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O Caso dos exploradores de Caverna

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Disciplina: Teoria do Direito I
Professor: Eloi Lopes da Silva
Acadêmica: Rosângela de Souza Moraes
O Caso dos exploradores de Caverna
	No ano de 4.299, cinco espeleológicos resolveram explorar uma caverna. Quando se encontravam dentro da caverna, mas ainda bem próximo à saída, houve um desmoronamento de terras bloqueando a passagem e impossibilitando que os exploradores saíssem.
	Os familiares ao perceberem a demora para retornarem às suas casas, comunicaram a polícia sobre o desaparecimento. Foram então enviados grupos de resgate formados por vários especialistas e também maquinários para auxiliar nas buscas e desobstrução das passagens. Várias vezes os esforços do grupo foram frustrados por entraves naturais como um desmoronamento que ceifou a vida de dez colaboradores.
	Após muito esforço físico, de pessoal e financeiro, ocorreu sucesso no resgate depois de trinta e dois dias de confinamento.
	Sabia-se que os exploradores levaram poucos mantimentos e que também não existiam animais ou vegetação que servisse de alimento. No vigésimo dia descobriram que um dos cinco homens tinha consigo uma máquina sem fio que tinha capacidade de enviar e receber mensagens, então instalaram um outro aparelho no campo de resgate possibilitando que os exploradores se comunicassem com a equipe que estava do lado de fora. Foram informados pelos engenheiros que ainda levariam dez dias para que fossem resgatados, os exploradores pediram para conversarem com um médico da equipe para saber se conseguiriam sobreviver esses dez dias sem se alimentarem, o médico respondeu que teriam poucas chances de continuarem vivos, foi então que um dos exploradores o senhor Whetmore falou novamente com o médico e perguntou se acaso eles comessem carne humana quais seriam as chances de conseguirem sobreviver, o médico relutou, mas afirmou que seria possível. Whetmore quis ainda um aconselhamento sobre como faria para escolher aquele que seria sacrificado para salvar os demais, a equipe de salvamento permaneceu em silêncio, os homens presos na caverna pararam de se comunicarem com a equipe deixando parecer que as baterias da máquina haviam se descarregadas.
	Posterior a libertação dos exploradores descobriu-se que no vigésimo terceiro dia após terem ficado presos na caverna, Roger Whetmore havia sido morto por seus colegas de exploração. A vítima propôs que tirassem a sorte jogando os dados, os outros quatro hesitaram, mas logo após concordaram com o plano. Entretanto, antes de lançar os dados, Whetmore desistiu do acordo, pois havia refletido e decidido esperar mais uma semana. Os demais o acusaram de violação do acordo e lançaram os dados, quando foi a vez da vítima, um dos réus atirou em seu lugar e perguntou se ele tinha alguma objeção, este declarou que não, faltando-lhe a sorte.
Após saírem da caverna, 	os quatro exploradores foram para os tribunais para serem julgados, primeiramente foram acusados e depois foram julgados por quatro juízes: Foster, Tatting, Keen e Handy. 
Apresenta-se a seguir a argumentação dos juízes:
Truepenny inicia seu posicionamento, e seu julgamento é bem direto. Ele defende que a decisão do Tribunal de Primeira Instância foi exacerbada, considerando que o caso era algo extraordinário. Contudo, ao mesmo tempo, foi criteriosa e justa. Na concepção do presidente, a justiça seria alcançada se os réus fossem inocentados. Entretanto, isso seria ir contra a lei de homicídio do estatuto, a qual alega que “qualquer um que, de própria vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte.” Considerando que Truepenny é positivista, contrariar a lei seria inadmissível. 
Foster, discorda de Truepenny, afirmando que a lei deve ser cumprida, contudo essa situação não se aplica à jurisdição da “Lei Positiva” e sim da “Lei Natural”. Essa última aborda a questão do estado de natureza humana, o qual um Estado assegurando necessidades básicas da população é inexistente e a 
Coexistência humana é impossibilitada. Isto é, o estatuto vigente perde sua validade por falta de eficácia ao se deparar com um evento desse tipo. Logo, tal caso não pode ser julgado de acordo com as leis externas à caverna, ou seja, não pode ser julgado pela Lei Positiva. Quando dentro da caverna, os réus estavam sob a Lei Natural, a qual defende que os atos devem ser justificados em prol da sobrevivência 
Tatting, J. declarou ser incapaz de pronunciar qualquer decisão sobre este tribunal e declara sua retirada deste caso. 
Keen afirma que deve chegar à sua decisão somente pela lei em que estão inseridos. Ele defende que seus princípios morais não devem fundamentar suas decisões como juiz, pois isso é papel das leis do país. Logo, com o propósito de seguir a lei escrita, Keen condena os réus. 
Handy não se fundamentando nem na lei natural de Foster e nem na lei positiva de Keen, mas, sim, na opinião pública. O juiz conta um caso em que decidiu absolver os réus, de acordo com a opinião pública, e o julgamento trouxe uma boa repercussão ao tribunal. Nesse caso dos exploradores de cavernas, 90% do povo se manifestou a favor da liberação dos réus com uma pena reduzida ou do perdão. Portanto, diante desses argumentos, Handy inocenta os réus. 
Assim , diante do emblemático caso, e seguindo a linha hermenêutica do Juiz Foster , e em que pese a lei a lei dizer que “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a morte”, não vislumbra-se a aplicação da jurisdição do direito positivo e sim o direito natural, posto que conforme se extrair do caso , tem se que , o estatuto vigente perde sua validade por falta de eficácia ao se deparar com um evento desse tipo, naquela momento não era razoável exigir dos réus outras atitudes se não a natural. São bens que se equiparam, ou seja, a vida por outra vida, até porque era uma vida em prol de outras quatros. 
No discorrer das argumentações acima apresentadas considero a absolvição dos réus.

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