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NOTÍCIA COMO O PROCESSO FUNCIONA

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27/02/2018 Como funciona um processo judicial? | Gazeta do Povo
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PROCESSO CIVIL
Confira um infográfico mostrando os recursos que
existem no Processo Civil e entenda o sentido de
cada um deles
Renan Barbosa [22/08/2017] [17h24]
JUSTIÇA
Recursos: entenda os
caminhos do processo de
uma vez por todas
É raro quem nunca tenha se perdido nos meandros do processo judicial. O assunto é difícil até
para quem estudou direito. Um juiz concede ou nega uma liminar: cabe recurso? Para quem? Por
que se apela da sentença, mas não se a apela do acórdão? Quem é esse tal de relator do
processo? O que há de tão excepcional nos Recursos Especial e Extraordinário? Não passa muito
tempo antes de alguém logo dizer que a Justiça brasileira é lenta porque há muitos recursos. 
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Antes de avaliar se isso é verdade ou não, é preciso conhecer os recursos possíveis, a razão de
cada um existir e onde é possível encontrá-los nos caminhos do processo. Teresa Arruda Alvim,
advogada e professora de Processo Civil na PUC-SP, colabora para ser o fio de Ariadne nesse
labirinto. Ela foi relatora da comissão que elaborou o novo Código de Processo Civil, em vigor
desde 2015. 
O caminho de um processo
O que pode acontecer a um processo desde a primeira instância até aos tribunais
superiores:
O S J U Í Z E S
Instâncias
1ª 2ª tribunais superiores
Juiz Relator presidente
ou vice
STJ STF
Desembargadores Ministros
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Glossário
Clique aqui para entender o que significam os termos usados no processo
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Fonte: Redação. Infografia: Gazeta do Povo.
Todo processo surge no Judiciário devido a uma controvérsia jurídica. Alguém alega um direito
ou pede alguma coisa à Justiça, a outra parte contesta o pleito. A regra geral é que um juiz de
primeiro grau cuide da disputa, ouvindo todas as partes do processo, colhendo as provas e
tocando os procedimentos em direção à sentença, que deve colocar fim à primeira fase do
processo, resolvendo o mérito da questão. Você confere essa etapa em verde no esquema acima. 
Mas nem só de sentença vive um processo no primeiro grau: no meio do caminho, antes de
proferir a sentença, o juiz pode tomar outras decisões, que são chamadas decisões
interlocutórias – por exemplo, deferir ou não um pedido liminar. 
Agravo de instrumento 
“O agravo de instrumento é um recurso manejado que pode ser interposto contra certas decisões
interlocutórias, independentemente do andamento do processo. É como se ele virasse um
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‘processinho’ que corre separadamente. No meu instrumento, eu vou juntar a decisão
interlocutória da qual estou recorrendo e a minha irresignação – o meu recurso, o porquê de eu
querer ver a decisão reformada –, e com isso eu formo meu instrumento, só com as peças
necessárias para o tribunal julgar o agravo”, explica Teresa. As decisões interlocutórias das quais
se pode recorrer estão listadas no artigo 1015 do CPC. Há algumas outras hipóteses espalhadas
pela lei. 
No esquema acima, a barrinha em verde mostra uma decisão interlocutória do juiz da qual se
possa recorrer e, a partir daí, abre-se um ramo do processo que pode chegar até os tribunais
superiores, se for o caso, seguindo os caminhos de qualquer processo. “O agravo de instrumento
sobe para o tribunal e o processo continua correndo no primeiro grau. Se o tribunal decidir de
forma contrária, isso volta e substitui a decisão original do juiz de primeiro grau”, afirma Teresa.
Nada impede que o Supremo Tribunal Federal (STF) precise decidir sobre uma liminar que
chegue até a corte antes mesmo que o juiz de primeiro grau profira sua sentença. 
Nem toda decisão interlocutória pode ser questionada por agravo de instrumento. “As decisões
interlocutórias que não são agraváveis de instrumentos são impugnáveis na própria apelação.
Por exemplo, eu peço a produção de uma prova e o juiz nega: eu apelo e, na minha preliminar de
apelação, eu peço a impugnação dessa decisão”, explica Teresa. “Eu digo ‘Olha, eu pedi a
produção de uma prova e o juiz negou e por isso eu perdi o processo’. Se o segundo grau
entender que a prova tem de ser produzida, nem se examina o resto. O processo volta para o
primeiro grau, a prova será produzida e o juiz vai dar uma nova sentença da qual caberá uma
nova apelação”, diz. 
Apelação 
Falando nela, a apelação é o recurso que cabe contra a sentença. “A apelação é o recurso por
excelência. Todas as regras que dizem respeito à apelação dizem respeito a todo o sistema
recursal. Ela não tem nenhum tipo de restrição [no mérito], como no caso de outros recursos,
que só podem ser manejados em determinadas circunstâncias. Na apelação a parte pode alegar
tudo”, diz Teresa. 
A apelação é colhida pelo juiz de primeiro grau, que pede para a outra parte se manifestar
também – apresentar as contrarrazões –, organiza tudo e manda o processo para o segundo grau.
São, via de regra, os Tribunais de Justiça dos estados ou os Tribunais Regionais Federais. É o
relator do processo nesses tribunais – o desembargador marcado em azul escuro no esquema –
que vai fazer o juízo de admissibilidade do recurso, conduzi-lo no tribunal e decidir o mérito da
apelação, em conjunto com mais dois colegas desembargadores, marcados em azul claro no
esquema. A decisão colegiada do segundo grau chama-se acórdão. 
A rigor, a garantia do duplo grau de jurisdição se cumpre com o acórdão, no segundo grau.
Quando uma apelação é julgada, a controvérsia jurídica inicial terá sido analisada pelo juiz de
primeiro grau e não por um, mas três desembargadores. Pode ser até analisada por ainda mais
gente, caso um dos desembargadores divirja dos colegas de turma e o placar fique 2x1. Nesse
caso, o artigo 942 do Código de Processo Civil prevê que, de acordo com o procedimento
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determinado no regimento interno do tribunal, outros julgadores devem ser chamados a decidir.
É o chamado incidente de ampliação da colegialidade. Com dois novos desembargadores
convocados a decidir, o placar da apelação, que estava 2x1, pode virar para 3x2. 
Agravo interno 
Assim como cabe agravo de instrumento contra certas decisões do juiz na condução do processo
no primeiro grau, cabe agravo interno contra as decisões do desembargador relator no curso do
segundo grau ou contra decisões dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do STF
que sejam relatores dos processos nesses tribunais. 
Nos tribunais superiores, esses recursos às vezes são chamados de agravos regimentais ou,
simplesmente, de agravos. “O agravo interno é o recurso que cabe contra as decisões dos
relatores. Por exemplo, se o relator de um processo no segundo grau não admite um recurso,
dessa decisão cabe um agravo interno, que levaa discussão para o órgão colegiado”, explica
Teresa. 
Recurso Especial e Recurso Extraordinário 
O Recurso Especial, dirigido ao STJ, e o Recurso Extraordinário, dirigido ao STF, têm esses nomes
porque, em tese, devem ser excepcionais mesmo. Eles não servem para continuar discutindo o
caso depois do julgamento da apelação, mas para evitar eventuais ofensas à lei federal ou à
Constituição. Afinal, até os tribunais podem errar. E se dois tribunais estão divergindo na
interpretação da lei ou da Constituição, um deles têm que estar errado. Caberá ao STJ e ao STF
resolver o impasse. 
“Os tribunais superiores, nos recursos especiais e extraordinários, só examinam matéria de
direito, e não matéria de fato. Os tribunais superiores não reexaminam a matéria conforme
constantes dos autos. Eles reexaminam o quadro fático conforme descrito na decisão e só
examinam questões jurídicas. As questões de fato morrem no segundo grau”, resume Teresa. 
Esses recursos devem ser manejados simultaneamente e quem faz seu juízo de admissibilidade é
o desembargador presidente ou vice-presidente do tribunal onde a apelação foi julgada. Você
pode encontrá-lo de chapéu na parte azul clara do esquema. Há uma série de requisitos para que
os recursos subam para os tribunais superiores. Só para ficar em um exemplo, desde 2004, o STF
julga recursos extraordinários apenas se houver, além de ofensa à Constituição, repercussão
geral na matéria. 
“Uma diferença entre o cabimento do Recurso Especial e do Recurso Extraordinário é que este
precisa ter repercussão geral. Isso é um filtro que foi criado em 2004 basicamente para diminuir o
trabalho do STF, que tinha um número absurdo de recursos para julgar. A compreensão, hoje, é
que o Supremo deve julgar questões que sejam relevantes para o país, cuja importância
ultrapasse o interesse das partes A e B”, explica Teresa. 
Se tanto o Recurso Especial quanto o Recurso Extraordinário forem admitidos, os autos sobem
primeiro para o STJ julgar e depois, se for o caso, para o STF se pronunciar sobre a questão
constitucional. Nesses tribunais, a tramitação dos recursos ocorre como no segundo grau: um
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ministro relator, destacado no esquema, conduz o processo e toma decisões sozinho se
necessário. As partes podem recorrer da decisão do ministro relator por agravo e, de acordo com
o regimento do STJ e do STF, a decisão final caberá a uma turma, seção ou ao plenário. No
esquema, são os ministros em conjunto – a ilustração não representa o número exato de
ministros que varia conforme o âmbito em que a decisão for tomada. No STJ, pode ser em uma
turma, seção ou no plenário. No STF, há as turmas e o plenário. 
Embargos de Declaração 
No esquema acima, dá para notar que cabem embargos de declaração (“ED”) em face de toda
decisão judicial, seja do juiz de primeiro grau, do desembargador relator, do colegiado do
segundo grau ou das decisões dos tribunais superiores, marcados em vermelho. É isso mesmo.
“Os embargos de declaração cabem de todo e qualquer pronunciamento judicial. Quem julga os
embargos de declaração é o próprio juiz que proferiu a decisão que está sendo questionada”, diz
Teresa. 
O objetivo desses recursos é esclarecer eventuais obscuridades, corrigir contradições, suprir
omissões ou corrigir algum erro material de qualquer pronunciamento judicial. “Na verdade, os
embargos de declaração garantem aquilo a que as partes têm direito desde o início do processo:
as partes não têm direito a qualquer decisão, mas a uma decisão correta, isenta de
contradições”, explica Teresa. 
A ideia dos embargos de declaração não é recorrer, dizendo que o juiz aplicou a lei de maneira
errada, mas pedir que o magistrado ou o colegiado explique com clareza e de forma racional o
que talvez não tenha ficado assim na primeira versão da decisão. Isso pode ser importante,
inclusive, para a parte decidir se recorre, e com base em quais fundamentos vai recorrer de
determinada decisão. Afinal, como recorrer de uma decisão confusa ou contraditória?

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