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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA CURSO DE BIOLOGIA Disciplina: GEOLOGIA GERAL Professor: Luiz Fernando W. Kitajima Apostila 4 ‐ Minerais e rochas 1 Introdução A Terra é um corpo composto por um núcleo metálico e de rochas. Estas rochas por sua vez são compostas por minerais. O estudo de minerais e rochas é importante considerando que nas apostilas anteriores abordou‐se sobre o planeta Terra em seus aspectos físicos, serão consideradas agora os seus aspectos composicionais, ou mais exatamente de seus constituintes específicos – minerais e rochas. Além disso, deve ser considerado que os minerais e rochas formam o substrato de onde o solo é formado, o solo que é a base de boa parte da vida vegetal e base das obras de engenharia civil. Também há o uso prático dos minerais e rochas – uma das bases da civilização moderna. As características dos minerais e rochas definem seus diversos usos na construção civil. 2 Minerais 2.1 Conceitos A definição de mineral é: compostos químicos ou elementos, com composição química definida dentro de certos limites, encontrados no estado sólido, cristalizados e formados por meio de processos inorgânicos, na Terra ou em corpos extraterrenos (Teixeira et al., orgs., Decifrando a Terra, 1ª reimpressão, 2001). Resumindo a definição de diversos autores podemos indicar então as seguintes características de um mineral: ‐É sólido ‐Tem composição química definida (pode ser um composto ou um elemento) ‐Tem estrutura interna definida ‐É (geralmente) de origem inorgânica. Neste caso pode ainda haver diferenças entre autores. Cada tipo de mineral, como o quartzo (SiO2) é também definido como espécie mineral. Às vezes o mineral pode encontrar condições para se cristalizar formando vértices, planos e arestas, concedendo grande beleza ao mineral, e que chamamos de cristal, ou mineral euédrico. Muitas vezes, porém, o termo mineral e cristal podem ser usados ao mesmo tempo, principalmente para descrever um determinado mineral numa rocha: “o cristal de feldspato envolto por um cristal de quartzo...”. O termo sólido cristalino pode indicar um sólido com as propriedades de um cristal (um mineral) que não teve como desenvolver suas faces cristalinas. Também pode ser chamado de mineral anédrico. Se o mineral desenvolveu apenas algumas das formas é denominado de subédrico. O minério é o mineral de valor econômico. A esquerda: minerais euédricos. No centro: mineral subédrico. A direita: mineral anédrico 2.2 Sobre a composição química dos minerais Na afirmação acima sobre a composição dos minerais deve‐se levar em consideração que a composição de um mineral pode ser bem definida, sendo um: ‐composto, ou seja, uma combinação de elementos químicos, como o SiO2, o quartzo; ‐ou apenas um elemento, ou elemento nativo, como o ouro nativo (Au). As vezes o mineral pode ter uma composição que varia entre o que chamamos de membros finais: o mineral olivina, por exemplo, tem uma composição que varia entre o membro final rico em ferro e o membro final rico em magnésio. Assim podemos ter um determinado mineral que pode ser mais rico num elemento ou em outro – mas algo importante deve ser deixado claro – essa variação será sempre dentro de certos limites. Da esquerda para a direita: Ouro nativo (Au), Hematita (Fe2O3), albita (NaAlSi3O8) e orotclásio (KAlSi3O8), os dois últimos mostrando exemplos de minerais com variações de composição química 2.3 A estrutura do mineral O mineral é dito que é um sólido cristalizado ou cristalino. Isso significa que é um sólido que apresenta um arranjo organizado interno de seus componentes, seus átomos, íons e moléculas estão distribuídos de forma organizada dentro do mineral. A única exceção é o mercúrio, considerado mineral líquido. Se não há organização, temos o estado vítreo ou amorfo. Ou seja, os átomos que compõem um mineral apresentam um arranjo ou rede tridimensional, que se repete regularmente. A unidade básica deste arranjo que se repete é denominado de cela unitária, é esta cela que é como um tijolo de onde é montado o mineral. A forma como se dá a repetição desta cela unitária, assim como sua composição, define várias propriedades do mineral, tais como o hábito cristalino e clivagem (a serem descritos adiante). Quando as condições são ideais, o mineral formado reflete em sua forma externa as propriedades geométricas da estrutura e da cela unitária, formando os cristais. A área da ciência que se encarrega do estudo da forma como a matéria se organiza em uma estrutura cristalina, suas propriedades e classificação, é denominado de Cristalografia. Cela unitária: do cloreto de sódio, ou sal comum (NaCl) à esquerda e da fluorita (CaF2) à direita.. Certas características da estrutura cristalina definem as propriedades do mineral. Estas características incluem: ‐a simetria formada pela repetição da cela unitária (a forma da estrutura em geral), ‐o tipo de ligação química entre os minerais. Os tipos de ligações podem ser iônica (atração por diferenças de carga elétricas entre os íons constituintes), covalente (por compartilhamento de elétrons), metálica (elétrons compartilhados por agregados de íons; os elétrons deslocam‐se livremente) ou Van der Waals (pequenas cargas elétricas unindo compostos neutros). ‐número e tipo de átomos, íons de moléculas envolvidos, ‐ número de cátions ao redor de um ânion. 2.3.1 O polimorfismo e o isomorfismo As vezes um mineral pode modificar sua estrutura cristalina em resposta a novas condições de pressão e temperatura. Isso é chamado de polimorfismo. Um exemplo é a grafite e o diamante, ambos compostos de carbono, mas com estruturas (ou arranjos internos) diferentes. Outras vezes um elemento é capaz de substituir outro na estrutura cristalina. Chamamos isso de isomorfismo. Um exemplo é o feldspato, que pode aceitar átomos de sódio, cálcio e potássio na sua estrutura. Na extrema esquerda, grafite; no centro, à esquerda, estrutura da grafite; no centro à direita, diamante; à extrema direita, estrutura do diamante 2.4 Origem dos minerais Para um mineral ser considerado como tal deve ter sido formado por processos inorgânicos e naturais, tais como: ‐cristalização a partir de um magma; ‐cristalização a partir de vapor; ‐cristalização a partir de líquidos como águas quentes fortemente mineralizadas; ‐pela recristalização de minerais preexistentes. Se são formados por processos orgânicos, tal como a pérola, coral ou âmbar, já não são denominados de minerais, mas sim de mineralóides, já que processos orgânicos foram fundamentais a sua formação. Entretanto, deve‐se ressaltar que há autores (por exemplo, Press et al., no livro Para entender a Terra e Wicander e Monroe no livro Fundamentos de Geologia) que consideram que certas substâncias segregadas por organismos, como o material que forma as conchas, podem a rigor ser chamadas de minerais. Por isso, essa parte ainda está em aberto para discussões. Entretanto, todos concordam que os chamados minerais sintéticos, feitos em laboratório, não são minerais, por serem precisamente artificiais. 2.5 Classificação dos minerais Há pelo menos entre 3500 e 4000 minerais identificados, mas carca de 30 são realmente comuns, sendo estes chamados de minerais formadores de rochas. Para organizar estes minerais há vários critérios usados para classifica‐los,principalmente pelo sistema de cristalização, ou pelo uso ou pela química. O mais comum é o químico, pelo seu radical aniônico, ou seja, pelos minerais que têm o mesmo íon negativo ou carregado negativamente. Isso se deve ao fato de que os minerais com mesmo radical negativo ou aniônico têm propriedades semelhantes. Silicatos – compostos com tetraedros de SiO4. São importantíssimos pois maior parte dos minerais catalogados (75%) são silicatos e são os silicatos que compõem maior parte das rochas do planeta. Os tetraedros de SiO4 podem se unir de diversas maneiras (polimerizam‐se) devido as suas propriedades eletroquímicas, formando longas cadeias, folhas, pares ou estruturas tridimensionais. Por exemplo, a mica, que tem forma de folhas, é formada por tetraedros de SiO4 unidos em forma de folhas. Há dois tipos básicos de silicatos: os ferromagnesianos, que contém ferro e magnésio em suas composições químicas e são geralmente de cor escura, e os não‐ferromagnesianos que não contém ferro nem magnésio nas suas composições e geralmente são de cor clara. Maior parte das rochas é feita especificamente por estes silicatos: quartzo, feldspato, piroxênio, anfibólio, olivina, mica, granada. À esquerda, tetraedro de SiO4, unidade básica dos silicatos. À direita, estruturas de silicatos formados pelo agrupamento dos tetraedros SiO4. Não – silicatos – todos os demais que incluem: sulfetos, sulfatos e sulfossais (compostos com enxofre), óxidos (compostos de metal com oxigênio), halóides (compostos com halogênios, tal como cloro, flúor...) , carbonatos (compostos com CaCO3), metais nativos (ouro, prata, platina, carbono), etc. Os mais importantes são os óxidos, sulfetos, sulfatos e carbonatos. São importantes pois muitos minérios são não‐silicatos. A esquerda: quartzo (silicato). A direita: azurita (não‐silicato). 2.6 Características identificadoras dos diversos tipos de minerais São características físicas que permitem identificar as diversas espécies minerais. Hábito – forma geométrica externa e habitual apresentada pelo mineral quando na forma de cristal, com as faces perfeitamente visíveis e definidas, principalmente quando as condições geológicas assim o permitem. Isso ocorre quando o crescimento do mineral não é limitado fisicamente. O hábito reflete as formas da estrutura do mineral assim como a velocidade de crescimento do mesmo. Pode ser dos seguintes tipos: • alongadas em uma direção • cristais prismáticos • cristais colunares • cristais aciculares • alongados em duas direções • cristais tabulares • cristais laminares • isométricos • cristais octaédricos • cristais cúbicos Da esquerda para a direita: hábito prismático da hornblenda; hábito fibroso do asbestos, hábito laminar da biotita e hábito cúbico da pirita. Transparência – capacidade de transmitir ou absorver luz. Pode ser dividido em transparente (transmite luz), semitransparente e opaco (não transmite luz). Da esquerda para a direita: calcita e fluorita (transparentes) ouro e magnetita (opacos) Brilho – quantidade e aparência da luz refletida pela superfície de um mineral. Os dois tipos básicos são o brilho metálico e ou brilho não‐metálico. Pode‐se, no entanto, dividir o brilho não‐metálico em em sub‐classes como o brilho vítreo, adamantino, graxoso... À esquerda, cobre nativo com brilho metálico. À direita, apatita com brilho vítreo. Cor – absorção e reflexão seletivas do espectro da luz nos minerais. As causas das cores nos minerais são: ‐elementos na composição química do mineral, ou seja, como parte da composição química principal do mineral. Por exemplo: a cor dourada do ouro e da pirita (FeS). ‐por defeitos na estrutura, como buracos e desarranjos na organização dos elementos no mineral. Um exemplo é o quartzo fumê, cuja cor escura vem de defeitos na estrutura do quartzo comum. Estes defeitos podem ser causados por radioatividade. ‐por contaminantes e elementos menores que estejam presentes na estrutura do mineral. Um exemplo é a safira e rubi; ambas são o mesmo mineral (coríndon, Al2O3), sendo que na safira há contaminação por ferro e titânio, e no rubi, o contaminante é o cromo. É conveniente lembrar que as cores podem sofrer variações mais ou menos sutis devido a outros fatores, que incluem o ângulo e iluminação e o tipo de luz (solar ou artificial). Traço – é a cor do pó do mineral, quando este é pulverizado ou raspado em uma placa apropriada para este fim. Um exemplo é a hematita (Fe2O3) que deixa um traço vermelho escuro. Da esquerda para a direita: piroxênio verde escuro devido a sua composição química principal; safira e rubi, mostrando suas cores devido a presença de contaminantes (ferro/titânio e cromo) e quartzo fumê. As v esca porc 1 – T 2 – G 3 – C 4 – F 5 – A 6 – O 7 – Q 8 – T 9 – C 10 ‐ defi e re supe • Dureza – vezes pode v ala de Mohs, Para com celana pode Talco Gipsita Calcita Fluorita Apatita Ortoclásio Quartzo Topázio Coríndon Diamante Fratura – • conc • dent • irreg • fibro Clivagem – nida. É simila gulares. Cau erfícies de cl Clivagem mu – resistência variar de aco que dá a du mparar: a u ter dureza 7 – superfície choidal: qua tada: quand gular: quand osa: quando À esquerda: tendência d ar a fratura, sada por pla ivagem que uito perfeita a do mineral ordo com a ureza relativa unha tem du 7. irregular for ndo a superf o a superfíci do os planos o mineral, a fratura conch do mineral porém a frat anos de fraqu o mineral ap : mica, calcit ao ser riscad direção com a dos minera ureza média rmada pela q fície de fratu e apresenta de ruptura s ao romper‐se hoidal. À direit em partir‐se tura passa a ueza na estr presenta e na ta. do. É determ m que é risca ais: 2,5, uma lâ quebra do m ura é lisa e cô dentes ou p são irregulare e, forma fibra ta: mica most e ao longo se chamar d utura do min a qualidade minado pela f ado o miner âmina de aç ineral. ôncava, lemb pontas. Ex: m es. Ex: magn as. Ex: amian rando as supe de superfíc de clivagem s neral. Pode s da superfície força das liga ral. Para clas ço tem dure brando uma minerais nativ etita, pirita e nto. erfícies de cliv ies planas, se a fratura o ser classifica e de clivagem ações químic ssificar dure eza 5 a 5,5 concha. Ex: vos (ouro e p e calcopirita vagem planas. regulares e ocorre em d ada com base m. Por exemp cas nos mine za emprega e uma plac quartzo e op prata ). . . com orient ireções defin e no npumer plo: erais. ‐se a ca de pala. tação nidas ro de • Clivagem perfeita: feldspato, fluorita. • Clivagem imperfeita: turmalina, zircão, rutilo. Densidade relativa – indica quantas vezes certo volume de um mineral é mais pesado que o mesmo volume de água. Geminação – Propriedade de certos minerais estarem intercrescidos de forma regular. Exemplos de geminação em estaurolita Propriedades elétricas, magnéticas, radioativas – capacidade de certos minerais de transmitir eletricidade ou de serem atraídos por um ímã. Há ainda a piezoeletricidade (capacidade de um mineral gerar eletricidade se posto sob pressão) ou piroeletricidade (capacidade de um mineralde gerar uma corrente elétrica quando aquecido). Há também a capacidade de emitir energia (radiação) quando o mineral possui elementos como o tório e urânio. Fosforescência e fluorescência – capacidade de emitir luz após ser exposto à luz ou de emitir luz quando exposto à radiação ultravioleta. Autunita (mineral de urânio) fluoresce quando exposto à luz ultravioleta (UV) 3 Rochas 3.1 Conceito e relação com os minerais Produtos formados a partir da união de um ou mais tipos de minerais. Estes minerais ficam bem unidos; da forma como eles estão unidos as rochas podem ser duras ou mais frágeis, moles ou brandas. O aspecto geral externo é a estrutura da rocha, e o modo como seus grãos de minerais estão relacionados espacialmente formam a textura da rocha. Os minerais que constituem a rocha podem ser classificadas como minerais essenciais, que aqueles que são abundantes nas rochas e que determinam o nome a rocha (por exemplo: os minerais essenciais de um granito são o quartzo, feldspato e mica) e os minerais acessórios são os minerais que ocorrem de forma subordinada a rocha, menos comuns e que não afetam o nome da rocha. Quando os grãos que compõem a rocha são de mais de um tipo de mineral a rocha é dita poliminerálica, e quando são de apenas um tipo de mineral a rocha é dita monominerálica. 3.2 Classificação das rochas pela sua origem Ígneas ou magmáticas – rochas formadas pelo resfriamento de material rochoso fundido, denominado de magma. Exemplo: basalto e granito. Sedimentares – rochas formadas pela compactação de material retirado, transportado e acumulado, de uma rocha preexistente. Isso é, é preciso que haja uma rocha já existente que seja desgastada por uma série de processos e que forneça assim fragmentos, partículas ou substâncias químicas dissolvidas que serão acumuladas adiante (os sedimentos). Exemplo: arenito e calcário. Certas acúmulos de matéria orgânica (restos de vegetais ou animais) podem formar pseudo‐rochas pois suas partículas constitutivas não são minerais, como por exemplo as turfas. Metamórficas – rochas formadas a partir da transformação dos minerais de uma rocha preexistente quando submetido a calor e pressão. Exemplo: mármore (formado pelo metamorfismo de calcário) ou quartzito (formado pelo metamorfismo do arenito). As rochas ígneas e metamórficas correspondem em volume a maior parte das rochas da crosta, mas em área predominam as rochas sedimentares: é porque as rochas sedimentares estão espalhadas pela superfície da Terra. 3.3 Ciclo das rochas A Terra não é estática, mas sim dinâmica, e esse dinamismo se reflete nas diversas transformações que as rochas podem passar. Tais transformações definem ciclos; há diversos ciclos de rochas, o que será exemplificado aqui é apenas um deles. Uma rocha ígnea pode ser submetida a processos de intemperismo e pedogênese; neste caso a rocha transforma‐se em solo, que por sua vez é transportado por águas da chuva e vento e depositado mais adiante, em processos de erosão e deposição. O material depositado é compactado e forma rochas sedimentares, que por sua vez podem ser submetidas a forte pressão e temperatura, e como conseqüência disso serem fundidas, derretidas, formando magma ou rocha derretida que vais se solidificar em uma rocha magmática ou ígnea. Bibliografia Press, F. et al. Para Entender a Terra. 4ª edição. Porto Alegre: Bookman 2006. Leinz, V. e Amaral, S. E.. Geologia geral. 11ª edição. São Paulo: Editora Nacional 1989. Teixeira, W. et al. (organizadores). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos 2000. Wicander, R. e Monroe, J. S.. Fundamentos de geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
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