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TÍTULOS DE CRÉDITO (LETRA DE CÂMBIO, NOTA PROMISSÓRIA E CHEQUE)

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TÍTULOS DE CRÉDITO
CONCEITO:
Crédito: Creditium, do verbo credere (crer, confiar)
Troca de valor presente por valor futuro (pecúnia presenti cum pecúnia absenti)
É a troca de uma coisa por uma promessa
Uma operação econômica que se realiza no tempo e não no espaço
É o intervalo existente entre a prestação cumprida por uma parte e a prestação da outra
Necessita de confiança mútua
Confiança principalmente jurídica
Código de Hamurabi, editado no séc. XVIII a.C:
“Se um (mercador) emprestou a juros (grão ou prata) sem testemunhas (nem contrato), ele perderá tudo (o que) tiver emprestado”.
Assim, um crédito que seja contestado por seu devedor pode não ser exequível, caso o credor não tenha como prová-lo.
E a forma mais confiável de provar uma obrigação é obter do devedor uma declaração de seu dever.
Título: latim: títulus – inscrição
Texto que dá identidade ou adjetivação à coisa, fato ou pessoa.
Papel, que dá veracidade a um crédito e a um débito
Instrumento representativo de um crédito
Título de crédito: art. 887 do CC
“Documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produzindo efeito quando preenche os requisitos da lei”.
Documento: latim: docere (mostrar, ensinar, esclarecer, demonstrar)
Declaração: Todo título de crédito deve conter uma declaração: da obrigação e também uma confissão de dívida.
É a fonte de obrigação de pagar uma determinada soma em dinheiro, até um certo dia e em determinado lugar, a quem apresentar o título para pagamento dele.
Cada título de crédito tem sua forma determinada pela lei.
Função econômica do título de crédito
Mobilizar o crédito, torná-lo dinâmico
A economia moderna é uma economia essencialmente creditória
Por essa razão, o crédito deve ser tutelado e regulamentado
Essa tutela implica não só a criação de normas, mas figuras creditórias que atendem à segurança, à facilidade e ao respeito aos direitos das pessoas envolvidas em operações creditórias.
Requisitos dos títulos de crédito
Certeza do direito creditório:
Direito líquido e certo.
Deve revestir-se de tal clareza e evidência que não caiba mais discussão.
Dispensa o processo de conhecimento.
Segurança no exercício desse direito
Sendo um direito líquido e certo, poderá ser exercido de forma segura e imediata, evitando delongas e procedimentos judiciais que desgastem o próprio direito.
A inoponibilidade das exceções é a restrição imposta ao devedor inadimplente, restringindo seus meios de defesa, fazendo o crédito cambiário o mais seguro de todos os créditos.
Facilidade na mobilização dos direitos creditórios
É de extrema simplicidade a maneira de elaboração, constituição e circulação do título de crédito.
É uma cártula, um simples pedaço de papel, podendo ser comprado em papelaria.
Os títulos de crédito têm uma função instrumental, servindo para agilizar, facilitar e valorizar a mobilização do crédito.
Cartularidade
Materialização ou incorporação do direito de crédito no documento.
O direito pode exercitar-se em virtude do documento, ou seja, o documento torna-se essencial à existência do direito nele contido e necessário para sua exigibilidade.
Literalidade
O direito contido no título é o direito escrito no documento.
“Vale o que está escrito”.
Ou seja, o título vale pelo que nele se menciona.
Assim, o credor tem o direito de exigir o que está escrito no título.
Por outro lado, o devedor tem o direito de só pagar o que está escrito no título.
Autonomia
A autonomia é do direito mencionado no título.
Cada obrigação contida no documento é autônoma, de modo que o adquirente do título possa exercitar o seu direito independentemente de relações obrigacionais anteriores.
Quem assina uma declaração cambial fica por ela obrigado, sem embargo de vícios ou nulidades de outras assinaturas.
No direito brasileiro, a autonomia é também considerada como sendo a autonomia das declarações cambiárias.
Num título de crédito podem intervir várias pessoas, chamadas de “figuras intervenientes”.
As declarações cambiárias constam da assinatura da figura interveniente do título, não sendo necessária explicação sobre o teor da declaração, bastando a aposição de assinatura.
Independência
O título não precisa de nenhum outro coadjuvante documental para completá-lo.
Abstração
Absoluta desvinculação do título em relação ao negócio que lhe deu origem.
Qualidade encontrada em alguns títulos, não todos.
As cambiais, por exemplo, são títulos abstratos, mas a duplicata não o é, visto que ancorada a uma compra e venda mercantil ou prestação de serviço, sendo considerados causais.
Art. 889 e ss do CC/2002:
Denominação do título
Assinatura do seu criador
Identificação de quem deve pagar (RG, CPF, título de eleitor ou CTPS)
Valor a pagar
Data e época do vencimento
Data da emissão
CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Tempo
Intervalo existente entre a prestação cumprida por uma parte e a prestação da outra.
Confiança
Se a empresa vendedora da matéria-prima cumpriu sua prestação, entregando a res vendida, mediante promessa de pagamento por parte da compradora, é porque tem confiança nesta.
O crédito aplica-se, assim, em todas as operações econômicas, desde que nelas intervenha o fator confiança, a crença no cumprimento de uma promessa.
Documento
O título de crédito é um documento, mas um documento muito especial, por ser um título, que representa uma promessa de pagamento.
TÍTULOS DE CRÉDITO – CLASSIFICAÇÃO
Quanto à forma de circulação: ao portador; nominal à ordem; nominal não à ordem; nominativos.
Títulos ao portador – arts. 904 a 909 do CC:
Circula mediante a simples tradição.
A identificação do credor não é feita de forma expressa.
Qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular do crédito nele mencionado.
Título nominal: 
Indica expressamente o seu titular, ou seja, o credor.
Transferência da titularidade do crédito:
Não depende da simples tradição.
Necessita de um ato formal – o endosso.
Titulo nominal à ordem – arts. 910 a 920:
Permite a transferência da titularidade do crédito.
Veda a transferência do crédito pela via do título.
A transferência opera sob a forma de cessão de crédito.
Títulos nominativos – arts. 921 a 926 do CC:
Trazem o nome da pessoa indicada como beneficiária da operação de crédito a se realizar.
Endosso + registro nos livros do emitente, como condição jurídica para a eficácia da transferência da posse dos mesmos.
Em regra, os títulos de crédito típicos, nominados ou próprios – letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata – são títulos nominais à ordem, ou seja, devem ser emitidos com indicação expressa do beneficiário do crédito e podem circular via endosso.
Exceto: cheque, pode ser ao portador, de acordo com os critérios fixados pelo Banco Central
Quanto ao modelo:
Título de modelo livre:
Quando a lei não estabelece uma padronização obrigatória.
Sua emissão não está sujeita a uma forma específica preestabelecida.
Exemplos: letra de câmbio e nota promissória.
Podem ser criados em uma simples folha de papel, bastando para tanto que nela constem os requisitos essenciais previstos em lei.
Título de modelo vinculado:
Submete-se a uma rígida padronização fixada pela legislação específica.
Só produz efeitos legais se obedecer aos requisitos.
Exemplos: cheque e duplicata.
Quanto à estrutura:
Ordem de pagamento.
Três situações distintas, a partir de sua emissão:
Sacador – quem emite o título, ou seja, ordena o pagamento.
Sacado – quem recebe a ordem de pagamento.
Tomador ou beneficiário – pessoa a quem o sacado deve pagar.
Exemplos: letra de câmbio, cheque e duplicata.
Promessa de pagamento.
Duas situações distintas:
Sacador ou promitente – quem promete pagar certa quantia.
Tomador ou beneficiário – quem receberá valor prometido.
Exemplo: nota promissória.
Quanto às hipóteses de emissão:
Título causal
Pode ser emitido nas restritas hipóteses em que a lei autoriza.
Exemplo: duplicata (compra e venda mercantilou contrato de prestação de serviços).
Título abstrato
A sua emissão não está condicionada a nenhuma causa estabelecida em lei.
Podem ser emitidos em qualquer hipótese.
Exemplo: cheque.
FORMALIZAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Ocorre sempre via documental.
Decorre do princípio da cartularidade.
Rigor cambiário:
Fator preponderante para a existência do título.
Cada espécie de título deve obedecer aos requisitos expressamente previstos em lei.
O formalismo transforma a natureza dos títulos de crédito de um simples escrito para um documento válido por si.
EMISSÃO A PARTIR DE CARACTERES ELETRÔNICOS
Mudanças culturais advindas do progresso tecnológico.
Hoje, não se pode mais dizer que o papel, funcionando como base física necessária, é da essência dos títulos de crédito.
§ 3º do art. 889, do CC:
“O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.”
Exigências:
Lançamento na escrituração.
Obediência aos requisitos mínimos.
CLÁUSULAS PROIBIDAS NOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Art. 890 do CC:
“Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância dos termos e formalidades prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.”
Proibições – cláusula que:
Prevê a incidência de juros.
A que proíbe o endosso.
A que exclui de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas.
A que dispense a observância dos termos e formalidades prescritas.
A que exclua ou restrinja direitos e obrigações.
PAGAMENTO TÍTULO
Vencimento do título:
Prazo para liquidação ou pagamento do título.
Data de pagamento:
Momento previsto no título para sua liquidação.
§ 1º do art. 889 do CC:
“É à vista o título de crédito que não contenha indicação do vencimento.”
Pagamento efetuado ao portador do título – art. 901 do CC:
“Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao legítimo portador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé.”
O pagamento ao legítimo portador, desonera o devedor.
Recibo de quitação – Parágrafo Único do art. 901:
“Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do título, quitação regular.”
Pode o devedor exigir:
A entrega do título
Recibo de quitação
Pagamento antecipado – art. 902:
“Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.”
Pagamento parcial - §§ 1º e 2º do art. 902:
“§ 1º - No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.”
“§ 2º - No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título”.
Vedada a recusa de pagamento parcial.
Ocorrendo o pagamento parcial, sem a entrega do título, o devedor poderá exigir:
Quitação parcial, em documento separado.
Quitação parcial dada no próprio título.
EXECUTORIEDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Eficácia cambiária
A executoriedade conferida aos títulos de crédito decorre da própria natureza desses títulos.
A ação cambial é de execução (art. 515 e 784, Inc. I, IX e XII do novo CPC).
Deverá ser proposta no lugar de pagamento do título ou no domicílio do devedor.
O título original deve instruir os autos.
TITULARIDADE E LEGITIMAÇÃO CAMBIÁRIA
A titularidade se relaciona com a propriedade do documento e a legitimação com a posse.
O titular (proprietário) pode não ter legitimação para exigir uma pretensão.
No pagamento, propositura de ação de cobrança ou execução, somente se exige posse segundo a respectiva lei de circulação, sendo indiferente a propriedade.
O devedor deve contentar-se com a investidura formal dos possuidores dos títulos.
Só deve impugnar quando tiver ciência da não titularidade do legitimado
TITULARIDADE DO CRÉDITO E LEGITIMAÇÃO CAMBIÁRIA
O titular do direito, por ser proprietário do título, não precisa apresentar provas dessa qualidade jurídica, pois o próprio título lhe garante o exercício do direito cartular.
Contudo, nem todo possuidor do crédito é seu proprietário, estando investido apenas na qualidade de sujeito legitimado, ou seja, com a faculdade de exercer o direito.
Há uma diferença entre o legítimo proprietário do título e o portador legitimado, ou seja, entre o titular do direito e o banco portador legitimado:
O proprietário não precisa provar sua condição.
O banco tem o direito de exigir a prestação do devedor, por ter sido legitimado, mas precisa comprovar sua legitimação.
LETRA DE CÂMBIO
ORIGEM E EVOLUÇÃO DA LETRA DE CÂMBIO
Primeiro título de crédito a ser criado.
Período Italiano – Até Sec. XVII:
Originou-se na Idade Média, como mero documento trajetício, tendo sido criada para evitar que grandes somas em dinheiro fossem roubadas em vias inseguras.
A moeda era trocada pela Letra de Câmbio e entregue na praça do destino.
Período francês:
Mais tarde, na França, por volta do século XVII, a LC foi enriquecida, pelo aceite, vinculando o sacado, adotando-se a cláusula à ordem e criando o endosso.
Período alemão (1848):
Foi na Alemanha, no século XIX, que a LC adquiriu o contorno que lhe é hoje conhecido.
Letra de Câmbio no Direito Brasileiro:
Era a letra de câmbio adotada no Brasil pelo Código Comercial de 1850, nos arts. 354 a 427, revogados posteriormente pelo Decreto n° 2.044/1908, alterado pela Lei Uniforme (Convenção de Genebra).
Modernamente não é um título muito popular, mas elitista, utilizado principalmente no mercado de capitais e nas operações de comércio exterior.
Legislação aplicável:
Decreto nº 2.044/1908 (Lei Saraiva);
Decreto nº 57.663/1966 – Promulga a Convenção para adoção da Lei Uniforme sobre Letras de Câmbio e Notas Promissórias (LUG).
CONCEITO DE LETRA DE CÂMBIO
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento que o sacador dirige ao sacado para que este pague a importância consignada a um terceiro, denominado tomador ou beneficiário.
A LC, como todo título de crédito, é uma cártula, um papel, no qual serão feitas declarações cambiárias.
A cártula é utilizada em seus dois lados: a parte frontal é chamada pela lei de “anverso”, sendo ainda conhecida como fonte ou face.
A parte posterior é legalmente chamada como “verso”, mas também conhecida como “dorso” ou “costas”.
FIGURAS INTERVENIENTES
Sacador:
Cria a letra.
Conhecido também como dador.
Ele saca o título, dando ordem ao sacado, na qual se consigna o valor a pagar e o dia do vencimento.
Sacado:
É o devedor.
Aquele que, aceitando a letra, virá pagá-la na ocasião do vencimento.
Tomador ou beneficiário:
É o beneficiário, que poderá ser um terceiro ou confundir-se com o próprio sacador, o que não é raro acontecer.
Outras figuras intervenientes (não obrigatórias):
Avalistas
Endossantes
NATUREZA JURÍDICA DA LETRA DE CÂMBIO
Teorias:
1ª Teoria - letra de câmbio o instrumento de um contrato – juristas franceses; (Pothier “é o meio pelo qual o contrato de câmbio se executa”).
2ª Teoria - os direitos do título dependem de um ato unilateral da vontade - alemães; (Einert - um ato unilateral da vontade do subscritor, independente, portanto, de qualquer causa que o tenha originado).
3ª Teoria – baseia-se em certos direitos nascidos do título - italianos. (Vivante, conclui que o elemento essencial do título é a literalidade; ao lado desse princípio, os títulos são também abstratos, no sentido de que não ficam presos às suas causas e os direitos neles incorporados são autônomos).
CRIAÇÃO E EMISSÃO DA LETRA DE CÂMBIO
O Saque:
É a operação pela qual o sacador indica o nome de outro como possível obrigado.
Apenas após o saque é que o tomador estará autorizado a procurar o sacado para receber a quantia definida no título.
Com o saque, o sacador fica vinculado ao pagamento da letra de câmbio.
O sacado é quem deve pagar o título.
Porém, caso nãoo faça, o tomador poderá cobrar a obrigação do sacador.
Basta a declaração do saque para que o título passe a existir.
O saque pressupõe uma relação jurídica entre sacador e sacado, para dar ao sacador o poder de dar uma ordem ao sacado.
Essa relação jurídica pode ser de variadas modalidades, mas geralmente é contratual.
REQUISITOS DA LETRA DE CÂMBIO
Artigo 1º do Decreto nº 2.044/1908:
Art. 1º A letra de câmbio é uma ordem de pagamento e deve conter estes requisitos, lançados, por extenso, no contexto:
I – a denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na língua em que for emitida;
II – a soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda;
III – o nome da pessoa que deve pagá-la. Esta indicação pode ser inserida abaixo do contexto;
IV – o nome da pessoa a quem deve ser paga. A letra pode ser ao portador e também pode ser emitida por ordem e conta de terceiro. O sacador pode designar-se como tomador;
V – a assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. A assinatura deve ser firmada abaixo do contexto.
Artigo 1º da Lei Uniforme de Genebra - LUG:
Art. 1º A letra contém:
1. a palavra “letra” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
3. o nome daquele que deve pagar (sacado);
4. a época do pagamento;
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento;
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador).
Acrescenta mais dois requisitos:
a data do saque;
o lugar onde é sacada.
Requisitos não essenciais:
4. época do pagamento.
7. lugar do pagamento.
Redação parcial do artigo 2º da LUG:
“A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista”.
“Na falta de indicação especial, o lugar ao lado do nome do sacado considera-se coo sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do sacado”.
MODALIDADE DA LETRA DE CÂMBIO
De acordo com o vencimento a letra de câmbio pode ser:
Letra de câmbio à vista
Letra a dia certo
Letra a tempo certo da data
Letra a tempo certo da vista
ENDOSSO
Conceito: 
Meio pelo qual se processa a transferência do título de um credor para outro.
Instituto típico criado pelo direito cambiário.
Legislação:
LUG – arts. 11 a 20.
Figuras intervenientes no endosso
Endossante: Beneficiário da Letra que transfere o título.
Endossatário: Quem recebe o título.
Espécies de endosso
Endosso próprio ou translativo da propriedade:
Endosso em preto – menciona expressamente o nome do endossatário, ou seja, do beneficiário do endosso.
Endosso em branco – omite-se o nome do endossatário, transformando a LC numa espécie de título ao portador.
Para ser válido deve ser escrito no verso da letra ou em folha anexa.
Endosso impróprio, também chamado endosso-mandato ou endosso-procuração (art. 18 da LUG):
Procuração, autorização ou ato pelo qual um indivíduo concede a outro os poderes necessários para, sem seu nome, despenhar determinada incumbência. Ex.: endosso para cobrança bancária.
Endosso-caução (art. 19 da LUG):
Letra de Câmbio data como uma garantia de outra obrigação assumida.
Também não transfere a propriedade.
Endosso posterior ao vencimento, póstumo ou tardio (art. 20 da LUG):
Decreto 2044/1908: O endosso posterior ao vencimento da letra tem o efeito de cessão civil (art. 8º. § 2°);
LUG, art. 20: declara que o endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso anterior.
Liberdade para endossar (art. 11 da LUG):
Toda Letra de Câmbio, mesmo que não envolva expressamente a cláusula à ordem, é transmissível por via de endosso.
Cláusula “não à ordem” ou expressão equivalente:
A letra é transmissível pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.
Formas do endosso (art. 12 da LUG):
O endosso deve ser puro e simples.
Qualquer condição a que ele esteja subordinado considera-se como não escrita.
Endosso parcial:
Não admitido.
Nulo de pleno direito.
Lugar de aposição do endosso (art. 13 da LUG):
Deve ser escrito na letra, preferencialmente no verso, não havendo espaço, no anexo.
Deve ser assinado pelo endossante.
Direitos emergentes (art. 14 da LUG):
O endosso transmite todos os direitos.
Endosso em branco: o portador pode:
Preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de outra pessoa;
Endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa (endosso em preto).
Remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a endossar (tradição).
Responsabilidade do endossante (art. 15 da LUG):
O endossante garante tanto a aceitação quanto o pagamento da letra.
Pode proibir novo endosso.
Nesse caso, não garante o pagamento às pessoas a que a letra for posteriormente endossada.
Legitimação da Letra de Câmbio (art. 16 da LUG):
O detentor da letra é considerado portador legítimo.
Seu direito é justificado por uma série ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em branco.
Endossos riscados:
Consideram-se como não escritos.
Endosso em branco seguido por outro endosso:
Presume-se que o portador adquiriu a letra pelo endosso em branco.
Se um dos endossantes da cadeia de endossos foi desapossado da Letra, o portador dela, desde que justifique o seu direito, não é obrigado a restituí-la, salvo se a adquiriu de má-fé ou se, adquirindo-a, cometeu falta grave.
Inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé (art. 17 da LUG):
As pessoas acionadas em virtude de uma LC não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores.
A menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido de má-fé.
ENDOSSO NO CÓDIGO CIVIL
Artigos 910 a 920
Art. 910 – local do endosso:
Verso ou anverso (novidade).
§ 1º - verso: simples assinatura; anverso: indicação.
§ 2º - a transferência se completa pela tradição.
§ 3º - endosso cancelado: não admitido.
Art. 911 – legítimo possuidor: portador do título à ordem.
§ Único – pagador: confere a regularidade do endosso, mas não a autenticidade da assinatura.
Art. 912 – endosso condicional: vedado.
§ Único – endosso parcial: vedado.
Art. 913 – endosso em branco – simples assinatura; endosso em preto – indicação do nome do adquirente.
Art. 914 - não responsabilização do endossante (conflito com a LUG).
§ 1º - devedor solidário.
§ 2º - ação de regresso.
Art. 915 – inoponibilidade das exceções pessoais do devedor.
Exceções admitidas:
Forma do título e ao seu conteúdo literal;
Falsidade da própria assinatura;
Defeito de capacidade ou de representação no momento da subscrição;
Falta de requisito necessário ao exercício da ação.
Art. 916 – possuidor de má-fé – relações pessoais admitidas.
Art. 917 – endosso mandato:
Não transfere a propriedade;
Poderes de procurador.
Art. 918 – endosso penhor – garantia.
Art. 919 - Aquisição do título por meio diverso do endosso:
cessão civil (cessão de crédito).
Não responsabilização do endossante.
Art. 920 - Endosso posterior ao vencimento: mesmos efeitos.
ACEITE
Legislação:
LUG – arts. 21 a 29.
Decreto nº 2.044/1908 – art. 10.
Conceito:
Declaração unilateral, facultativa, pela qual o sacado assume a obrigação de realizar o pagamento da soma indicada no título, dentro do prazo ali especificado.
Consiste na aposição da assinatura do sacado na parte frontal da letra, com a fórmula “aceito”, “visto”, ou qualquer outra indicação, ou mesmo com a simples assinatura, desde que não esteja junto com a assinatura do sacador.
Art. 25 da LUG.
A apresentação para o aceite se chama também de vista.
Vista para o aceite.
Consequências do aceite:
Letra de Câmbio completa.
Título abstrato.
Nova relação jurídica; autônoma, sem qualquer vinculação.
Prazo para o aceite:
Até o vencimento, no domicílio do sacado, pelo portador ou até por um simples detentor.
Apresentação para aceite é facultativa.– art. 22 da LUG.
Exceto: LC com vencimento a certo tempo de vista.
Nesse caso, a letra deve ser apresentada para o aceite dentro do prazo de um ano contado da sua emissão.
Esse prazo pode ser reduzido pelos endossantes.
Aceite parcial:
O aceite é puro e simples, incondicional, não podendo o aceitante adicionar qualquer cláusula.
Modificação: recusa de aceite.
Pode o sacado, entretanto, aceitar parcialmente o valor da letra de câmbio, como por exemplo, se for sacada pelo valor de R$ 100,00, ele a aceita só por R$ 50,00.
Fica o aceitante obrigado nos termos do seu aceite; o restante da soma, não aceita, poderá ser protestada.
Aceite por intervenção
Ingresso de outra pessoa na relação cambiária, a fim de aceitar ou pagar a letra de câmbio.
Pode ser uma terceira pessoa, o próprio sacado ou uma pessoa já obrigada cambiariamente, exceto o aceitante.
Aceite modificado:
Cambial aceita para vencimento posterior ou para pagamento em local diverso.
A irretratabilidade do aceite:
O aceite, uma vez dado, não comporta arrependimento, sendo irretratável.
O aceite riscado é considerado como recusado (Art. 29 da LUG).
Aceite domicílio:
É aquele aceite dado para pagamento em outro domicílio, apesar do título ser pagável em seu domicílio.
Recusa do Aceite:
Modalidades:
Tácita – simples devolução do título.
Expressa – manifestação escrita do sacado lançada no título.
Efeitos:
Necessidade de o portador protestar o título no prazo legal para comprovar a falta de aceite (art. 44 da LUG).
Se não protestar, perderá o direito de regresso contra os endossantes e outros coobrigados (art. 53 da LUG).
Vencimento antecipado do título, permitindo ao portador exercer seus direitos de ação antes do vencimento do título.
Mesmo se a recusa for apenas parcial (art. 43 da LUG).
Outras causas que geram os mesmos efeitos:
Recusa parcial:
Limitativa – quanto ao valor (arts. 26 e 43 da LUG);
Modificativa – condições de pagamento (art. 26 da LUG).
Equivalem à recusa total e geram os mesmos efeitos.
AVAL
Legislação:
LUG – arts. 30 a 32.
Conceito:
Garantia de pagamento, formal e autônoma, firmada por terceiro.
O dador do aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada.
Se paga a letra fica sub-rogado nos direitos emergentes da mesma.
A LUG destina a face do título para acolher o aval, e o verso para acolher o endosso.
Não se designando o nome, considera-se avalizado apenas ao sacador (art. 31).
O aval não admite limitação, e deve ser dado no próprio título ou seu alongamento.
Deve ser dado antes do vencimento do título, pois se posterior, não valerá como aval, podendo ser considerado, quando muito, uma fiança.
O avalista que paga o título, adquire o direito de acionar os subscritores anteriores e o próprio avalizado (art. 32 da LUG).
Admite-se o aval parcial (artigo 30 da LUG).
O Aval no Código Civil
Arts. 897 a 903
Art. 897 - garantia por aval.
§ Único – aval parcial – vedado.
Colide com a LUG (art. 30).
Art. 898 – Local da assinatura do avalista:
Verso ou anverso.
Verso: simples assinatura.
Art. 899 – aval garante quem o avalista indicar.
Na falta de indicação: emitente ou devedor final.
§ 1º - direito de regresso.
§ 2º - responsabilidade do avalista.
Art. 900 – aval posterior ao vencimento.
Mesmos efeitos que o anterior.
Vencimento e pagamento
Legislação:
LUG – arts. 33 a 42 (exceto o art. 38).
Art. 20 do Decreto 2.044/1908
Vencimento:
À vista – prazo para vista: 1 ano.
A dia certo – calendário do local de pagamento.
A tempo certo de data.
A tempo certo de vista – aceite ou protesto.
Vencimento por antecipação:
Quando o portador não consegue obter o aceite.
Ausência ou impedimento do sacado.
Recusa do aceitante, tácita ou explícita.
Art. 751 do CPC: A declaração de insolvência produz: I – o vencimento antecipado das suas dívidas.
Pagamento:
Na data do vencimento ou até dois dias úteis seguintes (art. 20 do Decreto 2.044/1908).
Quem efetua o pagamento tem o direito de exigir um recibo.
O portador não pode recusar o pagamento parcial.
Pagamento parcial – quitação parcial.
Pagamento antecipado: o portador não é obrigado a receber.
Pagamento no Código Civil:
Art. 901 – legítimo portador do título: validade do pagamento.
§ Único – recibo ou quitação.
Art. 902 – pagamento antecipado:
Credor não é obrigado a receber.
Se receber, pressupõe-se validade do pagamento.
§ 1º - pagamento parcial – vedada a recusa do recebimento.
§ 2º – sem tradição do título.
PROTESTO
Legislação:
LUG, art. 44.
Lei nº 9.492/1997
LEI Nº 9.492/1997
Conceito:
É o ato oficial pelo qual se prova a não realização da promessa contida no título (art. 1º da Lei nº 9.492/1977).
“O protesto, para os efeitos cambiais (protesto cambial), é a formalidade extrajudicial, mas solene, destinada a servir de prova da apresentação da letra de câmbio, no tempo devido, para o aceite ou para o pagamento, não tendo o portador, apesar de sua diligência, obtido este ou aquele. Com o mesmo objetivo, serve ainda de prova da falência do aceitante”.
Competência – art. 3º:
Tabelião de Protesto de Títulos.
Lavrar e registrar o protesto.
Acatar a desistência do credor.
Proceder às averbações, prestar informações e fornecer certidões.
Protocolização, intimação acolhimento da devolução ou do aceite, recebimento do pagamento do título e de outros documentos de dívidas.
Protesto extrajudicial e judicial:
O protesto extrajudicial não cria direitos, constituindo somente prova de que o devedor deixou de pagar no vencimento obrigação líquida e certa.
O judicial está previsto no art. 867 do CPC.
“Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação e ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazer por escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intime a quem de direito.”
Motivos do protesto – art. 21:
O protesto pode ser lavrado:
Por falta de pagamento.
Por falta de aceite.
Por falta de devolução do título.
Para garantia do direito regressivo contra endossantes e avalistas.
É um ônus imposto ao portador (ou ao mero detentor) e também um direito.
Tomou na prática um caráter de cobrança, de verdadeira coação contra os obrigados ou coobrigados.
Objetivos do protesto: 
Constituir o devedor em mora.
O protesto, como meio de prova, é indispensável para vários fins, como o exercício do direito de regresso e o requerimento de falência.
Protesto facultativo e obrigatório:
Facultativo – com relação aos obrigados principais, sacador, aceitante, emitente e seus avalistas.
Obrigatório – para ação de regresso contra os coobrigados, endossantes e seus respectivos avalistas.
Títulos sujeitos ao protesto:
Títulos cambiários: a nota promissória e a letra de câmbio;
Cambiariformes: o cheque, a duplicata; os títulos de crédito industrial, os títulos de crédito rural, os títulos de crédito comercial, as debêntures, a letra imobiliária, o warrant e o conhecimento de transporte, as contas judicialmente verificadas, a cédula hipotecária.
A relação, ora apresentada, não é exaustiva, podendo haver outros cambiariformes protestáveis.
Protesto por falta de aceite:
Acarreta o vencimento antecipado do título.
Somente pode ocorrer antes do vencimento da obrigação e após o decurso do prazo legal para aceite ou devolução.
Protesto por falta de devolução (§ 3º do art. 21):
Quando o sacado retiver a letra de câmbio ou a duplicata enviada para aceite.
O protesto é efetivado com base na 2ª via do título, contendo os mesmos requisitos do título original.
Procedimentos:
Apresentação e protocolo:
Todos os títulos levados a protesto serão examinados em seus caracteres formais e terão curso se não apresentarem vícios.
Não se examina a ocorrência de prescrição e caducidade.
Títulos e moeda estrangeira – tradução juramentada.
Prazo de registro: 3 dias úteis
Intimação do devedor – portador, AR ou edital
Prazos para o protesto:
Protesto facultativo:
O termo final da apresentação a protesto coincidecom o do prazo prescricional da respectiva ação cambial, cabível em relação ao aceitante, se for o caso, ou em relação aos avalistas.
Protesto obrigatório:
Duplicata: 30 dias, a contar do vencimento, devendo o título ser apresentado em cartório, na praça constante para pagamento, até o 25º dia;
Nota Promissória: se houver endosso, deve ser apresentada ao cartório em 24 horas, contadas do vencimento, e o respectivo protesto concluído em três dias úteis.
Letra de Câmbio: o mesmo que se refere à promissória.
Cheque: O protesto deve ser levado a efeito dentro de 30 ou 60 dias (prazos da apresentação), no lugar do pagamento ou do domicílio do emitente, conforme emitido no lugar onde houver que ser pago ou não (artigos 33 e 48 da Lei 7.357/85);
Efeitos do protesto:
Cambiários:
Endosso após o protesto – LUG artigo 20, 1° alínea – cessão ordinária de créditos;
Protesto por recusa ou falta de aceite – direito de ação contra os coobrigados; indiretos antes do vencimento (artigo 43, 1 LUG);
Protesto por falta de pagamento – assegura ao portador acionar os coobrigados indiretos (artigo 43, LUG).
Extra-cambiário:
Interrompe a prescrição – inovação do artigo 202, III, do CC.
Desistência e sustação do protesto:
Antes da lavratura do protesto, o apresentante poderá retira o título ou documento de dívida, pagando os emolumentos e demais despesas.
Da sustação:
A sustação do protesto vem sendo admitida pelos nossos Tribunais, embora não seja prevista expressamente em lei.
Via de regra é concedida a sustação, como medida cautelar, fixando os juízes caução ou depósito da quantia correspondente, e ficando obrigado o requerente da sustação a propor, no prazo de 30 dias, a ação competente.
Normalmente a ação principal é de anulação de título.
Também tem sido concedido o cancelamento do protesto, que ocorre após o pagamento pelo devedor.
Os títulos ou documentos da dívida permanecerão no Tabelionato à disposição do juízo respectivo.
O título do documento de dívida cujo protesto tiver sido sustado judicialmente só poderá ser pago, protestado ou retirado com autorização judicial.
Revogada a ordem de sustação, não há necessidade de nova intimação do devedor.
Tornada definitiva a sustação, o título ou o documento de dívida será encaminhado ao Juízo respectivo, quando não constar determinação expressa a qual das partes o mesmo deva ser entregue ou se decorridos 30 dias sem que a parte autorizada tenha comparecido ao Tabelionato para retirá-lo.
Protesto na LUG – Artigo 44:
Hipóteses:
Na falta de aceite ou de pagamento, para conservar os direitos do portador contra o sacador e contra os outros coobrigados, a exceção do aceitante (arts. 44 e 53, alínea 1).
No caso de letra pagável a certo termo de vista, em que houver falta de data, para o efeito de constatar essa omissão, e o portador conservar os seus direitos de regresso contra os endossantes e contra o sacador (art. 25).
No caso de ter sido indicada uma pessoa para aceitar ou pagar, por intervenção, e esta não o tenha feito, para exercer o seu direito de ação antes do vencimento, contra o que fez a indicação (art. 56, al. 2).
No caso de ter sido a letra aceita por intervenientes e não ser paga, para conservar o direito de regresso contra aquele que tiver indicado as pessoas para pagarem em caso de necessidade (art. 60).
No caso de pluralidade de exemplares, para o portador poder exercer seu direito de regresso, quando o que enviar ao aceite uma das vias, e a pessoa em cujas mãos se encontrar não entregue essa via ao portador legítimo do outro exemplar, para poder exercer o seu direito de ação (art. 66).
No de cópia, e a pessoa em cujas mãos se encontre o título original se recusar a entregá-la ao legítimo portador da cópia, para exercer o seu direito de ação contra as pessoas que tenham endossado ou avalizado a cópia (art. 68, al. 2).
Assim, para o credor exigir judicialmente do aceitante ou de seu avalista a dívida cambiária, não é necessário o prévio protesto do título.
O protesto é exigido só para os casos de ação regressiva do portador contra o sacador, endossador e avalista.
Dispensa do protesto e cláusula “sem protesto” - art. 46 da LUG
Possibilidade de se incluir na LC uma cláusula que dispensa o portador de fazer o protesto por falta de aceite ou de pagamento.
É a cláusula “sem despesas”, “sem protesto”, ou outra equivalente.
Com a inserção dessa cláusula, o portador, para poder exercer o seu direito de ação, estará isento, por vontade do sacador, expressa na própria letra, de promover o protesto.
Aviso da falta de aceite ou de pagamento art. 45:
O portador deve avisar o seu endossante e o sacador da falta de aceite ou de pagamento dentro de 4 dias úteis após o dia do protesto ou da apresentação.
Cada um dos endossantes deve, dentro de 2 dias úteis que se seguirem ao da recepção do aviso, informar o seu endossante do aviso que recebeu, indicando os nomes e endereços dos que enviaram os avisos precedentes, até chegar ao sacador.
AÇÃO CAMBIAL
Solidariedade passiva – art. 47
Os sacadores, aceitantes, endossantes ou avalistas são todos solidariamente responsáveis para com o portador.
O portador tem o direito de acionar todas as pessoas individualmente, sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram.
O mesmo direito possui qualquer um dos coobrigados que tenham pago a LC.
A ação intentada contra um dos coobrigados não impede de acionar os outros, mesmo os posteriores àquele que foi acionado em primeiro lugar.
Entrega da documentação a quem pagou a LC – art. 50
Qualquer dos coobrigados, que tenha pago a letra, pode exigir que ela lhe seja entregue com o protesto e um recibo.
Qualquer dos endossantes que tenha pago uma letra pode riscar o seu endosso e os dos endossantes subsequentes.
Prazos prescricionais – art. 70:
3 anos – todas as ações contra o aceitante (sacado).
1 ano – ações do portador contra os endossantes e contra o sacador, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento.
6 meses – ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador, a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado.
Interrupção da prescrição – art. 71:
A prescrição pode ser interrompida, mas só produz efeito em relação à pessoa contra quem foi dirigida.
Defesa do executado:
Princípio geral: inoponibilidade das exceções ao terceiro de boa-fé.
Hipóteses cabíveis:
Portador, ao adquirir a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor (má-fé).
Defeito na forma do título.
Falta de requisito necessário ao exercício da ação.
Ação de anulação da Cambial – artigo 36 da LUG:
Será aplicável quando a letra for extraviada ou destruída total ou parcialmente.
No caso de extravio, deve ser pedida a intimação do sacado (aceitante) e dos coobrigados para não pagarem o título, e ainda, citar o detentor para que o apresente em 3 (três) meses.
No caso de destruição, mandará citar os coobrigados para contestarem o pedido.
Apresentada a letra pelo portador legitimado ou havendo contestação, o pedido será julgado prejudicado.
NOTA PROMISSÓRIA
Legislação:
LUG, arts. 75 a 78
Conceito:
É o documento pelo qual uma pessoa denominada emitente promete pagar a outra, denominada favorecido, ou à sua ordem, um certo valor em dinheiro, num determinado dia e num determinado lugar, mediante a apresentação do documento.
A nota promissória é, por conseguinte, uma promessa de pagamento.
Figuras intervenientes:
Emitente – a pessoa que faz a promessa de pagamento.
Favorecido ou beneficiário – o credor da nota promissória.
Outras figuras:
Endossante
Avalista
Requisitos:
Essenciais:
A denominação “Nota Promissória”.
A soma em dinheiro a pagar.
O nome da pessoa a quem deve ser paga.
A assinatura do próprio punho do emitente ou do mandatário especial.
Não essenciais:
A data e o lugar da emissão.
Pode o portador inserir a data e o lugar da emissão
A época do vencimento.
Será pagável à vista
O lugar do pagamento.
Será pagável no domicílio do emitenteVencimento:
À vista
A dia certo
A tempo certo de data
A certo termo de vista (art. 78 da LUG, 2ª. Parte)
Endosso: Mesmas regras da letra de câmbio.
Aval: Igual à letra de câmbio.
Pode-se dizer que:
A nota pode ser emitida em branco ou incompleta - Súmula 387 do STF:
“Quem emite nota promissória em branco celebra o que se costuma chamar de contrato de preenchimento” . (RT. 270/350)
A nota promissória, por ser título de crédito, possui implícita a cláusula à ordem.
Admite-se a cláusula não à ordem, de forma expressa.
A identificação do devedor principal, que na nota é o emitente, deve ser feita com a menção ao número de sua identidade, de seu CPF ou outro documento válido.
A exigência de identificação do tomador ou beneficiário impede a emissão de nota promissória ao portador.
A promessa de pagamento deve ser incondicional, não se admitindo a sujeição a qualquer condição suspensiva ou resolutiva.
Regime jurídico:
Artigo 77 da LUG:
“São aplicáveis às Notas Promissórias, na parte em que não sejam contrárias à natureza deste título, as disposições relativas às letras e concernentes:
Endosso (arts. 11 a 20);
Vencimento (arts. 33 a 37);
Pagamento (arts. 38 a 42);
...
Prescrição (arts. 70 e 71)”
Observações:
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, enquanto que a nota promissória é uma promessa de pagamento.
Sendo assim, são inaplicáveis às notas promissórias as regras sobre aceite.
Por essa razão, pode-se pensar que a nota promissória poderia ser sacada com dia certo, à vista e a certo termo de data, mas não poderia ser a certo termo de vista.
Ocorre que a LUG admite, em seu artigo 78, a emissão da NP a certo termo de vista, caso em que o título deverá ser levado ao visto do subscritor no prazo de um ano a contar do saque.
Na LC o devedor principal é o sacado, enquanto que na NP o devedor principal é o próprio sacador ou emitente.
Art. 78 da LUG:
“O subscritor de uma Nota Promissória é responsável da mesma forma que o aceitante de uma letra.”
Assim, as regras aplicáveis ao aceitante da letra devem ser aplicadas ao subscritor da nota.
Exemplo:
O prazo de prescrição da nota em relação ao seu subscritor é igual ao da letra em relação ao aceitante (três anos, contador do vencimento, conforme disposto no art. 70 da LUG).
A nota promissória e os contratos bancários:
É comum a vinculação da NP a um contrato bancário, ou mesmo a qualquer outro tipo de contrato.
Tal fato deve constar expressamente no título, uma vez que este pode circular, e o terceiro que recebê-lo por endosso deve ter conhecimento da relação contratual a qual o título está atrelado.
Assim, constando expressamente da NP a vinculação a determinado contrato, de certa forma está descaracterizada a abstração/autonomia do título.
No entanto, a NP perde apenas e em certa medida, a sua abstração, permitindo-se que o devedor alegue, contra um eventual terceiro endossatário, as exceções fundadas na relação contratual.
Todavia, a NP conserva, em princípio, a sua executividade, salvo se o contrato a que está ligada descaracterizar a sua liquidez.
Nesse sentido:
Processo Civil. Recurso especial. Execução. Nota promissória vinculada a contrato de confissão de dívida. Executoriedade. Precedentes.
1 – Consoante entendimento desta Corte, o fato de achar-se a nota promissória vinculada a contrato não a desnatura como título executivo extrajudicial. 2 – Recurso provido para determinar o regular prosseguimento da execução (STJ, Resp 259.819-PR. Min. Jorge Scartezzini, DJ 05.02.2007, p. 237).
A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito:
Ausente a circulação do título de crédito, a nota promissória que não é sacada como promessa de pagamento, mas como garantia de contrato de abertura de crédito, a que foi vinculada, tem sua natureza cambial desnaturada, subtraída a sua autonomia. A iliquidez do contrato de abertura de crédito é transmitida à nota promissória vinculada, contaminando-a,, pois o objeto contratual é a disposição de certo numerário, dentro de um limite prefixado, sendo que indeterminação do quantum devido comunica-se com a nota promissória por terem nascido da mesma obrigação jurídica.
A Cláusula-mandato (Súmula 60 do STJ) 
“É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.”
O enunciado se refere à chamada cláusula-mandato, a qual era comumente colocada em contratos bancários, constituindo a própria instituição financeira, ou às vezes uma empresa coligada a ela, como procuradora do cliente contratante.
O entendimento acima foi firmado com base no art. 51, inciso VIII do CDC, segundo o qual são nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que “imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor”.
CHEQUE
Legislação:
Convenção de Genebra sobre o Cheque: Decreto 57.595/66.
Lei 7.357/85, de 02.09.1985 – atual.
Não há conflito entre a nossa lei do cheque e a LUC
Conceito:
É uma ordem de pagamento à vista.
É um título de crédito, ainda que contenha uma ordem de pagamento à vista.
É um documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado, amoldando-se na definição comum de título de crédito.
Tem função às vezes diferente: servir de saque de dinheiro pelo próprio sacador.
Considera-se como não escrita a estipulação de juros inserida no cheque
O cheque, portanto, não se presta a lastrear empréstimo de dinheiro, por ser ordem de pagamento à vista.
Figuras intervenientes:
Sacador – quem tem um contrato de depósito bancário com o sacado.
Sacado – banco ou instituição financeira.
Beneficiário ou favorecido – terceiros ou o próprio sacador.
PRESSUPOSTOS DE EMISSÃO DO CHEQUE
Contrato de depósito bancário:
Nesse contrato, o depositante será o sacador e o depositário o sacado.
Depositando o dinheiro nas mãos do banco, o depositante receberá o talão de cheques, podendo então sacar o dinheiro depositado, denominado provisão de fundos.
De acordo com o art. 4º, o emitente do cheque (sacador) deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar autorizado a sobre eles emitir cheques, em virtude de contrato expresso ou tácito.
A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque.
Fundos disponíveis:
Consideram-se fundos disponíveis:
Os créditos constantes da c/c bancária não subordinados a termo;
O saldo exigível de c/c contratual;
A soma proveniente de abertura de crédito.
A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da apresentação do cheque para pagamento.
Beneficiário:
A pessoa a quem o cheque deverá ser pago.
Pelo art. 8º, pode-se estipular no cheque que seu pagamento seja feito:
À pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa “à ordem”;
À pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem”, ou outra equivalente.
Ao portador, vale como cheque ao portador o que não contém indicação do beneficiário e o emitido em favor de pessoa nomeada com a cláusula “ou ao portador”, ou expressão equivalente.
Sacado:
O cheque é emitido contra banco ou instituição financeira (art. 3°).
O banco sacado é também prestador de serviços, administrando a conta-corrente.
O domicílio do sacado corresponde também ao do local em que o cheque deverá ser pago.
Segundo o art. 67, a palavra “banco”, para fins cambiários, designa também a instituição financeira contra a qual a lei admite a emissão do cheque.
CRIAÇÃO E FORMA DO CHEQUE
Requisitos:
A denominação “cheque” inscrita no contexto do título e expressa na língua em que é redigido.
É essencial que o documento tenha a indicação de ser um cheque. Se não constar no seu contexto a expressão “cheque”, não se saberá que é um cheque, nem que a ele se aplica a Lei 7.357/85.
A ordem incondicional de pagar quantia determinada.
O próprio conceito de cheque diz que deve conter uma ordem de pagamento e uma ordem incondicional, vale dizer, sem impor condições ou restrições.
É o que a nossa lei chama de ordem de pagamento “pura e simples”.
A quantia a ser paga deve ser determinada ecerta, expressa em moeda nacional.
Feita a indicação da quantia em algarismos e por extenso, prevalece no caso de divergência a por extenso.
Indicada a quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer por algarismos, prevalece no caso de divergência, a indicação da menor quantia.
O nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado).
Embora indique também as demais instituições financeiras, além de bancos, não conhecemos aplicação de cheque a não ser nos bancos comerciais.
A indicação do lugar do pagamento.
O cheque é preenchido em impresso próprio, fornecido pelo banco sacado em talonário.
No cheque impresso já consta o nome do banco sacado, o número e o endereço da agência encarregada do pagamento.
O art. 2° faz um suprimento no caso da omissão desse requisito:
Na falta de indicação do local de pagamento, será levado em consideração o lugar designado junto ao nome do sacado.
Se designados vários lugares, o cheque é pagável no lugar de sua emissão (art. 11).
A indicação da data e do lugar de emissão.
Essa não é uma exigência somente do cheque, mas de todo título de crédito e qualquer documento.
Também nesse dado, o art. 2º supre possível ausência desse preenchimento:
Não indicado o lugar da emissão, considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente.
A assinatura do emitente (ou sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
A assinatura do emitente ou a do mandatário com poderes especiais pode ser constituída, na forma da legislação específica, por chancela mecânica ou processo equivalente.
Essa inovação não constava da Convenção de Genebra, nem do cheque, nem da letra de câmbio ou nota promissória, como também da antiga lei do cheque.
Cheque incompleto:
Se o cheque incompleto no ato da emissão for completado com inobservância do convencionado com o emitente, tal fato não pode ser oposto ao portador, a não ser que este tenha adquirido o cheque de má-fé (art. 16).
Aplica-se, nesse caso, o princípio da inoponibilidade das exceções.
O emitente poderá opor exceção apenas ao primeiro favorecido, a quem autorizou o preenchimento.
Se o primeiro favorecido tiver endossado o cheque a outra pessoa, esta estará a salvo de qualquer objeção por parte do emitente.
Caberá ao emitente o ônus da prova de que o pacto entre as partes era diferente.
MODALIDADES DE CHEQUE
Cheque visado – Art. 7º:
Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar no verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, “visto”, ou certificação no título.
A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o emitente, endossantes e demais coobrigados.
O banco sacado creditará à conta do emitente a quantia reservada, uma vez vencido o prazo de apresentação; e antes disso, se o cheque lhe for entregue para inutilização.
O visto aumenta a confiança do portador do cheque e favorece a circulação, eliminando a dúvida sobre a existência ou não de fundos.
Tem o efeito de um aceite do cheque pelo banco, embora o cheque não admita o aceite.
A cessação dos efeitos do visto, porém, não invalida o cheque; sendo apresentado e havendo provisão de fundos, o cheque será pago.
Cheque cruzado:
O cruzamento do cheque faz-se com a colocação de duas linhas paralelas na face frontal (ou anverso), que poderá ser feita tanto pelo emitente ou qualquer portador do cheque.
O cruzamento pode ser geral ou especial.
É geral quando entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou existir apenas a indicação “banco” ou outra equivalente.
O cruzamento é especial quando entre as duas linhas paralelas houver o nome de um banco.
A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não existente.
O banco sacado e o banco portador respondem pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, se não observarem as normas referentes ao cheque cruzado.
Cheque para ser creditado:
O emitente ou o portador podem proibir que o cheque seja pago em dinheiro, mediante a inscrição transversal, no anverso do título, da observação para ser creditado em conta, ou outra equivalente.
Nesse caso, o sacado só pode proceder a lançamento contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como pagamento.
O depósito do cheque em nome do beneficiário dispensa o endosso.
Cheque viagem ou Traveller’check:
Trata-se de um cheque sacado por um banco, contra seu correspondente em outro país, geralmente em moeda diferente, em que a legitimação do beneficiário ou do possível portador para o exercício do direito cartular está subordinada à existência, no próprio cheque, de duas assinaturas.
Cheque administrativo:
É o cheque emitido por um banco contra ele próprio, com segurança de pagamento, por ser da responsabilidade do banco.
Tem algumas características da nota promissória, com as mesmas figuras intervenientes (emitente e favorecido).
É um título de crédito à ordem, emitido por um banco e pagável à vista; o banco desempenha o papel de sacador e sacado ao mesmo tempo.
TRANSMISSÃO DO CHEQUE
Endosso - Arts. 17 a 28 da Lei 7.357/85
Diferente da nota promissória, LC e duplicata, o cheque não é um título destinado à circulação.
Sua vida deve ser breve, tanto que não há aceite nem vencimento.
Esse caráter do cheque não impede a possibilidade de circulação pelo endosso.
Tipos de endosso:
Ao portador
Transfere-se com a simples tradição.
Ainda que seja ao portador, o cheque pode ser endossado, vinculando assim o endossante e dando ao endossatário, além da garantia do endosso, a segurança na aquisição do cheque, por indicar a forma como o adquiriu.
O endosso num cheque passado ao portador torna o endossante responsável, nos termos das disposições que regulam o direito de ação, mas nem por isso converte o título num cheque “à ordem” (art. 23).
À pessoa nomeada, com a cláusula “não à ordem”, ou outra equivalente
Nesse caso, o cheque só é transmissível pela forma e com os efeitos de cessão.
Assim sendo, o cheque perde seus efeitos cambiários, sendo equiparado aos documentos comuns.
À pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa “à ordem”
O cheque pagável à pessoa nomeada (nominativo), com ou sem cláusula expressa “à ordem”, é transmissível por via de endosso.
O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obrigado, que podem novamente endossar o cheque (art. 17).
Lugar do endosso:
Deve ser lançado no cheque ou na folha de alongamento e assinado pelo endossante, ou seu mandatário com poderes especiais (art. 19).
Forma do endosso:
O endosso deve ser puro e simples, reputando-se como não escrita qualquer condição a que seja subordinado (art. 18).
O significado de “puro e simples” é que seja incondicional, vale dizer, sem condições nem restrições...
São nulos o endosso parcial e o do sacado.
O endosso pode ser branco ou preto.
Vale como em branco o endosso ao portador, ou seja, designando-se com a expressão “ao portador”.
Assinatura do endossante:
A assinatura do endossante, ou a de seus mandatários com poderes especiais, pode ser constituída, na forma da legislação específica, por chancela mecânica ou equivalente.
Se o endosso for em branco, poderá o portador transformá-lo em preto, colocando o seu nome ou da outra pessoa.
Proibição de novo endosso:
Pode ainda o endossante proibir novo endosso.
Nesse caso, não garante o pagamento a quem seja o cheque posteriormente transferido (art. 21).
Endossos sucessivos:
O banco sacado só poderá pagar ao último endossatário.
O detentor de cheque “à ordem” é considerado portador legitimado, se provar seu direito por uma série ininterrupta de endosso, mesmo que o último seja em branco.
Os endossos cancelados são considerados não-escritos (art. 22).
Assim, o banco sacado, ao pagar o cheque, deve pagá-lo ao último endossatário, exigindo sua identificação.
Não precisará conferir as assinaturas dosendossos, mas se todos os endossantes anteriores assinaram.
Por exemplo: Maria emite um cheque para João; este o endossa para Manoel, e Manoel para Pedro. O banco deverá pagar a Pedro, mas verificará que não há assinatura de Manoel. Neste caso, Pedro, o último endossatário, não prova ser o portador legitimado graças a uma série ininterrupta de endossos. O banco não deve lhe pagar esse cheque.
Endosso para cobrança (endosso mandato)
O cheque também pode ser colocado em cobrança no caso de ser pagável em outra praça.
Caso seja necessário, o art. 26 admite o endosso-cobrança, nos termos semelhantes aos dos demais títulos de crédito.
Endosso póstumo:
O endosso posterior ao protesto, ou declaração equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação produz apenas os efeitos de cessão.
Endosso sem data:
Salvo prova em contrário, o endosso sem data presume-se anterior ao protesto, ou declaração equivalente, ou à expiração do prazo de apresentação (art. 27).
AVAL – ARTS. 29 A 31
O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título (art. 29).
O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento.
Exprime-se pelas palavras “por aval”, ou fórmula equivalente, com a assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da assinatura do emitente.
Indicação do avalizado:
O aval deve indicar o avalizado.
Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente (art. 30).
Autonomia do aval:
O aval no cheque é uma declaração cambiária autônoma, como acontece com as obrigações cambiárias.
A assinatura da pessoa capaz cria obrigações para o signatário, mesmo que o cheque contenha assinatura de pessoas incapazes de se obrigar por cheque, ou assinaturas falsas, ou assinaturas fictícias, ou assinaturas que, por qualquer outra razão, não poderiam obrigar as pessoas que assinaram o cheque ou em nome das quais ele foi assinado (art. 13).
Direito de regresso:
O avalista que paga o cheque adquire todos os direitos dele resultantes contra o avalizado e contra os obrigados para com este em virtude do cheque.
APRESENTAÇÃO E PAGAMENTO – ARTS. 32 A 42
O cheque é pagável à vista.
Considera-se como não escrita qualquer menção em contrário.
O cheque apresentado para pagamento, antes do dia indicado como data de emissão, é pagável no dia da apresentação (art. 32).
Se é uma ordem de pagamento à vista, não existe prazo no cheque e deve ser pago no momento em que for apresentado ao banco sacado.
Por essa razão, não há justificativa legal para o cheque pré-datado.
Ainda que o emitente escreva no cheque que ele não deva ser apresentado antes de tal dia, não terá validade essa declaração.
Apresentação:
O cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e 60 dias, quando emitido em outro lugar no País ou no exterior (art. 33).
Passados os 30 dias de prazo, o banco não está na obrigação de pagar, mas a lei não o proíbe e normalmente os cheques retardados são pagos.
A apresentação do cheque à Câmara de Compensação equivale à apresentação a pagamento (art. 34).
Morte ou incapacidade do emitente: art. 37
A morte do emitente ou sua incapacidade superveniente à emissão não invalidam os efeitos do cheque.
O que se exige é a capacidade jurídica do emitente no momento da emissão.
REVOGAÇÃO E SUSTAÇÃO
Revogação – art. 35:
Mediante contraordem, dada por aviso ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato.
Efeitos:
Só produz efeitos depois de expirado o prazo de apresentação (30 dias) e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição.
Sustação ou oposição – art. 36:
Mesmo durante o prazo de apresentação.
Oposição por escrito, fundada em relevante razão de direito.
Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente.
A oposição e a revogação ou contraordem se excluem reciprocamente.
APRESENTAÇÃO E PAGAMENTO
Entrega do cheque quitado pelo portador – art. 38:
O Sacado pode exigir a entrega do cheque pelo portador.
Pagamento parcial:
O portador não pode recusar o pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.
Ordem de pagamento de vários cheques – art. 40:
Regra geral: pagamento se fará à medida em que forem apresentados os cheques.
Dois ou mais cheques apresentados simultaneamente, sem fundos disponíveis para o pagamento de todos:
Preferência:
Os de emissão mais antiga
Se da mesma data, os de número inferior.
Cheque mutilado, rasgado, partido, com borrões, emendas e dizeres – art. 41:
Sacado pode pedir explicações ou garantia para pagar.
Cheque em moeda estrangeira – art. 42:
Pago em moeda nacional, ao câmbio do dia.
Se não for pago na apresentação: portador opta entre o câmbio do dia da apresentação ou do dia do pagamento.
COBRANÇA JUDICIAL
O cheque deve ser apresentado para pagamento a contar do dia da emissão, no prazo de 30 dias, quando emitido no lugar do pagamento e 60 dias quando emitido em outra praça.
A partir desse prazo, começa a correr o prazo prescricional.
Todos os obrigados respondem solidariamente para com o portador do cheque.
Prazos prescricionais – art. 59:
6 meses, contados do prazo de apresentação, a ação do portador contra todos os obrigados.
6 meses, contados do dia do pagamento, ou do dia em que foi demandado, para a ação regressiva contra os outros coobrigados.
Mesmo perdendo sua força executiva, o cheque não perderá sua validade.
A ação ordinária de cobrança tem um prazo maior de prescrição: é de dois anos, a partir do dia em que se consumar a prescrição da ação cambiária.
A ação de enriquecimento indevido prescreve em dois anos e 7 meses, a partir da emissão.
Ação por falta de pagamento:
Pode o portador promover a execução do cheque
Contra o emitente e seu avalista.
Contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento é comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação.
O portador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.
A execução independe do protesto e das declarações previstas neste artigo, se a apresentação ou o pagamento do cheque são obstados pelo fato de o sacado ter sido submetido a intervenção, liquidação extrajudicial ou falência.
O protesto ou as declarações do artigo anterior devem fazer-se no lugar de pagamento ou do domicílio do emitente, antes da expiração do prazo de apresentação. Se esta ocorrer no último dia do prazo, o protesto ou as declarações podem fazer-se no primeiro dia útil seguinte.
Pago o cheque depois do protesto, pode este ser cancelado, a pedido de qualquer interessado, mediante arquivamento de cópia autenticada da quitação que contenha perfeita identificação do título.
O emitente, o endossante e o avalista podem, pela cláusula ‘’sem despesa’’, ‘’sem protesto’’, ou outra equivalente, lançada no título e assinada, dispensar o portador, para promover a execução do título, do protesto ou da declaração equivalente.
A cláusula não dispensa o portador da apresentação do cheque no prazo estabelecido, nem dos avisos.
Incumbe a quem alega a inobservância de prazo a prova respectiva.
Solidariedade passiva - artigo 51:
Todos os obrigados respondem solidariamente para com o portador do cheque.
O portador tem o direito de demandar todos os obrigados, individual ou coletivamente, sem estar sujeito a observar a ordem em que se obrigaram. O mesmo direito cabe ao obrigado que pagar o cheque.
A ação contra um dos obrigados não impede sejam os outrosdemandados, mesmo que se tenham obrigado posteriormente àquele.
Regem-se pelas normas das obrigações solidárias as relações entre obrigados do mesmo grau.
EFEITOS PENAIS
Os efeitos penais da emissão do cheque sem suficiente provisão de fundos, da frustração do pagamento do cheque, da falsidade, da falsificação e da alteração do cheque continuam regidos pela legislação criminal.
Emissão de cheque sem provisão de fundos:
Estelionato
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento...”

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