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WEB AULA 1 – 05/05/2016 Visão geral Apresentação da Disciplina: A disciplina ―A imagem do negro nos meios de comunicação‖ visa despertar o olhar do aluno para a formatação deste veículo e suas abordagens frente aos fatos divulgados. Avalia a representação do homem e da mulher negra nestes meios e a influência da realidade atual sobre sua identidade e o reconhecimento dos demais em relação ao negro. Objetivos: Despertar o olhar crítico dos alunos sobre a realidade dos meios de comunicação e a sociedade brasileira, tendo como foco principal das reflexões o contexto social em que está inserido o negro; observar diferentes situações da mídia de modo a compreender interesses daqueles que detêm a propriedade dos veículos sobre o assunto transmitido; destacar a necessidade de democratização da mídia para que a diversidade cultural esteja presente nos conteúdos midiáticos, bem como os posicionamentos dissonantes frente a determinados fatos. Conteúdo Programático: Ementa: O negro na mídia. A disciplina será dividida em duas unidades, sendo a primeira voltada aos estudos das representações sobre o homem e a mulher negra nos meios de comunicação e, na segunda, uma análise do processo de democratização dos meios de comunicação e a participação dos homens e mulheres negras na mídia. Para a abordagem ao primeiro tópico será contextualizado o conceito de mídia e analisada a representação do negro na televisão brasileira, bem como a construção de sua identidade. No segundo item de estudo serão apresentadas ainda reflexões sobre o processo de democratização dos meios de comunicação e a participação dos homens e mulheres negras na mídia, tendo ainda estudos de casos sobre a difusão da cultura negra no rádio. Metodologia: Na unidade utilizaremos todos os recursos necessários e disponíveis para o desenvolvimento da discussão do conteúdo. Sendo assim, faremos uso de: Textos da própria webaula e de outros sites que possam contribuir para a discussão; Vídeos que podem esclarecer ou aprofundar determinados conteúdos; Fóruns para discussão de tópicos onde seja possível a troca de ideias e conteúdos entre os discentes e docentes; Avaliações virtuais onde será realizada a verificação do aprendizado; Entre outros recursos que poderão ser utilizados visando maior entendimento da matéria. Avaliação Prevista: Cada webaula conterá uma avaliação virtual composta de cinco questões (sendo assim, temos duas webaulas com cinco questões cada). Quando houver fórum de discussão, o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Critérios para Participação dos Alunos no Fórum: Quando houver fórum de discussão, o aluno será avaliado quanto ao conteúdo de sua postagem, onde deverá comentar o tópico apresentando respostas completas e com nível crítico de avaliação pertinente ao nível de pós-graduação. Textos apenas concordando ou discordando de comentários de outros participantes do fórum, sem a devida justificativa ou complementação, nada acrescentam ao debate da disciplina, sendo assim, devem ser evitados. Os textos devem sempre vir acompanhados das justificativas para a opinião do discente sobre o conteúdo discutido, para que assim possamos dar continuidade ao debate em nível adequado. Além disso, podem ser utilizadas citações de artigos, livros e outros recursos que fundamentem a opinião ou deem sustentação à sua posição crítica sobre o assunto. Deve ser respeitado o tópico principal do fórum, evitando debates que não têm relação com o tema selecionado pelo professor. Habilidades e Competências Espera-se que no final do curso os alunos possam: Ampliar seus conhecimentos e o seu olhar sobre a realidade dos meios de comunicação; Tenham subsídios para a busca de mais informações sobre as circunstâncias de marginalidade midiática em que o negro é submetido; Compreender a importância de discussões e interferências populares diante do tema tratado na disciplina; Consigam articular a relação de suas práticas profissionais e pessoais em favor de mudanças neste sistema comunicativo. AFRICANIDADES E CULTURA AFRO- BRASILEIRA Unidade 1 – As representações dos Homens e Mulheres negras na televisão brasileira WEBAULA 1 Olá. Sou o professor Oswaldo Miguel e juntos vamos estudar a participação dos homens e das mulheres negras nos meios de comunicação. O CONCEITO DE MÍDIA ―A verdade é maior do que o mercado. O leitor não é consumidor, mas cidadão. O jornalismo é serviço público, não espetáculo‖ (Alberto Dines). VIDEOAULA 1 Mas a mídia brasileira parece não seguir esse caminho e faz um trajeto contrário ao pensamento de uma grande parcela da sociedade brasileira. A linha que a conduz passa, sem dúvida, pelo não pluralismo, elemento principal na cobertura e no debate de assuntos considerados estratégicos pelas elites dominantes. No Brasil, o processo da construção do consenso tem forte influência da TV, principalmente da Rede Globo, que domina a audiência no país. Além disso, a agenda nacional de debates sofre forte influência de um pequeno grupo de jornalistas, que ocupam espaços nobres nas emissoras de TV e rádios, e nas colunas opinativas na maioria dos grandes jornais impressos. Esses estão próximos da classe dominante e do pensamento hegemônico neoliberal. Entretanto, como pode uma mídia brasileira ser parecida numa sociedade tão dividida como a nossa? Mas existem explicações, como, por exemplo: a) O alto grau de concentração da propriedade dos meios de comunicação, o controle de diferentes tipos de mídia por um mesmo grupo; e b) A união entre os vários tipos de mídia (TV, rádio e mídia impressa) no plano operacional. As três famílias que dominam a comunicação no Brasil*: Leia texto de Luiz Egyto e entrevista com o pesquisador Daniel Herz sobre: Quem são os donos da mídia no Brasil. OS JORNAIS DE REFERÊNCIA NACIONAL E OS FORMADORES DE OPINIÕES. No Brasil de hoje, pode-se afirmar que existem três grandes jornais de circulação nacional: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e o Globo, que são referências no país e exercem papel crucial na definição da agenda nacional. Todos eles são gerenciados como propriedades familiares, mantendo os métodos autoritários, os valores e mentalidade conservadora dos antigos proprietários de terra. Num Brasil que possui mais de cinco mil cidades, centenas de autarquias federais, 10 mil grandes empresas e rede bancária com mais de 10 mil agências, observa-se que os leitores desses jornais são os próprios protagonistas das notícias, isso quer dizer, a elite dominante. Em São Paulo, a Folha e o Estadão, que disputam o mercado, configuram as competições políticas da oligarquia. Fato que se repete, em escala menor, nas cidades de médio porte, onde normalmente existem dois jornais impressos rivais circulando. ―Por sua origem oligárquica, sua circulação autorreferente, seu caráter documental e sua alta qualidade gráfica, cabe a esses grandes jornais o principal papel de definição da agenda de discussões. Esses impressos são lidos todas as manhãs extensamente pelos condutores de programas de rádio, servem de pauta para as ordens de cobertura das equipes de tevê e para as grandes revistas semanais, e as notícias são recortadas pelas assessorias de imprensa dos políticos e dirigentes das grandes empresas‖ (KUCINSKI, 2002, p. 42). Fonte:A definição da agenda ocorre da seguinte forma: os comentários dos colunistas de destaques nesses jornais, mesmo que ocasionalmente críticos a alguns fatos isolados da política do governo, apoiam sistematicamente seus objetivos estratégicos. Tais colunas são reproduzidas pelos formadores de opiniões em outras capitais e cidades de médio porte. Nota-se a função da definição da agenda nacional nos grandes jornais pela política editorial adotada por eles. As manchetes desses impressos, geralmente, são iguais. ―É a partir dos colunistas e das manchetes que a agenda nacional de debates vai sendo determinada: não só quais temas entrarão ou não na pauta, mas também o enfoque que se lhes deve dar‖ (KUCINSKI, 2002, p. 43). Ler o artigo ―O brasileiro e sua crença na imprensa ética, factual e apolítica‖, de Sérgio Troncoso, em: *Não foram computados os veículos nas mãos de famílias não menos poderosas, como Sarney (Maranhão), Collor de Melo (Alagoas), Antonio Carlos Magalhães (Bahia), Barbalho (Pará) etc. No governo FHC, sob o comando do ministro das Comunicações Sérgio Mota, a utilização dos canais de rádios e TV continuou sendo moeda forte na política, principalmente em torno das outorgas para retransmissoras (RTVs) (regionais) e educativas. Em sete anos e meio de governo, além das 539 emissoras comerciais vendidas por licitação, FHC autorizou 357 concessões educativas sem licitação. Veja agora o depoimento de vários personagens sobre a importância do rádio, no vídeo em: https://www.youtube.com/watch?v=c3azqoetCd0 PARA REFLETIR Você já pensou como os meios de comunicação têm influência sobre nós e como você avalia as informações que chegam até você? A distribuição foi concentrada nos três anos em que o deputado federal Pimenta da Veiga (PSDB-MG), coordenador da campanha [presidencial] de José Serra, esteve à frente do Ministério das Comunicações. Ele ocupou o cargo de janeiro de 1999 a abril de 2002, quando, segundo seus próprios cálculos, autorizou perto de cem TVs educativas. Pelo menos 23 foram para políticos. A maioria é em Minas Gerais, base eleitoral de Pimenta da Veiga, mas há em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Roraima e Mato Grosso do Sul (INTERVOZES, 2007, p. 6 apud MIGUEL, 2008, p. 44). Não houve mudança no governo de Lula com relação a essa questão: a prática de distribuir outorgas em troca de apoio político continua sendo desenvolvida pelo Ministério das Comunicações. Em três anos e meio de governo, Lula aprovou 110 emissoras educativas, sendo 29 televisões e 81 rádios. Segundo a Intervozes (2007, p. 6 apud MIGUEL, 2008, p. 44), na Câmara dos Deputados, membros da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) ameaçaram não renovar e devolver ao Executivo 227 processos de renovação de outorgas por falta de documentos. Entre os papéis a serem examinados estava o do ex-presidente da Comissão, Jader Barbalho (PMDB-PA), e de mais nove parlamentares envolvidos com emissoras cuja renovação seria negada. Barbalho falou pessoalmente com o presidente Lula que intercedesse. Com a manobra, ele manteve em atividades duas emissoras de sua família com concessões vencidas. A Rádio Clube do Pará opera sem autorização há mais de 13 anos; também foram beneficiadas com a medida a Rede Brasil Amazônia de Televisão (RBA), cuja concessão venceu em 2002, e a Rádio Carajás FM. Fonte: Leia o texto intitulado: Os Meios de Comunicação de Massa: VIDEOAULA 2 Diante do quadro acima apresentado, no qual prevalece o poder econômico aliado aos interesses políticos, é que o negro brasileiro está inserido, como veremos no próximo bloco da aula. Compreende- se que para entender o que acontece no nosso país é preciso remeter o olhar para a Europa na época do nosso ―descobrimento‖ e o que estava acontecendo no mundo, com relação às questões raciais, étnicas. Nesse caso, o mundo era a Europa! Então, é importante saber como surge o racismo. O racismo surge realmente nos séculos XVI e XVII, sobretudo nesse último. Os europeus praticavam a escravidão e há alguns séculos escravizavam pessoas na África e no Novo Mundo. A história do racismo no mundo ocidental é amplamente associada à escravidão como uma forma primitiva do colonialismo. E é nesse contexto que algo chamado raça é criado, o que significa essencialmente que certos povos definidos como não europeus são dominados e governados por europeus. [...] Os britânicos não se tornaram traficantes de escravos e escravizadores por serem racistas. Tornaram-se racistas porque usavam escravos para obter grandes lucros nas Américas e criaram um conjunto de atitudes em relação aos negros para justificar o que faziam. A verdadeira força motriz detrás do sistema escravocrata era a economia. Os africanos eram produtos de comércio para serem vendidos, arrendados, herdados. Eram como os outros bens do comércio. (BBC, 2014 apud A HISTÓRIA..., 2014) E é nesse contexto que o negro chega ao Brasil, como uma mercadoria. Fonte: Vídeo Assista a esse documentário produzido pela BBC sobre: A História do Racismo https://www.youtube.com/watch?v=0NQz2mbaAnc A PRESENÇA DO NEGRO NA TELEVISÃO BRASILEIRA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE Entende-se que a mídia brasileira ainda conserva os valores europeus com relação ao negro, ou seja, um ser inferior, invisível. No entanto, o Brasil de hoje apresenta uma nova realidade, diferente, por conta de que os negros estão assumindo a sua negritude. Segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2010, a população brasileira é de aproximadamente 191 milhões de pessoas. Negros e pardos formam o maior contingente, com 50,7%, ou seja, 96,33 milhões de cidadãos são afrodescendentes. Brancos somam 47,7%, que é igual a 90,63 milhões de pessoas, e índios e amarelos juntos não chegam a 2% da população. Esse dado aponta que o Brasil é a segunda maior nação negra do planeta, só perdendo para a Nigéria, que é o país mais populoso da África, com mais de 170 milhões de habitantes. No entanto, o Brasil vive uma hipocrisia social que não mostra a discriminação racial existente, o brasileiro inventou uma forma de racismo num país com forte miscigenação. Diferente da África do Sul e dos Estados Unidos, que praticam o racismo em função de herança genética, por aqui o que determina é a cor da pele. Quanto mais negro, maior é a discriminação. O racismo se aprende, isso quer dizer, se ensina, ele não é natural. Na sociedade em que vivemos existe a necessidade de haver categorias sociais, critérios de superioridade. Mãe Stella de Oxóssi, religiosa de matriz africana Fonte: Leia texto sobre a última publicação oficial da população negra no Brasil: QUESTÕES SOCIAIS, ECONÕMICAS E POLÍTICAS Entende-se, dessa forma, que o racismo brasileiro é oriundo de um olhar europeu sobre o diferente, no caso, sobre o negro. A elite brasileira exclui os afrodescendentes do processo econômico, político e social, em outras palavras, o padrão europeu de comportamento continua imperando na classe dominante brasileira. A exclusão e a não participação do negro nos setores fundamentais da sociedade brasileira dificulta mudanças urgentes que precisam ser feitas no país, a desigualdade encabeça a lista. Quando o assunto é rendimento, o negro aparece em uma situação de desigualdade gritante. O IBGE constatou que em 2010 a renda mensal entre negros e pardos foi de R$ 845. Já entre os brancos a média foi de R$ 1.538,entre amarelos (asiáticos) R$ 1.574, e indígenas R$ 735. Em Salvador, na Bahia, Estado onde vive o maior número de negros no Brasil, os afrodescendentes recebem 3,2 vezes menos que os brancos. Isso se reflete nas denominadas classes A/B que são formadas por 75,2% de brancos; por outro lado, 72,6% da classe dos pobres são negros ou pardos. Veja o que isso quer dizer: 5% da população brasileira, ou 9,5 milhões de pessoas, ganham algo entre três e cinco salários mínimos por mês; 6,8 milhões de pessoas, 3,6% de brasileiros, têm uma renda de cinco a dez mínimos; 1,2%, equivalente a 2,2 milhões de indivíduos, recebem acima de dez salários, mas menos que 20 mínimos e 760 mil pessoas, 0,4% da população total do país, ganham acima disso todo mês. Quando o assunto é educação, os mesmos padrões de exclusão são aplicados aos pobres, e quando se fala em pobreza, estamos nos referindo aos negros; 47,46% da elite cursaram pelo menos o superior incompleto e 3,17% possuem mestrado ou doutorado. Entre os pobres esses mesmos critérios caem para 0,78% e 0%. Nos bancos escolares, 73,4% da classe dominante estão em escolas particulares e só 3,33% dos pobres frequentam as mesmas escolas, provavelmente com bolsa de estudos. Fonte: Vídeo Assista ao vídeo sobre democracia racial https://www.youtube.com/watch?v=p5Wo6_qumJc O NEGRO E A MÍDIA Diante do quadro acima exposto, percebe-se que a mídia brasileira não exerce o seu papel, que poderia contribuir para mudar essa realidade, conforme apresentado pelos seus proprietários e nos manuais de redação. Dizem que estão ao lado dos fracos, dos oprimidos, de que a verdade está acima de tudo e de que é a voz do povo. Mas, vemos outra coisa bem diferente, a grande mídia brasileira é a voz da elite dominante e um dos instrumentos mantenedores do status quo. Entende-se que diante do papel exercido pelos afrodescendentes na sociedade brasileira, que é o de simples coadjuvante, na visão da classe dominante, é optar por mídias alternativas para manifestar o total descontentamento com a atual situação. A imprensa, em particular, e a mídia hegemônica em geral, refletem o pensamento racista reinante no país. Quando ela, a mídia, se refere ao negro, é de uma forma estereotipada, existe uma conotação de exotismo no trato: bom de bola, tem facilidade para dançar, o favelado, objeto de desejo sexual, a mulata... Não existe no poder hegemônico midiático um único articulista ou comentarista negro comprometido com as causas antirracista, que possa emitir opiniões que provoquem debates e reflexões aos leitores, aos telespectadores e aos ouvintes. Em outras palavras, isso quer dizer que no Brasil não existe negro intelectual, que não existem negros médicos, dentistas, advogados, economistas, que exerçam profissões que a sociedade considera relevantes. Fonte: Leia o texto: O Brasil Negro Assim, o negro continua invisível para a sociedade brasileira mesmo atuando em filmes e novelas, mas sempre com o mesmo estereótipo. Para se ter uma ideia, comparemos o negro brasileiro e o negro afro- americano. Como já foi dito, aqui 50,7% da população é composta por negros, lá nos EUA, somente 11%. Aqui somos sub- representados nos meios de comunicação de massa, lá eles são altamente visíveis. Vamos trabalhar com alguns argumentos para mostrar o olhar racista da mídia hegemônica brasileira e a manutenção do racismo vigente. Na Rede Globo, em janeiro de 2004, Taís Araújo foi protagonista da novela ―Da cor do pecado‖, uma trama na qual ela representava uma vendedora de ervas do Maranhão, que se apaixona por um botânico, interpretado pelo símbolo sexual brasileiro, coisa criada pela mídia, Reynaldo Giannecchini. Na história, ela deixa pra trás o antigo namorado: negro, de baixo caráter e pobre. O desconforto foi geral a despeito da atriz principal ser negra, aí entram em cena os velhos estereótipos do negro pobre e bandido em contrapartida ao branco, príncipe encantado. Pior, na abertura da novela aparece uma imagem e as belas costas de uma negra. Para ficar pior ainda, caracteres sobre o corpo da mulher anunciam o nome da obra (novela). ―Da cor do pecado‖. Isso quer dizer que, em certo sentido, o corpo negro continua sendo visto como uma mercadoria. Fonte: PARA REFLETIR Questão para reflexão: Você acredita que as novelas e a mídia em geral contribuem para a manutenção do preconceito racial no país. Se sim, por que isso ocorre? A COR DO PEDADO Maldade da raça da cor do pecado? Além de título de novela da Globo e lema de tanto clichê racista disfarçado, "Da Cor do Pecado" é o nome de um samba-choro composto por Bororó em 1939, gravado por Sílvio Caldas, depois por João Gilberto, Elis Regina, Nara Leão e tanta gente mais: "Esse corpo moreno/ cheiroso, gostoso/ que você tem/ é um corpo delgado/ da cor do pecado /que faz tão bem...". Lá pelas tantas, a letra diz: "E quando você me responde/ Umas coisas com graça/ A vergonha se esconde/ Porque se revela/ A maldade da raça". Uhm. Maldade da raça? Ou elogio da "raça"? Ou os dois? (FREIRE, 2004). Leia texto complementar de Vinicius T. Freire> A cor do pecado A PRESENÇA DE ANITA Três anos antes disso, em 2001, a mesma Rede Globo apresentou a minissérie ―Presença de Anita‖, que foi um sucesso de público e crítica. Segundo o Ibope, chegou a 30 pontos de audiência na Grande São Paulo, cada ponto representa 62 mil domicílios, a maior dos anos 2000. A minissérie foi reprisada em 2002, na Rede Globo, em 2005, no canal Multishow, e em 2012, na Rede Viva. Pois bem, a trama mostra um triângulo amoroso entre dois homens e uma mulher, e se desenvolve em 16 capítulos. O que nos interessa aqui é que durante o seriado uma cena chama a atenção porque reproduz fielmente o Brasil do tempo da escravidão em pleno ano 2000 e é interpretada pela atriz Vera Holtz, Marta, e pelo ator negro Taiguara Nazareth, André. Cena de racismo censurado no youtube Fonte: Ela, uma senhora branca de meia idade, filha de um político da cidade, portanto, bem-sucedida, morando em uma bela casa e solteira. Ele, empregado da família, fazendo serviço braçal e morando de favor em um cubículo nos fundos da casa dela. Isso não é igual à Casa Grande e Senzala? Eis que em um dado momento, a tal senhora observa o negro com a sua namorada trocando carícias. A partir daí, o negro passa a ser o objeto de desejo de Marta. Depois de algumas tentativas, ela consegue seduzi-lo. André é embriagado, pasmem, com duas garrafas de cerveja. As longas cenas ―calientes‖ de sexo foram mostradas para 1.8 milhões de lares na Grande São Paulo, reforçando a ideia que povoa o inconsciente coletivo brasileiro de que negro é forte, é bom de cama, é viril e que só serve pra isso. Leia texto complementar ―Novela e negritude‖ Cena da Novela A Cabana do Pai Tomás, com o ator Sérgio Cardoso, pintado com maquiagem para lhe fazer negro, e a atriz Ruth de Souza. Fonte: A novela ―A cabana do Pai Tomás‖ foi exibida pela mesma Rede Globo, em 1969, no qual o personagem vivido pelo ator Sérgio Cardoso pinta o rosto de preto para parecer negro e contracena com a atriz negra Ruth de Souza. ―A polêmica na novela é a representação do negro, desde o surgimento da televisão, marcada pela alternância de polêmicas e avanços. Embora ainda haja o que conquistar, a evolução é um fato. João lembra que "Lado a lado" foi a primeira trama a trazer o nome de um ator negro (Lázaro Ramos) abrindo seus créditos. Em 1969, em "A cabana do pai Tomás", da Globo, os mesmos créditos chegaram a ser motivo de controvérsia."Ruth de Souza já era uma celebridade por causa da (companhia cinematográfica) Vera Cruz. Tinha ido aos Estados Unidos, onde conheceu a nova geração de negros que fazia sucesso em Hollywood, como Harry Belafonte e Sidney Poitier; ela era respeitada pela sua elegância, quase ganhou o Festival de Veneza... Quando foi fazer 'A cabana do pai Tomás', todo mundo achou que seria seu grande papel na TV. Ela começou como a estrela nos créditos, mas, por pressão das outras atrizes e do público, seu personagem foi diminuindo e seu nome foi desaparecendo", relembra Zito. Mas a maior polêmica de "A cabana do pai Tomás" era ainda outra: apesar de ter um grande elenco de atores negros, o protagonista era Sérgio Cardoso, um ator branco que se pintava para dar vida ao escravo. Embora "A cabana do pai Tomás" seja lembrada como a primeira trama a concentrar um grande número de negros em seu elenco, não foi a primeira vez que a questão racial foi abordada na teledramaturgia. (BRITTO, 2013). A parafernália que foi a primeira aparição do repórter Heraldo Pereira apresentando o Jornal Nacional, em 2002, na Globo. Entretanto, o apresentador virou motivo de piada devido ao ―embranquecimento‖ provado pela maquiagem usada. Um colunista da revista Exame fez o seguinte comentário: ―A maquiagem que o jornalista Heraldo Pereira recebe antes de sentar na bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, está sendo alvo de discussão na internet. Pereira está substituindo William Bonner, que está de férias. Incentivados pelo colunista Jorge Bastos Moreno, de O Globo, internautas estão dizendo que o jornalista, negro, está aparecendo na bancada "mais branco que Michael Jackson". "Perto dele, Patrícia Poeta é a mulatinha", escreveu Bastos Moreno no Twitter, referindo-se ao Jornal Nacional desta segunda-feira, dia 12, cuja foto está abaixo. Fonte: PARA REFLETIR Questão para reflexão: Você concorda que o negro é invisível no Brasil, mesmo fazendo parte da maior população brasileira? Qual é a contribuição da mídia para a atual situação do negro no país? O NEGRO NO CINEMA BRASILEIRO Os nossos filmes, quando se reportam ao negro, não apresentam personagens reais individualizados, mas arquétipos ou caricaturas, como, por exemplo: ―o escravo‖; ―a mulata boazuda‖; ―o sambista‖, ‖bom de bola‖, ―dança bem‖. Vamos ver alguns exemplos do preconceito do cinema brasileiro. Os filmes da Chanchada expressam as ambiguidades do contexto racial do Brasil nos anos 1950. "Mesmo sendo um gênero cinematográfico em sintonia com o nacionalismo populista e seus correlatos no plano racial - a saber, a democracia racial, a apologia da miscigenação e a crença na harmonia das relações entre negros e brancos -, um olhar mais agudo (analítico) sobre os filmes revela as tensões e assimetrias que caracterizam as relações raciais na época‖. A dupla formada por Grande Otelo e Oscarito ilustra isso. Por um lado, essa dupla foi a tradução da democracia racial; por outro, observando os detalhes, vemos as diferenças no tratamento dos dois personagens. Otelo dizia que a diferença de salário entre os dois era uma forma de preconceito racial. O ator recusava-se a servir de "escada" para Oscarito nas cenas cômicas da dupla. Em alguns filmes, eles disputam o domínio da cena, o que foi dramatizado no filme A dupla do barulho (Carlos Manga, 1953). No filme, Tião (Grande Otelo) recusa-se a servir de escada para seu parceiro Tonico (Oscarito). [...]Grande Otelo foi um ator que trabalhou praticamente em todas as fases do cinema, e, além disso, fez circo, revista, teatro e televisão. Protagonizou os principais filmes do período da Chanchada, diferente dos outros atores que faziam tipos e não personagens, Otelo era um ator completo. A partir dos anos 1950, trabalhou com os cineastas que, anos depois, fundariam o Cinema Novo, interpretando papéis de considerável conteúdo dramático e social. Quase todos os protagonistas das Chanchadas eram brancos (Eliana, Anselmo Duarte, José Lewgoy, Cill Farney, entre outros), porém, em vários filmes o negro aparece na figuração, na música, na cenografia, formando uma espécie de moldura que envolve toda a representação. Exemplo disso é Rio fantasia (1957), onde Eliana imita Carmem Miranda cercada de músicos e bailarinos negros em um cenário estilizado de favela. (O NEGRO..., 2014). Fonte: Segundo o cineasta David Neves (2014 apud O NEGRO..., 2014), a Chanchada e a Vera Cruz, essa com conotações racistas, fizeram uma exploração comercial e exótica do negro no cinema brasileiro. Ainda de acordo com o cineasta, o Cinema Novo construiu uma agenda estética e política que colocou a questão racial no centro. Os filmes Ganga Zumba (1963) e Aruanda (1959/1960) são filmes que procuraram criar uma identificação entre a plateia predominantemente branca e intelectualizada, quase sempre de esquerda, com personagens heroicos negros. Nesse período surgiram atores negros, como: Milton Gonçalves, Antônio Pitanga, Lea Garcia, Luiza Maranhão, Zózimo Balbul, Valdir Onofre, Eliezer Gomes. Os filmes dialogavam diretamente com a agenda política posta pelo movimento negro a partir do final da década de 60, mantendo sincronia inclusive com o movimento negro internacional. Os filmes produzidos são performances documentais que apontam para a história do negro, suas lutas e as reivindicações de autorrepresentação. Ler texto O Negro e o Cinema O mesmo não pode ser dito sobre os filmes estrelados pelos ―Trapalhões‖. Nota-se o marcante desrespeito social com relação ao negro na comédia ―O trapalhão no planalto dos macacos‖, uma paródia do norte-americano ―Planeta dos macacos‖ produzido em 1997. A cena de maior riso da plateia era quando a macaca principal se apaixona por Mussum, o único negro entre os atores principais. Vale lembrar que a referência do ator ao hábito da bebida era motivo de riso do programa, além de ser chamado de ―grande pássaro‖, uma alusão ao urubu, ave que come carniça. Ainda sobre cinema, o filme de maior sucesso já produzido no Brasil foi ―Cidade de Deus‖, em 2002, que recebeu quatro indicações para concorrer ao Oscar, foi exibido no Festival de Cannes e ganhou vários prêmios em diferentes países. O que não se comenta é a violência exagerada à moda do cinema americano que o filme apresenta e que os intérpretes negros como personagens centrais são enquadrados nos mesmos estereótipos de sempre: violentos, bandidos, sensuais, místicos e submissos. O filme trouxe publicidade negativa para os moradores do local, que acham injusta a visão que o filme mostrou. Segundo o rapper MV Bill (2003 apud AMARAL FILHO, 2010, p. 19), pelas informações que as pessoas têm, elas acham que morar em uma comunidade é fazer parte de uma faculdade de marginais, de uma escola de bandido, mas quem vive lá sabe que apenas 4% ou 2% da comunidade são bandidos. Não é aquela coisa que está no filme Cidade de Deus. Dentro da favela tem muita carteira assinada, tem muita carteira de estudante que às vezes é confundida com fuzil, com pistolas e com granadas. Fonte: Vídeo Assista a um vídeo de uma interpretação racista em Os Trapalhões https://www.youtube.com/watch?v=6IbMszBC6r8 PARA REFLETIR Questão para reflexão: Você acredita que haja um tratamento diferenciado entre negras e negros na TV e no cinema brasileiro, como eles são vistos? RESISTÊNCIA Paulo Brito pode ser considerado o primeiro negro a lançar um jornal no Brasil, intitulado ―O homem de cor‖, em 1833, no Rio de Janeiro, que mais tarde mudaria o nome para ―O Mulato‖. Segundo Ana Flávia Magalhães (MAGALHÃES 2014 apud SILVA, 2014), o periódico propunhaque a comunicação negra fosse além do jornalismo, da imprensa escrita, e incluía uma rede ampla de profissionais que produzem conteúdos de interesse da população afro-brasileira. ―Houve tentativas de silenciamento, mas desde o século 19, em termos de imprensa, os negros nunca se calaram e pautaram de forma diversa e incisiva a questão do racismo‖ (MAGALHÃES 2014apud SILVA, 2014). Nesse período, o jornal publicava textos denunciando mecanismos utilizados pela elite para que os negros não chegassem aos postos sociais mais elevados. Também no início do século XIV, em São Paulo, ocorria a publicação do ―A Pátria‖, impresso dirigido por um grupo de amigos pensadores, que combatiam o apoio ao regime monárquico. Um impresso que pode ser destacado é ―O exemplo‖, publicado entre 1902 e 1910, em Porto Alegre. Nas suas páginas eram publicadas denúncias públicas contra o racismo. No Brasil de hoje existe a revista Raça Brasil, fundada em setembro de 1996, e que é a primeira revista voltada aos negros no país. Sua proposta é buscar resgatar as raízes afrodescendentes e impulsionar mudanças no mercado editorial e publicitário e valorizando a cultura e a história do negro no Brasil. Além disso, a revista se propõe a trabalhar temas mais complexos, como os da informação, educação e participação política para o desenvolvimento econômico e social. Fonte: Leia na íntegra o artigo de Milton Santos O geógrafo Milton Santos resume o que é ser negro no país: Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros, e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida". Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil. (SANTOS, 2000). Segundo o filósofo Muniz Sodré (1999 apud CARNEIRO, 1999), a televisão brasileira está para o negro assim como o espelho está apara o vampiro. O negro olha: não se reconhece, não se vê. A subserviência e o infantilismo dos personagens negros reiteram a visão preconceituosa de uma humanidade incompleta do negro que se contrapõe à completude humana do branco. Essa estereotipia justifica a exclusão e a marginalização histórica do negro Ela legitima um projeto de nação que vem sendo construído nesses 500 anos: de hegemonia branca e exclusão ou admissão minoritária e subordinada de negros, indígenas e não brancos em geral. E é este o mesmo projeto de nação que o imaginário televisivo busca para o próximo milênio (CARNEIRO, 1999). A discriminação racial no Brasil apresenta-se, na maioria das vezes, de forma discreta, que é possível não detectar e nem observar. Por isso, é preciso analisar o que está oculto, o que está implícito, entre outras coisas. Para o pesquisador Fernando Conceição (2004 apud QUINTÂO, 2004), o negro no Brasil é retratado com três ―eles‖: lúgubre, lúdico e luxurioso. a – lúgubre (sombrio, sinistro, medonho): nos diversos noticiários dos programas policiais, que ganham cada mais espaço na televisão brasileira; b – lúdico: (referente a divertimento): aparece em ocasiões comemorativas, como, por exemplo, no Carnaval ou em situações onde ele, o negro, é apenas alegoria, juntamente com seus instrumentos de batuque, apresentando-se muitas vezes fantasiado bem ao gosto dos turistas nacionais e estrangeiros; c - luxurioso: essa imagem lasciva (sensual, permissiva, que procura constantemente e sem pudor satisfações sexuais, principalmente às mulheres e meninas negras de cidades turísticas como Salvador, Recife, Rio de Janeiro e Fortaleza. Fonte: Saiba mais: Veja o documentário sobre a Conferência Mundial e conheça um pouco sobre a África do Sul https://www.youtube.com/watch?v=G0bzC-Uvv9k E RACISMO Sabemos que a mídia exerce forte influência sobre a população brasileira, ditando regras e comportamentos e determinando uma nova forma de exclusão social que atinge vários segmentos sociais, como mulheres, indígenas e negros, veiculando imagens estereotipadas, folclorizadas ou sua invisibilização. Diante desta afirmação, qual seria o lugar do negro brasileiro na sociedade da informação? Para Bernardo Ajzenberg (AJZENBERG, 2001), que foiombusdman do jornal Folha de São Paulo, em 2001, “Os invisíveis‖ ...continuam como tema tabu, sob disfarce, de há muito desmascarado, da suposta democracia racial. E não configuraria afirmar que o seja justamente pelo grau de explosividade que carrega. Com raríssimas exceções, o racismo e suas mazelas não frequentam as pautas diárias, estão alijados de qualquer iniciativa regular e permanente. Vamos ver agora como se comportou a mídia brasileira diante de um evento mundial e de profundo interesse para a nação negra brasileira. Trata-se da Conferência Mundial Contra o Racismo, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, organizada pelas Nações Unidas, em 2001, em Durban, África do Sul. A revista Veja fez uma reportagem de quatro páginas e disse que a conferência foi um fracasso; para o repórter Eduardo Salgado (SALGADO, 2001), o que era para promover uma harmonia global, degenerou-se para uma algaravia de insultos. Kátia Mello, da revista Istoé (MELLO, 2001), disse que a conferência revelou-se um caldeirão de polêmicas e ficou refém de um conflito regional. A secretária de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, criticou a Conferência Mundial contra o Racismo, dizendo que o encontro discutiu muito o passado e evitou problemas atuais dos negros. Para ela, os negros americanos não devem receber indenizações pela herança escravagista. É melhor olhar para a frente em vez de apontar culpados no passado, disse. Roberto Pompeu de Toledo, articulista da Veja, escreveu: [...] como definir quem é negro? Trata-se de objeção cujo efeito é nada menos do que fazer parar tudo. Se não se sabe quem é negro, como promover os negros? O argumento é o segundo melhor, para justificar a inação nesse assunto. O primeiro é negar que haja discriminação racial no Brasil. [...] Quanto ao problema de classificar quem é negro no Brasil, já se reconheceu que a questão tem mesmo sua complexidade, mas o curioso é que, na hora de discriminar, as dificuldades desaparecem. (TOLEDO, 2001). Fonte: RACISMO NO FUTEBOL E A IMPRENSA BRASILEIRA Em ano de Copa do Mundo de Futebol acontecendo aqui no Brasil e que o mundo inteiro está de olho em nós, acreditamos ser importante abordar esse tema, como a imprensa esportiva brasileira lida com a questão do racismo num país comprovadamente racista. Nos dois casos mais recentes, o juiz de futebol Márcio Chaga apitava um jogo pelo campeonato gaúcho e foi chamado de macaco por torcedores, além de ter seu carro quebrado e encontrado duas bananas colocadas no capô do seu carro. O jogador Arouca, volante do Santos F.C, também foi chamado de macaco por torcedores do Mogi-Mirim, time do interior paulista, numa semifinal do Campeonato Paulista. Fora do Brasil, mas com ampla repercussãona mídia brasileira, também ocorreram casos de racismo. Tinga, do Cruzeiro, num jogo pela Copa Libertadores, e Daniel Alves, lateral da Seleção Brasileira e jogador do Barcelona, da Espanha, que comeu a banana que foi atirada ao gramado em sua direção. Todos esses casos foram destaques em toda a mídia brasileira, que tratou de indagar o caso. Muito antes desses casos, o negro já era notícia no futebol brasileiro por conta do racismo. O livro mais famoso, ―O negro no futebol brasileiro‖, de Mário Filho, é considerado o maior clássico da literatura esportiva no país. Segundo o autor, foi o negro que criou a ginga do drible, do estilo brasileiro de se jogar futebol. Mas ele é contestado pelos autores do livro ―A invenção do País do futebol – Mídia, Raça e Idolatria‖, de Ronaldo Helal, Antonio Jorge Soares e Hugo Lovisolo, que argumentam: Para eles, a utilização de O Negro no Futebol Brasileiro por sociólogos criou uma espécie de interpretação única, com os ideais da construção de uma nação brasileira com menos antagonismos entre as raças. De acordo com os pesquisadores, o equívoco não seria de Mário, mas da forma com que especialistas acabaram franqueando a tese do autor, como a construção do ídolo negro — que seria mais uma criação romântica que deu certo. Para os autores, o racismo preexistiu, mas o nosso futebol se fez mais pela pressão do profissionalismo, pela criação das ligas, do que propriamente por racismo. Jorge salienta que Mário Filho buscou constituir uma identidade nacional, cujo enfoque tem influência do meio em que viveu. (HELAL; SOARES; LOSIVOLO, 2001 apud O NEGRO..., 2012). Fonte: Vídeo Veja na reportagem como a TV divulgou o racismo no futebol. https://www.youtube.com/watch?v=w8FuqQU21CA O racismo sempre esteve presente no futebol brasileiro, aliás, começou assim. Refletia o pensamento da classe dominante. Nos clubes cariocas a visão era essa: [...] o futebol não alternava a ordem das coisas. Pelo contrário. Onde se podia encontrar melhor demonstração de que tudo era como devia ser? O branco superior ao preto. Os ídolos do futebol, todos brancos. Quando muito, morenos. Preto só entrava no escrete uma vez na vida e outra na morte. E quando um branco que devia jogar estava fora, doente ou coisa que valha [...] Cada lugar do escrete tinha um dono, de boa família. A superioridade de raça, da raça branca sobre a raça preta, a superioridade de classe, da classe alta sobre a classe média, da classe média sobre a classe baixa. A baixa lá embaixo, a alta lá em cima, vencendo, tirando campeonatos (FILHO, 1947 apud FRANZINI, 2003, p. 39). Segundo Soares (1999, p. 134-135), ―quando começaram a jogar futebol por aqui, os negros não podiam derrubar, empurrar, ou mesmo esbarrar nos adversários brancos, sob pena de severa punição: os outros jogadores e até os policiais podiam bater no infrator‖. Os brancos, no máximo, eram expulsos de campo. Esta redução dos espaços dentro das ―quatro linhas‖, subproduto de uma situação social, obrigou os negros a jogarem com mais ginga, com mais habilidade, evitando o contato físico e reinventando os espaços. Sim, porque o drible não é outra coisa que a criação de espaço, onde o espaço não existe. Indubitavelmente, foi o jogador negro que imprimiu no futebol brasileiro um estilo próprio de magia e arte, diferente das formas arcaicas do jogo de bola, bem como da sua descendência inglesa imediata. Em São Paulo não era diferente: Já não se falava mais em jogadores de cor, quando aparece um clube paulista muito cotado, a requerer da APSA 5 um inquérito a fim de conseguir a exclusão de um jogador de cor, que participava em diversos jogos de um clube, também pertencente à divisão em que se achava o clube requerente. Acham isso louvável? Creio que não; porque os homens de cor, pela legislação brasileira, têm tantos direitos como os brancos. De cor eram João do Patrocínio, Henrique Dias e muitos outros, que souberam com galhardia defender esta nossa pátria. Somente isto bastava para fazer crer que os homens de cor são dignos de participar de diversões e outros atos como qualquer de nós brancos (FRANZINI, 2003, p. 40). Segundo Mário Filho: Desaparecera a vantagem de ser de boa família, de ser estudante, de ser branco. Rapaz de boa família, o estudante, o branco, tinha que competir em igualdade de condições, com o pé-rapado, quase analfabeto, o mulato e o preto, para ver quem jogava melhor. Era uma verdadeira evolução que se operava no futebol brasileiro (FILHO, 2003, p. 126). Fonte: De acordo com Guterman (2009), os negros para poderem jogar nos clubes de elite do futebol deveriam se submeter a situações como usar toucas para esconder o cabelo crespo e se maquiar com ―pó de arroz‖ para clarear a pele, e parecerem como os jogadores brancos. Nesta época complementa o autor, o futebol era um esporte de classe, só os bens nascidos tinham acesso a ele, era ―coisa de inglês‖. Negros e mestiços só conseguiram ocupar seus espaços graças aos embranquecimentos artificiais. Foi o pó de arroz o mais usado pelos jogadores mulatos, como Carlos Alberto, Robson e o lendário Friedenreich, que além de usar pó de arroz alisava o cabelo. Para Máximo (1999) o investimento feito pelo Vasco em jogadores negros, e a conquista do seu primeiro título do campeonato carioca de 1923, fez com que os clubes aristocráticos passassem a criar barreiras para a sua permanência na Liga dos Clubes Amadores e, assim, excluí-lo do campeonato de 1924, alegando que os jogadores vascaínos eram profissionais e não amadores, como os jogadores das equipes oponentes. (BALZANO; OLIVEIRA; PEREIRA FILHO, 2010). A primeira equipe a contar com jogadores negros foi o Vasco da Gama, mas teve que se rebelar contra o preconceito que grassava na sociedade e que impedia afrodescendentes de praticarem o futebol. Quando os demais clubes tentaram forçar o Vasco a afastar seus atletas negros, a direção do clube se recusou e publicou, em 1924, um histórico manifesto direcionado ao presidente Arnaldo Guinle, da Associação Metropolitana de Esportes Atléticos – AMEA, que deveria fazer o dirigente (com fortes ligações com o Fluminense) se envergonhar. Mas aqueles eram outros tempos. Embora não haja primazia de ter atletas negros em uma equipe de futebol, é inegável que o Vasco tem seu nome em letras de ouro na luta contra o preconceito no esporte. RACISMO NA SELEÇÃO BRASILEIRA E QUESTÕES ECONÔMICAS Três fatores influenciaram a aceitação do negro no futebol brasileiro: a – o fator econômico, os dirigentes dos grandes clubes perceberam a importância dos negros nas equipes, pois quando jogavam os estádios ficavam cheios; b – a habilidade técnica dos negros e as vitórias que eles conseguiam; c- o gosto do brasileiro pelo futebol. A discriminação racial sempre esteve presente no futebol brasileiro. Nos anos de 1920, o presidente Epitácio Pessoa recomendou que não convocassem negros e mulatos na seleção brasileira que disputaria um Campeonato Sul-Americano, em Buenos Aires. Para o presidente, era importante mostrar outra imagem do povo brasileiro no exterior, por isso, precisava mostrar o que tínhamos de melhor na sociedade. Na Copa do Mundo de 1930, no Uruguai, a maioria dos jogadores do elenco eram brancos. Em 1938, na França, nas semifinais contra a Itália, Leônidas da Silva, o melhor jogador do time, foi poupado para jogar a final. O Brasil perde o jogo com um pênalti cometido por Domingos da Guia, que leva a culpa pela eliminação canarinha. Além disso, outras duas culpas recairiam sobre os negros: 1950, no Maracanã, e 1954 na Hungria. Na Copa de 1938, na França, cita Filho (2003), nossaseleção chegou às semifinais contra a Itália e nosso melhor jogador, Leônidas da Silva, de origem negra, ―foi poupado‖ desse jogo para jogar a final. O Brasil perde o jogo para a Itália, com um pênalti cometido por Domingos da Guia. Domingos, por ter cometido o pênalti, leva a culpa pela eliminação da seleção brasileira. Mais uma situação de críticas aos negros, esta de grande repercussão sociocultural, segundo Da Matta (1982), foram as perdas dos títulos mundiais nas Copas de 1950 e 1954, para o Uruguai e a Hungria. Pelé, melhor jogador de futebol do mundo Fonte: Essas perdas foram atribuídas aos negros e mestiços que atuavam pela equipe brasileira, sendo o racismo justificado por um suposto desequilíbrio emocional dos atletas que apresentavam cor escura, ao longo dos jogos decisivos. Já na Copa de 1982, sob o comando de Telê Santana, tida pela maioria da população brasileira e jornalistas esportivos como uma das melhores equipes já formadas, era constituída em grande parte por jogadores brancos, universitários e oriundos da classe média. Segundo Balzano, Oliveira e Pereira Filho (2010): Atletas negros ou mestiços estavam reduzidos a quatro: Luisinho, Toninho Cerezo, Júnior e Serginho. As críticas que surgiram em 1982 foram sobre os atletas mestiços como Toninho Cerezo, Luizinho e Serginho. Outros problemas de racismo na seleção brasileira, mais evidentes, só voltaram a acontecer na Copa de 1998, realizada na França. Essas perdas foram atribuídas aos negros e mestiços que atuavam pela equipe. Desta vez foi o atacante Ronaldo Nazário carregar a cruz. A cada Copa que se aproxima e depois termina com a derrota do futebol brasileiro, surgem novos fatos para tentar explicar o fracasso brasileiro. Não foi diferente na Copa do Mundo de 2006 (Roberto Carlos, Ronaldo, Ronaldinho e Adriano) e 2010 (Felipe Melo e Gilberto Silva). A curiosidade é que os fatores da derrota, normalmente, recaem sobre os ombros dos jogadores mestiços e negros. O preconceito também se reflete com relação aos salários pagos a negros e brancos. Segundo o sociólogo Vieira (2001), que pesquisou 327 jogadores de 17 clubes do Rio de Janeiro, enquanto 26,6% dos atletas brancos ganham um salário mínimo, entre os negros essa proporção é de 48,1%, quase o dobro. No alto da pirâmide salarial estão os brancos, com 24,8% de atletas ganhando mais de 20 salários mínimos, já somente 17,1% dos negros recebem mais de 20 salários. Os estudos também apontaram que os salários dos negros costumam atrasar mais que os dos brancos, além de receberem menos convites para aparecerem ao lado dos dirigentes dos clubes, chegando até a ser tratados com desprezo pelos cartolas. Para o autor, outra segregação está no tratamento: macaco, crioulo, gorila. Muitos nem consideram os apelidos discriminatórios. Ou seja, o racismo às vezes é tão velado, que não é identificado nem pelas próprias vítimas. Depois do episódio Barbosa, goleiro na Copa de 1950, somente Dida, em 2006, vestiu a camisa da seleção. Para Vieira (2003), goleiros e técnicos negros correspondem em proporcionalidade à ascensão socioeconômica de negros e mulatos no Brasil. Na mesma linha, para Imbiriba (2003), o preconceito em relação aos goleiros aumentou e permanece vivo muito depois do episódio vivido por Barbosa, e quanto aos técnicos, cuja cor da pele denuncia, no mínimo, ancestrais trabalhadores, apenas dois foram admitidos no comando da seleção: Gentil Cardoso, em 1957, e Wanderley Luxemburgo, se é que este se considera negro ou ―pardo‖. Esses assuntos são pouco comentados ou quase nunca mencionados pela imprensa brasileira, também não se fala sobre a falta de dirigentes (cartolas) negros em grandes clubes brasileiros. Gastaldo (2006) afirma que os jogadores negros são mal pagos em relação a seus méritos e permanecerão sem usufruir outras fontes de renda, como em trabalhos de relações públicas e contratos de publicidade. O autor enfatiza a diferença, ao escrever que com a adoção do profissionalismo, a segregação social e racial foi amainada, mas os salários desses profissionais ficaram abaixo das expectativas, à exceção, dos “pop stars”. leia a resenha do livro ―A História do racismo no futebol brasileiro‖: PARA REFLETIR Como a mídia pode contribuir para que o Brasil seja um país mais justo e igualitário? No Brasil de Pelé e Ronaldo Nazário (pentacampeão mundial de futebol), o jogador negro ou mulato continua a enfrentar o racismo, em geral, recebendo contratos e pagamentos inferiores aos dos brancos e não tendo no esporte uma garantia de ascensão social (DAMO, 2005). Para discutir CHAMADA PARA O FÓRUM! Acesse o fórum da nossa disciplina e aproveite para tirar as dúvidas sobre a cultura e a sociedade dos países lusófonos africanos. É sempre legal poder dividir o que conhecemos e conhecer além daquilo que esperamos. Aguardamos você lá. Prezado aluno! Chegamos ao fim da primeira unidade da disciplina A Imagem do Negro nos Meios de Comunicação, no qual estudamos O conceito de mídia; A Presença do negro na televisão brasileira e a construção da identidade. Parece-nos evidente que o racismo existe no Brasil e que para entender esse preconceito é preciso conhecer o padrão europeu e norte-americano de comportamento, o mesmo adotado pela direita social que dita o caminhar da nossa nação. A mídia, que é controlada pela elite dominante e que é avessa a mudanças, tem um forte discurso de que vivemos uma democracia racial, isto é, não existe a necessidade de discussão por parte da sociedade sobre esse tema, afinal, todos vivem bem e não há risco de enfrentamento por parte dos oprimidos. E é justamente essa negação da mídia hegemônica quando ela afirma que não há racismo no Brasil que confirma a existência do mesmo. Entende-se que a mídia contribui significativamente na reprodução do racismo, por conta da relação que mantém com outras instituições da elite brasileira e, principalmente, pela sua influência e mudança que provoca no comportamento social, além, é claro, de reproduzir estereótipos que desvalorizam a atuação do negro na sociedade. Essas práticas comuns na mídia tupiniquim precisam ser mudadas, é urgente que haja uma nova compreensão sobre os afrodescendentes brasileiros. A prática da comunicação deve ser uma ação cotidiana para nós, cidadãos, para que possamos ter um conteúdo real, atitudes precedidas por ações reacionais. Isso implica em atuar estrategicamente num contexto adverso, mas sem maniqueísmo, reconhecendo que a imprensa não é um bloco monolítico, e os discursos jornalísticos são construídos por pessoas formadas por valores de uma sociedade branca, masculina e heterossexual. Produzir o contradiscurso, promover o intercâmbio de valores sociais, reafirmar a identidade de toda uma população excluída representa um dos grandes desafios sociais frente a essa era de informação. Vídeo Veja um depoimento de Chico Buarque falando sobre a questão racial. https://www.youtube.com/watch?v=sD2sjAw9mlM REFERÊNCIAS AJZENBERG, Bernardo. Os invisíveis. Folha de São Paulo, 26 de agosto de 2001. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsma/om2608200101.htm >. Acesso em: 25 jun. 2014. AMARAL FILHO, Nemézio C. O negro na mídia: a construção discursiva do ―outro‖ cultural.Revista África e Africanidades, ano 3, n. 10, ago. 2010. Disponível em: < http://www.africaeafricanidades.com.br/documentos/10082010_22.p df>. Acesso em: 25 jun. 2014. A HISTÓRIA do racismo: documentário. Geledes. 2014. Disponível em: < http://arquivo.geledes.org.br/esquecer-jamais/179-esquecer- jamais/17179-a-historia-do-racismo-documentario>. Acesso em: 25 jun. 2014. 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Conteúdo: - A democratização dos meios de comunicação. - A participação dos negros nos meios de comunicação. - Estudos de casos sobre a difusão da cultura negra no rádio. A democratização dos meios de comunicação O sistema de televisão aberto é extremamente abrangente no Brasil, estendendo seu alcance a uma média de 95,7% da população brasileira, conforme pesquisa desenvolvida pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). É comum haver até mais do que um televisor em quase todas as casas onde há energia elétrica. Porém, embora a televisão seja um meio que envolve quase todos os domicílios brasileiros, não é proporcional à abrangência de seu conteúdo, no que se refere a diferentes opiniões sobre determinados fatos, às realidades regionais e a representação de diferentes culturas presentes no vasto território brasileiro. Provavelmente você também tenha um televisor na sua casa e assista aos programas nele transmitidos com frequência. No entanto, você já parou para pensar nas formatações dos programas veiculados nos canais que costuma acompanhar? Acha que o que vê na televisão aberta é realmente a representação de nossa realidade do ponto de vista da abrangência territorial e as singularidades que possuímos nos mais diversos temas e circunstâncias? Representação da opinião de entrevistados sobre hábitos de mídia Fonte: Esta imagem faz parte de um estudo da Fundação Perseu Abramo e mostra a grande abrangência do sistema de televisão aberta e demais veículos de comunicação, o que nos sugere a necessidade de avaliarmos a sua atuação e influência na sociedade. O sistema brasileiro de televisão é uma concessão pública. Isso quer dizer que a televisão é um bem que deve representar o povo brasileiro ao qual ela pertence. Os diferentes canais existentes são concedidos pelo Governo Federal para que elaborem a sua programação, porém há uma série de regras a serem seguidas que nem sempre são respeitadas, ou melhor, quase nunca são respeitadas. Exigir que sejam adotadas determinadas posturas por parte dos empresários do setor das comunicações não significa impor medidas de censura ou controle por parte do Ministério das Comunicações, órgão responsável pela concessão dos canais. Significa buscar a aplicação de medidas que atendam às regras definidas pela Constituição Federal de 1988, a qual dedicou um grande espaço para a discussão sobre os aspectos da comunicação social, ou ainda determinadas pelo Código Brasileiro de Televisão (CBT), implantado em 1962 para regular o setor e continua em vigor até os dias atuais. Há ainda a Lei Geral das Telecomunicações (LGT), criada em 1997, que também definiu regras para a atuação das teles. Entre os aspectos determinados como importantes para que a comunicação social seja representativada sociedade brasileira está a definição de que o monopólio ou oligopólio de poucos empresários na propriedade de concessões é prejudicial para a democracia no país. Sem uma mídia que ouça diferentes pontos de vista sobre determinados assuntos, ou ainda, que dê evidência a determinados grupos em detrimento de outros, que muitas vezes acabam marginalizados na vida pública midiática, não pode haver democracia. Se por um lado há as previsões legais para que a comunicação social seja plural, por outro, a prática dos empresários do setor, auxiliados por setores da política legislativa, se configura de maneira exatamente contrária, com grande concentração de propriedade destes canais e direcionamento dos conteúdos conforme o interesse econômico e político de seus detentores. Fonte: Dos anos de 1990 até o início dos anos 2000, o que se configurou de maneira acentuada foi o movimento ascendente de concentração da mídia nacional sob posse de poucos grupos e a consequente redução drástica no número de empresários (em sua maioria, empresas familiares) no controle dos principais veículos de comunicação do país. Algo em torno de nove grupos familiares controlavam a grande mídia no decorrer da última década, compreendidas pela família Abravanel, dona do SBT, a Bloch, que era proprietária da Manchete, os Civita, donos da Editora Abril, os Frias, proprietários da Folha de S. Paulo, os Levy, da Gazeta Mercantil, os Marinho, detentores das Organizações Globo, os Mesquita, proprietários de O Estado de S. Paulo, os Nascimento Brito, do Jornal do Brasil, e os Saad, donos da Rede Bandeirantes. Esta concentração foi ainda ampliada nos últimos anos, já que o número de mandatários da grande mídia de abrangência nacional encolheu para seis grupos apenas. Isso porque foram retiradas da lista as tradicionais famílias Bloch, Levy, Nascimento Brito e Mesquita, que não exercem mais controle direto sobre seus veículos de comunicação. Além das famílias Civita, Marinho, Frias, Saad e Abravanel, também há os Sirotsky, que estão à frente da Rede Brasil Sul (RBS), nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre estes grupos, o maior deles no que se refere à quantidade de emissoras filiadas e regionais, que retransmitem a sua programação, é a Globo. As organizações regionais são, em sua maioria, vinculadas a ela, detendo, portanto, grande poder de influência na definição de anunciantes em detrimento à sua audiência. Essa abrangência a todo o território brasileiro, no entanto, não resulta em garantias de democratização da informação, tampouco possibilita maior participação popular no contexto da produção midiática. Tal concentração de poder entre os meios de comunicação resulta em um consequente discurso uníssono, atuando diretamente na formatação da opinião pública. Muitos telespectadores passam mais de quatro horas por dia em frente ao televisor, tendo os noticiários e as novelas entre os principais programas assistidos. Imagem que brinca com o rosto dos proprietários de concessões televisivas no Brasil Fonte: O vídeo produzido pelo Coletivo Intervozes, baseado nos mesmos moldes do documentário Ilha das Flores, questiona a falta de acesso da população à comunicação, considerando-a como um direito. https://www.youtube.com/watch?v=KgCX2ONf6BU Conforme avalia Pereira (1987, p. 9), a formatação atual do sistema de comunicação brasileiro fez com que ele se torne um ―instrumento de consolidação e expansão do capitalismo, pelo seu caráter comercial, sem qualquer reconhecimento de que se trata, na realidade, de um direito social‖. Diante disso, não é difícil para você imaginar a forma como são transmitidos assuntos que podem afetar a realidade de poder até então vigente. Uma pesquisa publicada em 2013 pela Fundação Perseu Abramo, intitulada ―Democratização da Comunicação‖, trouxe dados importantes para avaliarmos tal situação. Nas entrevistas realizadas para a pesquisa, mais de 60% daqueles que responderam aos questionários afirmaram que os meios de comunicação defendem os interesses de seus próprios donos ou daqueles que têm mais dinheiro. Já no que se refere aos noticiários, a maioria da população ouvida avalia que os assuntos abordados não são realmente importantes à sociedade, resumindo os assuntos interessantes em cerca da metade do que é noticiado. Isso se acentuaria quando se tratam de notícias de política ou economia. Os entrevistados percebem que a maioria destes noticiários diz respeito aos interesses da empresa que veicula o fato. Além disso, a maioria avalia que a TV aborda questões e evidencia os negros menos do que deveria. Esse posicionamento destes entrevistados nos mostra que pelo menos minimamente há a percepção dos telespectadores quanto à atuação das emissoras que não os representam de forma satisfatória. Gráfico de pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo Fonte: No gráfico, percebe-se que as pessoas entendem haver pouca participação de negros na TV. A mesma concentração de propriedade ocorre em outros setores da comunicação social, seja no rádio ou na mídia impressa. Da mesma forma que a televisão, poucos grupos defendem ostatus quo que detêm e agem de forma a preservar a manutenção da realidade atual, que os favorece econômica e politicamente. Entrevista publicada no Observatório do Direito à Comunicação aborda a questão do negro e os valores presentes na sociedade refletidos na televisão, que levam o negro a negar sua própria identidade. Disponível em: Sobre o mapeamento das tvs abertas - Ancine: . PARA REFLETIR Você avalia que as abordagens a diferentes temas na televisão refletem a realidade do que se pensa na sociedade? Ou seriam os meios de comunicação que sugerem determinados valores em detrimento de outros? O rádio chegou no Brasil de forma até participativa, tendo a atuação de clubes associativos em sua implantação, porém, os inúmeros requisitos e normas legais definidos no governo Vargas, para o funcionamento das emissoras, reduziram a abrangência dos radioamadores no período de sua regulamentação, na década de 1920. Tal fato favoreceu a concentração dos grupos com maior poder aquisitivo em seu controle e propriedade (ORTRIWANO, 1985, p. 52). Já durante o período de ditadura civil-militar, em meados da década de 1970, veículos alternativos de comunicação começaram a ser usados por integrantes de movimentos sociais como forma de obter espaço e voz na sociedade, frente à mídia que silenciava quanto a diversos direitos humanos, que vinham sendo negados, e demandas da população não incluída entre aqueles que detinham poder político e econômico. Importantes jornais alternativos que circularam no período da década de 1970 Fonte: Fonte: Fonte: A partir deste período, grupos de movimentos sociais organizados começaram a gestar o que seria posteriormente denominado por pesquisadores e militantes como o movimento pela democratização dos meios de comunicação. Na década de 1980, diferentes ações foram realizadas em busca de mudanças que favorecessem a abertura à participação social na produção comunicativa do país. Esta iniciativa se manteve até os dias de hoje, ainda que não haja destaque para suas ações, tendo em vista que se chocam com os interesses dos detentores da propriedade dos veículos de comunicação consolidados atualmente. Se por um lado havia jornalistas, estudantes, sindicalistas e grupos de defesa da cultura popular, entre outros, que defendiam a mudança no sistema atual da comunicação, por outro estavam os grupos patronais e a Associação Brasileirade Telecomunicações (Abert) e alguns empresários-políticos que travaram e continuam travando as medidas de avanço propostas como legislação democrática ao país. Representação do movimento pela democratização da comunicação existente no país Fonte: Na década de 1980 foi aprovado o primeiro documento oficial que reivindicaria por mudanças no sistema da comunicação social brasileira. Em 1983 criou-se a Frente Nacional de Luta por Políticas Democráticas de Comunicação, em Florianópolis, sob o comando da Federação Nacional dos Jornalistas. No ano seguinte, um grupo de parlamentares do PMDB publicou ―Propostas de Governo – Comunicação‖, no caderno ―A Nova República‖, que foi entregue ao então presidente Tancredo Neves. As proposições por mudanças foram seguidas pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1986, como base aos leigos para as discussões na Constituinte que se formaria ainda naquele ano. Pereira (1987, p. 14) cita oito proposituras apresentadas naquela década, apontando que se configuravam como uma demonstração da ―necessidade de modificação do atual modelo, considerado concentrador, monopolista e antipopular, voltado unicamente ao econômico‖. Tais demandas povoaram as discussões da Constituição de 1988, a qual reuniu acalorados debates sobre o tema, mas também uma série de barganhas e artimanhas para atravancar, da forma como fosse possível, possíveis avanços neste setor. A Constituição traz regras importantes para evitar a concentração de propriedade dos veículos de comunicação, preveem o acesso à informação e outros benefícios considerados avançados, mas muitos deles até hoje ainda não foram regulamentados e continuam apenas no papel. Entre os artigos da Constituição Federal de 1988 está aquele que prevê a visibilidade de interesses nos meios de comunicação de diferentes grupos da sociedade, sejam eles integrantes de pequenas comunidades ou empresários da radiodifusão. Em documento publicado em 2010, o Coletivo de Comunicação – Intervozes (p. 25-27) avalia que esta participação e equilíbrio de acesso ao espaço midiático representaria uma inversão no atual paradigma do campo das comunicações, mudando o enfoque do interesse individual e mercantil para o interesse público e coletivo, o que asseguraria o direito à comunicação, defendido por diferentes entidades que possuem em sua trajetória a reivindicação pela democratização desse campo. Programa da TV Câmara critica a falta de espaço para a diversidade na televisão incluída em um sistema de comunicação monopolizado e traz o rap nordestino como diferencial. https://www.youtube.com/watch?v=Y9ObEePI- ts Ilustração valoriza a comunicação que inclui a diversidade de opiniões Fonte: A atuação dos veículos de comunicação centralizados sob a propriedade de uma dezena de famílias e igrejas, em geral, é contrária à atuação de movimentos populares, os quais criticam diversas instâncias da vida social. A pluralidades de vozes não se verifica nestes meios, conforme afirmam representantes destes grupos, os quais afirmam que a televisão, na maioria das vezes, aborda suas atuações de forma a desqualificá-las e deslegitimá-las frente à sociedade. O espaço não mercantilizado ainda não foi conquistado. A partir do ano de 1998, no entanto, governos populares começaram a assumir o poder na América Latina e algumas propostas passaram a fazer parte da política e do mercado da comunicação, com vistas ao comprometimento destes governos com a distribuição de renda e combate à pobreza e à miséria, conforme cita Moraes (2011, p. 25), em Vozes Abertas da América Latina. Estas medidas se configuraram como situações gestacionais para possíveis mudanças, verificadas em alguns países como Equador, Argentina e Uruguai. Contudo, o Brasil ainda engatinha na implantação de políticas que favoreçam a democratização das comunicações. Algumas tentativas, como a criação do Conselho Federal de Jornalismo, a Conferência Nacional das Comunicações (Confecom) e outras medidas que seguiam a mesma tendência dos governos latino-americanos, foram fortemente reprovadas pela sociedade, influenciadas por posicionamentos contrários dos proprietários de veículos de comunicação que criticavam a medida e acusavam o governo de autoritário e censor (MORAES, 2011, p.107). Diante disso, o ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, durante o governo Lula, Paulo Vennucchi, critica a acusação feita ao presidente e lamenta que a liberdade de imprensa que o Brasil tem é a liberdade que os grandes jornais possuem para noticiarem os fatos como querem. Cartaz de divulgação da 1ª Confecom Fonte: O principal avanço dos últimos anos no sentido de favorecer a democratização da comunicação social brasileira, no entanto, ocorreu com a realização da Confecom, para a proposição de medidas relacionadas ao tema. O evento contou com representantes da sociedade civil, do governo e das emissoras e concessionárias atuais. No entanto, a iniciativa não teve prosseguimento e os documentos aprovados se tornaram referência para a continuidade das reivindicações dos grupos organizados em torno deste tema. Nestas iniciativas que visavam alterar o padrão de comunicação no Brasil estariam muitos dos movimentos populares organizados, que perceberam que além de reivindicar por mais acesso à gestão dos meios de comunicação já formatados, também seria importante produzir seus próprios veículos. Nesta percepção tiveram papel de destaque os sindicatos, como o dos metalúrgicos de São Paulo, que conseguiram a concessão de uma televisão aberta. VIDEOAULA 3 00:00 00:00 PARA REFLETIR O não prosseguimento em propostas aprovadas na Confecom para a democratização da comunicação é fruto de falta de interesse do governo sobre este tema ou pressão comercial das empresas de comunicação? Programa da TVT, ―Clique e Ligue‖, aborda o tema da democratização das comunicações e inclui nas discussões dados importantes sobre a comunicação alternativa dos trabalhadores. https://www.youtube.com/watch?v=zLoovTA0tcM A partir do momento em que a comunicação se configura como um espaço democrático, novos atores passam a compor o quadro de proprietários de diferentes veículos alternativos ao sistema hegemônico atualmente em vigor, e se tornarem promotores de informação. Neste espaço democrático atuam mulheres, movimentos sociais, grupos minoritários organizados na sociedade, bem como negros e outros. Em uma comunicação democrática, o negro deixa de ocupar lugar de marginalidade e discriminação, como ocorre atualmente. Entre as formas de aplicação da comunicação democratizada estariam as rádios comunitárias, um dos instrumentos apresentados por movimentos sindicais e civis organizados para a efetivação e a garantia dos direitos à informação e a livre expressão, bem como a participação da população na produção de conhecimento de maneira mais descentralizada. Logo utilizado pelas rádios comunitárias em ações de reivindicação por espaço nas comunicações Fonte: A comunicação comunitária possui uma série de dificuldades para a sua aplicação, até mesmo por ser um espaço de atuação democrática. Ela se configura como um meio que possibilita o intercâmbio entre as informações que surgem entre os próprios integrantes de uma determinada comunidade. Tais assuntos abordados seriam voltados aos interesses daqueles que estão diretamente envolvidos neste processo comunicativo, moradores de uma mesma região e unidos por ideais que tenham afinidades, bem como deve possibilitar a ampla participação das pessoas
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