos seus atos a luz do Direito Civil (na época o Código Civil Napoleônio – 1804 – era o principal pilar de sustentação da teoria).
Problema: o Estado atua segundo o Regime Jurídico de Direito Público (com poderes/ prerrogativas) não podendo se aplicar, portanto, as regras de Direito Privado.
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3ª fase – Teoria Publicista (a partir do final do Sec. XIX)
Em contraposição as Teorias Civilistas, a Teoria Publicista fundamenta-se na ideia de que a responsabilidade civil do Estado deve ser tratada a luz do Direito Público, uma vez que o Estado se sujeita ao Regime Jurídico de Direito Público.
O marco histórico desta teoria foi o caso Blanco (1.873 – Agnès Blanco atravessava uma rua e fora atropelada por uma vagonete que pertencia a uma empresa estatal francesa. Ao final, a tese publicista prevaleceu, consagrando-se a responsabilidade civil do Estado).
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3ª fase – Teoria Publicista (a partir do final do Sec. XIX)
Esta teoria se desdobra em:
1. Teoria da Culpa do Serviço (ou culpa anônima/ culpa administrativa/ falta do serviço)
Segundo esta teoria, o Estado responderá quando a atividade administrativa não funcionar, funcionar mal ou funcionar tardiamente.
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1. Teoria da Culpa do Serviço (ou culpa anônima/ culpa administrativa/ falta do serviço)
Em qualquer dessas três hipóteses, ocorre a culpa do serviço ou acidente administrativo, incidindo a responsabilidade do Estado independemente de qualquer apreciação de culpa do funcionário.
Aqui, a responsabilidade do Estado é subjetiva.
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2. Teoria do Risco
Quem cria o risco assume os danos criados por esse risco. O Estado criando determinado risco, o Estado responderá por eles.
Aqui, o Estado responderá por atos lícitos, bem como por atos ilícitos. Isso porque aplica-se, na Teoria do Risco, a responsabilidade objetiva.
Esta Teoria se subdivide em duas:
a) Teoria do Risco Administrativa: o Estado responde objetivamente, porém, admite-se causa excludente de responsabilidade.
b) Teoria do Risco Integral: o Estado responde objetivamente e não se admite causa excludente de responsabilidade.
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2. Teoria do Risco
Obs. 1: no Brasil, o Código Civil de 1916 previu a Responsabilidade Subjetiva. A Constituição de 1946 foi a primeira a consagrar a Responsabilidade Objetiva. A Constituição de 1988 repetiu a responsabilidade objetiva e a expandiu às pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviço público (art. 37, § 6º, da CF). O Código Civil de 2002, por fim, se adequa a nova realidade.
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2. Teoria do Risco
Obs. 2: No Brasil, quando aplicada a Teoria da Responsabilidade Objetiva, predomina na doutrina e na jurisprudência que a responsabilidade objetiva do Estado funda-se na Teoria do Risco Administrativo, entretanto se e quando houver previsão normativa expressa, aplica-se a Teoria do Risco Integral.
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2. Teoria do Risco
Risco Integral na Legislação Brasileira
 Acidente de trabalho: nas relações de emprego público, a ocorrência de eventual acidente de trabalho impõe ao Estado o dever de indenizar em quaisquer casos;
 Dano ambiental por força do art. 225, § 2º e 3º da CF/88;
 Dano nuclear por força do art. 21, inciso XXIII, alínea d, da CF/88.
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Situações que ensejam a responsabilidade civil do Estado
Qual é o fato gerador da responsabilidade civil do Estado?
1. Condutas comissivas: é uma ação que gera dano a terceiro. Neste caso, a responsabilidade é objetiva. Portanto, esta ação poderá ser lícita ou ilícita.
2. Condutas omissivas: é uma omissão que gera dano a terceiro. Neste caso, a responsabilidade é subjetiva. Portanto a omissão poderá ser, apenas, ilícita.
Obs.: Há divergência na doutrina e jurisprudência e muitos afirmam que mesmo na omissão a responsabilidade é objetiva.
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DIREITO BRASILEIRO
Na Constituição de 1988, o § 6º do art. 37 assim dispõe:
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
No dispositivo constitucional estão compreendidas duas regras: a da responsabilidade objetiva do Estado e a da responsabilidade subjetiva do servidor.
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DIREITO BRASILEIRO
A regra da responsabilidade objetiva prevista no § 6º do art. 37 da CF/88 exige:
1º) que se trate de pessoa jurídica de direito público ou pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos (fundações governamentais de direito privado, empresas públicas, sociedades de economia mista, empresas permissionárias e concessionárias de serviços públicos);
2º) as pessoas jurídicas de direito públicos respondem objetivamente independentemente da atividade desempenhada;
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DIREITO BRASILEIRO
3º) as pessoas jurídicas de direito privado só irão responder objetivamente se prestarem serviços públicos;
4º) que haja um dano causado a terceiros em decorrência da atividade administrativa ou prestação de serviço público;
5º) que o dano seja causado por agente das aludidas pessoas jurídicas;
6º) que o agente, ao causar o dano, aja nessa qualidade
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DIREITO BRASILEIRO
"Agressão praticada por soldado, com a utilização
de arma da corporação militar: incidência da responsabilidade objetiva do Estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço, foi na condição de policial-militar que o soldado foi corrigir as pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de agente público." (RE 160.401, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 04/06/99)
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DIREITO BRASILEIRO
6º) a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal
 força maior ou caso fortuito (art. 393, parágrafo único do CC – efeitos inevitáveis);
 culpa exclusiva da vítima; ou
 a culpa de terceiros.

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