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Estudo dirigido de Saúde Mental

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De acordo com o pensamento de M. Foucault porque não podemos tomar a perspecticva historica-lineal para explicar o surgimento da loucura como pratica discursiva.
Foucault, com História da Loucura, queria fazer uma arqueologia do saber – sendo o saber no caso o silenciamento da loucura por parte da razão – e encontra repetições e adaptações da visão da loucura em diferentes épocas, que achou essencial pontuar. Ao fazer uma perspectiva histórico-linear pode não tornar tão claro o que acabara acontecendo, as situações que mudaram e foram substituídas. Por exemplo, o caso da lepra que foi substituída pelas doenças venéreas. Primeiro os leprosos foram segregados, depois aqueles com doenças venéreas tomaram seu lugar. E ao enxergar essa substituição, vemos a base inspiradora dos futuros manicômios. O mesmo então explica que a verdadeira herança da lepra é o fenômeno da loucura, pois a loucura junto das doenças venéreas tinha uma visão carregada de juízo de valores e segregativa. 
Então o mesmo precisaria voltar na linha do tempo para explicar a visão de loucura de cada época, renascentista, clássica e moderna e puxar o que antes já havia comentado superficialmente, só de maneira mais aprofundada. Foucault assim trabalha de forma comparativa sobre as épocas históricas para melhor entendimento de sua análise da loucura ao passar dos séculos. 
Explique o que você entendeu pela Nau dos loucos e que relação tem com o surgimento da Loucura
Na época renascentista haviam três tipos de concepção do louco: a trágica (louco como ameaça); a crítica (louco como aquele que fala a verdade) e da loucura como a morte, ou seja, uma possibilidade iminente, o que leva ao louco circulante. No caso a circulação era uma forma de segregação do louco, eles não o queriam nas aldeias, nas cidades, então os mandavam embora e o louco vivia a circular entre locais. Os loucos muitas vezes eram segregados sendo mandados para barcos (naus) que circulavam pelo mar. A Nau dos Loucos, em minha concepção, é uma dessas formas de segregação, um local onde todos considerados fora do padrão de normalidade seriam colocados e mandados para longe. O mar também vemos sendo utilizado como uma analogia com a perda de controle, um lugar onde você se perde em sua própria mente, enlouquece. Vejo a Nau dos Loucos tanto como um lugar para onde eles eram postos por supostamente perderem o controle quanto um lugar onde os mesmos acabavam a perde-lo por completo (ou quase).
Explique a passagem da Loucura ao longo do tempo e como ela vai mudando, na perspectiva de Foucault.
Na época renascentista haviam três tipos de concepção do louco: a trágica (louco como ameaça); a crítica (louco como aquele que fala a verdade) e da loucura como a morte, ou seja, uma possibilidade iminente, o que leva ao louco circulante. No caso a circulação era uma forma de segregação do louco, eles não o queriam nas aldeias, nas cidades, então os mandavam embora e o louco vivia a circular entre locais. Quem falava da loucura nessa época eram os escritores, dramaturgos, pintores, artistas em geral. Havia uma relação muito íntima entre verdade e loucura, loucura e razão, os artistas não silenciavam a loucura e sim as exploravam em sua arte.
Na era clássica a loucura muda em função da religião e da filosofia. Em 1656 foi inaugurado o Hospital Geral de Paris onde iam todos que não trabalhavam e/ou não faziam uso da razão. A primeira modificação veio com Descartes, na dúvida hiperbólica: se duvida de tudo, pensa, se pensa, existe. Esse era o pensamento racional para ele, que dizia que o louco não pensa e então não sabe que existe. Via-se loucura como um erro. A modificação vinda da religião acontece com Luthero e Calvino, que dominam com a concepção de loucura conectada a pobreza, diferente do pensamento anterior a eles, o franciscano, em que a pobreza era vista de forma religiosamente positiva. Nos hospitais eram colocados os ditos loucos da época, que deveriam manter-se excluídos da sociedade até a morte.
Chegando assim a era moderna - após a revolução francesa - com Pinel. Nessa era chegam os conceitos da doença mental (que precisa ser “curada”), da psiquiatria (modo de se estudar como tratar a doença mental) e o hospício (lugar para onde iriam os ditos “doentes mentais”). A cura da doença mental seria a volta da razão, nesta concepção, sendo que acabava se tornando apenas o silenciamento da loucura.
Disserte sobre as práticas discursivas atuais sobre o tema, tomando o Foucault como referência. 
Foucault foi o primeiro a mostrar como a forma da psiquiatria de trabalhar com a loucura era mais um entorpecimento do que uma cura e assim a ajudar em toda uma reestruturação do manejo ligado a saúde mental e sendo a faísca necessária para acender a chama da luta antimanicomial. Atualmente, graças a ele, há um trabalho – ainda tímido em boa parte do Brasil - para acabar com a segregação dos ditos loucos e ajudar de forma a que alcancem seu potencial completo sem se tornarem totalmente dependentes de uma instituição que os aprisiona e adoecem mais do que ajudam, assim como ajudar a sociedade a enxergarem-os como pessoas, que, como todos, diferem de uma maneira ou outra.