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Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE BRUNA LORENCINI DA SILVA ÉRIKA PATRÍCIA DE CASTRO PRÁTICAS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA Uma visão crítica da realidade educacional Campinas 2018 1 BRUNA LORENCINI DA SILVA ÉRIKA PATRÍCIA DE CASTRO PRÁTICAS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA Uma visão crítica da realidade educacional Campinas 2018 SUMÁRIO Trabalho final apresentado à disciplina LICENCIATURA como exigência parcial para a obtenção do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica R2 – Turma 85, sob a supervisão do Professor Alcides Góes. Pólo: CAMPINAS 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 3 1.1 A prática pedagógica – uma visão crítica ...................................................... 3 2 DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... 5 2.1 As práticas pedagógicas na aprendizagem dos alunos ................................ 5 2.2 As práticas pedagógicas – liberais e progressistas ....................................... 5 2.3 A relação professor e aluno na construção do conhecimento ....................... 6 2.4 A visão crítica das práticas pedagógicas progressistas e suas diferentes abordagens ......................................................................................................... 7 2.5 Práticas pedagógicas interdisciplinares ........................................................ 8 3 CONCLUSÃO ................................................................................................ 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 11 3 1 INTRODUÇÃO 1.1 A prática pedagógica – uma visão crítica Há uma preocupação na docência entre a teoria e a prática pedagógica, principalmente nos cursos de formação inicial. Essa relação vem sendo discutida há anos e muitas vezes afirmam-se apenas a construção da relação entre teoria e prática como único objetivo a ser atingido. Porém a experiência vem demonstrando que já no período de estágio, os alunos se deparam com práticas docentes ultrapassadas, o que os levam a questionar a devida contribuição do estágio ao processo de formação profissional. Os processos de ensino e de aprendizagem, como as práticas avaliativas, a relação professor-aluno, a desvalorização do trabalho do docente, a precariedade das condições de muitas escolas, a inoperância dos sistemas de ensino frente aos problemas que a prática coloca e o próprio conhecimento do docente, faz com que as instituições formadoras avaliem seu ensino e sua metodologia para possibilitar a formação de novos profissionais junto à prática escolar. Mediante a diferença entre a prática e a teoria, estabelece a visão da racionalidade técnica, ou seja, a percepção à prática pedagógica. Esse conceito pode se relacionar à ideia marxista de praxis. Baseada no materialismo dialético de Hegel, no qual todos os processos se resumem numa tese, e que a partir dela à formação de uma antítese atinge a síntese. Dessa forma, a perspectiva de praxis defende que a realidade só se dá a partir da correlação entre teoria e a prática. Além disso, também é discutida a sustentação da superestrutura pela infraestrutura, ou seja, o intelecto da sociedade é dado pelo contexto em que ela se encontra. Nesse sentido, pode se encaixar a educação e seus métodos. Muitas vezes, há a adesão de ideologias relacionadas à melhoria das práticas pedagógicas por muitos profissionais da área. Porém, também há uma hesitação ao colocá-las em atividade. Por exemplo, duas pesquisas na Espanha detectaram que, embora os professores aprovassem a escola de inclusão, na teoria, poucos estavam dispostos a incluir alunos com deficiência em suas próprias salas de aula (Cardona, 2000; Fernández, 1999). Isso atrapalha na formação de muitos estudantes, já que o retrocesso educacional continua de forma negligente. 4 Como já é notado, no Brasil há um sério déficit pedagógico, uma vez que não há infraestrutura e subsídios necessários para que haja de fato uma educação exemplar. Nesse contexto, a atuação do professor não pode ser mecânica e sim interativa, pois é possível reconhecer nas atividades realizadas no cotidiano escolar uma carência no que diz respeito ao domínio do conhecimento a ser ensinado com despreparo na execução da tarefa de ensinar. 5 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 As práticas pedagógicas na aprendizagem dos alunos As práticas pedagógicas são pautadas na reflexão das medidas socioeducativas que implicam na melhora da aprendizagem dos alunos. De forma a promover atitudes e condutas que tornem o processo educativo mais enriquecedor. É necessário compreender que a prática não se restringe a sala de aula ou na relação entre aluno e professor, uma vez que expande a sua abrangência e engloba toda a sociedade. Como afirma Veiga (1992, p. 16) a prática pedagógica é “... uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social ...”. [...] “desenvolver o exercício da participação é um desafio para os próprios professores e pesquisadores envolvidos no projeto. A participação ocorre quando há disponibilidade individual para superar as deficiências e quando há liberdade e respeito entre os envolvidos. É um exercício de aprendizagem constante, do saber falar, ouvir, propor, contrariar e complementar. Neste contexto, a informação e o desenvolvimento de conhecimentos científicos são fatores impulsionadores da participação nas atividades escolares – no campo da prática pedagógica e da gestão da escola” (Souza, 2004 p. 3). 2.2 As práticas pedagógicas – liberais e progressistas Em 1947 iniciou-se a discussão sobre uma nova lei de diretrizes e bases da educação, de um modelo liberal a um modelo progressista de educação. As práticas pedagógicas progressistas são marcadas por um novo olhar sobre a educação, principalmente quanto ao seu papel. Baseado na discussão crítica da economia, política e os conceitos sociais da realidade na qual nos encontramos, as bases democráticas, o fazer pensar criticamente de forma que os alunos compreendam o que acontece no país, levando a pensarem como seres autônomos e não robôs dentro da sociedade brasileira. Hoje nas escolas é possível 6 encontrar as duas formas de educar; a progressista pautada na transformação da realidade educacional pela democratização e a educação liberal. Portanto não houve uma separação entre esses modelos, o que não traz nenhuma incongruência nas práticas pedagógicas, entretanto a educação progressista é muito mais utilizada na educação de jovens e adultos. Isso ocorre porque o pedagogo não influencia no desenvolvimento humano do aluno ou no desenvolvimento intelectual, ele já possui sua concepção, na verdade o papel do professor é inserir conhecimentos e auxiliar no pensamento do raciocínio crítico dos pensamentos, levando até a interpretar a sociedade, a realidade que vive através dos conteúdos abordados. Paulo Freire e Madalena Freire, são um dos principais teóricos e apoiadores da educação progressista. Tais pensadores entendiamque a realidade educacional da forma como era posta no Brasil, não servia de base para a formação autônoma do sujeito. 2.3 A relação professor e aluno na construção do conhecimento A construção do conhecimento é vista como um processo realizado por ambos os atores: professor e aluno, na direção de uma leitura crítica da realidade, não apenas pautado e centrado no professor. Esse tipo de relação pedagógica não é assimétrica, no sentido de que tanto o professor quanto o aluno, ensinam e aprendem, construindo e reconstruindo o conhecimento juntos. Esse processo é conhecido como horizontalidade, na qual, não há hierarquia na construção do saber, agora ambos (professores e alunos) fazem parte do mesmo processo. A relação de ensino e aprendizagem é pautado no respeito e não na autoridade. Além disso, o conhecimento deve ser transmitido de uma forma circular, ou seja, o papel do educador é inserir o conhecimento prévio dos alunos, suas interpretações de maneira a circular a informação entre os colegas, uma vez que as experiências são diferentes. Os seres humanos não pensam da mesma forma, mesmo que estejam vivendo as mesmas situações. Na educação progressista, a metodologia de ensino é baseada no trabalho em grupo, favorecendo assim a circulação de experiências e as diferentes realidades dos alunos. Desta forma, a missão da escola deverá, portanto, ser a de 7 socialização e humanização dos sujeitos, na perspectiva de colaborar para que esses aprendam a aprender na convivência com os outros (Verdum, 2013). [...] apoiando-se na lógica da diversidade, deve começar por diagnosticar as pré-concepções e interesses com que os indivíduos e os grupos de alunos/as interpretam a realidade e decidem sua prática. Ao mesmo tempo, deve oferecer o conhecimento público como ferramenta inestimável de análise para facilitar que cada aluno/a questione, compare e reconstrua suas preconcepções, seus interesses e atitudes condicionadas, assim como as pautas de conduta, induzidas pelos marcos de seus intercâmbios e relações sociais (Sacristán e Pérez Gomez, 1998, p. 25). A partir disso ocorre a relação da pedagogia com a formação do cidadão crítico. No qual o cidadão crítico (livre) tem a capacidade de usar o seu pensamento para analisar o que ocorre consigo e com os outros na sua relação com o mundo. Isso não significa deixar o aluno livre, uma vez que detém de responsabilidades e se compromete com seu próprio processo de aprender. O aluno percebe a utilidade da disciplina dada na escola no seu dia a dia, possuindo a capacidade de interpretar suas experiências de vida. 2.4 A visão crítica das práticas pedagógicas progressistas e suas diferentes abordagens As práticas pedagógicas progressistas estimulam o pensamento crítico da sociedade, mas dentro dessas existem diferenças em seus pressupostos e ideais. As práticas progressistas libertadoras foi disseminada por Paulo Freire (1921- 1997), na qual aborda a autonomia do sujeito, a palavra libertadora significa libertar o pensamento do sujeito, ou seja a libertação do pensamento dos alunos, promovendo uma visão autônoma e de restrição da opressão. Outro movimento é a prática educacional libertária, inspirada no anarquismo, ou seja, na igualdade entre os poderes, onde não existe hierarquia na escola, a gestão seria por todos. Francesc Ferrer i Guàrdia (1859-1909) é o principal idealizador dessa corrente, pautado na ideologia socialista. Outro pensamento é a prática crítico-social dos conteúdos, faz uma crítica a sociedade ao conteúdo das disciplinas aborda que 8 dentro da escola devemos interligar os conteúdos, ou seja, precisamos ter pensamento crítico, precisa ser democrática e necessita abordar o conteúdo, sendo constantemente revisado. O pensamento crítico, social do aluno deve ser levado em consideração, é necessário passar o conteúdo, mas através das experiências que os alunos vivem, os principais pensadores são José Carlos Libânio, Carlos Roberto Jamil Cury e Dermeval Saviani. As pedagogias progressistas falam da autonomia do sujeito, a horizontalidade, a não relação do poder entre professor e aluno. Mas afinal a quem interessa esse tipo de prática? Os governantes não apoiam essas medidas e mesmo dentro da sala de aula verificamos que as práticas progressistas não são realizadas. Durante toda a educação primária não há o estímulo das práticas progressistas, mas ao se deparar no ensino médio e na universidade é imprescindível esse tipo de análise. A própria prática pedagógica atual, não abre espaço para uma prática pedagógica progressista, o que se encontra na realidade é uma correlação entre as práticas pedagógicas progressistas e as liberais. 2.5 Práticas pedagógicas interdisciplinares As práticas pedagógicas interdisciplinares consistem em integrar duas ou mais disciplinas, para que o conhecimento seja amplamente construído, tendo a teoria e a prática realizadas juntas, estimulando o pensamento crítico e demonstrando que um determinado assunto influencia em diversas áreas. Para que a interdisciplinaridade possa beneficiar os estudantes e ter um resultado eficaz, é preciso encarar os desafios pedagógicos. Para garantir a eficácia desta prática é necessária a hierarquização das disciplinas, um planejamento eficiente, bem como o apoio dos professores envolvidos. Pesquisas mostram que apesar de alunos com educação interdisciplinar serem mais capacitados para enfrentar problemas, ainda há educadores resistentes dificultando os trabalhos em grupo. Mesmo com as resistências apresentadas, nos últimos anos, a prática pedagógica interdisciplinar vem sendo empregada por diversas instituições de ensino e professores, com vários casos de sucesso e de grande repercussão nacional. 9 As escolas e seus professores devem aceitar o desafio, pois a educação ganha em qualidade e a sociedade em desenvolvimento, os professores ampliam seus conhecimentos e investem no aprendizado permanente do aluno. 10 3 CONCLUSÃO A prática pedagógica e a condução do processo ensino-aprendizagem na sociedade precisa de uma reformulação, o qual possa priorizar a prática formadora do desenvolvimento intelectual, onde a escola deixe de ser vista como apenas uma obrigação e torne uma fonte de conhecimento, sendo motivada pela instituição de ensino, professor, aluno e sociedade. O novo padrão educacional precisa ser voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades, possibilitando o aluno à compreensão e a reflexão. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SACRISTÁN, J. G; PÉREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. trad. Ernani F. da Fonseca Rosa. 4ª Ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. Verdum, P. Práticas pedagógicas: O que é? O que envolve? Revista Educação por Escrito. PUCRS, V.4, n.1, jul. 2013. VEIGA, Ilma Passos Alencastro. A prática pedagógica do professor de Didática. 2. Ed. Campinas, Papirus, 1992. Souza, M. A. Prática pedagógica: Conceito, características e inquietações. IV Encontro Ibero-Americano de Coletivos Escolares e Redes de Professores que fazem investigação na sua escola, 2004. PIMENTA, S.G.; GHEDIN, E. (Org). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. SP: Cortez, 2002.
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