Buscar

Tipos Societários

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Alisson Silveira de Goes
Fabiana KrasniakLeppin
Gabrielle Slompo
Giorgio Frank Gomes Kather
Suiane Volpato de Oliveira Zanardi
PROJETO INTERDISCILINAR:
ESTRUTURA SOCIETÁRIA E REGISTRO DE EMPRESAS.
CURITIBA
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
Com o presente trabalho propomo-nos a demonstrar quais os tipos societários previstos na legislação pátria. Com mais ênfase, busca trazer conhecimento acerca das principais características da sociedade empresarial limitada, prevista no capítulo VI do Código Civil Brasileiro.
Procuraremos delimitar as regras gerais de cada tipo societário, com sua natureza jurídica e principais características. Para a presente abordagem, apresenta-se conceitos específicos de cada sociedade, utilizando-se para tanto, livros da área do direito empresarial, contábeis e da própria lei, neste caso, o Código Civil de 2002.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ATIVIDADE EMPRESARIAL
A atividade empresarial pode ser exercida individualmente ou por meio de uma sociedade empresária.
2.1.1 EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Empresário individual (EI) é a pessoa física que exerce, em nome próprio, a atividade empresarial. É o titular da empresa e responderá de forma ilimitada pelas dívidas decorrentes de sua atividade, ou seja, o seu patrimônio e o da empresa são os mesmos.
Para ser empresário individual, a pessoa deve encontrar-se em pleno gozo de sua capacidade civil e ser maior de 18 anos, ou menor emancipado.
É necessário efetuar o registro na Junta Comercial antes de iniciar qualquer atividade da empresa.
O EI possui enquadramentos de porte, podendo ser um Microempreendedor Individual (MEI), uma Microempresa (ME), uma Empresa de Pequeno Porte (EPP) ou ainda sem enquadramento, conforme tópicos a seguir.
2.1.1.1 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL
A figura do Microempreendedor individual surgiu através da edição da Lei nº 128/2008, alterando a Lei geral da Micro e Pequena empresa (Lei 123/2006). O denominado MEI é aquele que exerce função remuneratória por sua própria conta, tem registro de pequeno empresário, prestando serviços, comércio ou até mesmo de indústria.
Para que seja enquadrado em tal modalidade, o empresário deve possuir faturamento limitado a R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais) por ano, não pode participar como sócio, administrador ou titular de outra empresa, não poderá contratar mais de um empregado e por fim deverá exercer uma das diversas atividades previstas no anexo XI da recente resolução CGSN nº 140, de 22 de maio de 2018. 
Este tipo de formalização do empresário, garantirá benefícios ao mesmo, tais como a aposentadoria, auxílios do Governo Federal, mais facilidade para obter crédito e realizar abertura de contas, poderá passar a emitir notas fiscais e ainda terá direito a impostos reduzidos na forma da Lei, porém, existem obrigações a serem cumpridas pelo microempreendedor Individual, sendo algumas delas a de pagar o guia DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional),
emitir um relatório mensal das receitas, para simplificar o controle fiscal,
emitir notas fiscais de vendas e prestações de serviços para outras empresas e
prestar informações do empregado (Informação à Previdência Social e Guia do FGTS), se houver.
Neste aspecto, importante frisar que a arrecadação dos impostos nesta atividade será realizada através do regime do simples nacional, ficando, portanto, isento dos impostos federais (IR, CSLL, IPI, PIS e COFINS), podendo ser considerada uma opção extremamente viável para aqueles que visam sair da informalidade.
2.1.1.2 MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE
Tanto a microempresa (ME) como a empresa de pequeno porte (EPP) são regidas pela Lei complementar 123 de 14 de dezembro de 2006, tal lei estabelece as regras gerais relativas ao tratamento diferenciado conferido para ME e para EPP, conforme ementado no art. 1º da legislação supra referida.
A legislação, conceitua precisamente as duas modalidades, vejamos:
Art. 3º Para os efeitos desta lei complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). (Redação dada pela lei complementar nº 155, de 2016) Produção de efeito
Portanto, a definição básica da Microempresa e Empresa de pequeno porte está caracterizada pelo faturamento bruto anual, uma vez que ME tal receita não poderá ultrapassar o valor de R$360.000,00 (trezentos sessenta mil reais) ao ano, o que vale dizer R$30.000,00 (trinta mil reais) ao mês, enquanto que na EPP este faturamento será de até R$4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).
Essas duas modalidades também serão enquadradas no regime simplificado, através da unificação de tributos, quais sejam: Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, CSLL, PIS, CONFINS, ICMS, ISS, IPI, CPP (contribuição previdenciária patronal). Importante frisar que dependendo da atividade econômica exercida, poderão ser agregados outros tributos, como no caso de operações financeira, importação e exportação, entre outros.
2.1.2 EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
É constituída por uma única pessoa que detém a totalidade do capital social integralizado, que deverá ser igual ou superior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. O titular não responderá com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa, ou seja, sua responsabilidade é limitada.
Após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser incluído a expressão "EIRELI".
A EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
2.2 TIPOS SOCIETÁRIOS
As modalidades de constituição de sociedades previstas no Direito brasileiro, em sua maioria, são reguladas pelo Código Civil de 2002, com exceção das sociedades por ações, que possuem norma própria.
2.2.1 SOCIEDADE SIMPLES
É a forma societária adotada para as atividades não empresariais, como nas sociedades entre profissionais liberais ou intelectuais e nas cooperativas. Pode ser adotada de forma pura ou revestir-se de algum outro tipo societário.
Em sua forma pura, serão utilizados os artigos 997 e subsequentes do Código Civil para sua regulamentação. É firmada através de contrato social que deverá ser registrado em Cartório de Títulos e Documentos. Qualquer alteração das cláusulas obrigatórias do contrato, precisam ser concordadas em unanimidade, e as facultativas, por sua maioria absoluta.
A responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada, sendo definida no contrato social, mencionando se responderão ou não subsidiariamente pelas obrigações sociais.
2.2.2 EM NOME COLETIVO
Regulamentada pelo Código Civil, artigos 1.039 a 1.044, é uma sociedade personificada, constituída por meio de um contrato escrito, público ou particular, podendo ser registrada na Junta Comercial ou no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, dependendo se sua atividade é ou não empresarial.
Neste tipo societário todos os sócios, que deverão ser pessoas físicas, responderão ilimitada e solidariamente, após esgotado o patrimônio social, pelas dívidas contraídas pela sociedade. Somente aos sócios caberá a administração da empresa, estando eles em perfeita capacidade civil e não sejamimpedidos legalmente.
Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.
Impõe-se à sociedade a utilização de uma razão social, composta pelo nome de um ou mais sócios. Em caso de sócios não mencionados deve ser incluída as expressões “e Cia”, “e Companhia” ou “e Irmãos”.
2.2.3 EM COMANDITA SIMPLES
Este tipo de sociedade é regimentado através dos artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil e subsidiariamente pelas normas da sociedade em nome coletivo.
Para a constituição de tal sociedade é necessária a existência de dois tipos de sócios, os comanditados e os comanditários. Os primeiros, além de comprometerem mais ativamente com as atividades da empresa, têm responsabilidade ilimitada e solidária perante terceiros, entram com o capital e assumem os cargos de administração e direção da empresa. Já os comanditários são apenas prestadores de capital, respondendo somente pelos valores das quotas adquiridas, contudo, têm direito de votar, fiscalizar a sociedade e participar dos lucros sociais.
O nome será registrado por firma ou razão social, formada pelo sobrenome de um ou mais sócios comanditados, acrescentando a expressão e cia para indicar existência de sócios ausentes.
2.2.4 EM COMANDITA POR AÇÕES
Tipo societário previsto nos artigos 1.090 a 1.092 do Código Civil, e pelas normas da sociedade anônima, com algumas diferenças.
É constituída por meio de um estatuto e por meio dele serão nomeados os sócios acionistas que ocuparão os cargos de gerência e diretoria.
Os sócios acionistas responderão pelas ações por eles subscritas, entretanto, o sócio que desempenhar a função de administrador ou gerente da sociedade ficará ilimitada e solidariamente responsável pelas dívidas sociais. Havendo mais de um diretor, ambos serão responsáveis solidariamente após o esgotamento dos bens sociais. Nas anônimas isso ocorre em casos especiais.
O nome comercial pode ser denominação ou firma social, devendo constar a expressão “comandita por ações” após os nomes dos sócios-gerentes.
2.2.5 EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO
É disciplinada pelos artigos 991 a 996 do Código Civil. Constitui-se através de contrato verbal ou escrito, não devendo ser arquivado na Junta Comercial para não ser conferida à sociedade personalidade jurídica. Deve-se a isso o seu caráter de sociedade secreta, ou sociedade oculta.
“Quando duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento comum, poderão faze‑lo na forma de sociedade em conta participação, ficando sócios em posição um ou mais ostensiva e outro ou outros em posição oculta (chamam-se estes sócios participantes). Por não ter personalidade jurídica, a sociedade em conta de participação não assume em seu nome nenhuma obrigação”. (COELHO, Fabio Ulhoa. 2011)
Os sócios ostensivos têm responsabilidade pessoal e ilimitada com as obrigações que assumirem, já os sócios participantes (ocultos) não assumem nenhuma responsabilidade perante a terceiros, somente se obrigam limitada ou ilimitadamente diante dos sócios ostensivos, de acordo com o contrato firmado entre eles. 
Não é dotada de nome comercial, patrimônio, personalidade jurídica, sede ou estabelecimento. Entende-se mais como um contrato entre empreendedor e investidores, do que uma sociedade empresária.
2.2.6 SOCIEDADE ANÔNIMA
Na sociedade anônima o objetivo principal é o lucro. O capital social é dividido em ações e os sócios são chamados de acionistas. As sociedades anônimas também são conhecidas por companhias, são grandes empresas e o capital pode ser fechado ou aberto ao mercado.
Cada sócio responde apenas pelas dívidas sociais somente até o limite do valor que pagaram por suas ações. Depois de integralizado o valor da ação, o acionista não pode mais ser cobrado por nada.
O funcionamento dessas sociedades obedece às regras estabelecidas na lei ou no estatuto e possuem um modo de constituição próprio. São consideradas sociedades institucionais ou normativas, pois não é estabelecido nenhum contrato entre os sócios. 
A sociedade por ações ou sociedade anônima, é regulada pela Lei 6.404/76, com as alterações instituídas pelas Leis 8.021/90, 9.457/97, 10.406/02 e 10.303/01.
Tem como características:
Divisão do capital em ações, com ou sem valor nominal e a responsabilidade dos acionistas (sócios) é limitada ao valor das ações subscritas ou adquiridas, enquanto estas não forem totalmente integralizadas;
O nome da empresa deve constar Sociedade Anônima ou S/A, Companhia ou CIA, conforme previsto no art. 3º da Lei 6.404/76 (lei específica das S/A). Se utilizado a expressão Companhia ou CIA deve estar no início da denominação e nunca ao final;
As sociedades anônimas são sempre mercantis, mesmo que o objeto seja civil;
Pode abrigar um número ilimitado de participantes, cujas ações são transferíveis a qualquer tempo, não necessitando de alteração estatutária. A transferência entre acionistas e terceiros se dá através de registro no “Livro de Transferência de Ações”, mediante assinatura do cedente e cessionário, após cumpridas as determinações estatutárias;
É obrigatório a existência de três órgãos: assembleia geral, diretoria e conselho fiscal. Os dois primeiros de modo permanente e o último conforme disposto no estatuto. A assembleia geral é soberana e pode ser convocada a qualquer tempo para deliberar sobre os atos do conselho de administração ou da diretoria. O conselho fiscal atuará sempre que for exigido na fiscalização das contas da empresa. As sociedades anônimas devem prezar pela transparência e todos os atos da companhia devem ser publicados em diário oficial do estado e em jornal de circulação local, atos estes que vão desde as atas de assembleias gerais ordinárias ou extraordinárias até a divulgação do encerramento do exercício financeiro, com o relato das recitas, lucros ou prejuízos, variações financeiras e patrimoniais;
O preço de emissão das ações é fixado pelos fundadores, quando da constituição da companhia, e pela assembleia geral ou pelo conselho administrativo, quando do aumento do capital social com emissão de novas ações;
Admissibilidade da livre negociação e penhora de ações por dívidas particulares dos acionistas, em razão da natureza capitalista da sociedade;
Livre sensibilidade das ações por parte dos sócios, não afetando a estrutura da sociedade a entrada ou retirada de qualquer sócio, podendo ser classificada em aberta ou fechada, conforme tenham, ou não. Admitidos à negociação, na bolsa ou no mercado de balcão, os valores imobiliários da emissão dessas ações;
Possibilidade de subscrição do capital social mediante apelo ao público; possibilidade de pertencerem a sociedades menores ou incapazes, sem que esse fato acarrete nulidade para mesma;
Falecendo o titular de uma ação, não poderá ser impedido o ingresso de seus sucessores no quadro de associativo. O herdeiro ou legatário de uma ação transforma-se, queira ou não, em um acionista da sociedade anônima.
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente.
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.
Os acionistas têm direito a fiscalizar a gestão da empresa, preferência para a subscrição de ações, participação nos lucros e retirar-se da sociedade nos casos previstos na Lei. Estes direitos não podem ser privados nem pelo Estatuto e nem pela Assembleia Geral, conforme art. 109 da Lei 6.404/76.
De igual forma, os deveres e responsabilidades dos acionistas estão elencados na legislação, mais precisamente nos artigos 153 a 157, que estabelecem:
I - Dever de diligência;
II - Não agir com desvio de finalidade;III - Dever de lealdade; 	
IV - Dever de sigilo;
V - Dever de prestar contas;
VI - Não agir contrariamente com o interesse da Sociedade; 
VII - Dever de informar e prestar contas.
Portanto, em linhas gerais, como qualquer outro tipo societário, as Sociedades Anônimas possuem métodos de responsabilização dos aqui chamados acionistas, bem como lhes proporciona direitos e deveres quando da sua participação. 
Sociedade Limitada
CONCEITO
A sociedade limitada é uma sociedade contratual regida pelo Código Civil de 2002. É formada por duas ou mais pessoas, onde todas assumem de forma subsidiária, a responsabilidade pelo capital social. A razão social adotada deve ser seguida da palavra “Limitada” ou “Ltda”.
NATUREZA JURÍDICA
A sociedade limitada não é, em abstrato, nem de pessoas e nem de capital, tal definição será feita de acordo com o contrato social.
Desta forma, será de pessoas quando o próprio contrato contemplar cláusulas de controle para a entrada de terceiros, como no caso de condicionar a cessão de quotas sociais somente com anuência dos demais sócios ou através do impedimento de sucessão à herdeiros após o evento morte de um dos sócios e etc.
Portanto, se no contrato social não contiverem tais condicionamentos, a sociedade será de capital. Ademais, a sociedade limitada poderá ser empresarial ou simples, a depender da atividade que será exercida e, por consequência, de onde ela foi devidamente registrada, se na junta comercial ou no cartório de registro civil de pessoas jurídicas.
NOME EMPRESARIAL
A sociedade limitada pode utilizar como nome empresarial a firma ou a denominação, em caso de utilização de firma social, bastará o nome de um ou mais sócios seguido da terminação limitada ou sua abreviação. 
No caso de utilização de denominação, deverá fazer constar o nome fantasia (nome inventado para a sociedade), seguido do ramo de atividade e da terminação limitada ou abreviatura a teor do que dispõe o art. 1.158 e seus parágrafos do Código Civil Brasileiro. 
CAPITAL SOCIAL
O capital social é composto pela soma dos valores e recursos integralizados por todos os sócios na empresa e expressos em moeda corrente nacional. Se alguns recursos forem trazidos através de bens, este deverão ser avaliados pelos sócios ou por terceiros, para que então possam ser integralizados no capital social declarado pela sociedade. Importante ressaltar que o parágrafo 1º do art. 1.055 do Código Civil estabelece que os sócios serão responsáveis pela exata estimação realizada no bem ou nos bens durante um prazo de 5 anos após sua realização.
De igual modo, é importante esclarecer que a própria legislação veda o ingresso de sócio que não contribua com recursos, ou seja, apenas com trabalho, a teor do disposto no parágrafo 2º do art. 1.055.
2.3.5 DEVERES DOS SÓCIOS
Ao constituírem uma sociedade cada sócio adquire a obrigação de contribuir para o capital social, seja em valores em dinheiro, bens ou créditos. Enquanto não integralizarem a quota estabelecida no contrato social, os sócios são devedores da sociedade.
Aquele que não cumprir esse dever, é considerado remisso, devendo a sociedade notificá-lo para que no prazo de 30 dias cumpra sua obrigação. Esgotado tal prazo sem o seu cumprimento, o sócio está em mora, restando à sociedade diversos caminhos a serem seguidos. Os demais sócios poderão optar por uma indenização pelos danos causados pela mora do sócio, ou pela redução de sua quota ao valor integralizado ou ainda pela exclusão do mesmo.
Em caso de optarem pela exclusão do sócio remisso, a sociedade deverá lhe devolver a sua parte no patrimônio, deduzidos os juros de mora e demais prestações estabelecidas.
A integralização do capital social pode ser considerada como o principal compromisso assumido pelos sócios, mas não o único. Devem, sobretudo, lealdade à pessoa jurídica, colaborando para se atingir o objetivo da sociedade, agindo com zelo e profissionalismo em relação às atividades desenvolvidas e, mais, participar das perdas dos resultados sociais, arcando com ônus proporcional à sua participação societária.
2.3.6 DIREITOS DOS SÓCIOS
Ao comprometerem-se a integralizar o valor do capital social, os sócios não adquirem apenas deveres, mas também direitos de ordem pessoal e de ordem patrimonial.
Em relação aos direitos de caráter patrimonial, estão os direitos à participação nos lucros. Direito essencial dos sócios, porém o contrato social estipulará a divisão dos dividendos de acordo com a proporção de sua participação. 
Se eles contribuíram para a formação do patrimônio social e ainda existe algum patrimônio após o pagamento de todos os credores da sociedade, nada mais lógico do que devolver aos sócios o equivalente à sua contribuição. Não haveria outro caminho a ser dado ao patrimônio social a não ser a partilha entre os próprios sócios. (TOMAZETTE, MARLON, 2017)
Os direitos dos sócios não se resumem apenas à participação no resultado social, possuem também o direito de participar diretamente da administração, decidindo os destinos da empresa, seja em Assembleia (obrigatória para sociedades limitadas com números de sócios superior a 10) ou na Reunião de Sócios. A participação nas deliberações sociais, também é proporcional à quota do sócio no capital social, ou seja, o sócio que investiu mais na sociedade tem a maior parte do capital social e também maior poder para fazer prevalecer a sua vontade nas decisões.
Nem todos os sócios administram a sociedade, mas lhes é garantido o direito de fiscalização dos atos daqueles que administram. Essa fiscalização pode ser exercida diretamente pelos sócios ou com auxílio de um conselho fiscal. Aos administradores é obrigatória a prestação de contas anualmente, e a apresentação do inventário e do balanço patrimonial e de resultado econômico. Mas livros, documentos, bem como o estado do caixa e da carteira da sociedade, podem ser examinados a qualquer momento pelos sócios.
Os sócios, ainda, têm por direito a possibilidade de não comporem mais o quadro social, se afastando da sociedade. Para tanto, ele terá duas alternativas. A primeira é negociar suas quotas e a segunda é a sua retirada, chamada de direito de recesso.
Pela primeira alternativa, o sócio poderá vender suas quotas a outro sócio ou a terceiros que tenham interesse em adquirir a participação societária. Dessa forma, chega a um acordo relativamente ao preço, e inexistindo oposição de sócio com mais de ¼ do capital social, formaliza-se, em alteração contratual, a substituição no quadro de sócios.
A outra possibilidade, direito de recesso, consiste na retirada do sócio mediante o reembolso, pela pessoa jurídica, do capital investido na empresa. É exigido um motivo justo quando a sociedade for contratada por prazo determinado, sendo permitida a retirada do sócio dissidente após deliberação aprovando a modificação do contrato social, a fusão ou a incorporação. Caso o contrato seja por prazo indeterminado basta apenas a manifestação de vontade do sócio.
Exercido o direito de recesso, o sócio fará jus à apuração de seus haveres nos termos de balanço especialmente levantado, levando-se em conta o capital efetivamente realizado pelos sócios. O pagamento dos haveres apurados deve ser feito em 90 dias contados da liquidação da quota.
Portanto, são direitos inerentes à condição de sócio participar do resultado social, fiscalizar a gestão da empresa, contribuir para as deliberações sociais e retirar-se da sociedade. O contrato social define a distribuição dos lucros, mecanismos especiais de fiscalização da administração e, em última instância, circunscreve as hipóteses de retirada.
2.3.7 RESPONSABILIDADES DOS SÓCIOS
A regra geral de responsabilidade da sociedade limitada estabelece que cada sócios deverá responder pela integralização do capital subscrito e, solidariamente pelo capital não subscrito, a teor do disposto no art. 1.052 do Código Civil, veja-se:
“Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas,mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.” (CC – 2002)
Contudo, os sócios poderão responder de forma subsidiaria, conforme estabelece o art. 1.080, nos casos em que os sócios deliberarem de maneira contrária à lei ou ao contrato social, conforme legislação acima mencionada. 
Importante trazer ao conhecimento também, que o ordenamento jurídico prevê o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, em caráter de exceção, quando a sociedade não possuir patrimônio para saldar possíveis dividas e obrigações e neste caso os sócios responderão ilimitadamente.
Na mencionada desconsideração, ocorrerá o afastamento da personalidade jurídica própria da sociedade para que seja possível alcançar o patrimônio pessoal dos sócios e deverá ocorre a partir de requerimento do interessado através do poder judiciário, que através de decisão judicial acatará ou não tal pedido.
CONTROLE DA SOCIEDADE
O poder de mando nas sociedades limitadas é definido primeiramente pela quantidade de quotas pertencentes a cada sócio, se houver empate com relação ao número de quotas, a definição será dada pelo número de sócios e no caso de ainda assim não ficar definido, o poder judiciário deverá ser responsável pela escolha, conforme art.1.010 e seus parágrafos do Código Civil.
2.3.9 ADMINISTRADOR
A sociedade poderá ser gerida por um administrador sócio ou não sócio (art. 1.060 CC/2002), observando no entanto eventual excesso de mandato, que poderá inclusive ser arguido por terceiros.
 Por isso, é imprescindível que o administrador sócio ou não sócio seja identificado no contrato social ou em ato separado devidamente registrado na junta comercial, para o fim de permitir que terceiros fiquem sabendo quem representa a empresa e também quais atos o mesmo pode praticar (art. 1.012 CC/2002).
Os poderes concedidos ao sócio administrador são irrevogáveis, quando previstos no contrato social, salvo por justa causa, enquanto os poderes concedidos a um administrador.
DECISÕES DA SOCIEDADE
As decisões de uma sociedade limitada são tomadas através de assembleia ou de reunião. No caso da primeira, ocorrerá quando a sociedade for composta por mais de 10 sócios (parágrafo 1º do art. 1.072 CC/2002) e a terminologia “reunião” será utilizada quando a sociedade for composta por até 10 sócios.
Importante destacar que o caso das assembleias, estas deverão seguir o rito estipulado na legislação, mais precisamente dos contidos nos artigos 1.072 e seguintes do Código Civil Brasileiro.
CONSELHO FISCAL
O conselho fiscal é um órgão facultado aos sócios, tal instituição dependerá de expressa previsão no contrato social, sendo que as suas atribuições são as seguintes: examinar livros e documentos da empresa, pelo menos de três em três meses, lavrar livro ata e pareceres acerca de situações, tem a obrigação de denunciar erros, fraudes e/ou crimes a que tiverem conhecimento e convocar assembleias, quando por motivos urgentes e que demandem certa gravidade.
 DISSOLUÇÃO PARCIAL E TOTAL DA SOCIEDADE
Ocorrerá a dissolução parcial da sociedade quando houver a retirada de algum dos sócios, tal ato poderá ocorrer por vontade dos sócios, morte de algum deles (quando há expressa previsão no contrato da não sucessão das quotas) e através de retirada do sócio, que será efetuada no caso do sócio que não integraliza suas quotas (sócio remisso), no caso de cometimento de alguma falta considerada grave pelo sócio e que coloque em risco a continuidade da empresa ou ainda, através de decisão judicial pela prática de falta grave ou razão de incapacidade superveniente, neste último caso devendo os demais sócios promoverem ação judicial com a finalidade de excluir um ou mais sócios (art. 1.030 CC/2002).
A dissolução total, ocorrerá por vontade dos sócios, decurso de prazo determinado no contrato constitutivo, falência, impossibilidade de execução do objeto da sociedade (seja por falta de recursos monetários para exercer a atividade ou até mesmo pela inexistência de interesse de mercado para o fim ao qual a sociedade se propõe) e ainda por causas determinadas pelo contrato.
3 CONCLUSÃO
O presente trabalho possibilitou distinguir os tipos societários, suas principais características, bem como o enquadramento para cada um dos tipos de atividades existentes. Afim de possibilitar o conhecimento aprofundado com relação à Sociedade limitada, se trouxe não só seus considerados aspectos gerais, mas sua definição mais detalhada.
Diante disso, é possível observar que tal tipo societário é um dos mais utilizados no Brasil, que com suas peculiaridades e definições se amolda com as necessidades dos que pretendem empreender, haja vista o prisma contratual inerente a este tipo e que se inicia em sua criação, perdurando-se até a sua dissolução.
Assim, em detrimento aos tipos elencados em nossa revisão de literatura, percebe-se uma maior procura e utilização deste tipo societário, onde a burocracia, com suas ressalvas, é de certa forma mais fragilizada, devido justamente ao aspecto evidentemente contratual, tornando-se então uma opção viável ao empreendedor.
4 Referências Bibliográficas
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa. 23ª edição. São Paulo: Saraiva, 2011.
Tomazette, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8ª edição. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017.
Pimentel, Carlos Barbosa. Direito Comercial: Teoria e questões comentadas. Rio de Janeiro: Impectus, 2003.
VIDO,Elisabete. Direito Empresarial. 11ª edição ver., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.
Mamede, Gladston. Manual de direito empresarial. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2018.
http://www.juntacomercial.pr.gov.br/pagina-163-html

Continue navegando