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RESUMO DIREITO PENAL II - 2GQ - DOSIMETRIA DA PENA -

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DIREITO PENAL II
DOSIMETRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE
Princípios
Individualização da pena
Compatível com a responsabilidade penal
Legalidade
Humanidade
Proporcionalidade
Presunção de inocência
Proibição da dupla valoração (bis in iden)
Modelo trifásico
Concebido por Nelson Hungria na reforma de 1984
O juiz obedecerá esse modelo para sair da pena em abstrato, proposta no Código Penal, para a pena em concreto, individualizada ao caso 
Circunstâncias judiciais (Art.59, CP)
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime
Se houver mais de uma qualificadora, uma será valorada como tal e a outra deverá ser considerada como circunstância judicial, segundo orientação jurisprudencial do STJ
Determina-se a pena-base
Se todos esses fatores apresentarem-se favoráveis ao réu, deve-se fixar a pena-base no mínimo legal
Mesmo se for fixada no mínimo legal, a pena precisa ser justificada, caso contrário viola o ius accucationis (direito de acusar) e o princípio de individualização da pena
A acusação pode interpor recurso e a pena deverá ser anulada
Culpabilidade
Grau de reprovabilidade da conduta praticada pelo agente
Diferente de “crime culpável” – a culpabilidade já foi comprovada tanto que já houve condenação
Antecedentes
Bons ou maus
A admissão de maus antecedentes causa muito polêmica, pois muitos argumentam que fere o princípio de presunção de inocência
Súmula 444, STJ: “é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base”
A reincidência não é valorada aqui, pois já é listada como agravante, no entanto, podem ser considerados:
Condenações que já estão no período depurador, ou seja, que já passaram cinco anos do cumprimento da pena ou extinção da punibilidade, pois não se considera reincidência (art. 64, I, CP)
Dupla reincidência, pois uma é contada como agravante e as demais são consideradas maus antecedentes
OBS: só podem ser consideradas condenações transitadas em julgado
Personalidade
Aspectos psicológicos do agente – qualidades morais e sociais
Esse critério também é controverso, pois apenas um psicólogo seria apto a julgar esse aspecto, não um juiz, que além de não ter preparo profissional para isto, dificilmente conseguirá fazer uma análise imparcial 
As infrações criminosas cometidas pelo réu na menoridade não podem ser consideradas como maus antecedentes, mas podem ser analisadas nesse critério
Conduta social
O conjunto do comportamento do agente em seu meio social, em sua vida pública
Motivos determinantes
A fonte propulsora da vontade criminosa
Circunstâncias do crime
São circunstâncias a forma e natureza do delito, os meios utilizados, objeto, tempo, lugar, forma de execução e outros
Não podem ser elementares do tipo penal, pois isso configuraria bis in iden
Consequências do crime
Tudo que decorre do crime e não é elementar do tipo
Comportamento da vítima
Considera-se que algumas vítimas contribuem na consecução do crime
Circunstâncias legais – agravantes e atenuantes (Art. 61, 62, 65 e 66)
Determina a pena provisória
Súmula 231, STJ: “A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir à redução de pena abaixo do mínimo legal”
Correntes tradicionais afirmam que isso violaria os princípios da reserva legal e da pena determinada 
A súmula é inconstitucional 
O art. 65, CP afirma que essas circunstâncias SEMPRE deverão atenuar a pena, deixando clara sua obrigatoriedade mesmo que deixe a pena abaixo do mínimo legal
O contrário seria violação do principio da individualização da pena e da legalidade estrita
Pela jurisprudência, deve-se agravar ou diminuir 1/6 por circunstância
Concurso de agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência.
Motivo: fútil, torpe
Personalidade: confissão espontânea, maioridade relativa
Há divergências na jurisprudência quando há duas circunstâncias preponderantes, uma agravante e outra atenuante, sendo elas:
Se compensam, ou seja, uma anula a outra
A reincidência prepondera 
A confissão espontânea e a maioridade relativa preponderam, pois a lei penal sempre é mais benéfica ao réu
Agravantes:
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
        I - a reincidência; 
        II - ter o agente cometido o crime:  
        a) por motivo fútil ou torpe;
        b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
        c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
        d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
        e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
        f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; 
        g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
        h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; 
        i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
        j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
        l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes em concurso de pessoas:
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
 II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
 III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
 IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa
Atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
 I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; 
 II - o desconhecimento da lei; 
 III - ter o agente: 
 a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
 b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
 c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
 d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
 e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
 Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei
Causas de aumento e diminuição (minorantes e majorantes) 
Primeiro se aplicam as causas de aumento, depois as de diminuição 
Art. 68. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Não há limitação para as causas listadas na parte geral, devendo todas serem consideradas
Após a dosimetria, o juiz fixará o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade 
PENA DE MULTA
Conceito
Existem três tipos de pena: privativa de liberdade, restritiva de direitos e de multa.Não podemos confundir a pena de multa com a prestação pecuniária, que é uma espécie de restritiva de direitos
A prestação pecuniária tem caráter indenizatório, enquanto a pena de multa não é paga à vítima, mas ao Fundo Penitenciário, responsável pelas despesas dos estabelecimentos prisionais
É personalíssima, ou seja, não pode ser transmitida a terceiros
Pode ser aplicada
Isoladamente: só a pena de multa
Cumulativamente: pena de multa + pena privativa de liberdade
Alternativa: faculta ao juiz a escolha de aplicação da pena de multa ou detenção 
Dosimetria
Modelo bifásico
1ª fase
É determinado o número de dias-multa 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
Exceção: lei nº 11.343/ 2006 – Lei das drogas
Art. 33.  Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
São consideradas todos os fatores analisados ao longo das três fases da dosimetria da pena privativa de liberdade: as circunstâncias judiciais, legais, majorantes e minorantes.
2ª fase
É determinado o valor de cada dia-multa
Para isso, faz-se a análise da situação econômica do réu 
Art. 49, § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo (1/30) do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário
 § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária
Art. 60, 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Destaca-se que o valor é aplicado de acordo com o salário mínimo vigente na época do crime, não da sentença
Pagamento da multa
 Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se realize em parcelas mensais.
Esse artigo do Código Penal causa muita polêmica, pois a Lei de Execução Penal o contraria, determinando que o pagamento deve ser feito após 10 dias da citação do condenado
A jurisprudência e a doutrina acabam se inclinando a adotar o disposto na LEP por ser mais favorável ao réu
Pode ser feito o:
Pagamento integral
Pagamento parcelado
Prazo de 10 dias após a citação para pedir o parcelamento
Em caso de atraso ou de melhora da situação econômica do condenado, o parcelamento será suspenso
Desconto em folha de vencimento ou no salário
O empregador será intimado para efetuar o recolhimento na data e local estabelecidos pelo juiz da execução, sob pena de desobediência 
Se o condenado estiver preso, a multa poderá ser cobrada mediante desconto em sua remuneração 
Execução da pena
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição
Súmula 521, STJ: “A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.”
Uma corrente majoritária concorda com a súmula
A minoria, inclusive Bittencourt, acredita que a competência continua sendo exclusiva do juízo criminal por se tratar da execução de uma sanção criminal
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: 
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
No entanto, uma corrente discorda do artigo, pois a pena de multa passa a ser dívida de valor, devendo prescrever em cinco anos 
MEDIDA DE SEGURANÇA 	 
Conceito
 Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial.
Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico – medida detentiva
Tratamento ambulatorial – apenas cuidados médicos, mas se necessário pode ser submetido à internação em qualquer momento
Sistema vicariante
A reforma penal eliminou a aplicação dupla de pena e medida de segurança
O pressuposto da pena é a culpabilidade, enquanto o da medida de segurança é a periculosidade e inimputabilidade
Anteriormente, era vigente o sistema duplo binário que permitindo essa dupla aplicação
Prazo de duração
 Art. 97 § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
 § 2º - A perícia médica realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer tempo, se o determinar o juiz da execução
O tempo indeterminado da medida de segurança causa muita polêmica, pois a Constituição proíbe expressamente a prisão perpétua. Assim, há correntes que defendem:
Cumprimento máximo de 30 anos, mesmo tempo da pena privativa de liberdade
Súmula 527, STJ: “o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado”
Art. 97 § 3º - A desinternação, ou a liberação, será sempre condicional devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso de 1 (um) ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade.
OBS: o fato indicativo não necessariamente precisa ser um crime
Substituição da pena por medida de segurança
O tempo da medida de segurança não pode ser maior que o da condenação, nesses casos. Caso o réu ainda não possa ser liberado ao fim de sua pena, deverá ser colocado à disposição do juízo cível competente
Semi-imputável que precisa de tratamento curativo
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1º a 4º.
Em regra, tem a diminuição obrigatória da pena, a substituição por medida de segurança ocorre após a condenação 
A pena precisa primeiramente ser aplicada para que possa ser reduzida ou substituída 
Superveniência de doença mental do condenado
O condenado deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou outro estabelecimento adequado
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 	 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:  
      I - pela morte do agente;
Princípio da personalidade da pena: não pode ser passada a outra pessoa
Dignidade da pessoa humana: não deve ferir a honra do falecido. 
Cessa-se toda atividade destinada à punição do crime
 II - pela anistia, graça ou indulto;
Anistia: tem por objeto fatos, não pessoas. Esquecimento jurídico normalmente de crimes políticos, militares ou eleitorais
Graça: indulto individual.
Indulto coletivo: dado a um grupo de condenados delimitado pela natureza do crime e a quantidade da pena aplicada
Parcial: comutação da pena
Os crimes hediondos e equiparados são insuscetíveis de qualquer um destes
      III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
Abolitio criminis
      IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Decadência: perda dopoder de agir (ação privada) ou do direito de representação (ação penal pública condicionada) por não ter sido exercido no prazo de seis meses
Perempção: ação penal privada – o querelante deixa de realizar atos necessários para o prosseguimento da ação, levando à presunção de desistência
      V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
Ambos na ação penal privada
A renúncia ocorre antes da ação penal
O perdão é bilateral, precisando ser aceito pelo réu 	
      VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
Em casos de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia 
Perdão judicial
Concedido pelo juiz na hipótese do sofrimento ser tão grande que a pena é uma exacerbação do martírio
Homicídio culposo e lesão corporal

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