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Menino 23

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“Menino 23”
 Infâncias Perdidas no Brasil
Documentário, lançado no país em julho de 2016 é um documento instigante, amplo e bastante necessário, leva o espectador a refletir sobre a situação daquelas crianças em relação às políticas brasileiras para os pobres. Menino 23 mostra fragmentos vergonhosos da nossa história às evidências de um Brasil preconceituoso.
 Belisário Franca vai além da denúncia de trabalho infantil na era Vargas, mostra uma mentalidade brasileira que permitia esse tipo de exploração. É um filme histórico, baseado em pesquisa do historiador Sidney Aguilar Filho, que defendeu na Unicamp a tese Educação, Autoritarismo e Eugenia: Exploração do Trabalho e Violência à Infância Desamparada no Brasil (1930-1945).
O filme se baseia em depoimentos de sociólogos, historiadores, testemunhas, sobreviventes e familiares de sobreviventes além de fazer um ótimo uso de dramatizações. Mas além de acompanhar o drama vivido pelos poucos sobreviventes dessa fazenda em Campina do Monte Alegre, o filme vai passo a passo construindo de forma precisa o quebra-cabeça da formação da sociedade racista que vivemos ,passando desde a "libertação" dos escravos, até o interesse da sociedade brasileira com as teorias de Eugênia (teoria que pregava a seleção genética com o intuito de “melhorar a raça humana”), "embranquecimento" da raça e ideologias fascistas como o nazismo. 
A partir da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas, o filme acompanha uma descoberta tenebrosa. 
 Durante os anos 1930, cinquenta meninos Pobres e negros de 9 a 11 anos, que cresceram no orfanato carioca Romão de Mattos Duarte, foram submetidos à primeira de uma série de humilhações durante uma visita da abastada família Rocha Miranda ao local, balas foram jogadas às crianças numa maneira de selecionar as mais fortes do grupo, isto é, os que conseguiram pegar mais doces estavam aptos a serem levados à Fazenda Cruzeira do Sul, em Campina do Monte Alegre, interior de São Paulo. Lá, essas crianças eram apenas números e foram submetidas ao trabalho escravo pela família rica da elite brasileira. Lá, passaram a trabalhar de sol a sol, sem remuneração, recebendo educação precária e sendo submetidas a castigos físicos e psicológicos em casos de indisciplina. 
Uma simples pergunta realizada no início da entrevista: “Como foi sua infância?” foi capaz de extrair a magnitude do que essa fase de sua história significou para o resto da vida do menino 23 (Aloísio da Silva), ele já idoso, de início se recusa trazer na memória os acontecimentos de sua terrível infância, mas cede ao ver o nome da mãe no livro de registros do educandário. São lembranças difíceis, de uma vida que começa e se desenvolve sem qualquer sinal de afeto e carinho, Menino 23 surge para falar sobre escravatura, tocando na complexa questão da abolição, fato importantíssimo, mas que, uma vez não preocupado com a inserção social do negro, deixou os alforriados à própria sorte.
A família Rocha Miranda que escravizou as crianças no período do Estado Novo era simpatizante do nazismo, inclusive Mandava marcar seu gado com a suástica. Eles pertenciam à Ação Integralista Brasileira, não eram os únicos a fazerem essa opção, compartilhada de diversas formas na década 30, por um setor da sociedade brasileira da elite, classe média e setores populares, incluindo militares, políticos, servidores públicos e conservadores de forma geral.
Para a maior compreensão do ocorrido os pesquisadores conversaram com os moradores mais velhos que ali cresceram e ainda residem. Crianças à época dos acontecimentos, os moradores pouco tiveram a dizer sobre o que se passava no interior da fazenda Santa Albertina pelo simples fato desse tema ter sido tratado como tabu em suas infâncias, em parte porque os fatos eram naturais para realidade brasileira da época.
 Este documentário consegue apresentar a dor de seus protagonistas de forma delicada e ao mesmo tempo impactante, Parece um filme aterrorizante, mas é uma história real. “O Brasil é uma sociedade dissimulada”. Ficamos chocados ao ver o que acontecia na década de 30, mas ainda assistimos a uma presença forte de ideias totalitaristas, traços de violência e posturas racistas.

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