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Aula Saude da Criança 01

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Aula 1 – Teorias de Controle 
Motor
Disciplina: Fisioterapia na Saúde da Criança Profª Amanda R R Oliveira
O organismo humano dever ser compreendido como 
um sistema complexo e como tal está sujeito à
organização baseada na dinâmica não linear, essencial 
para uma melhor compreensão do movimento e em 
especial das teorias do controle motor. 
� O movimento é a mudança de posição ou postura que 
envolve gasto energético, controle e produção de 
força (Hamill, 1999);
� o movimento humano pode ser entendido como uma 
comunhão de vários sistemas orgânicos: neurológico, 
biomecânico e bioquímico em associação com as 
características ambientais. 
Teorias do Controle Motor
� As teorias são um grupo de hipóteses ou idéias que 
tentam descrever a interação dos sistemas orgânicos 
e o ambiente na elaboração e controle do 
movimento:
1. Teoria do Reflexo;
2. Teoria Hierárquica;
3. Teoria dos Sistemas;
4. Teoria da ação dinâmica;
5. Teoria Ecológica;
1. Teoria do Reflexo (Sherrington)
� Os reflexos → unidade básica do movimento, assim os 
movimentos mais complexos → junção de reflexos 
(FREDERICKS, 1996);
� “The integrative action of the nervous system";
� Um reflexo espinhal, como um reflexo extensor ou flexor, 
é uma resposta provocada por um estímulo;
� É necessária uma estrutura composta de receptor, 
condutor e efetor;
Teoria do Reflexo (Cont.)
Unidade mínima do comportamento segundo a 
Teoria Reflexa do Controle Motor
Receptor
EfetorCélulas Neurais
� As unidades motoras (motoneurônios e fibras musculares 
por eles inervadas) podem ser ativadas por diferentes 
reflexos gerando diferentes efeitos.
� Os comportamentos complexos são → uma combinação 
sucessiva de reflexos mais simples.
� Os reflexos conduzem à ativação ou à inibição de 
diferentes grupos musculares; 
Teoria do Reflexo (Cont.)
Encadeamento de reflexos simples resultam em 
comportamentos mais complexos.
Teoria do Reflexo (Cont.)
� Quais as implicações das idéias de Sherrington na prática 
clínica? 
- O conhecimento dos circuitos reflexos, ou da resposta 
esperada a um estímulo → possibilita a localização 
topográfica de uma determinada lesão; 
- Ao saber que certos circuitos reflexos geram respostas 
específicas, o terapeuta é motivado a usar a facilitação ou 
inibição de respostas reflexas, dependendo de seus 
objetivos terapêuticos.
Implicações clínicas da teoria reflexa 
Exemplo de utilização dos circuitos reflexos na facilitação 
de movimentos complexos é a facilitação neuromuscular 
proprioceptiva (FNP) - Método Kabat expõe diretamente 
as idéias de Sherrington em seus procedimentos - por 
exemplo, inibição recíproca, irradiação, indução 
sucessiva. 
Implicações clínicas da teoria reflexa 
Limitações 
� Aquisição de novas habilidades na ausência de estímulos 
sensoriais. 
� Não explica como um estímulo similar pode resultar em 
respostas distintas, dependendo do contexto e do controle 
superior.
� Apesar destas limitações, ainda é influente a noção que 
comportamentos complexos derivam de uma seqüência de 
componentes, ou unidades, mais simples.
2. Teoria Hierárquica (Hughlings Jackson)
� Descreveu um fenômeno aparentemente contraditório: Uma 
lesão, em uma área específica do cérebro, não produzia uma 
perda total da função associada àquela área;
� No Sistema Nervoso existe uma hierarquia, onde os centros 
superiores (córtex e áreas motoras frontais) comandam os centros 
inferiores (medula espinhal e nervos cranianos);
� Propôs uma nova teoria de organização do sistema motor; 
� Esta organização tem como característica ser vertical e 
estruturada hierarquicamente em três níveis;
� O primeiro nível, inferior, é representado pelos segmentos 
espinhais e do tronco encefálico de controle da função 
motora;
� Este nível sofre influência direta de uma porção 
intermediária (nível secundário) , correspondentes às 
divisões motoras e sensoriais do córtex cerebral;
� Em um terceiro nível, superior, as áreas associativas são 
consideradas e, principalmente, as divisões frontais do 
cérebro;
2. Teoria Hierárquica (Cont.)
Níveis de organização do sistema motor segundo a Teoria 
Hierárquica. O nível superior (S) exerce influência sobre os 
níveis médio (M) e inferior (I) da organização.
2. Teoria Hierárquica (Cont.)
� A teoria de Jackson foi complementada por estudos 
realizados por Rudolf Magnus:
- Reflexos controlados por níveis inferiores do sistema 
nervoso só se tornam notáveis quando os centros corticais 
superiores são lesados;
- Os reflexos são parte integrante do controle motor;
- Os centros superiores normalmente agem como inibidores 
dos centros geradores de reflexos inferiores;
2. Teoria Hierárquica (Cont.)
Implicações clínicas da Teoria Hierárquica 
� São necessários os níveis superiores do SNC para que haja 
modulação dos movimentos e da postura corporal. 
� Esta modulação da atividade inferior permite um aumento 
da complexidade do comportamento, dos reflexos 
primitivos às atividades mais complexas.
� Resultaram no conceito Bobath: visa estrategicamente, a 
modificação da ação reflexa ao enfocar a inibição do tônus 
anormal, a integração dos reflexos primitivos e a 
segmentação dos movimentos. 
Limitações
� Não deixa claro como o comportamento reflexo pode ser 
hierarquicamente superior ao comportamento voluntário 
em certas situações, por exemplo, na esquiva de um 
membro em resposta a um estímulo doloroso durante um 
movimento de preensão. Os níveis superiores, no controle 
da hierarquia, não deveriam, supostamente, permitir tal 
expressão reflexa.
3. Teoria dos Sistemas
� Vários sistemas atuam no controle motor, tanto os 
componentes internos como musculares, neurais quanto 
externos, gravidade e inércia; e diferentes comandos podem 
resultar no mesmo movimento (FREDERICKS, 1996);
� O processo de desenvolvimento é visto como não 
estacionário, dinamicamente mudando e sendo afetado 
pelo espaço que o cerca e os diferentes subsistemas que 
compõe o organismo;
O homem faz parte de um sistema em estado de 
inter-relacionamento e inter-dependência essencial 
entre os fenômenos físicos, biológicos, sociais e 
culturais e por este fato a auto-organização está
presente no desenvolvimento do ser humano, pois a 
mesma somente ocorre em sistemas abertos não-
equilibrados (PELLEGRINI,1991).
Teoria dos Sistemas (Cont.)
� Uma grande limitação desta teoria é o não 
aprofundamento na interação do organismo com o 
ambiente. 
� Vê o sistema motor humano como um sistema complexo
que interage com vários graus de liberdade; não-linear e 
dinâmico, pois não é estacionário; e dissipativo no qual 
a energia necessária para manter o organismo em pleno 
funcionamento varia de situação para situação;
Limitações
4. Teoria da ação dinâmica
� Aborda variáveis denominadas parâmetros de controle, 
que segundo esta teoria, regulam as alterações no 
comportamento de todo o sistema;
� Uma alteração critica destas variáveis em um dos sistemas 
induz a um novo movimento. 
� O ponto crítico seria o limite máximo que os sistemas 
suportariam naquele determinado movimento quando 
então haveria a transição para um novo estágio de 
movimento.
Limitações da Teoria da ação dinâmica
� A suposição de que o Sistema Nervoso cumpre uma função 
consideravelmente irrelevante e que a relação entre o 
sistema físico do animal e o ambiente no qual ele funciona 
determina principalmente o comportamento do animal.
5. Teoria Ecológica (James Gibson)
� Pesquisou as interações do sistema motor com o meio 
ambiente;
� A ação como um sistema complexo cujo trabalho é
controlado por diversos fatores;
� A ação é mais do que o resultado de um grupo cortical de 
células nervosas;
� Necessidade de seconhecer e compreender o sistema que 
se move e as forças externas que agem sobre o corpo;
Interação de múltiplos sistemas
Teoria Ecológica (Cont.)
� Como centenas de músculos podem ser 
sistematicamente controlados, de forma precisa, em 
vários contextos?
A coordenação do movimento é um processo de 
controle dos graus de liberdade do órgão em movimento 
– sua conversão em um sistema controlável;
Solução para os problemas dos graus de liberdade 
envolve a noção de “estruturas coordenadas” →
Músculos não são controlados individualmente mas 
estão funcionalmente ligados a outros músculos 
formando sistemas autônomos;
Teoria Ecológica (Cont.)
� Segundo Shumway-Cook e Woollacott (2003), a 
perspectiva ecológica ampliou o nosso conhecimento 
sobre o Sistema Nervoso Central que deixou de ser 
considerado um sistema sensório-motor que reage às 
variáveis ambientais e transformou-se em um sistema de 
percepção/ação capaz de explorar ativamente o 
ambiente, a fim de satisfazer seus próprios objetivos. 
Conclusões
� As teorias de controle motor possuem limitações 
decorrentes do momento histórico em que foram 
desenvolvidas e do paradigma aceito na sua criação, por 
exemplo, as primeiras teoria se encaixam no paradigma 
newtoniano-cartesiano, tradicional, que dividia o todo em 
partes e as teorias da ação dinâmica e a teoria ecológica 
trazem uma abordagem mais atual, na qual o ambiente 
pode limitar ou influenciar a atividade funcional.
Conclusões
� A teoria da ação dinâmica não destaca o organismo como 
um sistema complexo que está sujeito à dinâmica não-
linear existente na relação entre a estrutura e o processo 
relativos ao movimento humano principalmente em 
relação à questão da subjetividade como por exemplo a 
consciência. 
� A única teoria que mais se aproxima da abordagem à
experiência subjetiva é a teoria ecológica ao dar ênfase à
percepção em vez da sensação.

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