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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIENCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA THIELY KOVALISKI DA SILVA PAULA SANTOS IDENTIFICAÇÃO MINERALÓGICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X: MÉTODO DO PÓ PONTA GROSSA ABRIL/2014 AUGUSTO ARAUJO VUITIK KAROLINA MAIA THIELY KOVALISKI DA SILVA PAULA SANTOS IDENTIFICAÇÃO MINERALÓGICA POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X: MÉTODO DO PÓ Relatório apresentado à disciplina de Ensaios e Caracterização de Materiais do Curso de Engenharia de Materiais, 3ª série, da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG. Prof. Cláudia Francine Machado Canova PONTA GROSSA ABRIL/2014 SUMÁRIO 3 1 OBJETIVOS Identificar a estrutura cristalina de uma amostra cerâmica por DRX utilizando o método pó (caracterização mineralógica). 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 DIFRAÇÃO DE RAIOS X Um dos principais usos da difração de raios X está na determinação da estrutura cristalina de materiais. O tamanho e a geometria da célula unitária podem ser resolvidos a partir das posições angulares dos picos de difração, enquanto o arranjo dos átomos dentro da célula unitária está associado com as intensidades relativas desses picos. [1] 2.2 LEI DE BRAGG Quando um feixe de raios X incide sobre um material sólido, uma fração deste se dispersa em todas as direções pelos elétrons associados a cada átomo ou íon que se encontra na trajetória do feixe. [1] Examinando as condições necessárias para a difração de raios X, considere um feixe monocromático de raios x, com comprimento de onda , incidindo com um ângulo θ em um conjunto de planos cristalinos que possuem os mesmos índices de Miller h, k e l com espaçamento (Figura 1). Figura 1 – Difração de raios x por um cristal [2] Dois raios nesse feixe são dispersos pelos átomos N e O. Caso a diferença entre os comprimentos das trajetórias dos feixes (isto é, ̅̅ ̅̅ + ̅̅ ̅̅ ) seja igual a um número inteiro, n, de comprimentos de onda, uma interferência construtiva dos raios dispersos irá ocorrer em um ângulo de θ em relação aos planos. Isto é, a condição para a difração é: ̅̅ ̅̅ ̅̅ ̅̅ 4 ou A Equação 1 é conhecida como Lei de Bragg, onde n= 1, 2, 3, ..., e não pode exceder a unidade. A magnitude da distância entre dois planos paralelos (d) é uma função dos índices de Miller e do(s) parâmetros de rede. Por exemplo, para estruturas cristalinas que possuem uma simetria cúbica: √ A lei de Bragg é uma condição necessária, porém não suficiente, para a difração por cristais reais. Ela especifica quando a difração irá ocorrer para células unitárias que possuem átomos posicionados somente nos vértices da célula. [1] 2.3 DIFRATÔMETRO DE RAIOS X Uma técnica usual de difração emprega uma amostra pulverizada (pó) ou policristalina exposta a uma radiação X monocromática. Cada partícula de pó (ou grão) é um cristal, e a existência de um grande número destes, com orientações aleatórias, assegura que pelo menos algumas partículas estejam orientadas de forma apropriada, de tal modo que todos os possíveis conjuntos de planos cristalográficos estarão disponíveis para difração. [1] O difratômetro (Figura 2) é um aparelho usado para determinar os ângulos nos quais ocorre a difração em amostras pulverizadas. No aparelho, uma amostra C com o formato de uma placa plana é sustentada de tal maneira que são possíveis rotações em torno de um eixo O. O feixe de raios X monocromáticos é gerado em uma fonte S, e as intensidades dos feixes difratados são detectados mediante o uso de um contador G. A amostra, a fonte e o contador são coplanares. [1] 5 Figura 2 – Difratômetro esquemático de raios X (segundo B. D. Cullity) [2] O contador é montado sobre uma plataforma móvel, que também pode ser girada em torno do eixo O. A sua posição angular é dada em termos de 2θ. A plataforma e a amostra são acopladas mecanicamente (suportes H e E), de tal modo que uma rotação da amostra por um ângulo θ é acompanhada de uma rotação do contador que equivale a 2θ; isso assegura que os ângulos de incidência e reflexão sejam mantidos iguais um ao outro. Colimadores (A, B e F) são incorporados dentro da trajetória do feixe para produzir um feixe focado e bem definido. A utilização de um filtro proporciona um feixe praticamente monocromático. [1] À medida que o contador se move a uma velocidade angular constante, um registrador plota automaticamente a intensidade do feixe difratado (monitorada pelo contador) em função do valor de 2θ; 2θ é chamado de ângulo de difração, que é medido experimentalmente. A Figura 3 mostra um difratograma para uma amostra policristalina hipotética. Os picos de alta intensidade surgem quando a condição de difração de Bragg é satisfeita por algum conjunto de planos cristalográficos. [1] Foram desenvolvidas outras técnicas para material em pó nas quais a intensidade do feixe difratado e a posição são registrados em um filme fotográfico, em vez de serem medidas por um contador. Essa é a técnica da câmara de Debye- Scherrer. [1] Figura 3 – Difratograma esquemático de uma amostra policristalina hipotética. [2] 2.4 INTERPRETAÇÃO DA DIFRAÇÃO DE RAIOS-X: Determinar qual é o material de estudo através da difração de raios X é difícil, pois os materiais emitem diferentes comprimentos de onda. Por isso, deve-se selecionar o comprimento de onda mais intenso (Kα). A comparação é feita então, 6 comparando os picos de um material que permita a passagem de comprimentos de onda igual. Através da difração de raios X pode-se: identificar e quantificas fases cristalinas, quantificar soluções sólidas, analisar estruturas cristalinas, determinar porcentagem de cristalinidade, microtensões e tamanhos de cristais. A análise microestrutural da difração de raios-X pode ser realizada através da determinação do espaçamento interplanar e da distância relativa para cada linha de difração referentes aos picos de maior intensidade. Através desses dados, pode-se comparar resultados com as fichas técnicas de cada estrutura. [1] 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS Aparelho para análise de difração de raios X modelo Shimadzu XRD 6000 – equipado com um ânodo de cobre e um filtro de níquel. Suporte metálico para amostra 15g de argila SV em pó 3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL A amostra de argila SV foi compactada no suporte metálico e encaminhada para a análise no equipamento. Durante o processo, o equipamento variou o ângulo de incidência em uma taxa de 0,2° por segundo. O equipamento registrou a variação angular e os picos de radiação, os quais foram plotados no Excel para análise da amostra. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados coletados pelo equipamento estão relacionados no gráfico a seguir: 7 Gráfico 1: Difração de raios X da amostra de argila SV Foram considerados 11 picos proeminentes no difratograma acima. Cada um relaciona uma intensidade e um valor para o ângulo. Com esse ângulo é possível calcular a distância interplanar de acordo com a Lei de Bragg, sabendo que o comprimento de onda utilizado é o do cobre, que equivale a 1,5406Å. Os dados estão organizados na tabela abaixo: Tabela 1: Picos encontrados no difratograma da amostra Intens.626 5,82 15,19329 582 12,38 7,14564 378 19,92 4,455176 358 22,06 4,02666 484 24,96 3,564553 676 27,9 3,19494 250 35,5 2,527231 192 38,5 2,336366 114 42,34 2,133204 100 49,8 1,829691 174 62,28 1,489654 0 100 200 300 400 500 600 700 800 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 In te n si d ad e 2ϴ 8 É possível relacionar cada um desses picos a um plano da estrutura cristalina. Por se tratar de uma amostra cerâmica, cada plano é ocupado por um arranjo de óxidos específicos. A fim de facilitar a identificação dessas substâncias, a identificação prévia dos componentes da amostra foi efetuada em uma análise de fluorescência. Os dados desse ensaio estão relacionados na tabela abaixo: Tabela 2: Óxidos presentes na amostra. ÓXIDO PERCENTUAL NA AMOSTRA 62,292 27,385 5,722 3,870 0,573 0,157 Consultando as tabelas de referência para DRX, é possível comparar os valores de intensidade, ângulo e distância planar para os óxidos citados anteriormente. Dessa forma, é possível associar cada pico a uma substância, determinando a estrutura cristalina da amostra. 5 CONCLUSÃO A presença de impurezas na amostra dificulta a análise por DRX, pois mascara a localização correta dos picos. É importante que a amostra utilizada esteja com o maior nível de pureza possível, para que possa ser comparada com o padrão. Além disso, é necessária atenção na interpretação dos dados. O aparelho registra uma grande quantidade de informações, e é importante saber o que elas significam para não correr o risco de analisar o material de uma forma equivocada. A análise por DRX é largamente utilizada, mas caso não sejam tomados esses cuidados básicos, é impossível manter a confiabilidade da técnica. 9 REFERÊNCIAS [1] CALLISTER Jr., W.D. A Estrutura de Sólidos Cristalinos. In: _____. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Tradução de Sérgio M. S. Soares. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2000. p. 36-38. [2] PADILHA, A. F. Determinação da Estrutura Cristalina. In: _____. Materiais de Engenharia: Microestrutura e Propriedades. Edição Eletrônica. São Paulo: Editora Hemus, 2000. v. 01. p. 89-99.
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