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T.C Conceito, princípios, classificação, constituição e exigibilidade.

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RESUMOS
Títulos de crédito
Conceito, princípios, classi�cação, constituição e
exigibilidade.
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(17/nov/2017)
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1. Conceito
Segundo Vivante, os títulos de crédito constituem "documentos necessários
para o exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado". Deste
conceito, dado pelo ilustre jurista italiano, podemos extrair os princípios que
norteiam esse tema, que são:
- Princípio da Cartularidade: exige a existência material do título ou, como
versa Vivante, o documento necessário. Assim sendo, para que o credor
possa exigir o crédito deverá apresentar a cártula original do documento -
título de crédito. 
Garante, portanto, este princípio, que o possuidor do título é o titular do
direito de crédito.
A duplicata se afasta deste princípio, uma vez que expressa a possibilidade
do protesto do título por indicação quando o devedor retém o título.
- Princípio da Literalidade: o título vale pelo que nele está mencionado, em
seus termos e limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver
expresso no título. Deve, por conseguinte, constar a assinatura do avalista
para que seja válido o aval, por exemplo.

DIREITO CIVIL | 30/JUL/2007
  
A duplicata, por mais uma vez, �gura como exceção, já que conforme
estabelece o artigo 9°, §1°, da Lei n° 5.474/68: "a prova do pagamento é o
recibo, passado pelo legítimo portador ou por seu representante com
poderes especiais, no verso do próprio título ou em documento, em
separado, com referência expressa à duplicata".
- Princípio da Autonomia: desvincula-se toda e qualquer relação havida
entre os anteriores possuidores do título com os atuais e, assim sendo, o que
circula é o título de crédito e não o direito abstrato contido nele.
- Princípio da Abstração: decorre, em parte, do princípio da autonomia e
trata da separação da causa ao título por ela originado. Não se vincula a
cártula, portanto, ao negócio jurídico principal que a originou, visando, por
�m, a proteção do possuidor de boa-fé. 
Não gozam deste princípio todos os títulos de crédito, mas se pode observar
ser ele válido para as notas promissórias e letra de câmbio. 
Classi�cação dos Títulos de Crédito
- Quanto ao modelo: podem ser vinculados ou livres.
Vinculados: devem atender a um padrão especí�co, de�nido por lei, para
a criação do título. Ex:. cheque.
Livres: são os títulos que não exigem um padrão obrigatório de emissão,
basta que conste os requisitos mínimos exigidos por lei. Ex:. letra de
câmbio e nota promissória.
- Quanto à estrutura: podem ser ordem de pagamento ou promessa de
pagamento.
Ordem de pagamento: por esta estrutura o saque cambial dá origem a
três situações distintas: sacador ou emitente, que dá a ordem para que
outra pessoa pague; sacado, que recebe a ordem e deve cumpri-la; e
o bene�ciário, que recebe o valor descrito no título. Ex:. letra de câmbio,
cheque.
Promessa de pagamento: envolve apenas duas situações jurídicas:
promitente, que deve, e bene�ciário, o credor que receberá a dívida do
promitente. Ex:. nota promissória.
- Quanto à natureza: podem ser títulos causais ou abstratos.
Títulos causais: são aqueles que guardam vínculo com a causa que lhes
deu origem, constando expressamente no título a obrigação pelo qual o
título foi assumido, sendo assim, só poderão ser emitidos se ocorrer o
fato que a lei elegeu como uma possível causa para o mesmo. Podem
circular por endosso. Ex:. duplicatas.
Títulos abstratos: são aqueles que não mencionam a relação que lhes deu
origem, podendo ser criados por qualquer motivo. Ex: letra de câmbio,
cheque.
2. Constituição do Título de Crédito 
 
Saque
Este instituto somente será encontrado pela emissão de letras de câmbio, já
que estas são ordens de pagamento que, por meio do saque, criam três
situações jurídicas distintas, sendo estas: a �gura do sacador, o qual dá a
ordem de pagamento e que determina a quantia que deve ser paga; a �gura
do sacado, àquele para quem a ordem é dirigida, o qual deve realizar o
pagamento dentro das condições estabelecidas; e, por último, o tomador,
credor da quantia mencionada no título.
Saque, portanto, é o ato de criação, ou seja, da emissão da letra de câmbio.
Após esse ato, o tomador pode procurar o sacado para receber do mesmo a
quantia devida. Sendo que não tem por única função emitir o título, mas
também visa vincular o sacador ao pagamento da letra de câmbio, assim
sendo, caso o sacado não pague a dívida ao tomador, este último poderá
cobrá-la do próprio sacador, que é o próprio devedor do título.
Aceite
É por meio deste que o sacado se compromete ao pagamento do título ao
bene�ciário, na data do vencimento. Para que seja válido este aceite deverá
conter o nome e assinatura do aceitante. Importante frisar que, se este aceite
se der no verso do título, deverá acompanhar a palavra "aceito" ou
"aceitamos", para que não se confunda com endosso; mas se no anverso do
título, bastará a assinatura do aceitante.
O sacado/aceitante deverá ser civilmente capaz e não poderá ser falido. Se
este vier a falecer poderá o inventariante proceder o aceite em nome dos
sucessores daquele.
Havendo endossantes neste título, deverão estes responder como devedores
cambiários solidários e, assim sendo, deverão pagar o que estabelece o título
ao bene�ciário, caso o sacado não o aceite. O aceite é irretratável, ou seja,
desde que produzido o sacado não poderá se eximir do pagamento da letra.
Prazo de respiro é o prazo de um dia dado em virtude da primeira
apresentação do título para aceite do sacado. De acordo com o art. 24 da LU:
"o sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma segunda vez no dia
seguinte ao da primeira apresentação". 
As letras com data certa para vencimento ou à vista dispensam a
apresentação para aceite, porque vencem no momento em que são
apresentadas, devendo ser feita em 1 ano.
Será considerada a falta de aceite quando o sacado não for encontrado,
estiver muito enfermo, não podendo, ao menos, expressar-se, ou quando
nega o aceite ao título expressamente. Diante da recusa do aceite, o
bene�ciário deverá, a �m de receber o valor representado pelo título,
protestá-lo no primeiro dia útil seguinte, já que esta recusa acarreta o
vencimento antecipado do título. Podendo o tomador perder o direito, se não
protestar neste prazo, de acionar os demais coobrigados cambiários. Sendo
assim, veri�ca-se que o protesto pressupõe a ausência do aceite.
O aceite deverá ser puro e simples, não podendo ser condicionado, e poderá
ser limitado de acordo com que o aceitante se obrigar nos termos do mesmo.
A lei permite que o sacador estabeleça uma cláusula de proibição de aceitação
do aceite, tornando a letra inaceitável. Com isso, deverá o bene�ciário
esperar até a data do vencimento do título para apresentá-lo ao sacado, que
só então, se recusá-lo, poderá voltar-se ao sacador. Se, entretanto, antes da
data do vencimento o sacado aceitar o título, ele será válido.
Essa cláusula não será permitida quando a letra for sacada a certo termo da
vista, pois quando isso ocorre o prazo do vencimento só corre a partir da data
do aceite.
Endosso
É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no
título através da tradição da própria cártula.
De acordo com o art. 893 do Código Civil: "a transferência do título de crédito
implica a de todos os direitos que lhe são inerentes" e, por assim dizer,
entende-se que não só a propriedade da letra que se transfere, como também
a garantia de seu adimplemento.
Figuram dois sujeitos no endosso: 
- endossante ou endossador: quem garante o pagamento do título
transferido por endosso; 
- endossatário ou adquirente: quem recebe por meio dessa transferência a
letra de câmbio.
O endosso responsabiliza solidariamenteo endossante ao pagamento do
crédito descrito na cártula caso o sacado e sacador não efetuem o
pagamento. Portanto, se o devedor entregar a seu credor um título, por mera
tradição e sem endosso, não estará vinculado ao pagamento deste crédito
caso as outras partes se tornem inadimplentes.
Poderá o endosso se apresentar:
em preto: quando na própria letra traz a indicação do endossatário do
crédito. Também conhecido por endosso nominal.
em branco: quando apenas constar a assinatura do endossante, sem
qualquer indicação de quem seja o endossatário. Deverá este ser feito
sempre no verso do título e se tornará um título ao portador.
Classi�cações doutrinárias de endosso:
- Endosso próprio: transfere ao endossatário não só a titularidade do crédito
como também o exercício de seus direitos.
- Endosso impróprio: difere do anterior uma vez que não transfere a
titularidade do crédito, mas tão somente o exercício de seus direitos. Este se
subdivide em:
 
Endosso-mandato ou endosso-procuração: permite que o endossatário
aja como representante do endossante, podendo exercer os direitos
inerentes ao título.
 
Endosso-caução ou pignoratício: �gura como mera garantia ao
endossatário de uma dívida do endossante para com ele. Deve sempre
conter a cláusula: “valor em garantia” ou “valor em penhor”. Tendo,
portanto, o endossante cumprido a obrigação para a qual se destinou a
garantia, poderá rever o título de crédito.
Cessão Civil é a transferência de um título de crédito por meio diverso ao do
endosso. 
Diferenças de Endosso e Cessão Civil:
Endosso – ato unilateral que só será admitido mediante assinatura e
declaração contidas no título. Confere direitos autônomos ao endossatário
(direitos novos) e não poderá ser parcial. 
Cessão Civil – ato bilateral, por meio de um negócio jurídico; pode ser feita da
mesma forma que qualquer outro contrato; confere os direitos derivados de
quem o cedeu e poderá ser parcial.
Aval
Versa o art. 30 da LU, "o pagamento de título de crédito, que contenha
obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval". Com
isso estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista)
�rma para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do
pagamento do título se este último não o �zer.
Poderá o aval se apresentar:
em preto: indica o avalizado nominalmente;
em branco: não indica expressamente o avalizado, considerando, por
conseguinte, o sacador como o mesmo.
É permitido o aval parcial ou limitado, segundo o art. 30 da Lei Uniforme.
O aval difere da �ança pelo fato desta última se caracterizar em contratos
cíveis e não sob títulos de crédito, como a primeira.
Fiança é um contrato acessório pelo qual a pessoa garante ao credor
satisfazer a obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra, ao
passo que a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado.
A �ança produz mais efeitos que o aval, uma vez que a posição do �ador
adquire características de principal.
Por �m, cumpre ressaltar que a lei concede ao �ador o benefício de ordem,
benefício este inexistente para o avalista. 
Exigibilidade do Título de Crédito 
 
Vencimento
O vencimento do título ocorrerá, ordinariamente, com o término normal do
prazo, sob as seguintes formas elencadas pelo art. 6° da Lei Saraiva (Dec.
2.044/1908):
a) à vista; 
b) a dia certo; 
c) a tempo certo da data; 
d) a tempo certo da vista.
Ou, também, extraordinariamente, quando se dá pela interrupção do prazo
por fato imprevisto e anormal, elencados no art. 19 da mesma lei em questão.
a) falta ou recusa de aceite; 
b) falência do aceitante.
 Pagamento
É através do pagamento que se tem por extinta uma, algumas ou todas as
obrigações declaradas no título de crédito. Pode-se dizer, com isso, que o
pagamento pode extinguir:
- algumas obrigações: se o pagamento é efetuado pelo coobrigado ou pelo
avalista do aceitante, extingue-se a própria obrigação de quem pagou e
também a dos posteriores coobrigados; 
- todas obrigações: se o pagamento é realizado pelo aceitante do título.
Protesto
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É a prova literal de que o título foi apresentado a aceite ou a pagamento e que
nenhuma dessas providências foram atendidas, pelo sacado ou aceitante. 
O protesto será levado a efeito por:
- falta ou recusa do aceite; 
- falta ou recusa do pagamento; 
- falta da devolução do título. 
 
3. Ação Cambial
É a ação cabível para o credor reaver o que deixou de receber pelo título de
crédito devido, promovendo a execução judicial de seu crédito contra
qualquer devedor cambial, devendo-se sempre observar as condições de
exigibilidade do crédito. Para a letra de câmbio, a Lei Uniforme, em seu
artigo 70 estabeleceu os seguintes prazos:
6 meses: a contar do pagamento ou do ajuizamento da execução cambial,
para o exercício do direito de regresso por qualquer um dos coobrigados;
1 ano: para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados, isto é,
contra o sacador, endossante e respectivos avalistas. Prazo este a contar
do protesto ou do vencimento, no caso da cláusula "sem despesas";
3 anos: para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e
seu avalista, a contar do vencimento.
Referências bibliográ�cas:
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17ª Edição. Editora
Saraiva, 2006.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios Gonçalves. Sinopses Jurídicas - Títulos de
Crédito e Contratos Mercantis. 2ª Edição. Editora Saraiva, 2005.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Sinopses Jurídicas - Direito das Obrigações -
Parte Especial (contratos). 8ª Edição. Editora Saraiva, 2007.
 
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