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RESENHA - MORIN, EDGAR. “A CABEÇA BEM-FEITA: REPENSAR A REFORMA, REFORMAR O PENSAMENTO”.
Maria Caroline da Silva Carneiro1
MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento; tradução Eloá Jacobina, 8º ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, 121 p.
O livro lido é a tradução do original  “La Tête Bien Faite - Repenser la réforme, réformer la pensée”, publicado em 1999 contendo 128 p. Edgar Morin buscou em seu livro uma reforma de pensamento em justaposição com a reforma de ensino, pois acreditava em uma ideia que as instituições retraiam os pensamento das pessoas, e diante disto ele queria mudar este cenário, envolvendo diversas convicções nas quais ele queria colocar em questão. Daí entende-se a maneira didática do livro e a preocupação com o enfoque prático na introdução dos pensamentos de E. Morin que se torna instigante a priori, quanto trata da reorganização dos conhecimentos, do movimento de recomposição multidisciplinar e da reaproximação da cultura científica da cultura das humanidades.
O desdenhar desde livro se dar no prefácio, onde o autor Edgar Morin concretizando suas ideias e já convencido da necessidade de uma reforma do pensamento, outrora de uma reforma do ensino, aproveitava diversas oportunidades para refletir sobre o assunto. O mesmo através de suas ideias imaginava que seu livro seria um manual para alunos, professores e cidadãos, pois buscava no seu ponto de vista encadear de fato, à educação e o ensino, entrelaçando os assuntos ao mesmo tempo. Assim dizia “esses dois termos, que se confundem, distanciam-se igualmente”. Diante disto Edgar Morin propõe que o desenvolvimento do pensamento complexo, deve passar por uma reforma do pensamento por meio do ensino transdisciplinar, capaz de formar cidadãos planetários, solidários e éticos, aptos a enfrentar os desafios dos tempos atuais. Para o autor, a complexidade é um desafio que sempre se propôs a vencer (p.10). 
A obra está composta de prefácio, nove capítulos e comporta dois anexos intitulados “Inter-poli-transdisciplinaridade” e “A noção de sujeito”. 
O primeiro capítulo é denominado “desafios”, nele e descrito de forma minuciosa que o nosso conhecimento é fragmentado em áreas específicas, e, portanto não temos visão do todo. Entrando no entendimento ele ressalta que a hiperespecialização impede de ver o global, logo se entende que é através da especialização que se dar a separação das partes em relação ao todo, ela provem da separação dos saberes em disciplinas, impedindo assim a percepção das interações entre as partes e entre a parte e o meio. De uma maneira mais sucinta “Atrofia as possibilidades de compreensão e de reflexão, eliminando as oportunidades de um julgamento corretivo ou de uma visão em longo prazo” (p.15).
Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira. (Morin, Edgar. P.11). Portanto, essa ainda é a realidade em que vivemos, onde desde cedo o conhecimento foi separado e mastigado, e fragmentado em disciplinas diferentes, para se passados a nós. Onde na verdade essas disciplinas deveriam ser repassadas de forma conjunta e correlacionadas. 
Para haver o entendimento disto, Morin cita três desafios para a organização desses saberes: Desafio cultural, sociológico e por fim o desafio cívico. 
Desafio cultural introduz a cultura das humanidades, cultura genérica, de inteligência geral, que estimula a reflexão sobre o saber e favorece a integração pessoal do conhecimento e a cultura científica, enraizada pela razão, e desprovida de mais globais. Em outras palavras diz a respeito ao destino humano e as grandes questões sobre a vida e o mundo. Logo a diante vem o desafio sociológico, o mesmo já descreve logo no seu titulo que se trata de questões da sociedade abrangendo e interligando a informação, conhecimento e pensamento, ou seja, essas três questões são o capital mais valioso das pessoas que compõe essa sociedade. Finalizando vem o desafio cívico que correlaciona o “eu” em relação ao “nos”, como há uma separação de tarefas de acordo com a divisão do trabalho, há um enfraquecimento por parte da solidariedade e reponsabilidade, pois ocorre o que foi falado anteriormente, ou seja, as pessoas não tem uma ampla visão do todo, havendo assim uma perda do conhecimento geral.
Concluindo, o autor diz que os desafios dos desafios é um problema da contemporaneidade, e a reforma do pensamento viria para permitir o pleno emprego da inteligência para responder a esses desafios e interligando duas culturas dissociadas. Trata-se de uma reforma não programática, mas paradigmática, concernente a nossa aptidão para organizar o conhecimento.
Já o capítulo 2 ou “A cabeça bem-feita” contém pensamentos de alguns autores importantes à seca do assunto, um deles e Montaigne que expõe sua perspectiva sobre a finalidade do ensino: mais vale uma cabeça bem-feita que uma cabeça bem cheia, logo o mesmo explica essa opinião, onde esclarece que o significado de uma “cabeça bem-feita” está associado não a uma cabeça onde o saber é simplesmente acumulado, e sim de uma aptidão geral, de inteligência, apta para colocar e tratar os problemas de maneira organizados e que permita estabelecer ligação entre os saberes e dando-lhes sentido (p.21). 
Outra citação importante e de Juan de Mairena onde relata que “Uma cabeça bem-feita é apta para organizar os conhecimentos, evitando sua acumulação estéril”, em outras palavras o mesmo que dizer que Educação deve visar, desde cedo, ao estímulo, a crítica e a curiosidade em resolver os problemas fundamentais de nossa condição humana. Perfazendo, a Ciência Humana deve está diretamente ligada a Ciência da Vida, portanto introduzindo todas as disciplinas abordadas por Morin como a Ecologia, as Ciências da Terra e a Cosmologia.
No terceiro capítulo, ou denominado “Condição Humana”, o autor trabalha com a aplicação do pensamento voltado para o estudo da condição humana como finalidade organizadora e unificadora do ensino que poderia promover uma convergência das ciências naturais, das ciências humanas, da cultura das humanidades e da filosofia. Assim enfatizando a importância de sabermos, enquanto seres terrestres, a nossa verdadeira condição, de onde viemos, qual é o nosso local no universo, como foi o surgimento da vida, para onde vamos, o que podemos enfrentar no futuro, etc. 
De modo geral, expor que a condição não depende apenas da reflexão filosófica e das descrições literárias. Depende também das ciências naturais renovadas e reunidas, que são: a Cosmologia, as ciências da Terra e a Ecologia.
No próximo capitulo descrito com o titulo de “Aprender a Viver” Morin já lança uma ideia na qual o sentido reformador de pensamento que ele que demostrar é que o ensinar a viver necessita não só dos conhecimentos, mas também da transformação, em seu próprio ser mental, do conhecimento adquirido em sapiência, e da incorporação dessa sapiência para toda a vida (p.47). 
Para revalidar esta opinião precisa-se buscar uma compreensão humana, estimulando assim, o exercício de uma racionalidade crítica e autocrítica, da auto-observação, a fim de aprender a compreensão e a lucidez. E para haver essa racionalização Morin propõe estudos interdisciplinares que aliassem a pedagogia, filosofia, sociologia, história, que segundo ele serviriam para trazer a lucides e a compreensão de que todos somos humanos e assim temos mecanismos de egocentrismo e de auto justificação, através da percepção disto seria mais fácil trabalhar contra o ódio e o racismo, por exemplo.
Quinto capítulo, apresentar ideias do capitulo anterior “Aprender a viver”, Edgar Morin destaca logo de início que a maior contribuição de conhecimento do século XX foi o conhecimento dos limites do conhecimento, destacando assim sobre as enfrentar as incertezas, em outras palavras, precisamosaceitar o destino incerto de cada um de toda humanidade. Deste modo o autor vai além e aponta três princípios de incerteza no conhecimento: o primeiro é cerebral, e decorre do processo de tradução e construção do conhecimento; o segundo é físico, e decorre do processo de interpretação; o terceiro é epistemológico e decorre da crise dos fundamentos da certeza. (p.59)
 Por fim, o autor encerra o capítulo trazendo uma reflexão que cada um deve estar plenamente consciente de que sua própria vida é uma aventura, e a mesma transmite uma incerteza em relação aos próximos dias.
Logo adiante no sexto capitulo, denominado “Aprendizagem cidadã”, Edgar volta a confirmar o ponto de vista de que na atualidade, ou melhor, o mais importante para a educação nos dias atuais é a importância que está assumindo no sentindo de estar formando cidadãos, ou seja, relacionado às questões comportamentais dos mesmos. Neste sentido o autor afirma ainda que um cidadão é definido, em uma democracia, por sua solidariedade e responsabilidade em relação a sua pátria (p.65). Desta forma, o autor nos leva a pensar que devemos contribuir para a auto formação do cidadão e dando-lhe consciência do que significa uma nação.
No capítulo seguinte, o titulo já induz o descrito no capitulo “Os Três degraus” Edgar Morin descreve sucintamente o ensino primário, o ensino secundário e por fim o ensino universitário. No primário seria estimulado o questionamento, que nesta época do desenvolvimento do ser humano é natural. O secundário deveria ser o momento que ser aprende sobre a verdadeira cultura, e o Universitário não tão diferente os demais degraus, Morin propõe que se continue com seu papel de conservação, transmissão e enriquecimento do patrimônio cultural, porem seria um conhecimento adaptado às necessidades da sociedade, de modo que fosse um conhecimento interdisciplinar.
No oitavo capitulo denominada “A Reforma do Pensamento”, não poderia se citar outra parte do livro que exemplifique melhor como esta que Edgar ressalta que há uma necessidade de um pensamento que compreenda que o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo e que o conhecimento do todo depende do conhecimento das partes, logo que o mesmo reconheça e examine os fenômenos multidimensionais, em vez de isolar, de maneira mutiladora, cada uma de suas dimensões, que reconheça e trate as realidades, que são concomitantes solidarias e conflituosas, que respeite a diferença, enquanto reconhece a unicidade. (p.88). Diante disto a exigida reforma do pensamento vai gerar um pensamento do contexto e do complexo. 
Para fechar o conjunto de capítulos desta obra, vem o capitulo 9º designado de “Para além das contradições” Morin novamente voltar a falar de sua tese sobre os problemas da educação no mundo posterior e a priori, mostrando que só haverá uma reforma de pensamento se houve uma modificação nas mentes a respeito do assunto abordado. Ele sugere que esses problemas, tendem a ser reduzidos a termos quantitativos: “mais créditos”, “mais ensinamentos”, “menos rigidez”, “menos matérias programadas”... É preciso sim, haver uma flexibilização, organização, mas como cita o ilustre autor, essas modificações sozinhas não passam de reformazinhas que camuflam ainda mais a necessidade de reforma de pensamento (p.99). Portanto tendo conta da forte resistência da instituição educacional, dos professores, da sociedade, essa reforma começará marginal e será iniciada por uma minoria de educadores que têm o sentido de sua missão, que são animados pela crença na necessidade de reformar o pensamento e de regenerar o ensino. 
Iniciando agora a analise dos anexos, Morin destaca a importância da transposição de esquemas cognitivos de uma disciplina para a outra, reforçando a ideia que é preciso ainda “ecologizar” as disciplinas, a fornecer-lhes contextos, inclusive sociais e culturais. É preciso metadiscipliná-las. (p.115). O autor também discutir uma problematização sobre a questão da disciplina, e nos questionar, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas.
No segundo anexo, complementando o primeiro Morin destaca suas crenças sobre a junção do sujeito e das pluralidades, salientando que o reconhecimento do sujeito exige uma reorganização conceptual que rompa com o princípio determinista clássico, tal como ainda é utilizado nas ciências humanas, notadamente, sociológicas. Ou seja, precisa-se, portanto, de uma reconstrução, das noções de autonomia/dependência. É preciso também associar noções antagônicas, como o princípio de inclusão e exclusão. É preciso conceber o sujeito como aquele que dá unidade e invariância a uma pluralidade de personagens, de caracteres, de potencialidades. Isso, porque, se estamos sob a dominação do paradigma cognitivo, que prevalece no mundo científico, o sujeito é invisível, e sua existência é negada. Enfim, o autor afirma que precisamos de uma concepção complexa do sujeito (p.128).
De forma geral, a obra de Morin e bem amplificada e aborda interessantes assuntos, e faz se pensa de um modo minucioso sobre o ensino que tivemos e temos ate hoje, e que realmente se precisa de uma reforma de pensamento. A obra também propicia a leitura-estudo, servindo inclusive para uma autoaprendizagem, e varias indagações sobre conceitos e opiniões descritas por filósofos, e que serviram para entender alguns assuntos da contemporaneidade.
Obra resenhada por Maria Caroline da Silva Carneiro, Acadêmica do 5º período do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Campus Ministro Reis Veloso.

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