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RESUMO DE DIREITO EMPRESARIAL II

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RESUMO DE DIREITO EMPRESARIAL II
TÍTULOS DE CRÉDITO 
CONCEITO: os títulos de crédito constituem "documentos necessários para o exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado"
PRINCIPIOS QUE NORTEIAM OS TITULOS DE CRÉDITO: 
Princípio da Cartularidade: exige a existência material do título ou, como versa Vivante, o documento necessário. Assim sendo, para que o credor possa exigir o crédito deverá apresentar a cártula original do documento - título de crédito.
Garante, portanto, este princípio, que o possuidor do título é o titular do direito de crédito.
Princípio da Literalidade: o título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos e limites. Para o credor e devedor só valerá o que estiver expresso no título. Deve, por conseguinte, constar a assinatura do avalista para que seja válido o aval, por exemplo.
-Princípio da Autonomia: cada pessoa que se obriga no título está assumindo uma obrigação autônoma, ou seja, não depende das obrigações já assumidas por outros no mesmo título nem a elas vinculada. Cada obrigação é autônoma e o obrigado (aceitante) tem que cumpri-la, em favor do portador, sem poder fugir a esse dever alegando algo sobre as relações com os obrigados anteriores do título. Assim, a autonomia das obrigações assumidas dá ao portador a segurança do cumprimento dessas obrigações por qualquer uma das pessoas que tenham assinados no documento.
Abstração: são direitos que não dependem do negócio que deu lugar ao nascimento do título. Uma vez emitido o título, este se liberta de sua causa e, assim, a mesma não poderá ser alegada futuramente para invalidar as obrigações decorrentes do título, pois esse, uma vez emitido, passa a conter direitos abstratos, não cabendo a exigência de contraprestação para poder ser satisfeita a obrigação
CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
- Quanto ao modo de circulação: 
a) títulos de crédito à ordem: são aqueles cuja titularidade se transfere mediante a indicação, por meio de endosso* efetuado pelo atual credor (beneficiário), do nome de nova pessoa a quem deva ser paga a quantia expressa no título.
*endosso é a declaração, escrita no dorso de um título de crédito ou papel comercial, que transmite a outrem a sua propriedade.
b) títulos de crédito ao portador: são títulos que circulam por intermédio de quem os portar. Neles não consta expressamente o nome do credor, então o portador do título é o credor deste. A nota promissória, letra de câmbio e duplicata não podem ser ao portador. Exceções: cheques de até R$ 100,00 e bilhetes de loteria.
c) títulos de crédito nominativos: são aqueles cujo nome do respectivo credor encontra-se registrado em um livro de registro próprio e circulam a partir da transferência de sua titularidade no livro de registro específico, ou seja, sua emissão não é perfeita senão quando se registra nos livros do devedor. Distingue-se dos títulos de crédito à ordem e ao portador, pois se transfere cm o freio de sua respectiva inscrição no registro do devedor, que serve para proteger o título contra o perigo de perder o crédito com a perda do título.
- Quanto à sua natureza
a) títulos de crédito causais: são títulos cuja emissão depende de uma causa, sendo portanto, tal causa requisito indispensável à emissão. Ex.: duplicata que só pode ser emitida por ocasião da venda e entrega efetiva de uma mercadoria.
b) títulos de crédito abstratos: são títulos cuja emissão não depende de uma causa específica. Ex.: A emite um cheque para B, mas no cheque não precisa estar escrito o motivo que originou a emissão. 
- Quanto a estrutura jurídica 
a) ordens de pagamento: comporta três posições jurídicas (i) o sacador/emitente: aquele que emite o título; (ii) o sacado: contra quem é emitida a ordem de pagamento; e (iii) o beneficiário: aquele em favor de quem deve ser efetuado o pagamento por parte do sacado. Ex.: letra de câmbio, cheque e duplicata.
b) promessas de pagamento: comporta duas posições jurídicas (i) o promitente/devedor e (ii) o promissário/credor (destinatário da promessa). Ex.: nota promissória.
ENDOSSO 
 
CONCEITO: É uma forma de transmissão de um título, no qual o endossante efetua o endosso lançando sua assinatura no verso ou anverso do documento.
O endosso pode ser em branco (proibido no Brasil, contém apenas a assinatura do endossante, sem identificar a quem se transfere a propriedade do título) ou em preto (contém o nome do beneficiário em favor de quem se transfere a propriedade do título, o endossatário).
#OBS: O endosso tem duplo efeito: (i) transmite a propriedade do título do endossante para o endossatário e (ii) cria uma garantia ao endossatário.
Figuram dois sujeitos no endosso:
- Endossante ou endossador: quem garante o pagamento do título transferido por endosso;
- Endossatário ou adquirente: quem recebe por meio dessa transferência a letra de câmbio.
# O endosso responsabiliza solidariamente o endossante ao pagamento do crédito descrito na cártula caso o sacado e sacador não efetuem o pagamento. Portanto, se o devedor entregar a seu credor um título, por mera tradição e sem endosso, não estará vinculado ao pagamento deste crédito caso as outras partes se tornem inadimplentes.
Poderá o endosso se apresentar:
em preto: quando na própria letra traz a indicação do endossatário do crédito. Também conhecido por endosso nominal.
em branco: quando apenas constar a assinatura do endossante, sem qualquer indicação de quem seja o endossatário. Deverá este ser feito sempre no verso do título e se tornará um título ao portador.
Classificações doutrinárias de endosso:
- Endosso próprio: transfere ao endossatário não só a titularidade do crédito como também o exercício de seus direitos.
- Endosso impróprio: difere do anterior uma vez que não transfere a titularidade do crédito, mas tão somente o exercício de seus direitos. Este se subdivide em:
Endosso-mandato ou endosso-procuração: permite que o endossatário aja como representante do endossante, podendo exercer os direitos inerentes ao título.
Endosso-caução ou pignoratício: figura como mera garantia ao endossatário de uma dívida do endossante para com ele. Deve sempre conter a cláusula: “valor em garantia” ou “valor em penhor”. Tendo, portanto, o endossante cumprido a obrigação para a qual se destinou a garantia, poderá rever o título de crédito.
AVAL 
CONCEITO: o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval". Com isso estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista) firma para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do pagamento do título se este último não o fizer.
Poderá o aval se apresentar:
em preto: indica o avalizado nominalmente;
em branco: não indica expressamente o avalizado, considerando, porconseguinte, o sacador como o mesmo.
É permitido o aval parcial (garante parte do valor) ou total (garante todo o valor), segundo o art. 30 da Lei Uniforme.
# O aval difere da fiança pelo fato desta última se caracterizar em contratos cíveis e não sob títulos de crédito, como a primeira.
Fiança é um contrato acessório pelo qual a pessoa garante ao credor satisfazer a obrigação assumida pelo devedor caso este não a cumpra, ao passo que a obrigação do avalista é autônoma, independente da do avalizado. A fiança produz mais efeitos que o aval, uma vez que a posição do fiador adquire características de principal.
A fiança só tem valor quando se encontra expressa por escrito. No caso da fiança, o credor pode requisitar a sua substituição, o que não acontece com alguém que possui título de crédito, não podendo pedir a substituição do aval. No caso da fiança, o fiador pode determinar um prazo de validade da fiança, algo que não acontece no caso do aval. A fiança é uma medida mais abrangente que pode ser aplicada em contratos em geral e não só para garantir títulos de crédito.
LETRA DE CÂMBIO
CONCEITO: A letra de câmbio é uma espécie de título de crédito, ou seja,representa uma obrigação pecuniária, sendo desta autônoma.
- A emissão da letra de câmbio é denominada saque; por meio dele, o sacador (quem emite o título), expede uma ordem de pagamento ao sacado (pessoa que deverá paga-la), que fica obrigado, havendo aceite, a pagar ao tomador (um credor específico), o valor determinado no título.
EX: ENTREGA O TITULO PARA SER TROCADO EM POA, CHEGANDO LÁ ENTREGA O PEDAÇO DE PAPEL E O BANCO ENTREGA O DINHEIRO 
- Apesar de atribuir ao sacado a obrigação de pagar o tomador, o sacador permanece subsidiariamente responsável pelo pagamento da letra. 
- Não sendo pago o título no seu vencimento, poderá ser efetuado o protesto e a cobrança judicial do crédito, que se dá por meio da ação cambial. Porém, para que o credor possa agir em juízo, é necessário que esteja representado por um advogado.
- Há que destacar, O sacado apenas terá a obrigatoriedade ao pagamento da letra de câmbio, quando houver expressa concordância de sua obrigação por meio do aceite que se dá pela assinatura do sacado no anverso do título ou no verso acompanhado da expressão aceito.
- Quanto à possibilidade de transferência, diz-se que a letra de câmbio é um título de crédito nominativo, ou seja, em favor de um credor específico, suscetível de circulação mediante endosso. Assim, o endossante (tomador original), transfere a letra para um endossatário (novo tomador).
- Os títulos “à ordem” são aqueles cuja circulação ocorre mediante endosso e os “não à ordem” circulam mediante a transmissão de crédito.
- Portanto, o endosso é o ato cambiário que opera a transferência do crédito representado por um título “à ordem”. A cláusula “à ordem” é tácita. Assim, para que um título de crédito seja considerado “à ordem” e, portanto, transferível por endosso, basta que não esteja denominada cláusula “não à ordem.
VENCIMENTO: 
No tocante ao vencimento, poderá ser à vista, assim como poderá ser a certo termo da data, a certo termo da vista ou a dia certo. Para efeito de contagem de prazo, dia útil é o dia em que há expediente bancário.
 - Poderão ocorrer situações em que a letra de câmbio pode ser protestada: o protesto por falta de aceite, falta de data de aceite e falta de pagamento.
- O protesto por falta de aceite será em face do sacador, não podendo ser extraído contra o sacado, que não aceitou o título, ao passo que, não havendo o aceite do título, não estará vinculado à obrigação. Protestado, o sacado será intimado para que compareça e aceite o título.
- Em relação ao protesto por falta de data de aceite e ao protesto por falta de pagamento, o protestado é o sacado.
- Se protesto por falta de pagamento, a letra de câmbio deverá ser apresentada para protesto nos dois dias seguintes àquele em que o título for pagável, ou seja, de seu vencimento. Se o vencimento for em dia não útil, o vencimento se dará no 1º dia útil seguinte. Em nao havendo a observância prazo, gerará, por consequência, a perda do direito de crédito perante os coobrigados: sacador, endossante e avalista – conforme o artigo 53 da Lei Uniforme.
PRAZO PRESCICIONAL: 
CONCEITO: Perda do direito devido por lapso temporal, será:
a) três anos: a contar da data do vencimento do título – para o exercício do direito de crédito contra o devedor principal e seu avalista.
B) um ano: a contar da data do protesto do título – para o exercício do direito de crédito contra os coobrigados (sacador/endossantes e respectivos avalistas).
c) seis meses: a contar do pagamento – para o exercício do direito de regresso por qualquer um dos coobrigados.
NOTA PROMISSÓRIA
CONCEITO: Nota promissória é um título cambiário em que seu criador assume a obrigação direta e principal de pagar o valor correspondente no título. 
A nota promissória nada mais é do que uma promessa de pagamento, e para seu nascimento são necessárias duas partes: o emitente ou subscritor (devedor), criador da promissória no mundo jurídico, e o beneficiário ou tomador, que é o credor do título.
EXEMPLO: Ana Júlia empresta mil reais ao seu amigo André, que, por sua vez, se compromete a efetuar o pagamento do empréstimo em trinta dias. Assim sendo, emite uma nota promissória no valor do empréstimo onde a beneficiária é a Ana Júlia, com vencimento para trinta dias da data.
PRESCRIÇÃO: 
- O credor da nota promissória (sacado) possui o prazo de 3 anos, a contar da data de vencimento, para promover a ação de execução de título extrajudicial contra o devedor do título.
- As ações do portador contra os endossantes e contra o sacador prescrevem num ano, a contar da data do protesto feito em tempo útil, ou da data do vencimento, se trata de letra que contenha cláusula ‘sem despesas’. 
- As ações dos endossantes uns contra os outros e contra o sacador prescrevem em 6 (seis) meses a contar do dia em que o endossante pagou a letra ou em que ele próprio foi acionado
CHEQUE
CONCEITO: O cheque é uma ordem incondicional de pagamento à vista, de uma certa quantia em dinheiro, dada com base em suficiente provisão de fundos ou decorrente de contrato de abertura de crédito disponíveis em banco ou instituição financeira equiparada. 
INTERVENIENTES: 
EMITENTE:  É a pessoa que dá a ordem de pagamento para o sacado, após verificação dos fundos, pagar. É o devedor principal. 
SACADO: O banco ou instituição financeira a ele equiparada. O sacado de um cheque não tem, em nenhuma hipótese, qualquer obrigação cambial. 
BENEFICIÁRIO: É a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador
TIPOS DE CHEQUES: 
CHEQUE CRUZADO: possibilita a identificação do credor e só poderá ser pago via depósito em conta. O cruzamento pode ser: 
Geral: Dois traços paralelos no anverso 
  
Especial: Entre os traços, figura o nome do Banco 
- Cheque para ser creditado em conta: O emitente/portador proíbe o pagamento  em dinheiro mediante a inscrição no anverso da expressão: “para ser creditado em conta” 
- Cheque visado: é aquele garantido pelo banco sacado durante um certo período. 
- Cheque Administrativo: é aquele sacado pelo banco contra um de seus estabelecimentos.
 ENDOSSO: O cheque é título de modelo vinculado. A transmissão de cheque pagável a pessoa qualificada é TRANSMISSÍVEL através do ENDOSSO, com ou sem a cláusula “à ordem”. Com o CPMF, endossa-se apenas uma vez.  
A sua circulação segue a mesma regulamentação da letra de câmbio, com as seguintes diferenças:
 •    não se admite o endosso-caução; 
•   o endosso do sacado é nulo, VALENDO APENAS COMO QUITAÇÃO     (exceção: endosso feito por um dos estabelecimentos do sacado para pagamento em outro estabelecimento); e 
•    o endosso feito após o prazo de apresentação serve apenas como cessão civil de crédito. 
AVAL: Expresso da forma convencional ou pela simples assinatura no anverso do cheque. Na falta de indicação, considera-se avalizado o emitente.
 ACEITE: O cheque não admite aceite. A praça é obrigada a aceitar pagamentos em cheque. 
VENCIMENTO: Sempre à vista, contra apresentação. 
 •    O cheque para se levar em conta somente é liquidado por lançamento contábil por parte do sacado. 
•    O prazo para pagamento de cheque é de 30 dias para mesma praça e 60 se for de praça distinta. A perda do prazo implica em perda do direito contra os co-obrigados e do direito creditício se não mais existir fundos
. •    O cheque pode servir como instrumento de prova de pagamento e extinção de obrigação. PAGAMENTO: Cheque sem fundos é tipificado como estelionato.  O credor não pode recusar pagamento parcial.  O sacado não deve pagar o cheque após o prazo de prescrição. •    A execução de cheques sem fundos prescreve em 6 meses a partir do término do prazo para apresentação. Após o decurso deste prazo, será admissível ação com base em locupletamento sem causa no prazo de 2 anos. 
SUSTAÇÃO DE CHEQUE:       
 A sustação do cheque pode ser: 
•    revogação (contra-ordem), notificação dos motivos, feitos após o prazo para apresentação do cheque e •    oposição,aviso escrito, relevante razão de direito, antes da liquidação do título. A sustação pode configurar crime de fraude no pagamento por cheque (art.171).  O sacado não pode questionar a ordem.
 PRAZO PRESCRICIONAL:    
a)    6 meses, contados da expiração do prazo de apresentação: - Do portador contra o emitente e seus avalistas - Do portador contra os endossantes e seus avalistas. 
b)    De qualquer dos coobrigados contra os demais:  6 meses contados do dia em que pagou o cheque ou foi acionado
 OBS.: A ação de enriquecimento ilícito contra o emitente ou coobrigados   prescreve em 2 anos contados do dia em que se consumar a prescrição da ação de execução Os cheques PÓS-DATADOS: É interessante lembrarmos que, segundo a lei Uniforme sobre Cheques, este título é ordem de pagamento à vista. Desta maneira, os cheques com data futura ao dia real da emissão não devem ser levados em conta.  A data futura não é considerada e o cheque sempre é pagável à vista

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