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Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
Julgados não comentados por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base 
em peculiaridades do caso concreto: REsp 1.483.620-SC; REsp 1.514.731-RS; REsp 1.518.525-SE; Leia-os ao final. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Ilegitimidade passiva da União em demanda que envolve erro médico ocorrido em hospital do SUS. 
 
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO 
 Possibilidade de desconto dos dias parados da remuneração dos grevistas. 
 
DIREITO CIVIL 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Prazo prescricional da ação de indenização proposta contra pessoa jurídica de direito privado prestadora de 
serviço público. 
 
DPVAT 
 Termo inicial da atualização monetária das indenizações relativas ao seguro DPVAT. 
 
UNIÃO ESTÁVEL 
 Irretroatividade dos efeitos de contrato de união estável. 
 
SUCESSÃO CAUSA MORTIS 
 Responsabilidade dos herdeiros pelo pagamento de dívida divisível do autor da herança. 
 
SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
 Sucessão do cônjuge em concorrência com os descendentes e regime da comunhão parcial. 
 
COLAÇÃO DE BENS 
 Direito de o herdeiro exigir a colação mesmo que ainda não concebido no momento da doação. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
PRÁTICAS ABUSIVAS 
 Súmula 532-STJ. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
MARCA 
 Caducidade de marca (art. 143 da LPI). 
 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
 Legitimidade ativa para ação social. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
SUSPENSÃO DO PROCESSO 
 Prejudicialidade externa entre ação reivindicatória e ação de nulidade de negócio jurídico. 
 
CAUÇÃO 
 Possibilidade de dispensa da caução prevista no art. 835 do CPC 1973 (art. 83 do CPC 2015). 
 
RECURSOS 
 Insuficiência do preparo e intimação do recorrente para suprir o pagamento. 
 
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
 Descabimento de fixação de honorários advocatícios em execução invertida. 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
 Indeferimento de pedido de penhora com fundamento na potencial iliquidez do bem. 
 Termo inicial do prazo para o oferecimento de embargos à execução fiscal quando afastada a necessidade de 
garantia prévia. 
 
PROCESSO COLETIVO 
 Legitimidade do MP para ajuizar ACP em defesa dos beneficiários do DPVAT 
 
DIREITO PENAL 
DOSIMETRIA DA PENA 
 Aumento da pena-base de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor. 
 
FURTO 
 Furto praticado no interior de estabelecimento comercial equipado com mecanismo de vigilância e de segurança. 
 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
 Meios de comprovação da menoridade da vítima nos crimes sexuais. 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO 
 O crime de entrega de direção de veículo automotor a pessoa não habilitada é de perigo abstrato. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PROGRESSÃO DE REGIME 
 Progressão de regime do reincidente condenado por crime hediondo. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
PREVIDÊNCIA PRIVADA 
 Condição para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de previdência complementar 
de entidade fechada. 
 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
 Lei aplicável para reger a sucessão causa mortis e bem imóvel situado no exterior. 
 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Ilegitimidade passiva da União em demanda que envolve erro médico ocorrido em hospital do SUS 
 
Importante!!! 
Atualize seu livro de 2014 
A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro 
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema 
Único de Saúde (SUS). De acordo com a Lei 8.080/90, a responsabilidade pela fiscalização dos 
hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete responder em tais casos. 
STJ. 1ª Seção. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015 (Info 563). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Uma gestante, em trabalho de parto, procurou o hospital particular “Boa Saúde”, credenciado junto ao 
SUS para prestar atendimento gratuito à população em geral. Em outras palavras, esse hospital recebe 
verbas do SUS para que uma parte de seu atendimento seja destinada a todas as pessoas, 
independentemente de pagamento. 
Ocorre que a gestante teve que esperar quatro horas para ser atendida e, ao ser encaminhada para a sala 
de parto, não pode ser feita a cesárea em virtude da ausência de médico especialista. 
Essa longa espera fez com que a mulher perdesse o filho. 
Diante disso, ela ajuizou ação de indenização por danos morais contra a União alegando que, apesar de o 
hospital ser privado, o atendimento era realizado pelo SUS e a União, como gestora nacional do SUS, 
deveria ser responsabilizada pela má prestação dos serviços. 
 
Tese da União 
A AGU contestou o pedido afirmando que a União é parte ilegítima para figurar na ação indenizatória 
relacionada com a falha de atendimento médico, pois, apesar de ser a gestora nacional do Sistema Único 
de Saúde, a função de fiscalizar e controlar os serviços de saúde é delegada aos Municípios nos termos do 
art. 18 da Lei nº 8.080/90. 
 
Afinal de contas, a União possui ou não legitimidade para figurar no polo passivo dessa demanda? 
NÃO. A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro 
médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo SUS. Isso porque, de 
acordo com a descentralização das atribuições previstas na Lei nº 8.080/90, a responsabilidade pela 
fiscalização dos hospitais credenciados ao SUS é do Município, a quem compete responder em tais casos. 
 
Assim, nos termos do art. 18, X, da Lei n. 8.080/90, compete ao Município celebrar contratos e convênios com 
entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar a respectiva execução. 
 
Não se deve confundir a obrigação solidária dos entes federativos em assegurar o direito à saúde e 
garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, 
com a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados a terceiros. Nesta, o interessado busca uma 
reparação econômica pelos prejuízos sofridos, de modo que a obrigação de indenizar se sujeita à 
comprovação da conduta, do dano e do respectivo nexo de causalidade. 
 
Dessa forma, não há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União, seja porque a conduta 
não foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade de aferir-se a existência de culpa in eligendo ou 
culpa in vigilando. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
 
GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO 
Possibilidade de desconto dos dias parados da remuneração dos grevistas 
 
Deve ser suspensa a execução da decisão liminar (art. 25, § 3º, da Lei 8.038/1990) proibitiva 
de desconto salarial dos dias de paralisação decorrentes de greve dos professores do Estado 
de São Paulo, movimento paredista que durava mais de 60 dias até a análise do pedido de 
suspensão de segurança, sem êxito nas tentativas de acordo e sem notícia de decisão judicial 
sobre as relações obrigacionais entre grevistas e o Estado, e que, além disso, já havia levado ao 
dispêndio de vultosos recursos na contratação de professores substitutos, como forma de 
impedir a iminente interrupção da prestação do serviço público educacional do Estado. 
STJ. Corte Especial. AgRg na SS 2.784-SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 3/6/2015 (Info 563). 
 
O caso concreto foi o seguinte: 
Os professores da rede estadualde ensino do Estado de São Paulo iniciaram uma greve que já durava mais 
de 60 dias. 
O Estado de São Paulo anunciou que iria descontar da remuneração dos professores os dias que eles 
estivessem parados. 
Diante dessa informação, o Sindicato dos Professores impetrou mandado de segurança contra o 
Governador do Estado pedindo que ele se abstivesse de fazer esses descontos. 
Lembrando que a competência para julgar mandado de segurança contra Governador do Estado é do 
Tribunal de Justiça (não é do STJ!!) (o STJ é competente para julgar crimes praticados por Governadores). 
Pois bem. Voltando. O Tribunal de Justiça concedeu a liminar em favor dos professores. 
Diante disso, o Estado de São Paulo formulou pedido de suspensão de segurança no STJ requerendo a 
suspensão da execução da liminar deferida, até trânsito em julgado da decisão do mandado de segurança. 
 
O STJ deferiu o pedido de suspensão? 
SIM. O STJ entendeu que a liminar deferida pelo TJSP deveria ser suspensa, nos termos do art. 25, § 3º, da 
Lei n. 8.038/90. 
Para a Corte, encontra-se configurada grave lesão à ordem e à economia pública do referido Estado. 
O STJ considerou que está provada a ocorrência de danos aos cofres públicos decorrentes da possibilidade 
de dispêndio de vultosos valores com o pagamento dos dias parados, somados ao considerável montante 
gasto com a contratação de professores temporários em substituição aos servidores grevistas, de modo a 
evitar a iminente interrupção do já notoriamente precário ensino público, que é serviço essencial. 
Para a Corte, é possível autorizar o desconto dos dias parados sem que isso configure violação ao direito 
constitucional de greve. A presidência do STF já decidiu nesse sentido: 
“(...) nos termos do art. 7º da Lei n. 7.783/1989, a deflagração da greve, em princípio, corresponde à 
suspensão do contrato de trabalho. Na suspensão do contrato de trabalho não há falar propriamente em 
prestação de serviços, nem tampouco no pagamento de salários. Como regra geral, portanto, os salários 
dos dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada 
justamente por atraso no pagamento ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento 
da premissa da suspensão do contrato de trabalho.” (STA 207, Rel. Min. Presidente, Decisão Proferida 
pelo(a) Ministro(a) Gilmar Mendes, julgado em 08/04/2008). 
 
O desconto dos dias parados representa uma ponderação que deve ser feita entre o regular exercício do 
direito de greve e o direito à prestação dos serviços públicos fundamentais. 
 
A Corte Especial do STJ já decidiu no mesmo sentido: 
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. GREVE. REMUNERAÇÃO. DESCONTO. POSSIBILIDADE. 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ATO DISCRICIONÁRIO. ORDEM DENEGADA. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
I - O c. Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei n.º 7.783⁄89, que dispõe sobre o exercício do direito de 
greve, deve ser aplicada, no que couber, também aos servidores públicos civis (MI n.º 708⁄DF, Tribunal 
Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 31⁄10⁄2008). 
II - Desse modo, é de ser compreendido que a deflagração do movimento grevista suspende, no setor 
público, o vínculo funcional e, por conseguinte, desobriga o Poder Público do pagamento referente aos 
dias não trabalhados. (...) 
III - A existência de acordo, convenção coletiva, laudo arbitral ou decisão judicial regulando as relações 
obrigacionais decorrentes do movimento paredista pode prever a compensação dos dias de greve (ex vi do 
art. 7º, in fine, da Lei nº 7.783⁄89) 
IV - Todavia, à míngua dessas tratativas, não há direito líquido e certo dos servidores sindicalizados a ser 
tutelado na via mandamental, já que, nesses casos, deve prevalecer o poder discricionário da 
Administração, a quem cabe definir pelo desconto, compensação ou outras maneiras de administrar o 
conflito, sem que isso implique qualquer ofensa aos princípios da proporcionalidade ou razoabilidade. 
Ordem denegada' (MS nº 17.405⁄DF, Relator Ministro Feliz Fischer, DJe, 09.05.2012). Grifou-se. 
 
É de se ver, portanto, que o caso dos autos amolda-se ao precedente acima transcrito, pois não há notícia 
de existência de acordo ou decisão judicial que verse sobre as relações obrigacionais entre grevistas e o 
Estado durante o movimento paredista. 
 
No caso, a manifestação grevista já durava mais de 60 dias e não havia tido êxito as tentativas de 
conciliação realizada entre governantes e membros do movimento paredista. 
 
Tema polêmico 
Ressalto que o tema acima é polêmico, mas existem decisões recentes do STJ no mesmo sentido, ou seja, 
afirmando que é possível o desconto da remuneração dos grevistas. Vale lembrar, no entanto, que em vez 
dos descontos, é permitido que seja feita uma negociação para que haja compensação dos dias 
paralisados. Parece-me ser a posição majoritária no STJ. Confira: 
(...) 2. É pacífica a jurisprudência, em conformidade com a do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que 
é licito o desconto dos dias não trabalhados em decorrência de movimento paredista, na medida em que o 
exercício do direito de greve acarreta a suspensão do contrato do trabalho, consoante disposto no art. 7º 
da Lei 7.783/1989, não gerando direito à remuneração, salvo acordo específico formulado entre as partes. 
3. O dever de assiduidade do servidor público decorre de expressa disposição legal contida no art. 116, inciso X, 
da Lei n.º 8.112/90. Assim, ocorrendo a falta ao serviço, deve o servidor, oportunamente, justificá-la à sua 
chefia imediata, sob pena de ter descontado em sua remuneração os dias não trabalhados, nos termos da 
disciplina prevista no art. 44, inciso I, da Lei n.º 8.112/90, para faltas injustificadas. 
4. Nas ausências justificadas, decorrentes de caso fortuito ou força maior, o servidor tem o dever de 
comunicar à chefia imediata, que poderá autorizar a devida compensação, de modo a evitar a realização 
dos descontos, a teor das normas contidas no inciso II e parágrafo único do art. 44 da Lei n.º 8.112/90. 
5. A falta decorrente de participação do servidor em movimento paredista é considerada ausência 
justificada, que, segundo a referida dicção legal, pode ser compensada, evitando o desconto na 
remuneração. 
6. Aplicando a mesma sistemática para todas as faltas justificadas não compensadas, prescinde de processo 
administrativo a realização dos descontos na remuneração do servidor decorrentes das referidas ausências. 
7. Segurança denegada. 
STJ. 3ª Seção. MS 14.942/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/05/2012. 
 
(...) Esta Corte assentou a compreensão de que, embora o direito de greve seja constitucionalmente 
assegurado, é legítimo o desconto relativo aos dias não trabalhados. (...) 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1145471/SC, Min. Haroldo Rodrigues (Des. Conv. TJ/CE), julgado em 09/08/2011) 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
DIREITO CIVIL 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Prazo prescricional da ação de indenização proposta contra 
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público 
 
É de 5 anos o prazo prescricional para que a vítima de um acidente de trânsito proponha ação de 
indenização contra concessionária de serviço público de transporte coletivo (empresa de ônibus). 
O fundamento legal para esse prazo está no art. 1º-C da Lei 9.494/97 e também no art. 14 c/c 
art. 27, do CDC. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.277.724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 26/5/2015 (Info 563). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
João foi atropelado por um ônibus de linha, pertencente à empresa privada “XXX”, que é concessionária 
do serviço público de transporte coletivo. 
A vítima deseja ingressar com ação de indenização por danos morais e materiais contra a concessionária.Qual é o prazo prescricional aplicável: 3 ou 5 anos? 
5 anos. 
 
Qual é o fundamento para esse prazo de 5 anos? Seria o Decreto 20.910/1932, que dispõe sobre a 
prescrição contra a Fazenda Pública? 
NÃO. O fundamento legal para o prazo de 5 anos é o art. 1º-C da Lei n. 9.494/97, que se encontra em 
vigor e que é norma especial em relação ao art. 206, § 3º, V, do Código Civil. Veja o que diz o dispositivo: 
Art. 1º-C. Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por agentes de pessoas 
jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos. 
 
O STJ entendeu que não se aplicaria ao caso o Decreto 20.910/1932 porque a Lei n. 9.494/97 é mais 
específica para a situação já que envolvia concessionária de serviço público. 
 
Outro fundamento que poderia ser invocado como reforço: o CDC 
O pedestre que é atropelado por um ônibus de linha é considerado como consumidor por equiparação 
(bystander). Logo, há uma relação de consumo por força da regra de extensão do art. 17 do CDC: 
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 
 
Assim, pode-se aplicar também o regime da responsabilidade pelo fato do serviço do art. 14 do CDC, e, 
consequentemente, o prazo de prescrição seria também de 5 anos, conforme previsto no art. 27 do CDC: 
Art. 27. Prescreve em 5 (cinco anos) a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou 
do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento 
do dano e de sua autoria. 
 
 
 
DPVAT 
Termo inicial da atualização monetária das indenizações relativas ao seguro DPVAT 
 
A incidência de atualização monetária nas indenizações por morte ou invalidez do seguro 
DPVAT, prevista no § 7º do art. 5º da Lei 6194/74, redação dada pela Lei 11.482/2007, opera-
se desde a data do evento danoso. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.483.620-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/5/2015 (Info 563). 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
 
O que é o DPVAT? 
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre) é um seguro obrigatório 
de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, 
transportadas ou não. 
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou 
por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange os 
motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os seus respectivos herdeiros. 
Ex: dois carros batem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. No 
carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois motoristas 
morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas receberão 
indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre receberão 
indenização de DPVAT por invalidez. 
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os 
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. 
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. 
 
Quem custeia as indenizações pagas pelo DPVAT? 
Os proprietários de veículos automotores. Trata-se de um seguro obrigatório. Assim, sempre que o 
proprietário do veículo paga o IPVA, está pagando também, na mesma guia, um valor cobrado a título de 
DPVAT. 
O STJ afirma que a natureza jurídica do DPVAT é a de um contrato legal, de cunho social. 
O DPVAT é regulamentado pela Lei nº 6.194/74. 
 
Como a pessoa obtém a indenização do DPVAT? 
A pessoa deverá procurar uma das empresas seguradoras que seja consorciada ao DPVAT e apresentar a 
documentação necessária. Para requerer o seguro DPVAT não é necessário advogado, despachante ou 
qualquer outra ajuda de terceiros. 
 
Existe um prazo para pagamento? 
SIM. A Lei prevê que a indenização deve ser paga, em cheque nominal aos beneficiários, no prazo de 30 
dias da entrega dos documentos que comprovem o acidente, o óbito, a invalidez etc. (art. 5º, § 1º). 
 
Qual é o valor da indenização de DPVAT prevista na Lei? 
• no caso de morte: R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de invalidez permanente: até R$ 13.500,00 (por vítima) 
• no caso de despesas de assistência médica e suplementares: até R$ 2.700,00 como reembolso a cada vítima. 
 
Esses valores estão previstos textualmente no art. 3º da Lei n. 6.194/74 e foram previstos nesta Lei por 
força da MP340/2006. Confira: 
Art. 3º Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2º desta Lei compreendem as 
indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e 
suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: 
I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; 
II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e 
III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de 
assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. 
 
Obs: os três incisos acima foram incluídos pela Medida Provisória 340/2006, convertida na Lei n. 
11.482/2007. Antes, tais valores eram previstos em salários-mínimos. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
 
Pois bem. Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
A esposa de João faleceu em um acidente de trânsito. João pleiteou, então, o pagamento da indenização 
de R$ 13.500,00 prevista no inciso I do art. 3º da Lei n. 6.194/74. No entanto, João defendeu a seguinte 
tese: ora, esse valor é o mesmo desde 2006 (quando a MP 340/2006 foi editada). Isso não é justo porque 
em todos os pagamentos de valores deverá haver correção monetária. 
Desse modo, João sustentou que o valor que seria pago a ele, ou seja, os R$ 13.500,00, deveria ser 
corrigido monetariamente desde 2006 até o momento do seu pagamento. 
 
A tese de João foi aceita pela jurisprudência? Os valores da indenização do DPVAT deverão ser 
atualizados (corrigidos monetariamente) desde 2006, ou seja, quando tais quantias foram previstas na 
lei em quantias fixas? 
NÃO. A MP 340/2006 (convertida na Lei 11.482/2007) não previu que os valores deveriam ser corrigidos 
desde 2006. Isso não foi determinado pela MP. Assim, infelizmente, tais indenizações foram, ao longo dos 
anos, perdendo valor real diante da inflação. 
 
Mas a Lei do DPVAT (Lei n. 6.194/74) não prevê nenhum tipo de correção monetária? Ela não fala disso 
em nenhum dispositivo? 
Prevê sim. O § 7º do art. 5º da Lei n. 6.194/74 (Incluído pela Lei nº 11.482/2007) estabelece o seguinte: 
Art. 5º (...) 
§ 7º Os valores correspondentes às indenizações, na hipótese de não cumprimento do prazo para o 
pagamento da respectiva obrigação pecuniária, sujeitam-se à correção monetária segundo índice oficial 
regularmente estabelecido e juros moratórios com base em critérios fixados na regulamentação específica 
de seguro privado. 
 
Desse modo, a única correção monetária que a Lei do DPVAT previu foi para o caso de a indenização não 
ser paga no prazo de 30 dias, que é o tempo previsto na Lei para que a seguradora pague o beneficiário 
(art. 5º, § 1º). Assim, demorando mais de 30 dias para ser paga a indenização, deverá incidir correção 
monetária, que será contada desde a data do evento danoso. 
 
Resumindo: 
 Existe correção monetária dos valores do DPVAT desde 2006? NÃO. Tais valores foram previstos em 
quantias fixas e a MP e a Lei não previram formas de corrigirtais quantias (infeliz opção do legislador, 
que não pode ser consertada pelo Poder Judiciário); 
 Existe alguma forma de correção monetária dos valores do DPVAT? SIM. A Lei prevê que, se a 
seguradora demorar mais que 30 dias para pagar a indenização após o recebimento dos documentos, 
o beneficiário deverá receber os valores com correção monetária, mas o termo inicial desta correção 
não é 2006 e sim a data do evento danoso. 
 
Em sede de recurso repetitivo, o STJ fixou a seguinte tese: 
A incidência de atualização monetária nas indenizações por morte ou invalidez do seguro DPVAT, prevista 
no § 7º do art. 5º da Lei n. 6194⁄74, redação dada pela Lei n. 11.482⁄2007, opera-se desde a data do 
evento danoso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIÃO ESTÁVEL 
Irretroatividade dos efeitos de contrato de união estável 
 
Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim 
de eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. 
Ex: em 2010, Christian, rico empresário, começa a namorar Anastasia. O relacionamento fica 
sério e se transforma em uma união pública, duradoura e contínua. Eles, inclusive, falam em 
constituir uma família. Em 2015, orientado por seus advogados, Christian decide celebrar com 
Anastasia um “contrato de união estável” (contrato de convivência). No instrumento é 
estipulado que o regime de bens do casal é o da separação total. Consta uma cláusula no 
contrato prevendo que esse regime de bens retroage ao ano de 2010, quando começou o 
relacionamento entre o casal. O STJ entende que essa cláusula de retroação é inválida. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.383.624-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
UNIÃO ESTÁVEL 
Conceito 
A união estável é uma entidade familiar, caracterizada pela união entre duas pessoas, do mesmo sexo ou 
de sexos diferentes, que possuem convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivo de 
constituição de família. 
 
Previsão constitucional 
Art. 226 (...) § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a 
mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
 
Previsão no CC-2002 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada 
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
 
Apesar da CF-88 e do CC-2002 falarem em união de homem e mulher, o STF, ao julgar a ADI 4.277-DF em 
conjunto com a ADPF 132-RJ, entendeu que é possível a existência de uniões estáveis homoafetivas, ou seja, 
entre pessoas do mesmo sexo. (ADI 4277, Rel. Min. Ayres Britto, Tribunal Pleno, julgado em 05/05/2011). 
 
Requisitos para a caracterização da união estável 
a) A união deve ser pública (não pode ser oculta, clandestina); 
b) A união deve ser duradoura, ou seja, estável, apesar de não se exigir um tempo mínimo; 
c) A união deve ser contínua (sem que haja interrupções constantes); 
d) A união deve ser estabelecida com o objetivo de constituir uma família; 
e) As duas pessoas não podem ter impedimentos para casar; 
f) A união entre essas duas pessoas deve ser exclusiva (é impossível a existência de uniões estáveis 
concomitantes e a existência de união estável se um dos componentes é casado e não separado de fato). 
 
A coabitação é um requisito da união estável? 
NÃO. O CC-2002 não exige que os companheiros residam sob o mesmo teto, de sorte que continua em 
vigor, com as devidas adaptações, a antiga Súmula 382-STF: A vida em comum sob o mesmo teto "more 
uxorio", não é indispensável à caracterização do concubinato. 
 
Se duas pessoas estão vivendo em união estável, a lei prevê regras para disciplinar o patrimônio desse casal? 
SIM. O Código Civil estabelece que, na união estável, as relações patrimoniais entre o casal obedecem às 
regras do regime da comunhão parcial de bens (art. 1.725). Em outras palavras, é como se as pessoas que 
vivem em união estável estivessem casadas sob o regime da comunhão parcial de bens. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
É possível que esse casal altere isso? 
SIM. Os companheiros podem celebrar um contrato escrito entre si estipulando regras patrimoniais 
específicas que irão vigorar naquela união estável. Ex.: empresários, esportistas ou artistas milionários 
costumam assinar contratos de convivência com suas companheiras estabelecendo que, naquela união 
estável, irá vigorar o regime da separação de bens. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
Em 2010, Christian, rico empresário, começa a namorar Anastasia. 
O relacionamento fica sério e se transforma em uma união pública, duradoura e contínua. Eles, inclusive, 
falam em constituir uma família. 
Em 2015, orientado por seus advogados, Christian decide celebrar com Anastasia um “contrato de união 
estável” por meio de escritura pública lavrada por tabelião de notas. 
No contrato é estipulado que o regime de bens do casal é o da separação total. 
A cláusula 9.1.2.3.4 afirma que esse regime de bens retroage ao ano de 2010, quando começou o 
relacionamento entre o casal. 
 
Segundo o STJ, essa cláusula é válida? 
NÃO. Não é lícito aos conviventes atribuírem efeitos retroativos ao contrato de união estável, a fim de 
eleger o regime de bens aplicável ao período de convivência anterior à sua assinatura. 
O regime de bens entre os companheiros começa a vigorar na data da assinatura do contrato, assim como 
o regime de bens entre os cônjuges começa a produzir efeitos na data do casamento (§ 1º do art. 1.639 
do CC). 
Assim, em nosso exemplo, Anastasia será proprietária de metade do que Christian adquiriu onerosamente 
desde que começou a união estável até a data da assinatura do contrato quando passa a vigorar o regime 
da separação total. O contrato de união estável é válido, mas somente gera efeitos para o futuro, ou seja, 
o STJ não admitiu a atribuição de efeitos pretéritos. Em suma, só a cláusula da retroação é que era ilícita. 
 
Cuidado: 
Muitos livros defendem posição contrária ao que foi decidido pelo STJ. É o caso, por exemplo, de Maria 
Berenice Dias e Francisco José Cahali. Assim, muita atenção para o tipo de pergunta que será feita na hora 
da prova para não se lembrar do que leu no livro e errar a questão, especialmente em concursos CESPE. 
 
 
 
SUCESSÃO CAUSA MORTIS 
Responsabilidade dos herdeiros pelo pagamento de dívida divisível do autor da herança 
 
Em execução de dívida divisível do autor da herança ajuizada após a partilha, cada herdeiro 
beneficiado pela sucessão responde na proporção da parte que lhes coube na herança. 
Ex: João faleceu e deixou como únicos herdeiros seus cinco filhos. O patrimônio deixado por 
João foi equivalente a R$ 1 milhão, tendo cada filho herdado a quota parte de 20% desse valor. 
Depois de ter sido feito o inventário e a partilha dos bens, apareceu Mário cobrando uma 
dívida de R$ 500 mil da qual João era devedor. Mário terá que ingressar com a execução contra 
os cinco herdeiros e cada um responderia por 20% da dívida (proporcional à parte que coube 
a cada um). Logo, como a dívida total é R$ 500 mil, cada herdeiro somente poderia ser 
condenado a pagar, no máximo, R$ 100 mil. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.367.942-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/5/2015 (Info 563). 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João faleceu e deixou como únicos herdeiros seus cinco filhos. 
O patrimônio deixado por João foi equivalente a R$ 1 milhão, tendo cada filho herdado a quota parte de 
20% desse valor, ou seja, R$ 200 mil.Depois de ter sido feito o inventário e a partilha dos bens, apareceu Mário com uma nota promissória 
assinada por João na qual este se comprometia a pagar R$ 500 mil. Em outras palavras, Mário possui um 
título executivo assinado por João. 
 
Se Mário tivesse aparecido antes da partilha ele poderia se habilitar no inventário para receber a quantia? 
SIM. Assim que a pessoa morre, surge a herança, que é transmitida aos herdeiros (art. 1.784 do CC). 
A herança é formada pelo acervo patrimonial e pelas dívidas (obrigações) deixadas pelo falecido. 
Os credores do autor da herança têm a faculdade de, antes da partilha dos bens transmitidos, habilitar 
seus créditos no juízo do inventário ou, então, de ajuizarem ações de cobrança contra o espólio. 
A habilitação de crédito pode ensejar o pagamento da dívida no próprio processo de inventário ou, se surgir 
discordância entre os sucessores, o juiz poderá determinar a reserva de bens para garantir o eventual 
pagamento da obrigação (art. 1.997, § 1º) e o credor terá que ajuizar ação própria autônoma contra o espólio. 
 
E no caso de já ter sido feita a partilha? Em nosso exemplo, Mário poderá executar o título? Contra 
quem será proposta a execução? 
SIM. Mesmo já tendo ocorrido a partilha, ainda assim ele poderá ajuizar execução de título extrajudicial. 
Como não existe mais espólio, essa ação será proposta contra os herdeiros do morto. Isso está previsto no 
Código Civil, nos seguintes termos: 
Art. 1.997. A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido; mas, feita a partilha, só 
respondem os herdeiros, cada qual em proporção da parte que na herança lhe coube. 
 
Essa mesma regra é trazida pelo CPC: 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 597. O espólio responde pelas dívidas do 
falecido; mas, feita a partilha, cada herdeiro 
responde por elas na proporção da parte que na 
herança lhe coube. 
Art. 796. O espólio responde pelas dívidas do 
falecido, mas, feita a partilha, cada herdeiro 
responde por elas dentro das forças da herança e 
na proporção da parte que lhe coube. 
 
Mas os herdeiros irão responder por uma dívida que não era deles (e sim do morto)? 
SIM. Os herdeiros irão responder pela dívida, mas esta responsabilidade é intra vires hereditatis, ou seja, é 
proporcional à parte que lhe coube. Há, portanto, uma responsabilidade patrimonial limitada. Além dos 
dispositivos acima citados, isso fica também claro pela leitura da 1ª parte do art. 1.792 do CC: 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a 
prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados. 
 
Mesmo sendo a dívida divisível (ex: em dinheiro), o credor poderá ajuizar a ação contra um só herdeiro 
cobrando o débito todo? Mário poderá propor a execução contra apenas alguns dos filhos cobrando a 
dívida toda? 
NÃO. Em execução de dívida divisível do autor da herança ajuizada após a partilha, cada herdeiro 
beneficiado pela sucessão responde na proporção da parte que lhes coube na herança. 
Após a partilha, não há que se falar em solidariedade entre os herdeiros de dívidas divisíveis, motivo pelo 
qual caberá ao credor executar os herdeiros pro rata, observando a proporção da parte que lhes coube 
(quinhão) no tocante ao acervo partilhado. 
Assim, em nosso exemplo, Mário teria que ingressar com a execução contra os cinco herdeiros e cada um 
responderia por 20% da dívida (proporcional à parte que coube a cada um). Logo, como a dívida total é R$ 
500 mil, cada herdeiro somente poderia ser condenado a pagar, no máximo, R$ 100 mil. 
 
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SUCESSÃO DO CÔNJUGE 
Sucessão do cônjuge em concorrência com os descendentes e regime da comunhão parcial 
 
Importante!!! 
O cônjuge irá herdar se o falecido deixou descendentes? 
Depende. Para responder a isso deveremos analisar o regime de bens (art. 1.829, I, do CC). 
 
Se o cônjuge era casado sob o regime da comunhão parcial de bens e o falecido deixou 
descendentes, o cônjuge terá direito à herança? 
 Se o falecido NÃO deixou bens particulares: o cônjuge sobrevivente não terá direito à 
herança. Vale ressaltar, no entanto, que ele, como cônjuge, já tem direito à metade desses 
bens por ser meeiro. 
Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; João não deixou bens particulares; 
Maria (esposa de João) terá direito a duas casas por ser meeira; os filhos de João herdarão 
as outras duas casas; Maria não terá direito à herança. 
 
 Se o falecido deixou bens particulares: tais bens particulares serão herdados tanto pelo 
cônjuge como pelos descendentes (eles dividirão/concorrerão). 
Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; duas dessas casas eram bens comuns 
do casal (casas “A” e “B”); as duas outras eram bens particulares de João (casas “C” e “D”, que 
ele possuía em seu nome mesmo antes de se casar); Maria (esposa de João) terá direito a 
uma casa (ex: “A”) por ser meeira (a meeira tem direito a metade dos bens comuns); os filhos 
de João herdarão sozinhos (sem a participação de Maria) a casa ”B”; os filhos de João, em 
concorrência com Maria, herdarão também as casas “C” e “D” (bens particulares de João). 
 
O entendimento do STJ está em harmonia com o enunciado da Jornada de Direito Civil: 
Enunciado 270-CJF: O art. 1.829, inciso I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de 
concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da 
separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou 
participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a 
concorrência restringe-se a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados 
exclusivamente entre os descendentes. 
 
Resumindo: o cônjuge sobrevivente, casado sob o regime de comunhão parcial de bens, 
somente concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido com relação aos bens 
particulares eventualmente constantes do acervo hereditário. 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.368.123-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado 
em 22/4/2015 (Info 563). 
 
Se a pessoa morrer e for casada, o cônjuge terá direito à herança? O cônjuge é herdeiro? 
SIM. O cônjuge é herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). 
 
O cônjuge será considerado herdeiro necessário mesmo que ele e o falecido fossem casados sob o 
regime da separação de bens? 
SIM. O cônjuge, qualquer que seja o regime de bens adotado pelo casal, é herdeiro necessário (art. 1.845). 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
Exceção: 
O cônjuge não será herdeiro se, quando houve a morte, o casal estava separado, nos termos do art. 1.830 
do CC: 
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do 
outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, 
neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente. 
 
Esqueça a exceção. Voltemos à regra (o casal não estava separado, ou seja, continua junto). O cônjuge 
irá herdar se o falecido deixou descendentes? 
Depende. Aí teremos que analisar o regime de bens. A regra está no art. 1.829, I, do CC: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou 
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
 
Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina e jurisprudência. O 
que se pode extrair dele é o seguinte:o cônjuge é herdeiro necessário, mas há situações em que a lei deu 
primazia (preferência) para os descendentes do morto. Assim, foram previstos alguns casos em que o 
herdeiro, a depender do regime de bens, não irá ter direito à herança, ficando esta toda com os 
descendentes. Vejamos: 
 
I – Situações em que o cônjuge herda em 
concorrência com os descendentes 
II – Situações em que o cônjuge não herda em 
concorrência com os descendentes 
 Regime da comunhão parcial de bens, 
se existirem bens particulares do falecido. 
 Regime da separação convencional de bens (é 
aquela que decorre de pacto antenupcial). 
 
 Regime da comunhão parcial de bens, 
se não havia bens particulares do falecido. 
 Regime da separação legal (obrigatória) de bens 
(é aquela prevista no art. 1.641 do CC). 
 Regime da comunhão universal de bens. 
 
Observação importante para fins de concurso: o fato de o cônjuge não ter direito à herança, se existirem 
descendentes do falecido e dependendo do tipo de regime de bens, não faz com que ele (cônjuge) perca 
sua qualidade de herdeiro necessário. Ele continua sendo chamado de “herdeiro necessário” mesmo que, 
eventualmente, no caso concreto, não venha a ter direito à herança. Chamo atenção para isso porque é o 
entendimento do STJ e pode ser cobrado na prova. Veja o que disse o Min. João Otávio de Noronha: 
“E a norma contida no art. 1.829, I, do mesmo codex não altera essa realidade. O que ali está definido são 
as situações em que o herdeiro necessário cônjuge concorre com o herdeiro necessário descendente. Aí, 
sim, a lei estabelece que, a depender do regime de bens adotado, tais herdeiros necessários concorrem ou 
não entre si aos bens da herança. E percebam: a lei não afasta a condição de herdeiro necessário do 
cônjuge nos casos em que não admite a concorrência; simplesmente atribui ao descendente a primazia na 
ordem da vocação hereditária. (...)”. (REsp 1.382.170-SP). 
 
Qual é a justificativa do legislador para que o herdeiro não concorra com os descendentes nas situações 
do quadro II? 
Segundo aponta a doutrina, o objetivo foi evitar que o cônjuge tivesse direito à meação e também à 
herança ao mesmo tempo, fazendo com que ele ficasse em uma situação de muita vantagem em relação 
aos descendentes. Em outras palavras, havendo descendentes, o legislador não quis que o cônjuge 
supérstite (sobrevivente) fosse, ao mesmo tempo, meeiro e herdeiro. 
Veja abaixo a razão em relação a cada um dos regimes: 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
Comunhão universal 
Se o casal é casado no regime da comunhão universal, isso significa que, quando a pessoa morre, seu 
cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens do falecido já pertencem obrigatoriamente ao 
cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança. 
Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à metade dos bens pelo fato de ser 
meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra metade em prejuízo dos descendentes; vamos 
excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda para os descendentes.” 
 
Comunhão parcial 
Se a pessoa era casada no regime da comunhão parcial de bens, em regra, o cônjuge não terá direito à 
herança porque o cônjuge já terá direito à meação (metade dos bens). O cônjuge só terá direito à herança 
quanto aos bens que o falecido deixar e que eram suas coisas particulares. Isso porque os bens 
particulares do falecido não integram o conceito de “meação”. Logo, tais bens particulares serão herdados 
tanto pelo cônjuge como pelos descendentes (eles dividirão/concorrerão). 
O cônjuge sobrevivente, casado no regime de comunhão parcial de bens, concorrerá com os descendentes 
do cônjuge falecido somente quando este tiver deixado bens particulares. Se o falecido não deixou bens 
particulares, não há razão para o cônjuge sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a meação sobre o total 
dos bens em comum do casal deixados pelo inventariado, cabendo a outra metade somente aos 
descendentes deste. 
 
Resumindo: se o cônjuge era casado sob o regime da comunhão parcial de bens e o falecido deixou 
descendentes, o cônjuge terá direito à herança? 
 Se o falecido NÃO deixou bens particulares: o cônjuge sobrevivente não terá direito à herança. Vale 
ressaltar, no entanto, que ele, como cônjuge, já tem direito à metade desses bens por ser meeiro. 
Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; João não deixou bens particulares; Maria (esposa 
de João) terá direito a duas casas por ser meeira; os filhos de João herdarão as outras duas casas; 
Maria não terá direito à herança. 
 
 Se o falecido deixou bens particulares: tais bens particulares serão herdados tanto pelo cônjuge como 
pelos descendentes (eles dividirão/concorrerão). 
Ex: João morreu e deixou quatro casas de igual valor; duas dessas casas eram bens comuns do casal 
(casas “A” e “B”); as duas outras eram bens particulares de João (casas “C” e “D”, que ele possuía em 
seu nome mesmo antes de se casar); Maria (esposa de João terá direito a uma casa (ex: “A”) por ser 
meeira (a meeira tem direito a metade dos bens comuns); os filhos de João herdarão sozinhos (sem a 
participação de Maria) a casa ”B”; os filhos de João, em concorrência com Maria, herdarão também as 
casas “C” e “D” (bens particulares de João). 
 
Separação legal (obrigatória) 
O regime da separação legal (obrigatória) é aquele no qual a lei impõe a sua adoção pelo fato de as 
pessoas estarem casando em determinadas situações em que o legislador considerou “arriscadas” ao 
patrimônio de um dos nubentes. Tais hipóteses estão previstas no art. 1.641 do CC. Por isso, a lei impõe 
que os patrimônios fiquem separados. 
Pensando nisso, o legislador entendeu que, se tais patrimônios deverão ficar separados quando em vida, é 
natural que eles também fiquem separados quando houver a morte do(a) marido/mulher e existirem 
descendentes. 
 
E o regime da participação final nos aquestos? 
Houve uma falha do legislador, que não previu como fica a sucessão do cônjuge em caso do regime da 
participação final nos aquestos. Diante disso, a doutrina majoritária afirma que deverá ser aplicada, por 
analogia, a mesma regra da comunhão parcial de bens. Assim, em regra, o cônjuge não herdará (porque 
ele já irá receber a meação), salvo se houver bens particulares. Existindo bens particulares, ele terá direito 
de participar da herança desses bens particulares. Existe um enunciado do CJF nesse sentido: 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Enunciado 270-CJF: O art. 1.829, inciso I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência 
com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens 
ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse 
bens particulares, hipóteses em que a concorrência restringe-se a tais bens, devendo os bens comuns 
(meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes. 
 
E se o falecido morrer e não tiver descendentes? 
Aí teremos que analisar os demais incisos do art. 1.829. Resumindo: 
 Se o falecido tiver deixado descendentes: o cônjuge supérstite poderá ou não concorrer com eles na 
divisão da herança (teremos que analisar o regime de bens). 
 Se o falecido não tiver deixado descendentes, mas houver ascendentes: o cônjuge supérstite irá 
concorrer com eles (não importa mais o regime de bens). 
 Se o falecido não tiver deixado nem descendentes nem ascendentes: o cônjuge supérstite irá ficar com 
toda a herança para si (não importa mais o regime de bens). 
 Se o falecido não tiver deixado nem descendentes nem ascendentes nem cônjuge: a herança ficará 
com os colaterais até 4º grau. 
Se o falecido não tiver deixado nem descendentes nem ascendentes nem cônjuge nem colaterais até o 
4º grau: a herança será declarada vacante (vaga) e passará ao patrimônio do Município (ou DF). 
 
 
 
COLAÇÃO DE BENS 
Direito de o herdeiro exigir a colação mesmo que ainda não concebido no momento da doação 
 
Importante!!! 
O filho do morto tem o direito de exigir de seus irmãos a colação dos bens que estes receberam 
via doação a título de adiantamento da legítima, ainda que sequer tenha sido concebido ao 
tempo da liberalidade. 
Para efeito de cumprimento do dever de colação, é irrelevante se o herdeiro nasceu antes ou 
após a doação, não havendo também diferença entre os descendentes, se são eles irmãos 
germanos ou unilaterais ou se supervenientes à eventual separação ou divórcio do doador. 
Ex: em 2007, João doou todo o seu patrimônio (casas, apartamentos, carros etc.) para seus três 
filhos (Hugo, Tiago e Luis). Em 2010, João teve um novo filho (João Jr.), fruto de um 
relacionamento com sua secretária. Em 2012, João faleceu. Foi aberto inventário de João e, 
João Jr., o caçula temporão, representado por sua mãe, habilitou-se nos autos e ingressou com 
incidente de colação, distribuído por dependência nos autos do inventário, requerendo que 
todos os bens recebidos em doação por Hugo, Tiago e Luis fossem colacionados (devolvidos) 
para serem partilhados. Os donatários (Hugo, Tiago e Luis) contestaram o pedido afirmando 
que João Jr. ainda não havia nascido e sequer tinha sido concebido ao tempo das doações, o 
que afastaria o seu interesse em formular pedido de colação. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.298.864-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 19/5/2015 (Info 563). 
 
Noção geral sobre colação 
Quando uma pessoa morre, o Código Civil prevê diversas regras para que o patrimônio do falecido seja 
partilhado entre os seus herdeiros. 
Ex: se o falecido tiver deixado filhos: o cônjuge supérstite poderá ou não concorrer com eles na divisão da 
herança (teremos que analisar o regime de bens). Entre os filhos, por sua vez, não existe distinção, 
devendo cada um deles receber o mesmo quinhão. 
Ocorre que pode acontecer de o falecido, quando ainda era vivo, ter “doado” alguns de seus bens para os 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
descentes ou para seu cônjuge/companheiro. Ex: João possuía dois apartamentos e três filhos; quando 
ainda estava vivo, João doou um apartamento para o filho 1 e outro para o filho 2, não doando nada para 
o filho 3. 
Na situação narrada no exemplo, repare que houve uma distribuição desigual do patrimônio. Assim, 
quando João morresse, sua esposa e o filho 3 ficariam, em tese, sem herança porque ele, ainda em vida, 
doou os bens para os outros filhos. 
O legislador entendeu que esse cenário não seria “justo” e, por isso, criou uma regra para proteger os 
herdeiros necessários contra doações que forem feitas durante a vida do falecido e que não invadirem a 
legítima sem respeitar a igualdade que deve existir entre os herdeiros necessários que concorrem entre si. 
Assim, em nosso exemplo, depois que João falecer, o CC impõe que os filhos 1 e 2 deverão “devolver” os 
apartamentos doados e estes imóveis, juntamente com o restante da herança deixada pelo morto, serão 
divididos entre os herdeiros na forma prevista pela lei. 
 
Conceito de colação 
Colação é... 
- o dever imposto pelo Código Civil 
- aos herdeiros necessários do falecido 
- no sentido de que, se eles receberam alguma doação do falecido quando este ainda era vivo, 
- serão obrigados a trazer de volta para o monte esses bens 
- a fim de que, reunido todo o patrimônio que pertencia ao morto, 
- ele seja partilhado entre os herdeiros na forma prevista na lei. 
 
Previsão no Código Civil 
A colação está disciplinada nos arts. 2.002 a 2.012 do CC. 
 
Imagine agora a seguinte situação adaptada: 
Em 2007, João doou todo o seu patrimônio (casas, apartamentos, carros etc.) para seus três filhos (Hugo, 
Tiago e Luis). 
Em 2010, João teve um novo filho (João Jr.), fruto de um relacionamento com sua secretária. 
Em 2012, João faleceu. 
Foi aberto inventário de João e, João Jr., o caçula temporão, representado por sua mãe, habilitou-se nos 
autos e ingressou com incidente de colação, distribuído por dependência nos autos do inventário, 
requerendo que todos os bens recebidos em doação por Hugo, Tiago e Luis fossem colacionados 
(devolvidos) para serem partilhados. 
Os donatários (Hugo, Tiago e Luis) contestaram o pedido afirmando que João Jr. ainda não havia nascido e 
sequer tinha sido concebido ao tempo das doações, o que afastaria o seu interesse em formular pedido de 
colação. Depois de muita discussão, baixaria e briga, a questão chegou ao STJ. 
 
A dúvida jurídica é a seguinte: João Jr. tem direito de exigir que seus irmãos façam a colação dos bens 
que receberam por meio de doação mesmo tendo esta ocorrido antes de ele ser concebido? 
SIM. O filho do morto tem o direito de exigir de seus irmãos a colação dos bens que estes receberam via 
doação a título de adiantamento da legítima, ainda que sequer tenha sido concebido ao tempo da liberalidade. 
Para efeito de cumprimento do dever de colação, é irrelevante se o herdeiro nasceu antes ou após a 
doação, não havendo também diferença entre os descendentes, se são eles irmãos germanos ou 
unilaterais ou se supervenientes à eventual separação ou divórcio do doador. 
O que deve prevalecer é a ideia de que a doação feita de ascendente para descendente impõe ao(s) 
donatário(s) a obrigação, de quando o doador morrer, o(s) descendendente(s) beneficiado(s) trazer(em) o 
patrimônio recebido à colação, a fim de igualar as legítimas, caso existem outros herdeiros necessários 
(arts. 2.002, parágrafo único, e 2.003 do CC). 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
 
PRÁTICAS ABUSIVAS 
Envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor 
 
Súmula 532-STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e 
expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à 
aplicação de multa administrativa. 
STJ. Corte Especial. Aprovada em 03/06/2015. 
 
Você já deve ter passado por esta situação ou conhece alguém que já a vivenciou: determinado dia, chega 
em sua casa uma correspondência do banco; ao abri-la você verifica que lá existe um cartão de crédito 
com seu nome e uma carta da instituição financeira dizendo que, para usufruir dos serviços, você deve 
ligar gratuitamente para a central de atendimento e desbloquear o cartão. Você, então, pensa: mas eu não 
solicitei este cartão... Por que me mandaram? 
 
Algumas pessoas acabam ligando e desbloqueando o cartão, outras simplesmente o quebram e 
descartam. Diversos consumidores, no entanto, sentiram-se realmente incomodados com tal prática e 
passaram a ingressar na Justiça questionando a legalidade dessa conduta das administradoras de cartões 
de crédito, pedindo indenização pelos danos morais causados. 
 
As instituições financeiras defenderam-se dizendo que o envio dos cartões de crédito consiste em mera 
oferta de um serviço, ou seja, uma comodidade proporcionada aos clientes e que os cartões são enviados 
bloqueados, de forma que não haveria nenhum prejuízo aos consumidores. Argumentaram, ainda, que 
esta prática não acarreta dano moral indenizável, gerando, no máximo, um mero aborrecimento 
corriqueiro aos clientes. 
 
A questão chegou ao STJ em diversas oportunidades. O que foi decidido? É permitido enviar cartão de 
crédito ao cliente sem este ter solicitado? 
NÃO. Isso configura algo que o Código de Defesa do Consumidor chama de “prática abusiva”. Trata-se, 
portanto, de ato ilícito porque viola o art. 39, III, do CDC: 
Art.39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: 
(...) 
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer 
serviço; 
 
Haverá prática abusiva mesmo se o cartão de crédito que for enviado estiver bloqueado? 
SIM. Não importa que o cartão de crédito esteja bloqueado. Se ele foi enviado ao consumidor sem que 
este tenha feito pedido pretérito e expresso isso já caracteriza prática comercial abusiva, violando 
frontalmente o disposto no art. 39, III, do CDC (STJ REsp 1199117/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, julgado em 18/12/2012). 
 
O consumidor que recebeu o cartão de crédito terá direito de receber indenização por danos morais? 
SIM. O STJ reconhece o direito do consumidor à indenização por danos morais nestes casos. 
 
Além disso, haverá algum outro tipo de punição para a instituição financeira? 
SIM. Além de arcar com a indenização por danos morais, a instituição financeira também poderá ser 
condenada a pagar multa administrativa imputada pelos órgãos de defesa do consumidor (ex: PROCON), 
nos termos do art. 56, I, do CDC. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
E se o consumidor, mesmo não tendo solicitado o cartão, optar por ficar com ele? 
Flávio Tartuce defende que, no caso de envio de cartão de crédito sem solicitação, se o consumidor quiser 
com ele permanecer, a instituição não poderá cobrar anuidade, devendo esse serviço ser considerado 
como amostra grátis, com base no art. 39, parágrafo único, do CDC (Manual de Direito do Consumidor. São 
Paulo: Método, 2014, p. 377): 
Art. 39 (...) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, 
na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
MARCA 
Caducidade de marca (art. 143 da LPI) 
 
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A Lei 9.279/96 prevê a possibilidade de o registro da marca caducar se não for usada: 
Art. 143. Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se, 
decorridos 5 (cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento: 
I - o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou 
II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se, no 
mesmo prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de seu caráter 
distintivo original, tal como constante do certificado de registro. 
 
Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa começa a fabricá-lo aqui no Brasil, 
mas ele só é vendido para o mercado externo, nunca sendo comercializado aqui. Há risco de 
haver a caducidade da marca com base no inciso I? 
NÃO. Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em 
território nacional, claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda proteção 
legal, pois aqui empreende, gerando produção, empregos e riqueza, sendo indiferente que a 
mercadoria aqui produzida seja destinada ao mercado interno ou exclusivamente ao externo. 
Produzir no País o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente ao requisito 
legal de “uso da marca iniciado no Brasil”. 
 
Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa (de grande porte) começa a fabricá-lo 
aqui no Brasil, mas depois de mais de 5 anos, somente produziu cerca de 70 pacotes do 
produto. Há risco de haver a caducidade da marca com base no inciso II? 
SIM. É possível que se reconheça a caducidade do registro da marca quando, em um período de 
cinco anos, o valor e o volume de vendas do produto relacionado à marca forem inexpressivos. 
 
No caso analisado pelo STJ, o uso esporádico da marca, com escassas negociações no mercado, 
foi considerado inexpressivo dentro da magnitude das operações bilionárias realizadas pela 
empresa, portanto, insuficiente para configurar e comprovar o uso efetivo da marca. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.236.218-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 5/2/2015 (Info 563). 
 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: 
A fabricante de cigarros Souza Cruz S/A registrou no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) a 
marca “Colorado” para ser usada em cigarros. 
Em 2002, a empresa produziu alguns cigarros com a marca “Colorado”, mas todos eles eram destinados à 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
exportação, ou seja, nenhum foi vendido no Brasil. 
Após alguns meses, a empresa suspendeu a sua fabricação e, desde então, produziu apenas umas 70 
caixas desse cigarro. 
 
Pedido de caducidade 
Uma empresa concorrente do mesmo ramo de atividade, de olho na marca, pediu ao INPI que fosse 
declarada a caducidade do registro da marca “Colorado”, nos termos do art. 143 da Lei n. 9.279/96: 
Art. 143. Caducará o registro, a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse se, decorridos 5 
(cinco) anos da sua concessão, na data do requerimento: 
I - o uso da marca não tiver sido iniciado no Brasil; ou 
II - o uso da marca tiver sido interrompido por mais de 5 (cinco) anos consecutivos, ou se, no mesmo 
prazo, a marca tiver sido usada com modificação que implique alteração de seu caráter distintivo original, 
tal como constante do certificado de registro. 
§ 1º Não ocorrerá caducidade se o titular justificar o desuso da marca por razões legítimas. 
§ 2º O titular será intimado para se manifestar no prazo de 60 (sessenta) dias, cabendo-lhe o ônus de 
provar o uso da marca ou justificar seu desuso por razões legítimas. 
 
Argumentos 
Essa empresa concorrente apresentou dois argumentos para pedir a caducidade: 
1º) A Souza Cruz S/A nunca iniciou o uso da marca no Brasil, considerando que, em 2002, produziu alguns 
cigarros, mas todos eles eram destinados à exportação, ou seja, nenhum foi vendido no Brasil. Logo, essa 
situação seria enquadrada no inciso I do art. 143. 
2º) Depois de 2002, foram fabricados pouquíssimos cigarros com esse nome, o que caracteriza a 
interrupção do uso da marca por mais de 5 anos consecutivos, situação que se amoldaria ao inciso II do 
mesmo artigo. 
 
Razões legítimas 
A Souza Cruz S/A, titular da marca, refutou os argumentos afirmando que 
 
O primeiro argumento da empresa concorrente deve ser acolhido? 
NÃO. O fato de o cigarro ser destinado exclusivamente ao mercado externo não significa que o uso da 
marca tenha sido iniciado no Brasil. Dito de outra forma, como o cigarro era produzido em nosso país, 
pode-se dizer que a empresa iniciou sim o uso da marca no Brasil, mesmo que as suas vendas fossem 
apenas para exportação. 
Dessa forma, se a empresa fabricava os cigarros no Brasil e os revendia para o exterior, ela estava usando 
a marca no Brasil e tal situação não se enquadra no inciso I do art. 143 da LPI. 
Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em território nacional, 
claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda proteção legal, pois aqui empreende, 
gerando produção, empregos e riqueza, sendo indiferente que a mercadoria aqui produzida seja destinada 
ao mercado interno ou exclusivamente ao externo. Produzir no País o produto com a marca aqui 
registrada atende suficientemente ao requisito legal de “uso da marca iniciado no Brasil”. 
 
O segundo argumento da empresa concorrente deve ser acolhido? 
SIM. É possível que se reconheça a caducidade do registro da marca quando, em um período de cinco 
anos, o valor e o volume de vendas do produto relacionado à marca forem inexpressivos. 
Na situação em análise, a empresa que era detentora da marca, uma das maiores do mundo, vendeu apenas 70 
pacotes de cigarros da marca “Colorado”, o que gerou receita de R$ 614,75. Isso é inexpressivose for 
comparado com as outras operações bilionárias realizadas pela empresa no mesmo período considerando que, 
nesse tempo, ela produziu mais de 400 bilhões de cigarros de outras marcas. Logo, essa pequena produção dos 
cigarros “Colorado” é insuficiente para configurar e comprovar o uso efetivo da marca. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
 
SOCIEDADE ANÔNIMA 
Legitimidade ativa para ação social 
 
Acionistas e companhia podem litigar em litisconsórcio facultativo ativo em ação de 
responsabilidade civil contra o administrador pelos prejuízos causados ao patrimônio da 
sociedade anônima (art. 159 da Lei 6.404/1976), quando não proposta a ação pela companhia 
no prazo de três meses após a deliberação da assembleia-geral (§ 3º). 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.515.710-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 12/5/2015 (Info 563). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João era administrador da sociedade anônima “Monstros S/A”. 
Determinado dia João, autorizou uma operação comercial sem tomar as cautelas necessárias, o que gerou 
um prejuízo de R$ 1 milhão para a companhia. 
O diretor foi destituído da função e a assembleia-geral autorizou que a companhia ajuizasse ação de 
indenização contra João (antigo administrador) cobrando os prejuízos por ele causados à sociedade, nos 
termos do art. 159 da Lei n. 6.404/76: 
Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembleia-geral, a ação de 
responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. 
(...) 
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da 
deliberação da assembleia-geral. 
§ 4º Se a assembleia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que 
representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social. 
§ 5° Os resultados da ação promovida por acionista deferem-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, 
até o limite daqueles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido, inclusive correção 
monetária e juros dos dispêndios realizados. 
 
O nome dessa ação prevista no art. 159 é “ação social”. 
 
Da análise do art. 159 da Lei n. 6.404/76, constata-se que a denominada ação social, assim compreendida 
como aquela voltada a reparar danos causados à própria sociedade anônima pela atuação ilícita de seus 
administradores, pode ser promovida: 
a) pela própria companhia (ação social ut universi), desde que devidamente autorizada por sua assembleia 
geral; e 
b) por qualquer acionista, caso a demanda não seja intentada pela companhia nos três meses seguintes à 
deliberação assemblear, ou por acionistas que representem ao menos 5% (cinco por cento) do capital 
social, na hipótese em que a assembleia geral tenha deliberado por não acionar os administradores (em 
ambos os casos, tem-se a denominada ação social ut singuli). 
 
Na ação social ut singuli, o acionista que a promove o faz em nome próprio, na defesa dos direitos e 
interesses da companhia. Está-se, pois, diante de uma legitimação extraordinária. Aliás, o § 5º do artigo 
sob exame, de modo a explicitar tal circunstância, deixa claro que o resultado obtido com a demanda é 
deferido à sociedade, e não ao acionista promovente. 
 
 
Voltando ao caso concreto: 
Passados 4 meses, a companhia ainda não havia ajuizado a ação social contra o ex-administrador. Diante 
disso, Luis e Pedro, acionistas da companhia, decidiram eles mesmos promoverem a demanda. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
Os acionistas poderiam ajuizar a ação neste caso? 
SIM, com base no § 3º do art. 159 da LSA: 
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da 
deliberação da assembleia-geral. 
 
Depois que a assembleia-geral aprova a ação contra o administrador, durante 3 meses só quem pode 
ingressar com a ação é a própria companhia. Após esse prazo de 3 meses, a ação poderá ser proposta não 
mais apenas pela sociedade, mas também por qualquer acionista. 
 
Assim, depois de 3 meses, a ação social, que era de legitimidade exclusiva da companhia, passa a ser de 
legitimidade concorrente, já que tanto a companhia, como qualquer acionista, estão, por lei, autorizados a 
pedir em juízo a reparação dos danos sofridos pela companhia pelo ato de administrador. 
 
Vale ressaltar que o dinheiro eventualmente obtido na ação pertencerá à companhia (e não aos acionistas 
que ajuizaram a ação), conforme vimos no § 5º do art. 159 da LSA. 
 
Por outro lado, caso o resultado da demanda seja negativo, o autor responde pessoalmente pelas 
despesas processuais. 
 
Quando a companhia soube que os acionistas iriam ajuizar a ação, ela decidiu se apressar e pediu para 
propor a demanda junto com eles em litisconsórcio ativo. Isso é permitido? 
SIM. Acionistas e companhia podem litigar em litisconsórcio facultativo ativo em ação de responsabilidade 
civil contra o administrador pelos prejuízos causados ao patrimônio da sociedade anônima (art. 159 da Lei 
n. 6.404/76) quando a ação não foi proposta pela companhia no prazo de 3 meses após a deliberação da 
assembleia-geral (§ 3º). 
Não há qualquer óbice legal para a formação de um litisconsórcio ativo facultativo integrado por sujeitos 
de direito que simultaneamente ostentam legitimidade (concorrente) para, em juízo, defender os 
interesses da companhia. 
 
Ação individual 
Estudamos acima a legitimidade para a ação social, ou seja, aquela proposta pela sociedade ou pelos 
acionistas contra o administrador para que ele indenize a sociedade (companhia) pelos prejuízos causados. 
Existe, contudo, a chamada ação individual, que é aquela proposta por qualquer acionista ou terceiro com 
o objetivo de reparar o prejuízo causado a si próprio, ou seja, ao próprio acionista (e não o prejuízo da 
sociedade anônima). Está prevista no § 7º do art. 159: 
Art. 159 (...) 
§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao acionista ou terceiro diretamente prejudicado 
por ato de administrador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
SUSPENSÃO DO PROCESSO 
Prejudicialidade externa entre ação reivindicatória e ação de nulidade de negócio jurídico 
 
Deve ser suspensa a ação reivindicatória de bem imóvel, pelo prazo máximo de um ano (art. 
265, IV, "a", do CPC 1973 / art. 313, V, “a”, do CPC 2015), enquanto se discute, em outra ação, a 
nulidade do próprio negócio jurídico que ensejou a transferência do domínio aos autores da 
reivindicatória. 
STJ. 1ª Turma. EREsp 1.409.256-PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 6/5/2015 (Info 563) 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João alienou um imóvel para Pedro. 
Quando Pedro foi entrar no imóvel, descobriu que havia alguém morando nele (Carlos). 
Diante disso, Pedro ajuizou ação reivindicatória contra Carlos. 
Carlos, por sua vez, propôs ação de nulidade de negócio jurídico afirmando que João não era o legítimo 
proprietário do imóvel. Logo, não poderia tê-lo vendido a Pedro. 
 
Diante da existência dessas duas ações, o que o magistrado deverá fazer? 
O juiz deve suspender a ação reivindicatória enquanto se discute, na outra ação, a nulidade do próprio 
negócio jurídico que ensejou a transferência do domínio ao autor da reivindicatória. 
 
Por quanto tempo a ação deverá ficar suspensa? 
Pelo prazo máximo de 1 ano. Após isso, pode voltar a tramitar. 
 
Onde está prevista essa hipótese de suspensão? 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 265. Suspende-se o processo: 
(...) 
IV - quando a sentença de mérito: 
a) depender do julgamento de outra causa, ou da 
declaração da existência ou inexistência da relação 
jurídica,que constitua o objeto principal de outro 
processo pendente; 
Art. 313. Suspende-se o processo: 
(...) 
V - quando a sentença de mérito: 
a) depender do julgamento de outra causa ou da 
declaração de existência ou de inexistência de 
relação jurídica que constitua o objeto principal de 
outro processo pendente; 
§ 5º Nos casos enumerados nas letras a, b e c do 
n. IV, o período de suspensão nunca poderá 
exceder 1 (um) ano. Findo este prazo, o juiz 
mandará prosseguir no processo. 
§ 4º O prazo de suspensão do processo nunca 
poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso 
V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II. 
 
No caso concreto, está configurada a chamada “prejudicialidade externa” entre as ações. Isso porque a 
existência da ação de nulidade é uma questão prejudicial (externa), cuja solução irá interferir no resultado 
da ação reivindicatória. Se a ação anulatória for procedente, faltará legitimidade ativa ad causam ao autor 
da ação reivindicatória, justificando-se, portanto, a suspensão da ação reivindicatória pelo prazo máximo 
de 1 ano. 
 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
CAUÇÃO 
Possibilidade de dispensa da caução prevista no art. 835 do CPC 1973 (art. 83 do CPC 2015) 
 
Se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a 
tramitação do processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as 
custas processuais e honorários advocatícios caso ele perca a ação. Essa caução não será 
necessária se o autor possuir bens imóveis no Brasil que possam servir para o pagamento de 
tais despesas. Isso está previsto no art. 835 do CPC 1973 (art. 83 do CPC 2015). 
Essa caução não tem natureza cautelar, sendo exigível no caso em que se verificar a presença 
dos requisitos objetivos e cumulativos elencados na lei, podendo ser dispensada nas hipóteses 
previstas no art. 836 do CPC 1973 (art. 83, § 1º do CPC 2015) ou quando, com base na prova 
dos autos, as peculiaridades do caso concreto indicarem que a sua exigência irá obstaculizar o 
acesso à jurisdição. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.479.051-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/5/2015 (Info 563). 
 
Cautio pro Expensis 
O CPC prevê que se o autor da ação judicial reside no exterior ou se muda para fora do país durante a 
tramitação do processo, ele precisará prestar uma caução que seja suficiente para pagar as custas 
processuais e honorários advocatícios caso ele perca a ação. Essa caução não será necessária se o autor 
possuir bens imóveis no Brasil que possam servir para o pagamento de tais despesas. Veja o que diz a lei: 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 835. O autor, nacional ou estrangeiro, que 
residir fora do Brasil ou dele se ausentar na 
pendência da demanda, prestará, nas ações que 
intentar, caução suficiente às custas e honorários 
de advogado da parte contrária, se não tiver no 
Brasil bens imóveis que lhes assegurem o 
pagamento. 
Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que 
residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao 
longo da tramitação de processo prestará caução 
suficiente ao pagamento das custas e dos 
honorários de advogado da parte contrária nas 
ações que propuser, se não tiver no Brasil bens 
imóveis que lhes assegurem o pagamento. 
 
Essa caução é conhecida pelo nome em latim “cautio pro Expensis” (caução para as despesas). 
 
Requisitos: 
Para que a caução seja exigível, são necessários dois pressupostos objetivos e cumulativos: 
a) o autor da ação não residir no Brasil ou deixar de residir na pendência da demanda; e 
b) não ter o autor da ação bens imóveis no Brasil que assegurem o pagamento das custas e honorários de 
advogado da parte contrária em caso de sucumbência. 
 
Natureza. A caução de que trata esse dispositivo possui natureza cautelar? 
NÃO. Não se trata de medida cautelar. Trata-se de uma providência relacionada como as despesas 
processuais, tanto que o CPC 2015 a posiciona na seção “Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das 
Multas”. Logo, para a sua incidência, não se exige a presença do fumus boni iuris ou do periculum in mora, 
mas sim a configuração dos requisitos objetivos acima listados. 
 
Qual é a consequência caso não seja prestada a caução? 
O juiz deverá extinguir o processo sem resolução de mérito. 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
Hipóteses legais de dispensa da caução 
O próprio CPC já prevê situações em que a referida caução poderá ser dispensada: 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 836. Não se exigirá, porém, a caução, de que 
trata o artigo antecedente: 
I - na execução fundada em título extrajudicial; 
II - na reconvenção. 
Art. 83 (...) 
§ 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput: 
I - quando houver dispensa prevista em acordo ou 
tratado internacional de que o Brasil faz parte; 
II - na execução fundada em título extrajudicial e 
no cumprimento de sentença; 
III - na reconvenção. 
 
Nota-se que o legislador não conferiu qualquer margem de discricionariedade ao magistrado para que 
dispense a prestação da caução com base em critérios subjetivos - como, por exemplo, a plausibilidade do 
direito em que se funda a ação - porque não se trata de faculdade, mas de imposição legal. 
As hipóteses de dispensa são objetivas. 
 
Dispensa da caução quando isso representar obstáculo de acesso à jurisdição 
As hipóteses de dispensa da caução estão previstas no dispositivo do CPC acima transcrito. A doutrina, no 
entanto, afirma que, além desses casos, é possível que o juiz dispense a caução, excepcionalmente, desde 
que fique demonstrado, com provas, que a sua exigência irá obstaculizar o acesso à jurisdição. Foi o que 
decidiu o STJ. 
 
Essa é também a posição de boa parte da doutrina: 
“Não há nenhuma inconstitucionalidade a priori na exigência constante do art. 83, CPC. A imposição de 
cautio pro expensis está em consonância com o art. 5º, XXXV e LIV, CF – não viola o direito fundamental ao 
processo justo e à tutela jurisdicional adequada e efetiva dos direitos. Todavia, sempre que se verificar, em 
concreto, que a necessidade de caução às despesas processuais ao demandante estrangeiro obsta a 
instauração do processo ou o seu prosseguimento, violando o seu direito fundamental de acesso à justiça, 
é de ser dispensada a caução, por inconstitucional.” (MARINONI, Luiz Guilherme; AREHART, Sérgio Cruz; 
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 172). 
 
 
 
RECURSOS 
Insuficiência do preparo e intimação do recorrente para suprir o pagamento 
 
O preparo consiste no pagamento das custas e do porte de remessa e de retorno dos autos. 
A parte que interpõe recurso contra uma decisão precisa comprovar, no momento da 
interposição, o preparo. 
Se a parte, no ato da interposição do recurso, recolhe apenas uma das verbas indispensáveis 
ao seu processamento (paga só as custas ou paga só as despesas com o porte de remessa e 
retorno), ela deverá ser intimada para suprir o preparo no prazo de 5 dias. Caso não faça isso 
no prazo, será decretada a sua deserção. 
STJ. Corte Especial. REsp 844.440-MS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/5/2015 (Info 563). 
 
Preparo 
Preparo consiste no pagamento das despesas relacionadas com o processamento do recurso. 
No preparo incluem-se: 
 taxa judiciária (custas); 
 despesas postais com o envio dos autos (chamado de “porte de remessa e de retorno” dos autos). 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
 
Desse modo, “preparar” o recurso é nada mais que pagar as despesas necessárias para que a máquina 
judiciária dê andamento à sua apreciação. O pagamento do preparo é feito, comumente, na redebancária 
conveniada com o Tribunal. 
 
Momento do preparo 
O CPC afirma que a parte que está recorrendo da decisão precisa comprovar o preparo no momento da 
interposição do recurso. Logo, o preparo (recolhimento do valor) deve ser feito antes da interposição do 
recurso e, junto com o recurso interposto, o recorrente deve juntar o comprovante do pagamento. 
 
Preparo não comprovado na interposição do recurso 
Se o recorrente, quando interpuser o recurso, não comprovar que fez o preparo, o seu recurso será 
considerado deserto (deserção). Ainda que o recorrente tenha efetuado o recolhimento, se ele, no momento 
da interposição do recurso, não comprovar que fez o preparo, terá seu recurso inadmitido por deserção. 
 
Deserção 
Deserção é a inadmissibilidade do recurso pela falta de preparo. Se o recurso foi deserto, significa que ele 
não foi conhecido (não foi sequer apreciado). Gramaticalmente, desertar é o mesmo que abandonar. 
 
Previsão da regra do preparo 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o 
recorrente comprovará, quando exigido pela 
legislação pertinente, o respectivo preparo, 
inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena 
de deserção. 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o 
recorrente comprovará, quando exigido pela 
legislação pertinente, o respectivo preparo, 
inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena 
de deserção. 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João interpôs recurso especial. Como vimos acima, no momento da interposição, o recorrente deveria ter 
comprovado o preparo (pagamento da taxa judiciária e do porte de remessa e de retorno). 
João pagou o porte de remessa e retorno e, no momento da interposição do REsp, comprovou este 
pagamento juntando a respectiva GRU (Guia de Recolhimento da União). 
O recorrente não pagou, contudo, as custas judiciais. 
 
Diante disso, o recurso interposto deverá ser, desde logo, considerado deserto? 
NÃO. Segundo o STJ, na presente situação, o preparo foi feito, mas em valor insuficiente. Logo, antes de 
ser decretada a deserção, o recorrente deverá ser intimado para suprir o preparo no prazo de 5 dias. Essa 
é a solução dada pelo CPC: 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 511. (...) 
§ 2º A insuficiência no valor do preparo implicará 
deserção, se o recorrente, intimado, não vier a 
supri-lo no prazo de cinco dias. 
Art. 1.007. (...) 
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive 
porte de remessa e de retorno, implicará deserção se 
o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, 
não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. 
 
Desse modo, o STJ entende que, se a parte pagou apenas a taxa judiciária (não tendo recolhido o valor do 
porte de remessa e de retorno), o preparo foi feito, mas em valor insuficiente. Como consequência, o 
Tribunal de origem, antes de decretar a deserção, deve intimar o recorrente para, no prazo de 5 dias, 
suprir o valor do porte de remessa e de retorno, complementando o pagamento. Somente se não for 
complementado o preparo é que haverá a deserção. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 26 
 
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA 
Descabimento de fixação de honorários advocatícios em execução invertida 
 
Importante!!! 
Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios? 
1) Sistemática dos PRECATÓRIOS: 
• Se a Fazenda Pública apresentou embargos à execução: SIM. 
• Se a Fazenda Pública não apresentou embargos à execução: NÃO. 
Aplica-se aqui a regra do art. 1º-D da Lei 9.494/97. 
 
2) Sistemática da RPV: 
• Regra: SIM. Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra a Fazenda 
Pública, ainda que não embargadas, cujo pagamento da obrigação é feito mediante RPV. 
• Exceção: a Fazenda Pública não terá que pagar honorários advocatícios caso tenha sido 
adotada a chamada “execução invertida”. 
No caso de RVP, não se aplica o art. 1º-D da Lei 9.494/97. 
 
A execução invertida consiste no seguinte: havendo uma decisão transitada em julgado 
condenando a Fazenda Pública ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno 
valor”, o próprio Poder Público (devedor) prepara uma planilha de cálculos com o valor que é 
devido e apresenta isso ao credor. Caso este concorde, haverá o pagamento voluntário da 
obrigação. Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de aguardar que o credor proponha a 
execução, ela já se antecipa e apresenta os cálculos da quantia devida. O Poder Público, sem 
necessidade de processo de execução, cumpre voluntariamente a condenação. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 630.235-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015 (Info 563). 
 
EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA (ARTS. 730 E 731 DO CPC) E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
Espécies de execução contra a Fazenda Pública: 
Existem duas espécies de execução contra a Fazenda Pública: 
1) Execuções contra a Fazenda Pública envolvendo a sistemática de precatórios (art. 100, caput, CF/88); 
2) Execuções contra a Fazenda Pública cobrando dívidas de pequeno valor (§ 3º do art. 100 da CF/88), 
nas quais o precatório é dispensado. 
 
Nas execuções contra a Fazenda Pública são devidos honorários advocatícios? A Fazenda Pública tem 
que pagar honorários advocatícios para o credor/exequente? 
1) Sistemática dos PRECATÓRIOS 2) Sistemática da RPV 
 
 Se a Fazenda Pública apresentou embargos à 
execução: SIM. Neste caso ela terá que pagar 
honorários advocatícios se perder. 
 
 Se a Fazenda Pública não apresentou 
embargos à execução: NÃO. 
 
Aplica-se aqui a regra do art. 1º-D da Lei nº 
9.494/97, que afirma que “não serão devidos 
 
 REGRA: SIM. 
Em regra, é cabível a fixação de verba 
honorária nas execuções contra a Fazenda 
Pública, ainda que não embargadas, cujo 
pagamento da obrigação é feito mediante 
requisição de pequeno valor - RPV. 
 
 EXCEÇÃO: a Fazenda Pública não terá que 
pagar honorários advocatícios caso tenha sido 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 27 
honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas 
execuções não embargadas.” 
 
O CPC 2015 incorpora e melhora a regra do art. 
1ºD. Veja: 
Art. 85 (...) § 7º Não serão devidos honorários no 
cumprimento de sentença contra a Fazenda 
Pública que enseje expedição de precatório, desde 
que não tenha sido impugnada. 
 
adotada a chamada “execução invertida”. 
 
 
Segundo o STJ e o STF, no caso de RPV, não se 
aplica o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97. O CPC 2015, 
implicitamente, chega à mesma conclusão no seu 
art. 85, § 7º. 
 
 
Pergunta 1: por que no caso de precatório, aplica-se o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97? 
No caso de condenação da Fazenda Pública que será paga por precatório, o Poder Público não pode 
cumprir espontaneamente a obrigação. Em outras palavras, a Administração Pública é obrigada a esperar 
que o credor proponha a execução para só então incluir o crédito na ordem cronológica de pagamentos 
(“fila de precatórios”). 
Ora, se a Fazenda Pública não pode se adiantar e cumprir a obrigação, isso significa que ela não pode ser 
“punida” com o pagamento de honorários advocatícios pelo simples fato de o credor ter iniciado a 
execução. O início da execução contra a Fazenda Pública é uma exigência constitucional para que o credor 
possa receber seu crédito por precatório. Logo, não foi a Fazenda Pública quem “deu causa” ao início da 
execução. Não foi a Fazenda Pública que, por “birra” ou vontade de descumprir o julgado que deixou de 
pagar a obrigação. Ela simplesmente não podia pagar antes. 
Dessa forma, em caso de execução contra a Fazenda Pública cobrando dívida que tenha que ser quitada 
por precatório, o Poder Público não terá que pagar honorários advocatícios se ele for citado para a 
execução e concordar com a inclusãodo crédito na lista de precatórios sem questionamentos. Por outro 
lado, o Poder Público terá que pagar honorários se, citado para a execução, apresentar embargos e estes 
forem julgados improcedentes. Isso porque neste caso ficará demonstrado que a Fazenda Pública resistiu, 
de forma injustificada, ao pedido do credor. Aplica-se aqui o princípio da causalidade. 
 
Exemplo: 
A União é condenada a pagar R$ 500 mil a João, sentença que transitada em julgado; logo depois do 
trânsito em julgado, a Fazenda já poderá pagar João? Não, porque esse valor é alto (acima de 60 salários-
mínimos) e precisa ser quitado por meio de precatório. 
João inicia, então, processo de execução contra a Fazenda Pública. Esta será condenada a pagar novos 
honorários advocatícios agora pelo trabalho do advogado de João na execução? Depende: a União só terá 
que pagar honorários se tiver apresentado embargos à execução e estes houverem sido julgados 
improcedentes (art. 1º-D da Lei n. 9.494/97). 
 
Pergunta 2: por que no caso de RPV, não se aplica o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97? 
Se a Fazenda Pública é condenada a pagar uma dívida de “pequeno valor” (quitada por meio de RPV), ao 
contrário do que ocorre com os precatórios, ela não precisa esperar a execução para pagar. A RPV pode 
ser diretamente expedida e paga mesmo sem que haja processo de execução instaurado pelo credor. 
Desse modo, se a Fazenda Pública espera o credor iniciar a execução para, só então, pagar a RPV, pode-se 
concluir que ela, com a sua inércia, deu causa ao “trabalho extra” do credor (e de seu advogado) que 
tiveram que preparar a execução. Por conta disso, o Poder Público terá que pagar honorários advocatícios 
com base no princípio da causalidade. 
Assim, a Fazenda Pública é obrigada a pagar honorários advocatícios nas execuções envolvendo RPV, ainda 
que não embargadas, porque ela já poderia ter quitado antes do processo de execução ter sido iniciado. 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 28 
Exemplo: 
A União é condenada a pagar R$ 5 mil a Pedro, sentença que transita em julgado; logo depois do trânsito 
em julgado, a Fazenda já poderá pagar Pedro? Sim, porque esse valor é pequeno (abaixo de 60 salários-
mínimos) e não precisa ser quitado por meio de precatório, devendo ser pago por RPV. 
Ocorre que a União não tomou as providências necessárias ao pagamento da RPV, obrigando Pedro a 
iniciar um processo de execução cobrando a quantia. Neste caso, a União será condenada a pagar novos 
honorários advocatícios agora pelo trabalho do advogado de Pedro na execução? Sim. É cabível a fixação 
de verba honorária nas execuções contra a Fazenda Pública, ainda que não embargadas, cujo pagamento 
da obrigação é feito mediante RPV. Não se aplica aqui o art. 1º-D da Lei n. 9.494/97. 
 
Pergunta 3: no quadro acima elaborado foi dito que a Fazenda Pública não terá que pagar honorários 
advocatícios, mesmo sendo RPV, na chamada “execução invertida”. Em que consiste isso? 
A chamada execução invertida é uma prática procedimental surgida no Rio Grande do Sul e que hoje é 
adotada por diversas Fazendas Públicas, inclusive pela União e pelo INSS. 
A execução invertida, em palavras simples, consiste no seguinte: havendo uma decisão transitada em 
julgado condenando a Fazenda Pública ao pagamento de uma quantia considerada como de “pequeno 
valor”, o próprio Poder Público (devedor) prepara uma planilha de cálculos com o valor que é devido e 
apresenta isso ao credor. Caso este concorde, haverá o pagamento voluntário da obrigação. 
Desse modo, a Fazenda Pública, em vez de aguardar que o credor proponha a execução, ele já se antecipa 
e apresenta os cálculos da quantia devida. O Poder Público, sem necessidade de processo de execução, 
cumpre voluntariamente a condenação imposta. 
 
Pergunta 4: no caso de “execução invertida”, a Fazenda Pública terá que pagar honorários advocatícios 
ao credor? 
NÃO. Não cabe a condenação da Fazenda Pública em honorários advocatícios no caso em que o credor 
simplesmente anui com os cálculos apresentados em “execução invertida”, ainda que se trate de hipótese 
de pagamento mediante Requisição de Pequeno Valor (RPV). 
Em regra, é cabível a fixação de verba honorária nas execuções contra a Fazenda Pública, ainda que não 
embargadas, quando o pagamento da obrigação for feito mediante RPV. Entretanto, nos casos de 
“execução invertida”, a apresentação espontânea dos cálculos após o trânsito em julgado do processo de 
conhecimento, na fase de liquidação, com o reconhecimento da dívida, afasta a condenação em 
honorários advocatícios. Isso porque o Poder Público cumpriu voluntariamente a execução, não dando 
causa à instauração de processo de execução. 
 
Obs: para maiores informações sobre o art. 1º-D da Lei 9.494/97, confira o Info 537 STJ. 
 
 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
Indeferimento de pedido de penhora com fundamento na potencial iliquidez do bem 
 
Na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em nome 
do devedor e obedecida a ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao 
magistrado recusar a constrição de bens nomeados pelo credor fundamentando a decisão 
apenas na assertiva de que a potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da 
penhora. Isso porque, nos termos do art. 612 do CPC 1973 (art. 797 do CPC 2015), a execução é 
realizada no interesse do credor que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os 
bens indicados. Ademais, conforme preceitua o art. 591 do CPC 1973 (art. 789 do CPC 2015), 
todo o patrimônio presente e futuro do devedor pode ser utilizado para pagamento de débitos. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 29 
Ex: a União ajuizou execução fiscal contra João cobrando uma dívida de R$ 20 mil. Foi tentada 
a penhora “on line” (via sistema “Bacen Jud”), não tendo sido localizadas contas bancárias em 
nome do devedor. Buscou-se também a localização de outros bens penhoráveis, mas sem 
sucesso. Diante disso, a União requereu a penhora de um veículo do executado, qual seja, um 
Volkswagen SANTANA CD (fabricado em 1985). O juiz indeferiu a constrição do veículo, sob o 
argumento de que o bem era muito antigo, o que ensejaria a inutilidade da penhora. Em uma 
situação parecida com esta, o STJ deu provimento ao recurso e determinou que a penhora 
fosse realizada. 
STJ. 1ª Turma. REsp 1.523.794-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 19/5/2015 (Info 563). 
 
CONCEITO 
Execução fiscal é... 
- a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios e suas respectivas 
autarquias e fundações) 
- para cobrar do devedor 
- créditos (tributários ou não tributários) 
- que estão inscritos em dívida ativa. 
 
A execução fiscal é regida pela Lei nº 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC. 
 
O procedimento da execução fiscal é especial e bem mais célere que o da execução “comum”. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
A execução fiscal começa com a petição inicial proposta pela Fazenda Pública, que é uma peça processual 
muito simples, normalmente de uma ou duas páginas, indicando apenas: 
I — o Juiz a quem é dirigida; 
II — o pedido; e 
III — o requerimento para a citação. 
 
A petição inicial deverá ser instruída com a Certidão da Dívida Ativa (CDA), que dela fará parte integrante, 
como se estivesse transcrita. 
A petição inicial e a CDA poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo 
eletrônico. 
 
DESPACHO DO JUIZ (ART. 7º DA LEF) 
Se a petição estiver em ordem, o juiz irá proferir um “despacho” deferindo a inicial e determinado que o 
executado seja citado. 
 
OPÇÕES DO EXECUTADO: 
Depois de citado, o executado terá um prazo de 5 dias para adotar uma das seguintes opções: 
1º) pagar a dívida cobrada; 
2º) garantir a execução; 
3º)não pagar nem garantir. 
 
Quais as formas por meio das quais o devedor poderá oferecer a garantia do juízo? 
a) DEPÓSITO EM DINHEIRO: o executado faz o depósito em dinheiro do valor cobrado em uma instituição 
bancária oficial de crédito (ex.: Caixa Econômica Federal); 
b) FIANÇA BANCÁRIA: o executado apresenta uma fiança bancária, documento no qual o banco assume o 
compromisso de ser o fiador do devedor em relação ao valor cobrado; 
c) NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA: o próprio executado já oferece bens para que sejam penhorados e 
fiquem à disposição do juízo para alienação caso ele não pague a dívida. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 30 
d) SEGURO GARANTIA: ocorre quando o executado apresenta um documento o qual a seguradora se 
compromete a assumir o pagamento da dívida caso o devedor principal não possa fazê-lo. A garantia da 
execução, por meio de seguro garantia, produz os mesmos efeitos da penhora (§ 3º do art. 9º da LEF). 
 
PENHORA 
Se o executado não pagar nem garantir a execução, o juiz determinará a penhora de bens. 
Penhora é o ato pelo qual são apreendidos bens do devedor, que serão utilizados para satisfazer o crédito 
executado. 
 
CASO CONCRETO JULGADO PELO STJ 
Feitos os devidos esclarecimentos, imagine a seguinte situação adaptada: 
A União ajuizou execução fiscal contra João cobrando uma dívida de R$ 20 mil. 
Foi tentada a penhora “on line” (via sistema “Bacen Jud”), não tendo sido localizadas contas bancárias em 
nome do devedor. Buscou-se também a localização de outros bens penhoráveis, mas sem sucesso. 
Diante disso, a União requereu a penhora de um veículo do executado, qual seja, um Volkswagen 
SANTANA CD (fabricado em 1985). 
O juiz indeferiu a constrição do veículo, sob o argumento de que o bem era muito antigo, o que ensejaria a 
inutilidade da penhora. 
 
A questão chegou até o STJ. O que decidiu a Corte? A penhora deverá ser realizada? 
SIM. Para o STJ, na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em 
nome do devedor e obedecida a ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao magistrado 
recusar a constrição de bens nomeados pelo credor fundamentando a decisão apenas na assertiva de que 
a potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da penhora. Isso porque, nos termos do art. 612 
do CPC 1973 (art. 797 do CPC 2015), a execução é realizada no interesse do credor que adquire, pela 
penhora, o direito de preferência sobre os bens indicados. Ademais, conforme preceitua o art. 591 do CPC 
1973 (art. 789 do CPC 2015), todo o patrimônio presente e futuro do devedor pode ser utilizado para 
pagamento de débitos. 
 
 
 
EXECUÇÃO FISCAL 
Termo inicial do prazo para o oferecimento de embargos à execução fiscal quando afastada a 
necessidade de garantia prévia 
 
No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma 
expressa pelo juízo competente - inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer 
garantia (penhora, fiança, depósito, seguro-garantia) -, o prazo para oferecer embargos à 
execução deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de 
garantia, não havendo a necessidade, na intimação dessa dispensa, de se informar 
expressamente o prazo para embargar. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.440.639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
Execução fiscal é... 
- a ação judicial proposta pela Fazenda Pública (União, Estados, DF, Municípios e suas respectivas 
autarquias e fundações) 
- para cobrar do devedor 
- créditos (tributários ou não tributários) 
- que estão inscritos em dívida ativa. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 31 
A execução fiscal é regida pela Lei nº 6.830/80 (LEF) e, subsidiariamente, pelo CPC. 
O procedimento da execução fiscal é especial e bem mais célere que o da execução “comum”. 
 
O executado precisar oferecer garantia ao juízo para que possa apresentar embargos à execução fiscal? 
SIM. A Lei nº 6.830/80 prevê, expressamente, que na execução fiscal, para que o devedor possa se 
defender por meio de embargos, é indispensável a garantia da execução (§ 1º do art. 16): 
§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução. 
 
Assim, a garantia da execução é considerada uma condição de procedibilidade dos embargos à execução. 
Caso os embargos sejam apresentados sem que a execução tenha sido garantida, o juiz deverá extingui-los 
sem resolução do mérito por falta de pressuposto processual específico. 
 
Cuidado: na execução “comum”, ou seja, regida pelo CPC, o executado não precisa oferecer garantia ao 
juízo para que possa apresentar embargos à execução (art. 736 do CPC 1973 / art. 914 do CPC 2015). 
 
O simples fato de o executado ser beneficiário da assistência judiciária gratuita faz com que ele fique 
dispensado de garantir o juízo no momento de apresentar embargos à execução? 
NÃO. O art. 3º da Lei 1.060/1950 (correspondente ao art. 98, § 1º do CPC 2015), que prevê a assistência 
judiciária gratuita, é cláusula genérica, abstrata e visa à isenção de despesas de natureza processual, como 
custas e honorários advocatícios, não havendo previsão legal de isenção de garantia do juízo para 
embargar. 
Desse modo, em conformidade com o princípio da especialidade das leis, o disposto no art. 16, § 1º, da Lei 
6.830/1980 deve prevalecer sobre o art. 3º, VII, da Lei 1.060/1950 (art. 98, § 1º, VIII, do CPC 2015), o qual 
determina que os beneficiários da justiça gratuita ficam isentos dos depósitos previstos em lei para 
interposição de recurso, ajuizamento de ação e demais atos processuais inerentes ao exercício da ampla 
defesa e do contraditório. 
Assim, em regra, exige-se a garantia do juízo mesmo que o executado seja beneficiário da justiça gratuita. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.437.078-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/3/2014 (Info 538). 
 
Imagine que tenha havido penhora. Diante disso, o devedor/executado entendeu que estava garantido 
o juízo e, por isso, apresentou embargos à execução. Ocorre que a Fazenda Pública (exequente) veio aos 
autos dizendo que o bem penhorado tem valor mais baixo que a dívida que está sendo cobrada. O que o 
juiz deve fazer neste caso? Deverá extinguir imediatamente os embargos? 
NÃO. O juiz deverá receber os embargos e intimar o executado/embargante para que substitua o bem 
penhorado ou faça um reforço da penhora que foi insuficiente. Veja: 
(...) 9. A insuficiência de penhora não é causa bastante para determinar a extinção dos embargos do 
devedor, cumprindo ao magistrado, antes da decisão terminativa, conceder ao executado prazo para 
proceder ao reforço, à luz da sua capacidade econômica e da garantia pétrea do acesso à justiça. (...) 
 10. In casu, contrariamente ao alegado pelos recorrentes, o Juízo singular não procedeu à extinção da 
ação de embargos à execução; ao revés, fundamentando o decisum nos princípios da economia processual 
e da instrumentalidade das formas, determinou, a requerimento da exequente, o reforço da penhora e a 
regularização de atos processuais, tão logo verificada a ausência de nomeação do depositário, bem assim a 
divergência entre o montante do débito e o valor do bem penhorado (fls e-STJ 349/350). (...) 
STJ. 1ª Seção. REsp 1127815/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/11/2010. 
 
(...) 1. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.127.815/SP, em 24.11.2010, Relator Ministro Luiz 
Fux, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, consolidou entendimento segundo o qual a 
insuficiência da penhora não impede o recebimento de embargos do devedor na execução fiscal. 
2. "A eventual insuficiência da penhora será suprida por posterior reforço, que pode se dar "em qualquer fase 
do processo" (STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp261.421/AL, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 23/04/2013). 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 32 
 
Mas e se o executado não tiver condições econômicas de reforçar a garantia, pode o juiz dispensá-la? 
SIM. O STJ entende que a insuficiência patrimonial do devedor é justificativa plausível à apreciação dos 
embargos à execução mesmo que o juízo não esteja garantido. Esta insuficiência patrimonial, contudo, 
deverá ser comprovada inequivocamente. Nesse sentido: STJ. 1ª Seção. REsp 1127815/SP, Rel. Min. Luiz 
Fux, julgado em 24/11/2010. 
 
A doutrina também comunga do mesmo pensamento: 
“Caso o devedor não disponha de patrimônio suficiente para a garantia integral do crédito exequendo, 
cabe-lhe comprovar inequivocamente tal situação. Neste caso, dever-se-á admitir os embargos, 
excepcionalmente, sob pena de se violar o princípio da isonomia sem um critério de discrímen sustentável, 
eis que dar seguimento à execução, realizando os atos de alienação do patrimônio penhorado e que era 
insuficiente para garantir toda a dívida, negando ao devedor a via dos embargos, implicaria restrição dos 
seus direitos apenas em razão da sua situação de insuficiência patrimonial. Em palavras simples, poder-se-
ia dizer que tal implicaria em garantir o direito de defesa ao "rico", que dispõe de patrimônio suficiente 
para segurar o Juízo, e negar o direito de defesa ao "pobre", cujo patrimônio insuficiente passaria a ser de 
pronto alienado para a satisfação parcial do crédito. Não trato da hipótese de inexistência de patrimônio 
penhorável pois, em tal situação, sequer haveria como prosseguir com a execução, que restaria 
completamente frustrada.” (PAULSEN, Leandro. Direito Processual Tributário. Processo Administrativo 
Fiscal e Execução Fiscal à luz da Doutrina e da Jurisprudência, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 5ª ed., p. 
333-334). 
 
Qual é o prazo para apresentação dos embargos? 
Regra: o termo inicial encontra-se no art. 16 da LEF: 
Art. 16. O executado oferecerá embargos, no prazo de 30 (trinta) dias, contados: 
I - do depósito; 
II - da juntada da prova da fiança bancária; 
III - da intimação da penhora. 
 
Se houve penhora, o prazo para os embargos começaram a correr do dia em que o executado foi intimado 
da penhora, mesmo que esta se mostre insuficiente. Por isso, é importante que o executado apresente os 
embargos mesmo que ache que o bem penhorado tem valor inferior à dívida. 
 
Imagine que o juiz tenha dispensado a garantia do juízo totalmente em face do situação econômica do 
devedor, ou seja, nem houve penhora de bem algum, mas mesmo assim o magistrado decidiu que o 
executado estava autorizado a apresentar embargos. Neste caso, como não houve depósito, nem fiança 
bancária nem penhora, quando começou o prazo para os embargos? 
No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma expressa pelo 
juízo competente - inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia (penhora, fiança, 
depósito, seguro-garantia) -, o prazo para oferecer embargos à execução deverá ter início na data da 
intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia, não havendo a necessidade, na intimação 
dessa dispensa, de se informar expressamente o prazo para embargar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 33 
PROCESSO COLETIVO 
Legitimidade do MP para ajuizar ACP em defesa dos beneficiários do DPVAT 
 
O Ministério Público possui legitimidade para ajuizar ação civil pública em defesa dos direitos 
individuais homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o interesse social 
qualificado presente na tutela dos referidos direitos subjetivos. 
Está cancelada a súmula 470 do STJ, que tinha a seguinte redação: “O Ministério Público não 
tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a indenização decorrente do DPVAT em 
benefício do segurado.” 
STJ. 2ª Seção. REsp 858.056/GO, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/05/2015 (Info 563). 
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014. 
 
O que é o DPVAT? 
O DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestres) é um seguro obrigatório 
contra danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas, 
transportadas ou não. 
Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos pessoais causados por um veículo automotor, ou 
por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a indenização do DPVAT. Isso abrange motoristas, 
passageiros, pedestres ou, em caso de morte, seus respectivos herdeiros. 
Ex.: dois carros colidem e, em decorrência da batida, acertam também um pedestre que passava no local. 
No carro 1, havia apenas o motorista. No carro 2, havia o motorista e mais um passageiro. Os dois 
motoristas morreram. O passageiro do carro 2 e o pedestre ficaram inválidos. Os herdeiros dos motoristas 
receberão indenização de DPVAT no valor correspondente à morte. O passageiro do carro 2 e o pedestre 
receberão indenização de DPVAT por invalidez. 
Para receber indenização, não importa quem foi o culpado. Ainda que o carro 2 tenha sido o culpado, os 
herdeiros dos motoristas, o passageiro e o pedestre sobreviventes receberão a indenização normalmente. 
O DPVAT não paga indenização por prejuízos decorrentes de danos patrimoniais, somente danos pessoais. 
 
Quem custeia as indenizações pagas pelo DPVAT? 
Os proprietários de veículos automotores. Trata-se de um seguro obrigatório. Assim, sempre que o 
proprietário do veículo paga o IPVA, está pagando também, na mesma guia, um valor cobrado a título de 
DPVAT. 
O STJ afirma que a natureza jurídica do DPVAT é a de um contrato legal, de cunho social. 
O DPVAT é regulamentado pela Lei nº 6.194/74. 
 
Como a pessoa obtém a indenização do DPVAT? 
A pessoa deverá procurar uma das empresas seguradoras que seja consorciada ao DPVAT e apresentar a 
documentação necessária. 
Para requerer o seguro DPVAT, não é necessário advogado, despachante ou qualquer outra ajuda de 
terceiros. 
 
Caso a pessoa beneficiária do DPVAT não receba a indenização ou não concorde com o valor pago pela 
seguradora, ela poderá buscar auxílio do Poder Judiciário? 
Sim. A pessoa poderá ajuizar uma ação de cobrança contra a seguradora objetivando o pagamento 
decorrente da indenização de DPVAT. 
 
Se uma grande quantidade de pessoas está tendo problemas com determinada seguradora consorciada 
ao DPVAT (que tem deixado de pagar os beneficiários ou o faz em valores inferiores ao devido), o 
Ministério Público poderá ajuizar uma ação civil pública em favor dessas pessoas? 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 34 
Aqui é o cerne da questão. O STJ entendia que não, ou seja, o MP não teria legitimidade para pleitear a 
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado. Por isso, a Corte editou a Súmula 470, que 
tinha o seguinte texto: “O Ministério Público não tem legitimidade para pleitear, em ação civil pública, a 
indenização decorrente do DPVAT em benefício do segurado.” 
 
Ocorre que o tema chegou ao STF. E o que decidiu o Supremo? 
O Plenário do STF entendeu que o Ministério Público tem sim legitimidade para defender contratantes do 
seguro obrigatório DPVAT (RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014. 
Repercussão Geral). 
 
Para o STF, o objeto (pedido) dessa demanda está relacionado com direitos individuais homogêneos. 
Assim, podem ser defendidos pelos próprios titulares (segurados), em ações individuais, ou por meio de 
ação coletiva. 
 
O Ministério Público possui legitimidade ativa para ajuizar essa ação coletiva (no caso, ação civil pública) 
porque estamos diante de uma causa de relevante naturezasocial (interesse social qualificado), diante do 
conjunto de segurados que teriam sido lesados pela seguradora. 
 
Desse modo, havendo interesse social, o Ministério Público é legitimado a atuar, nos termos do art. 127 da 
CF/88: 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
 
Como bem observado pelo Min. Teori Zavascki, “o seguro DPVAT não é um seguro qualquer. É seguro 
obrigatório por força de lei e sua finalidade é proteger as vítimas de um recorrente e nefasto evento da 
nossa realidade moderna, os acidentes automobilísticos, que tantos males, sociais e econômicos, trazem 
às pessoas envolvidas, à sociedade e ao Estado, especialmente aos órgãos de seguridade social. Por isso 
mesmo, a própria lei impõe como obrigatório (...)” 
 
Logo, pela natureza e finalidade desse seguro, o seu adequado funcionamento transcende os interesses 
individuais dos segurados. Há, portanto, manifesto interesse social nessa controvérsia coletiva. 
 
Em outras palavras, trata-se de direitos individuais homogêneos, cuja tutela se reveste de interesse social 
qualificado, autorizando, por isso mesmo, a iniciativa do Ministério Público de, com base no art. 127 da 
Constituição, defendê-los em juízo mediante ação coletiva. 
 
Decisão do STF motivou o cancelamento da súmula 
Como a decisão do STF, proferida em sede de repercussão geral, foi no sentido contrário ao que decidia o 
STJ, este Tribunal decidiu, acertadamente, cancelar a Súmula 470. 
 
Agora, tanto o STF como o STJ entendem que o Ministério Público detém legitimidade para ajuizar ação 
coletiva em defesa dos direitos individuais homogêneos dos beneficiários do seguro DPVAT, dado o 
interesse social qualificado presente na tutela dos referidos direitos subjetivos. 
STJ. 2ª Seção. REsp 858.056/GO, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 27/05/2015 (Info 563). 
STF. Plenário. RE 631.111/GO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 06 e 07/08/2014. 
 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 35 
DIREITO PENAL 
 
DOSIMETRIA DA PENA 
Aumento da pena-base de homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor 
 
O réu foi denunciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB). 
Ficou provado que ele estava em alta velocidade e que dirigia o carro imprudentemente 
porque estava com pressa para levar drogas a uma festa. 
O juiz pode aumentar a pena-base com fundamento na excessiva velocidade? 
NÃO. Na primeira fase da dosimetria da pena, o excesso de velocidade não deve ser 
considerado na aferição da culpabilidade (art. 59 do CP) do agente que pratica delito de 
homicídio e de lesões corporais culposos na direção de veículo automotor. 
O excesso de velocidade não constitui fundamento apto a justificar o aumento da pena-base pela 
culpabilidade, por ser inerente aos delitos de homicídio culposo e de lesões corporais culposas 
praticados na direção de veículo automotor, caracterizando a imprudência, modalidade de 
violação do dever de cuidado objetivo, necessária à configuração dos delitos culposos. 
O juiz pode aumentar a pena-base com fundamento no fato de que o réu estava transportando 
droga no carro para levá-la a uma festa? 
SIM. O juiz, na análise dos motivos do crime (art. 59 do CP), pode fixar a pena-base acima do 
mínimo legal em razão de o autor ter praticado delito de homicídio e de lesões corporais 
culposos na direção de veículo automotor, conduzindo-o com imprudência a fim de levar 
droga a uma festa. Isso porque o fim de levar droga a uma festa representa finalidade que 
desborda das razoavelmente utilizadas para esses crimes, configurando justificativa válida 
para o desvalor. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 153.549-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
Critério trifásico 
A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico: 
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP; 
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes; 
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição. 
 
Primeira fase (circunstâncias judiciais) 
Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais analisadas pelo juiz são as seguintes: 
a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) personalidade do agente, e) motivos do crime, f) 
circunstâncias do crime, g) consequências do crime, h) comportamento da vítima. 
 
Imagine agora a seguinte situação hipotética: 
João foi denunciado por homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB). 
Na 1ª fase da dosimetria (circunstâncias judiciais), o juiz aumentou a pena-base fundamentando essa 
decisão em dois argumentos: 
 
1º) Na análise da culpabilidade, o magistrado aumentou a pena sob a alegação de que o réu estava 
conduzindo o veículo com velocidade excessiva. 
 
2º) No exame dos motivos do crime, o juiz também majorou a pena afirmando que o réu atropelou a 
vítima porque conduzia imprudentemente o veículo com o objetivo de levar rapidamente drogas que 
estavam no carro para uma festa. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 36 
A defesa questionou essa dosimetria e a questão chegou até o STJ. 
 
O juiz poderia ter aumentado a pena-base com fundamento na excessiva velocidade? 
NÃO. Na primeira fase da dosimetria da pena, o excesso de velocidade não deve ser considerado na 
aferição da culpabilidade (art. 59 do CP) do agente que pratica delito de homicídio e de lesões corporais 
culposos na direção de veículo automotor. 
O excesso de velocidade não constitui fundamento apto a justificar o aumento da pena-base pela 
culpabilidade, por ser inerente aos delitos de homicídio culposo e de lesões corporais culposas praticados 
na direção de veículo automotor, caracterizando a imprudência, modalidade de violação do dever de 
cuidado objetivo, necessária à configuração dos delitos culposos. 
 
O juiz poderia ter aumentado a pena-base com fundamento no fato de que o réu estava transportando 
droga no carro para levá-la a uma festa? 
SIM. O juiz, na análise dos motivos do crime (art. 59 do CP), pode fixar a pena-base acima do mínimo legal 
em razão de o autor ter praticado delito de homicídio e de lesões corporais culposos na direção de veículo 
automotor, conduzindo-o com imprudência a fim de levar droga a uma festa. Isso porque o fim de levar 
droga a uma festa representa finalidade que desborda das razoavelmente utilizadas para esses crimes, 
configurando justificativa válida para o desvalor. 
 
 
 
FURTO 
Furto praticado no interior de estabelecimento comercial equipado 
com mecanismo de vigilância e de segurança 
 
Importante!!! 
A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, por si 
só, o crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. 
Ex: João ingressa em um supermercado e, na seção de eletrônicos, subtrai para si um celular 
que estava na prateleira. Ele não percebeu, contudo, que bem em cima deste setor havia uma 
câmera por meio da qual o segurança do estabelecimento monitorava os consumidores, tendo 
este percebido a conduta de João. Quando estava na saída do supermercado com o celular no 
bolso, João foi parado pelo segurança do estabelecimento, que lhe deu voz de prisão e chamou 
a PM, que o levou até a Delegacia de Polícia. 
No caso em tela, não se pode falar em absoluta impropriedade do meio. Trata-se de 
inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras palavras, o meio escolhido pelo agente é 
relativamente ineficaz, visto que existe sim uma possibilidade (ainda que pequena) de o delito 
se consumar. Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenasde forma relativa, não é 
possível o reconhecimento do instituto do crime impossível previsto no art. 17 do CP. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.385.621-MG, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/5/2015 (recurso 
repetitivo) (Info 563). 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o meio que ele escolheu para 
praticar o delito é ineficaz, ele deverá responder pelo delito? 
Ex: João, pretendendo matar Pedro, pega uma arma que viu na gaveta e efetua disparos contra a vítima; o 
que João não sabia é que a arma tinha balas de festim, razão pela qual Pedro não morreu. O agente 
responderá por tentativa de homicídio? 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 37 
Se o agente praticou uma conduta que é descrita na lei como crime, mas o objeto material (a pessoa ou a 
coisa sobre a qual recai a conduta) é inexistente, ele deverá responder pelo delito? 
Ex: João pretende matar Pedro; ele avista seu inimigo deitado no sofá e, pensando que estivesse 
dormindo, dispara diversos tiros nele; o que João não sabia é que Pedro havia morrido 15 minutos antes 
de parada cardíaca; João atirou, portanto, em um cadáver, em um corpo sem vida. Logo, não foram os 
tiros que mataram Pedro. O agente responderá por tentativa de homicídio? 
 
Teorias sobre o crime impossível 
Para discutir o tema, os estudiosos do Direito Penal desenvolveram algumas teorias falando sobre o “crime 
impossível”. Vejamos: 
 
1) TEORIA SUBJETIVA: 
Os que defendem a teoria subjetiva afirmam que não importa se o meio ou o objeto são absoluta ou 
relativamente ineficazes ou impróprios. Para que haja crime, basta que a pessoa tenha agido com vontade 
de praticar a infração penal. Tendo o agente agido com vontade, configura-se a tentativa de crime mesmo 
que o meio seja ineficaz ou o objeto seja impróprio. 
É chamada de subjetiva porque, para essa teoria, o que importa é o elemento subjetivo. 
Assim, o agente é punido pela sua intenção delituosa, mesmo que, no caso concreto, não tenha colocado 
nenhum bem em situação de perigo. 
 
2) TEORIAS OBJETIVAS: 
Os que defendem essa teoria afirmam que não se pode analisar apenas o elemento subjetivo para saber se 
houve crime. É indispensável examinar se está presente o elemento objetivo. 
Diz-se que há elemento objetivo quando a tentativa tinha possibilidade de gerar perigo de lesão para o 
bem jurídico. 
Se a tentativa não gera perigo de lesão, ela é inidônea. 
A inidoneidade pode ser: 
a) absoluta (aquela conduta jamais conseguiria fazer com que o crime se consumasse); ou 
b) relativa (a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente não ocorreu em razão de 
circunstâncias estranhas à vontade do agente). 
 
A teoria objetiva se subdivide em: 
 
2.1) OBJETIVA PURA: não haverá crime se a inidoneidade for absoluta ou se for relativa. Enfim, em caso de 
inidoneidade, não interessa saber se ela é absoluta ou relativa. Não haverá crime. 
 
2.2) OBJETIVA TEMPERADA: se os meios ou objetos forem relativamente inidôneos, haverá crime tentado. 
Se os meios ou objetos forem absolutamente inidôneos, haverá crime impossível. 
 
Qual foi a teoria adotada pelo Brasil? 
A teoria OBJETIVA TEMPERADA. Veja o que diz o art. 17 do CP: 
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
 
Ineficácia absoluta do meio 
Ocorre quando o meio empregado jamais poderia levar à consumação do crime. Trata-se de um meio 
absolutamente ineficaz para aquele crime. 
Ex: uma pessoa diz que vai fazer uma feitiçaria para que a outra morra. Não há crime de ameaça por 
absoluta ineficácia do meio. É crime impossível. 
Ex2: tentar fazer uso de documento falso com uma falsificação muito grosseira. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 38 
Impropriedade absoluta do objeto 
A palavra objeto aqui significa a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
Diz-se que há impropriedade absoluta do objeto quando ele não existe antes do início da execução ou lhe 
falta alguma qualidade imprescindível para configurar-se a infração. 
Ex1: João quer matar Pedro, razão pela qual invade seu quarto e pensando que a vítima está dormindo, 
desfere nela três tiros. Ocorre que Pedro não estava dormindo, mas sim morto, vítima de um ataque 
cardíaco. Dessa forma, João atirou em um morto. Logo, trata-se de crime impossível porque o objeto era 
absolutamente inidôneo. 
Ex2: a mulher, acreditando equivocadamente que está grávida, toma medicamento abortivo. 
 
Ineficácia ou impropriedade relativas = crime tentado 
Como no Brasil adotamos a teoria objetiva temperada, se a ineficácia do meio ou a impropriedade do 
objeto forem relativas, haverá crime tentado. 
 
Qual é a natureza jurídica do crime impossível? 
Trata-se de excludente de tipicidade. Nesse sentido: (Juiz Federal TRF1 2013 CESPE) O crime impossível 
constitui causa de exclusão da tipicidade (CERTO). 
 
CÂMERAS EM ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João ingressa em um supermercado e, na seção de eletrônicos, subtrai para si um celular que estava na 
prateleira. Ele não percebeu, contudo, que em cima deste setor havia uma câmera por meio da qual o 
segurança do estabelecimento monitorava os consumidores, tendo este percebido a conduta de João. 
Quando estava na saída do supermercado com o celular no bolso, João foi parado pelo segurança do 
estabelecimento que lhe deu voz de prisão e chamou a PM, que o levou até a Delegacia de Polícia. 
João foi denunciado pela prática de tentativa de furto. 
A defesa alegou a tese do crime impossível por ineficácia absoluta do meio: como existia uma câmera em 
cima da prateleira, não haveria nenhuma chance de o réu conseguir furtar o objeto sem ser visto. O 
cometimento do crime seria impossível porque o meio por ele escolhido (furtar um celular que era vigiado 
por uma câmera) foi absolutamente ineficaz. 
 
A tese da defesa é aceita pela jurisprudência do STJ? O simples fato de ter câmera no estabelecimento já 
é suficiente para caracterizar o crime impossível? 
NÃO. A existência de sistema de segurança ou de vigilância eletrônica não torna impossível, por si só, o 
crime de furto cometido no interior de estabelecimento comercial. 
 
No caso de furto praticado no interior de estabelecimento comercial (supermercado, p. ex) equipado com 
câmeras e segurança, o STJ entende que, embora esses mecanismos de vigilância tenham por objetivo 
evitar a ocorrência de furtos, sua eficiência apenas MINIMIZA as perdas dos comerciantes, visto que não 
impedem, de modo absoluto (por completo), a ocorrência de furtos nestes locais. 
 
Existem muitas variáveis que podem fazer com que, mesmo havendo o equipamento, ainda assim o 
agente tenha êxito na conduta. Exs: o equipamento pode falhar, o vigilante pode estar desatento e não ter 
visto a câmera no momento da subtração, o agente pode sair rapidamente da loja sem que dê tempo de 
ser parado etc. 
 
É certo que, na maioria dos casos o agente não conseguirá consumar a subtração do produto por causa 
das câmeras, no entanto, sempre haverá o risco de que, mesmo com todos esses cuidados, o crime 
aconteça. 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 39 
Desse modo, concluindo: na hipótese aqui analisada, não podemos falar em ABSOLUTA ineficácia do meio. 
O que se tem no caso é a inidoneidade RELATIVA do meio. Em outras palavras, o meio escolhido pelo 
agente é relativamente ineficaz, visto que existe sim uma possibilidade (ainda que pequena) de o delito se 
consumar. 
 
Sendo assim, se a ineficácia do meio deu-se apenas de forma relativa, não é possível o reconhecimento do 
instituto do crime impossível previstono art. 17 do CP. 
 
 
 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL 
Meios de comprovação da menoridade da vítima nos crimes sexuais 
 
Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento atestando ser a 
vítima menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a 
partir de outros elementos de prova presentes nos autos. 
Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da 
vítima, podendo o juiz valer-se de outros elementos. 
No caso concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou que 
esta poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial, das declarações 
das testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 12.700-AC, voto vencedor Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme 
(Desembargador convocado do TJ/SP), Rel. para acórdão Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/3/2015 
(Info 563). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, 18 anos, praticou conjunção carnal com garota de 13 anos de idade. 
O agente foi denunciado pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do CP: 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
 
Nos memoriais apresentados como alegações finais, a Defensoria Pública pediu a absolvição do réu sob a 
alegação de que não existe nos autos certidão de nascimento da vítima, de forma que não se pode ter 
certeza de que era menor de 14 anos no momento do ato sexual. 
Em suma, para a defesa, a inexistência de certidão de nascimento comprovando a idade da vítima é 
impedimento para que se possa condenar o réu por estupro de vulnerável, não se podendo atestar essa 
condição por meio de outras provas. 
 
O argumento da defesa é acolhido pela jurisprudência do STJ? 
NÃO. Nos crimes sexuais contra vulnerável, quando inexiste certidão de nascimento atestando ser a vítima 
menor de 14 anos na data do fato criminoso, o STJ tem admitido a verificação etária a partir de outros 
elementos de prova presentes nos autos. 
Em suma, a certidão de nascimento não é o único meio idôneo para se comprovar a idade da vítima, 
podendo o juiz valer-se de outros elementos. 
No caso concreto, mesmo não havendo certidão de nascimento da vítima, o STJ considerou que esta 
poderia ser provada por meio das informações presentes no laudo pericial, das declarações das 
testemunhas, da compleição física da vítima e das declarações do próprio acusado. 
 
E o parágrafo único do art. 155 do CPP? 
Esse dispositivo prevê: 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 40 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, 
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na 
lei civil. 
 
O STJ interpreta esse parágrafo único da seguinte forma: 
 Em regra, o estado civil das pessoas no processo penal deverá ser provado por meio das certidões de 
nascimento/identidade. 
 Na falta desses documentos, são admitidos outros meios de prova. 
 
 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO 
O crime de entrega de direção de veículo automotor a pessoa não habilitada é de perigo abstrato 
 
Importante!!! 
O CTB prevê o seguinte delito: 
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, 
com habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu 
estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo 
com segurança. Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
Para a configuração desse crime não é exigida a demonstração de perigo concreto de dano. 
Isso porque, no referido artigo, não há previsão, quanto ao resultado, de qualquer dano no 
mundo concreto, bastando a mera entrega do veículo a pessoa que se sabe inabilitada, para a 
consumação do tipo penal. Trata-se, portanto, de crime de perigo abstrato. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio 
Schietti Cruz, julgado em 11/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 563). 
STJ. 6ª Turma. REsp 1.468.099-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/3/2015 (Info 559). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, 55 anos, entregou seu carro para que seu filho Igor (17 anos) fosse a uma festa. 
Na volta para casa, Igor foi parado em uma blitz. 
Além de aplicar a multa, os agentes de trânsito encaminharam cópia do processo administrativo para o 
Ministério Público, que denunciou João pela prática do crime previsto no art. 310 do CTB: 
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com 
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física 
ou mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança: 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
Em sua defesa, João alegou que Igor não causou nenhum tipo de perigo porque sabe dirigir há anos e 
estava em velocidade compatível no local, não tendo os agentes de trânsito observado qualquer condução 
irregular do veículo por sua parte. 
 
Os argumentos da defesa poderão ser aceitos? 
NÃO. É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 do CTB. Assim, não é exigível, para o 
aperfeiçoamento do crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na conduta de quem 
permite, confia ou entrega a direção de veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação 
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por seu estado de saúde, física ou mental, 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 41 
ou por embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com segurança. 
O art. 310, mais do que tipificar uma conduta idônea a lesionar, estabelece um dever de garante ao 
possuidor do veículo automotor. Neste caso, estabelece-se um dever de não permitir, confiar ou entregar 
a direção de um automóvel a determinadas pessoas, indicadas no tipo penal, com ou sem habilitação, com 
problemas psíquicos ou físicos, ou embriagadas, ante o perigo geral que encerra a condução de um veículo 
nessas condições. 
 
Observação importante 
O Min. Rogerio Schietti Cruz, ao final de seu voto, faz uma importante ressalva dizendo que, apesar do 
entendimento acima adotado, não se exclui a possibilidade de, no caso concreto, ocorrerem situações nas 
quais se verifique que, mesmo a pessoa conduzindo o veículo sem habilitação, consta-se a total ausência 
de risco potencial à segurança viária. Ex: determinado indivíduo, desejando carregar uma caminhonete 
com areia, pede ao seu ajudante, não habilitado, que realize uma manobra de poucos metros, em área 
rural desabitada e sem movimento, para melhor posicionar a carroceria do automóvel. Neste caso, mesmo 
o delito do art. 310 sendo delito de perigo abstrato, não haveria crime por ausência de tipicidade material, 
já que tal comportamento é absolutamente inidôneo para por em risco a segurança de terceiros. 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
PROGRESSÃO DE REGIME 
Progressão de regime do reincidente condenado por crime hediondo 
 
Importante!!! 
O condenado por crime hediondo está sujeito a requisitos objetivos mais rigorosos que os 
condenados por crimes “comuns”. Para que ocorra a progressão de regime, o condenado por 
crime hediondo deverá ter cumprido: 
 2/5 da pena, se for primário; e 
 3/5 (três quintos), se for reincidente.Isso está previsto no art. 2º, § 2º da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Quando a Lei acima fala que o condenado por crime hediondo, se for reincidente, terá que 
cumprir 3/5 para progredir, essa reincidência é específica para crimes hediondos? Para ser 
submetido a esse requisito de 3/5 o condenado deverá ter praticado dois crimes hediondos? 
NÃO. A progressão de regime para os condenados por crime hediondo ocorre após o 
cumprimento de 3/5 da pena, ainda que a reincidência não seja específica em crime hediondo 
ou equiparado. 
A Lei dos Crimes Hediondos não faz distinção entre a reincidência comum e a específica. Desse 
modo, havendo reincidência, ao condenado deverá ser aplicada a fração de 3/5 da pena 
cumprida para fins de progressão do regime. 
Ex: João foi sentenciado, com trânsito em julgado, por furto simples (crime não hediondo) e 
depois foi condenado por homicídio doloso (crime hediondo). As penas foram unificadas e ele 
está no regime fechado. Para que progrida para o regime semiaberto precisará cumprir 3/5 da 
pena mesmo não sendo reincidente específico em crime hediondo. 
STJ. 6ª Turma. HC 301.481-SP, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), 
julgado em 2/6/2015 (Info 563). 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 42 
Existem três regimes de cumprimento de pena: 
a) Fechado: a pena é cumprida na Penitenciária. 
b) Semiaberto: a pena é cumprida em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. 
c) Aberto: a pena é cumprida na Casa do Albergado. 
 
Progressão de regime 
No Brasil, adota-se o sistema progressivo (ou inglês), ainda que de maneira não pura. 
Assim, de acordo com o CP e com a LEP, as penas privativas de liberdade deverão ser executadas 
(cumpridas) em forma progressiva, com a transferência do apenado de regime mais gravoso para menos 
gravoso tão logo ele preencha os requisitos legais. 
 
Requisitos para a progressão 
Os requisitos para que a pessoa tenha direito à progressão de regime estão previstos na Lei n. 7.210/84 e 
também no Código Penal. Veja um resumo: 
 
Requisitos para a progressão do regime FECHADO para o SEMIABERTO: 
Requisito 
OBJETIVO 
Crimes comuns: cumprimento de 1/6 da pena aplicada. 
Crimes hediondos ou equiparados 
(se cometidos após a Lei 11.464/07): 
 Cumprimento de 2/5 da pena se for primário. 
 Cumprimento de 3/5 da pena se for reincidente. 
Requisito 
SUBJETIVO 
Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito). 
Requisito 
FORMAL 
Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (§ 1ºA do art. 112 da LEP). 
 
 
Requisitos para a progressão do regime SEMIABERTO para o ABERTO: 
Requisito 
OBJETIVO 
Crimes comuns: cumprimento de 1/6 da pena RESTANTE. 
Crimes hediondos ou equiparados 
(se cometidos após a Lei 11.464/07): 
 Cumprimento de 2/5 da pena se for primário. 
 Cumprimento de 3/5 da pena se for reincidente. 
Requisito 
SUBJETIVO 
Bom comportamento carcerário durante a execução (mérito). 
Requisito 
FORMAL 
Oitiva prévia do MP e do defensor do apenado (§ 1ºA do art. 112 da LEP). 
Requisitos 
ESPECÍFICOS 
do regime 
aberto 
Além dos requisitos acima expostos, o reeducando deve: 
a) Aceitar o programa do regime aberto (art. 115 da LEP) e as condições especiais 
impostas pelo Juiz (art. 116 da LEP); 
b) Estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de trabalhar imediatamente quando 
for para o regime aberto (inciso I do art. 114); 
c) Apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi 
submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de 
responsabilidade, ao novo regime (inciso II do art. 114). 
 
Requisito objetivo no caso de progressão de regime para os condenados por crime hediondo 
O condenado por crime hediondo está sujeito a requisitos objetivos mais rigorosos que os condenados por 
crimes “comuns”. 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 43 
Para que ocorra a progressão de regime, o condenado por crime hediondo deverá ter cumprido: 
 2/5 da pena, se for primário; e 
 3/5 (três quintos), se for reincidente. 
 
Isso está previsto no art. 2º, § 2º da Lei n. 8.072/90. 
 
Quando a Lei acima fala que o condenado por crime hediondo, se for reincidente, terá que cumprir 3/5 
para progredir, essa reincidência é específica para crimes hediondos? Para ser submetido a esse 
requisito de 3/5 o condenado deverá ter praticado dois crimes hediondos? 
NÃO. A progressão de regime para os condenados por crime hediondo ocorre após o cumprimento de 3/5 
da pena, ainda que a reincidência não seja específica em crime hediondo ou equiparado. 
A Lei dos Crimes Hediondos não faz distinção entre a reincidência comum e a específica. Desse modo, 
havendo reincidência, ao condenado deverá ser aplicada a fração de 3/5 da pena cumprida para fins de 
progressão do regime. 
Ex: João foi sentenciado, com trânsito em julgado, por furto simples (crime não hediondo) e depois foi 
condenado por homicídio doloso (crime hediondo). As penas foram unificadas e ele está no regime 
fechado. Para que progrida para o regime semiaberto precisará cumprir 3/5 da pena mesmo não sendo 
reincidente específico em crime hediondo. 
 
 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
 
PREVIDÊNCIA PRIVADA 
Condição para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de 
previdência complementar de entidade fechada 
(Obs: tema cobrado muito pouco em provas; antes de estudar, verifique o edital do seu concurso) 
 
É lícita a cláusula que prevê a rescisão do vínculo laboral com o patrocinador como condição 
para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de previdência 
complementar de entidade fechada. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.189.456-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/5/2015 (Info 563). 
 
A LC 109/2001, embora preveja que os regulamentos dos planos de benefícios deverão estabelecer o 
resgate da totalidade das contribuições vertidas pelo ex-participante, dispõe que caberá aos órgãos 
públicos reguladores e fiscalizadores estabelecerem regulamentação específica acerca do referido 
instituto. 
Nessa conjuntura, a norma infralegal editada pelo órgão regulador, dentro do exercício do poder 
regulamentar, que disciplina atualmente a forma pela qual será efetuado o "resgate da totalidade das 
contribuições vertidas ao plano pelo participante", prevista na lei complementar de regência - vinculando 
as entidades de previdência privada e participantes -, é a Resolução do Conselho de Gestão da Previdência 
Complementar 6, de 30 de outubro de 2003. 
O art. 22 da referida Resolução enuncia que: "No caso de plano de benefícios instituído por patrocinador, 
o regulamento deverá condicionar o pagamento do resgate à cessação do vínculo empregatício". Portanto, 
nos planos de benefícios patrocinados, é lícita a disposição regulamentar que estabelece como requisito 
ao resgate a cessação do vínculo empregatício com o patrocinador. 
 
 
 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 44 
DIREITO INTERNACIONAL 
 
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 
Lei aplicável para reger a sucessão causa mortis e bem imóvel situado no exterior 
 
Aplica-se a lei brasileira para reger a sucessão de bem imóvel situado no exterior? A Justiça 
brasileira é competente para julgar inventário e partilha de bem imóvel localizado em outro país? 
NÃO. Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da 
situação da coisa (e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior. 
O art. 10 da LINDB afirma que a lei do domicílio do autor da herança regulará a sucessão por 
morte. Ocorre que essa regra não é absoluta e deveráser interpretada sistematicamente, ou 
seja, em conjunto com os demais dispositivos que regulam o tema, em especial o art. 8º, caput, 
e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art. 89 do CPC 1973 (art. 23 do CPC 2015). 
Desse modo, esses dispositivos revelam que a lei brasileira só se aplica para os bens situados 
no Brasil e autoridade judiciária brasileira somente poderá fazer o inventário dos bens 
imóveis aqui localizados. 
Mas no caso em que há um bem imóvel no Brasil e outro no exterior, como fazer? 
Deverão ser abertos dois inventários: um aqui no Brasil para reger o bem situado em nosso 
território e outro no exterior para partilhar o imóvel de lá. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.362.400-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 28/4/2015 (Info 563). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Walter nasceu na Alemanha, mas mora no Brasil há muitos anos. Ele tem três filhos: Anna, Herbert e 
Lukas, sendo que Anna mora em Berlim e os outros dois vivem no Brasil com o pai. 
Determinado dia, Walter faleceu, deixando os três filhos como únicos herdeiros e um patrimônio que 
consistia em uma casa no Brasil e uma na Alemanha, onde mora Anna. 
Herbert e Lukas iniciaram o processo de inventário na Justiça brasileira e indicaram os dois bens que 
existiam para serem partilhados. 
O advogado de Herbert e Lukas defendeu que a Justiça brasileira seria competente para realizar a partilha 
tanto da casa situada no Brasil como também do imóvel localizado na Alemanha. Para isso, o causídico 
invocou o art. 10 da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB): 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o 
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. 
 
Como Walter (o falecido) tinha domicílio no Brasil, a sucessão por morte deveria, na leitura do advogado, 
observar a lei brasileira, nos termos do art. 10 acima. 
 
O juiz, contudo, não concordou com a argumentação. Para o magistrado, a Justiça brasileira não é 
competente para fazer o inventário e a partilha do imóvel situado na Alemanha, sendo essa atribuição da 
Justiça daquele país. 
 
A questão chegou até o STJ. A tese do advogado está correta? Aplica-se a lei brasileira para reger a 
sucessão de bem imóvel situado no exterior? A Justiça brasileira é competente para julgar inventário e 
partilha de bem imóvel localizado em outro país? 
NÃO. Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da situação da 
coisa (e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior. 
 
 
Realmente, o art. 10 da LINDB afirma que a lei do domicílio do autor da herança regulará a sucessão por 
 
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morte. Ocorre que essa regra não é absoluta e deverá ser interpretada sistematicamente, ou seja, em 
conjunto com os demais dispositivos que regulam o tema, em especial o art. 8º, caput, e § 1º do art. 12, 
ambos da LINDB e o art. 89 do CPC 1973 (art. 23 do CPC 2015): 
Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que 
estiverem situados. 
(...) 
Art. 12. (...) 
§ 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, 
com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados 
no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, 
situados no Brasil, ainda que o autor da herança 
seja estrangeiro e tenha residido fora do território 
nacional. 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária 
brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados 
no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à 
confirmação de testamento particular e ao 
inventário e à partilha de bens situados no Brasil, 
ainda que o autor da herança seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora 
do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução 
de união estável, proceder à partilha de bens 
situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora 
do território nacional. 
 
Desse modo, esses dispositivos revelam que a a lei brasileira só se aplica para os bens situados no Brasil e 
autoridade judiciária brasileira somente poderá fazer o inventário dos bens imóveis aqui localizados. 
 
Mas e neste caso em que há um bem imóvel no Brasil e outro no exterior, como fazer? 
Deverão ser abertos dois inventários: um aqui no Brasil para reger o bem situado em nosso território e 
outro no exterior para partilhar o imóvel de lá. 
 
(...) Adotado no ordenamento jurídico pátrio o princípio da pluralidade de juízos sucessórios, inviável se 
cuidar, em inventário aqui realizado, de eventuais depósitos bancários existentes no estrangeiro. 
(STJ. 3ª Turma. REsp 397.769/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/11/2002) 
 
(...) O inventário e a partilha devem ser processados no lugar da situação dos bens deixados pelo falecido, 
não podendo o juízo brasileiro determinar a liberação de quantia depositada em instituição financeira 
estrangeira. (...) 
(STJ. 3ª Turma. REsp 510.084/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/08/2005) 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
Julgue os itens a seguir: 
1) (Juiz TJ/PR 2014) Em que pese as discussões doutrinárias, pode-se dizer em relação ao crime 
impossível, artigo 17 do Código Penal, que o legislador brasileiro adotou a teoria objetiva temperada, 
na qual somente são puníveis os atos praticados pelo agente, quando os meios e os objetos são 
 
Informativo 563-STJ (29/05 a 14/06/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 46 
relativamente eficazes ou impróprios, isto é, quando há alguma possibilidade de o agente alcançar o 
resultado pretendido. ( ) 
2) (DPE/AM 2013 FCC) O crime impossível extingue a punibilidade. ( ) 
3) (DPE/RS 2014) A figura do crime impossível prevista no art. 17 do Código Penal retrata hipótese de fato 
típico, mas inculpável. ( ) 
4) (Juiz TJ/RN 2013 CESPE) Configura-se crime impossível, que enseja a exclusão da ilicitude, a conduta de 
tomar remédios para abortar, se, posteriormente, ficar comprovado que a autora nunca esteve grávida. ( ) 
5) (BACEN 2013 CESPE) A apresentação de laudo médico falso ao Instituto Nacional do Seguro Social 
(INSS) para fins de obtenção de auxílio-doença caracteriza crime impossível caso sua consumação seja 
impedida pela identificação da falsidade do documento pelos peritos do referido órgão antes do 
deferimento do benefício pleiteado. ( ) 
6) (BACEN 2013 CESPE) O Brasil adota, em relação ao crime impossível, a teoria objetiva temperada, 
segundo a qual os meios empregados e o objeto do crime devem ser absolutamente inidôneos a 
produzir o resultado idealizado pelo agente. ( ) 
7) (BACEN 2013 CESPE) A existência de sistema de vigilância em estabelecimento comercial exclui a 
possibilidade de consumação de crime patrimonial, dada a caracterização de crime impossível ante a 
ineficácia absoluta do meio empregado. ( ) 
8) (Juiz Federal TRF4 2014) De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o 
monitoramento por câmeras de vigilância e por sistema de alarmes ou mesmo a existência de 
seguranças no estabelecimento tornam impossível a consumação do furto, incidindo, assim, a regra do 
art. 17 do Código Penal. ( ) 
 
Gabarito 
1. C 2. E 3. E 4. E 5. E 6. C 7. E 8. E 
 
 
JULGADOS NÃO COMENTADOS 
 
DIREITO CIVIL. INCLUSÃO NO DÉBITO JUDICIAL DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS SUBSEQUENTES. RECURSO 
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 891. 
Na execução de sentença que reconhece o direito de poupadoresaos expurgos inflacionários decorrentes 
do Plano Verão (janeiro de 1989), incidem os expurgos inflacionários posteriores a título de correção 
monetária plena do débito judicial, que terá como base de cálculo o saldo existente ao tempo do referido 
plano econômico, e não os valores de eventuais depósitos da época de cada plano subsequente. 
De início, cumpre diferenciar duas situações que parecem se baralhar com relativa frequência: (i) uma é a 
incidência de expurgos inflacionários resultantes de planos econômicos não previstos na sentença coletiva 
a valores eventualmente existentes em contas de poupança em momento posterior; (ii) outra é a 
incidência, no débito judicial resultante da sentença, de expurgos inflacionários decorrentes de planos 
econômicos posteriores ao período apreciado pela ação coletiva, a título de correção monetária plena da 
dívida consolidada. Exemplo da primeira situação: em janeiro de 1989, um poupador detinha determinado 
valor depositado em poupança e manteve a conta aberta com valores passados e/ou futuros até a 
atualidade; a sentença coletiva reconhece o direito à diferença de correção monetária referente a janeiro 
de 1989 (Plano Verão) e o correntista busca, na execução da sentença, a incidência de outros expurgos aos 
valores que foram ou se mantiveram depositados na conta; nessa hipótese, a depender do caso concreto, 
certamente poderá haver ofensa à coisa julgada com a inclusão de expurgos - posteriores à sentença -, na 
fase de execução. Em relação à segunda situação, tem-se o seguinte exemplo: em janeiro de 1989, um 
poupador detinha determinado valor depositado em poupança; a sentença coletiva reconhece o direito à 
diferença de correção monetária referente a janeiro de 1989 (Plano Verão); sobre esse débito certo e 
reconhecido (fixado conforme o título), referente ao direito a expurgos inflacionários concretamente 
decididos na sentença, a parte, na fase de execução, busca a incidência de outros expurgos referentes a 
 
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planos econômicos posteriores, mas tudo a título de correção monetária do débito reconhecido. Percebe-
se que as bases de cálculo de cada situação são bem distintas: na primeira, a base de cálculo é o saldo dos 
depósitos existentes à época de cada plano econômico; na segunda, é o saldo existente em conta em 
janeiro de 1989, que é atualizado na fase de execução, fazendo-se incidir os demais expurgos referentes 
aos planos econômicos não contemplados na sentença. No caso em análise - situação (ii) -, observa-se que 
o propósito subjacente é a mera recomposição da moeda, mediante incidência de correção monetária 
plena. No ponto, é de longa data a jurisprudência do STF e do STJ no sentido de que a correção monetária 
não consubstancia acréscimo material ao débito principal, mas mera recomposição do valor real em face da 
corrosão inflacionária de determinado período. Por essa ótica, havendo um montante fixo já definido na 
sentença - dependente apenas de mero cálculo aritmético -, não hostiliza a coisa julgada a inclusão, na fase 
de execução individual, de correção monetária não contemplada na sentença . Antes, a protege, pois só 
assim o título permanece hígido com a passagem do tempo em um cenário econômico no qual a inflação 
não é nula. Com efeito, se, para a manutenção da coisa julgada, é necessário proceder à correção 
monetária plena do débito reconhecido, os expurgos inflacionários do período de inadimplemento devem 
compor o cálculo, estejam ou não contemplados na sentença exequenda. Precedentes citados: REsp 
1.322.543-DF, Quarta Turma, julgado em 26/8/2014, DJe 16/9/2014; AgRg no REsp 1.240.114-SC, Terceira 
Turma, DJe 18/3/2014; e REsp 550.063-PR, Segunda Turma, DJe 23/4/2010. REsp 1.314.478-RS, Rel. Min. 
Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 13/5/2015, DJe 9/6/2015. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO. VALORES DO REINTEGRA E BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS E DA 
COFINS. 
Até o advento da Lei 12.844/2013, os valores ressarcidos no âmbito do Regime Especial de Reintegração 
de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (REINTEGRA) incorporavam a base de cálculo da 
contribuição ao PIS e da COFINS, sobretudo no caso de empresas tributadas pelo lucro real na sistemática 
da não cumulatividade do PIS e da COFINS instituída pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. 
A Lei 12.546/2011, que institui o REINTEGRA, tem como objetivo reintegrar valores referentes a custos 
tributários federais residuais existentes nas cadeias de produção de tais empresas. A propósito, extrai-se 
dos arts. 1º e 2º dessa lei, que esse benefício fiscal tem natureza de "reintegração de valores referentes a 
custos tributários". Dessa forma, seja por se tratar de recuperação ou devolução de custos, seja por se 
tratar de subvenção corrente para custeio ou operação, os valores do benefício fiscal criado pelo 
REINTEGRA integram a receita bruta operacional da empresa por expressa determinação do art. 44 da Lei 
4.506/1964, de forma que, salvo autorizativo legal, tais valores integram a base de cálculo do PIS e da 
COFINS no regime da não cumulatividade previsto nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. A propósito, 
conforme entendimento adotado pela Segunda Turma desta Corte nos autos dos EDcl no REsp 1.462.313-
RS, DJe 19/12/2014 e do AgRg no REsp 1.518.688-RS, DJe 7/5/2015, os valores do REINTEGRA são passíveis 
de incidência do imposto de renda, até o advento da MP 651/2014, posteriormente convertida na Lei 
13.043/2014, de forma que a conclusão lógica que se tem é a de que tais valores igualmente integram a 
base de cálculo do PIS e da COFINS, que é mais ampla e inclui, a priori, ressalvadas as deduções legais, os 
valores relativos ao IRPJ e à CSLL, sobretudo no caso de empresas tributadas pelo lucro real na sistemática 
da não cumulatividade do PIS e da COFINS instituída pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, cuja tributação 
se dá com base na receita bruta mensal da pessoa jurídica, a qual, por expressa disposição do art. 44 da Lei 
4.506/1964, abrange as recuperações ou devoluções de custos, deduções ou provisões e as subvenções 
correntes, para custeio ou operação, recebidas de pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou de 
pessoas naturais. Nos termos do art. 150, § 6º, da CF, qualquer subsídio ou isenção, redução de base de 
cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, 
só poderá ser concedido mediante lei específica que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas 
ou o correspondente tributo ou contribuição. Nesse sentido, somente com o advento da Lei 12.844/2013, 
que incluiu o § 12 no art. 2º da Lei 12.546/2011, é que os valores ressarcidos no âmbito do REINTEGRA 
foram excluídos expressamente da base de cálculo do PIS e da COFINS. Por não se tratar de dispositivo de 
conteúdo meramente procedimental, mas sim de conteúdo material (exclusão da base de cálculo de 
 
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tributo), sua aplicação somente alcança os fatos geradores futuros e aqueles cuja ocorrência não tenha sido 
completada (consoante o art. 105 do CTN), não havendo que se falar em aplicação retroativa. 
REsp 1.514.731-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 26/5/2015, DJe 1º/6/2015. 
 
DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONDIÇÃO PARA O RESGATE DE RESERVA DE POUPANÇA DE PLANO 
PRIVADO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DE ENTIDADE FECHADA. 
É lícita a cláusula estatutária que prevê a rescisão do vínculo laboral com o patrocinador como condição 
para o resgate de reserva de poupança de plano privado de previdência complementar de entidade 
fechada. 
De antemão, é importante esclarecer que resgate é o instituto da previdência complementar que faculta ao 
ex-participante receber o valor decorrente do desligamentodo plano de benefícios. Já o montante a ser 
restituído corresponde à totalidade das contribuições por ele vertidas ao fundo (reserva de poupança), 
devidamente atualizadas, descontadas as parcelas de custeio administrativo que sejam de sua 
responsabilidade, na forma prevista no regulamento. De fato, o instituto do resgate, além de ser 
disciplinado no regulamento do ente de previdência privada, deve observar também, segundo comando 
legal, as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador (arts. 3º, II, 35, I, "c" e "d", e 42, V, da Lei 
6.435/1977; art. 14, caput e III, da LC 109/2001). Nesse contexto, o Conselho de Gestão da Previdência 
Complementar (CGPC), no uso de suas atribuições legais (arts. 5º e 74 da LC 109/2001), editou a Resolução 
MPS/CGPC 6/2003, dispondo que no caso de plano de benefícios instituído por patrocinador, o 
regulamento deverá condicionar o resgate à cessação do vínculo empregatício (art. 22). Ressalta-se que 
essa exigência já fazia parte do regime da Lei 6.435/1977, regulamentada pelo Decreto 81.240/1978 (art. 
31, VII e VIII). Observa-se, desse modo, que a exigência de extinção do vínculo empregatício com o 
patrocinador para o ex-participante de fundo previdenciário solicitar o resgate de suas contribuições, 
apesar de rigorosa, é essencial, pois se evita a desnaturação do sistema, dado que o objetivo da previdência 
complementar fechada é a proteção social de um grupo específico de participantes e não a utilização como 
forma de investimento, tanto é assim que a atividade da entidade fechada de previdência complementar 
não tem finalidade lucrativa, estando voltada unicamente para a gestão de recursos para fazer frente à 
suplementação de benefícios futuros contratados. Logo, não fere a razoabilidade nem há como ser 
reputada ilícita ou abusiva a cláusula estatutária. 
REsp 1.518.525-SE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/5/2015, DJe 29/5/2015.

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