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Biomecanica

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACISA 
EDUCAÇÃO FÍSICA-P3 
 
 
 
 
 
 
CAROLINE LINCOLN CARNEIRO DE MELO PEDROZA 
 
 
 
 
 
 
 
DOPPING GENÉTICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE – PB 
2018. 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFACISA 
EDUCAÇÃO FÍSICA-P3 
 
 
 
 
 
 
 
CAROLINE LINCOLN CARNEIRO DE MELO PEDROZA 
 
 
 
 
DOPPING GENÉTICO 
 
 
 
Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Médicas – FCM, atividades complementar na 
disciplina Fundamentos da genética no 
curso de Educação Física – Bacharelado. 
 
Orientado pelo professor Felippe Barbosa Gomes. 
 Fundamentos da genética. 
 
 
 
 
 
 
CAMPINA GRANDE – PB 
 2018 
INTRODUÇÃO 
A utilização de mecanismos físicos, químicos ou biológicos que 
favoreçam o aprimoramento das capacidades físicas e da performance é 
atrelada aos esportes desde tempos longínquos, seja através de agentes 
anabólicos, substâncias relacionadas a hormônio, estimulantes e diuréticos, por 
exemplo. Contudo, como conseqüência da finalização do Projeto Genoma 
Humano e o desenvolvimento da terapia genética foi possível, por meio da 
biotecnologia, ampliar as chances de ser ter um atleta com desenvoltura física 
mais aperfeiçoada através do doping genético. 
 Esta técnica, segundo dados WADA (2016), consiste no uso não 
terapêutico de genes, de elementos genéticos e/ou de células que possuam a 
capacidade de aumentar a produtividade do atleta, se expressando através do 
produto gerado pelo indivíduo resultante do gene introduzido. Esta descrição 
apresenta um forte diálogo entre o doping genético e a terapia gênica, posto 
que, ambas envolvem a manipulação de genes, porém com finalidades 
diferentes, sendo o primeiro termo visando a modificação de inúmeros genes 
para melhoria do desempenho e o ultimo busca utilizar o gene para encontrar a 
cura de doenças. 
Além disso, QUEIROZ & ALVES (2015) explicam em seu trabalho a 
dificuldade existente para a identificação das alterações genéticas nos exames 
antidoping, uma vez que, neste método há o direcionamento em determinado 
tecido e apenas poucas proteínas conseguem ser identificadas. Assim, é 
preciso aplicar uma invasiva técnica de biópsia intramuscular direcionada ao 
tecido manipulado geneticamente e as proteínas investigadas devem ser 
precisamente as que foram remodeladas. 
Relacionando a bioética como doping esportivo, há divergentes 
posicionamentos no que tange a aceitação do propósito pelo qual está sendo 
feita as transferências de genes. Estudos retratam a viabilidade de encarar tal 
método genético como um possível avanço positivo, enfatizando que rejeitar os 
possíveis debates e análises científicas sobre este doping para o esporte e 
para o atleta, limita a maneira como as novas melhoras provenientes da 
tecnologia podem ser vistas. Contudo, existe uma vasta discussão sobre o fato 
da técnica em questão ser considerada uma prática ilícita, por infringir a ética 
esportiva ao violar regras antidopings previstas nos artigos 2.1 a 2.8 do código 
da Agencia Mundial Antidoping (WADA). 
Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo reunir informações a 
cerca do doping genético, abordando os principais genes envolvidos nesta 
técnica, as dificuldade de identificação da mesma e como esta proposta vem 
sendo discutida pela sociedade acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
METÓDOS 
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica, exploratória na 
qual buscou informações em materiais publicados no período de 2013 a 2018, 
que objetivaram abordar estudos a cerca do doping genético principalmente 
voltado para a aplicação esportiva. A pesquisa ocorreu ao longo do mês de 
março no ano vigente, por meio de trabalhos nacionais e internacionais, 
encontrados nas bases de dados Scielo​, ​Medline e ​PubMed, através dos 
descritores: doping genético, terapia gênica, esportes e bioética. Para critério 
de inclusão foi escolhido o uso de artigos que expunham o doping de caráter 
genético, sua relação com a terapia gênica e a aplicação do mesmo nos 
esportes. Os critérios de exclusão foram pautados em: publicações anteriores a 
ao ano de 2013 ou aquelas que se limitaram a descrever apenas os tipos de 
doping esportivos já dominados e que não explanaram modificações em genes. 
Deste modo, respeitando a metodologia proposta, foram selecionados 9 
artigos, nos quais 5 deles serviram de fundamento teórico para tecer a revisão 
em questão. 
Palavras-chave​: Doping genético; Terapia gênica; desempenho físico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESULTADOS 
 
1. Conceituando o doping genético: 
 
Doping Genético é considerado o uso de células, genes ou material 
genético através da terapia gênica, para a melhora do desempenho físico do 
atleta. Além de fascinar cientistas pesquisadores de terapia gênica, esse 
método vem despertando olhares de treinadores e atletas de alto rendimento, 
visando à melhora do desempenho atlético, buscando a melhora das 
capacidades físicas como força, potência melhora na captação de oxigênio 
além do uso para tratamento e recuperação de lesões, visando levar vantagem 
sobre outros competidores (AZZAZY 2010; WADA 2010, apud BAIRROS; 
PREVEDELLO, MORAES, 2011, p. 1058). Este método pode ser aplicado 
realizado através de duas técnicas: in vivo e ex vivo. A primeira técnica 
consiste na de introdução do gene por meio de métodos biológicos, físicos, 
químicos (​lipossomas catiônicos​) ou pela injeção direta, na qual se faz uso 
principalmente de vírus (adenovírus, vírus adeno-associado, virus do herpes, 
lentivirus e retrovirus) como vetores biológicos modificados, para a inserção de 
genes em células do tecido-alvo. Já no método ex vivo, há uma primeira 
transferência dos genes em uma célula em cultura, para que posteriormente a 
mesma seja inserida no tecido-alvo do atleta, esta transferência pode ocorrer 
pelos seguintes métodos electroporação ou gene gun, de acordo com Azzany 
el AL. (2009). 
2. Terapia gênica e doping genético: 
Conforme Linder (2010) entende-se terapia gênica (TA) como a 
capacidade do melhoramento genético por meio da correção de genes 
alterados (mutados) ou modificações sítio-específicas, que tenham como alvo 
o tratamento terapêutico. Deste modo, um gene normal é inserido no genoma 
para substituir um gene anormal responsável por causar uma determinada 
doença hereditária, como por exemplo, hemofilia grave e fibrose cística e 
doenças de alta prevalência na atualidade como: o cancro, anemia, doenças 
cardiovasculares e doenças neurodegenerativas. Para o meio esportivo, a TA 
tem se apresentado bastante promissora, uma vez que, através dela é 
possível a recuperação de tecidos de baixa capacidaderegenerativa como 
tendões, cartilagens e músculos esqueléticos assim como auxiliar na 
recuperação de rompimentos ligamentares (MARTINEK, 2000, apud 
RAMIREZ; RIBEIRO, 2005, p. 6). 
Nesta perspectiva, ao se fazer uma conexão entre os dois conceitos 
proposto anteriormente, pode-se afirmar que O doping genético é 
conseqüência da terapia gênica, dado que introduzir DNA num individuo com 
um gene danificado ou ausente; por meio da terapia gênica, o doping 
esportivo envolve a injeção de DNA para obter melhores resultados. Assim, o 
atleta incorpora o gene adicional através de procedimentos gene-terapêuticos, 
envolvendo a biotecnologia nessa manipulação. Na terapia gênica a proteína 
escolhida é transferida e inserida na célula-alvo, esse sistema de inserção 
consiste em uma técnica sem utilizar diretamente o vírus (QUEIROZ, 2015). 
 
3. Principais genes utilizados: 
 
O uso de doping genético tornou-se possível devido ao estudo do genoma 
humano, que identificou os genes e suas respectivas proteínas como a leptina 
(perda de peso), eritropoetina (resistência), GH (força), endorfinas e 
encefalinas (analgésicos), bloqueadores de miostatina (crescimento da 
musculatura) e VEGF (energia), por exemplo. (BOMTEMPO, 2016). O quadro 1 
retrata os principais genes alvos potenciais para a dopagem descritos por 
Salamin el al. (2017), a sua função e a resposta fisiológica esperada, bem 
como os seus possíveis efeitos adversos. 
 
o 1. ​Genes potenciais doping, sua função associada e resposta fisiológica esperada e potenciais riscos 
de efeitos adversos​. 
Gene de interesse Função/resposta esperada Potenciais efeitos adversos 
Eritropoietina (EPO) la a produção eritrócitos, aumentando 
a oxigenação do sangue. 
ência aumentada. 
nto da viscosidade sanguínea. 
Hipertensão. 
or 1-alfa induzível por hipoxia 
(HIF-1) 
a a transcrição de elementos em 
resposta a hipoxia (EPO, VEGF). 
ento da viscosidade do sangue. 
a neoplásica 
ensão 
ônios do crescimento (IGH-1 e 
IGH) 
a o crescimento e o desenvolvimento 
das células, aumento da lipólise, da 
síntese de proteínas e a 
glicogenólise. 
nto da força muscular e massa. 
ento da resistência. 
egalia neoplásica 
es 
ensão intracraniana 
as e edema periférico Cardiomegalia 
me do túnel do carpo 
musculares 
Miostatina vamente regula o crescimento de 
células do músculo e sua 
diferenciação. 
to da massa muscular e da força. 
ão das funções cardíaca e 
respiratórias. 
nos ligamentos, tendões e ossos. 
or de crescimento endotelial 
vascular (VEGF) 
la a angiogênese e vasculogênese. 
to da resistência. 
a neoplásica 
PAR δ (​receptor ativado por 
proliferador de peroxissoma) 
a a oxidação dos ácidos graxos, 
aumenta a atividade mitocondrial e a 
absorção de glicose muscular. 
a nas fibras musculares de contração 
lenta e rápida. 
to da velocidade e resistência 
expressão de hormônios sexuais 
ma conversora de angiotensina 
(ÁS) 
a a pressão sanguínea através do 
ajuste dos níveis de angiotensina II. 
ta a proporção de fibras lentas. 
ência aumentada. 
dema 
Endorfina e encefalina a dor e fadiga limite. 
to da resistência 
de morte súbita por sobrecarga 
rboxicinase fosfoenolpiruvato 
(PEPCK-C) 
a a gliconeogênese, estando envolvido 
no ciclo de Krebs. 
glicemia 
nto da resistência. 
 
 
Dentre as proteínas citadas, salienta-se a eritropoietina (EPO), hormônio 
sintetizado pelos rins, cujas funções são: a regulação da síntese de eritrócitos e 
de hemoglobina, o que gera o aumento na captação de gás oxigênio para os 
tecidos. A mesma mostrou atividade com êxito ao ser transferido uma via 
adicional do gene da eritropoietina para animais. Como resultado, o 
hematócrito atingiu valores de 80 a mais, demonstrando o estimulo a 
espermatogênese, conseqüentemente o aumento na produção de testosterona 
(QUEIROZ; ALVES, 2015)​. 
​Além dos genes descritos, gene da enzima conversora de angiotensina I 
(ACE) e o gene da α-actinina-3 (ACTN3), são descriminados pela sua relação 
com o desempenho esportivo. O gene ACE com seu polimorfismo demonstra 
estar associado a um desempenho melhorado em esportes de resistência, 
enquanto a forma excluída da variante está associada a um desempenho 
aprimorado em esportes que requerem breves picos de energia. O 
polimorfismo ACTN3 R577X demonstrou um vínculo com as habilidades 
atléticas, mostrando que os atletas de elite dos sexos masculinos e femininos 
têm freqüências significativamente menores do alelo 577X indicando que a 
proteína α- actinina-3 poderia ser um fator chave para o sucesso de um atleta 
de alto rendimento (VLAHOVICH et al.,2016). 
 
4. Dificuldade na detecção do doping genético 
 
Um grande desafio enfrentado pela Agência Mundial Antidopagem 
(WADA) diz respeito à detecção do doping genético, uma vez que, o gene 
introduzido e a sua proteína correspondente é quase idêntico ao homólogo 
endógeno. Além disso, método se direciona a um tecido específico e apenas 
algumas proteínas são identificadas. Assim, é necessário realizar uma invasiva 
técnica de biópsia intramuscular precisamente no tecido manipulado 
geneticamente e as proteínas investigadas devem ser exatamente as que 
foram modificadas. 
Neste contexto, o progresso encontrado para testes moleculares inclui a 
extração de DNA ou RNA em amostras de sangue ou tecido seguida da 
amplificação da reação em cadeia pela polimerase (PCR). Fazendo-se também 
o uso de marcadores protéicos que indicam alteração de fisiologia normal, além 
de estudo das seqüências de interesses usando sondas, marcadores, 
polimorfismos de nucleotídeo único, entre uma vasta gama de técnicas 
moleculares (QUEIROZ; ALVES, 2015). 
Conforme elucidado por Salamin et al. (2017), amplificação isotérmica 
(LAMP) consiste em um novo método que permite amplificar DNA combinando 
uma elevada especificidade, eficácia e rapidez, caracterizando-se como um 
processo mais simples, sensível e confiável que o PCR para detecção de 
material transgênico em atleta. Isto ocorre porque a LAMP não faz uso de 
termocicladores caros, usados em PCR convencionais, emprega-se apenas 
uma banho de água ou uma bolsa de aquecimento química. Também é 
possível a percepção direta e seletiva de resultados positivos com olhos nus, 
diminuindo a necessidade de eletroforese em gel, o que reduz o tempo de 
ensaio. Podendo operar com mancha de sangue seco (DBS), este método 
facilitaria o transporte ao laboratório para as análises de dopagem. Ademais, a 
simplicidade do protocolo também permite realizar o teste de competição no 
local, o que seria importante para acelerar o processo de rastreio. 
Em 2015, a WADA criou uma Lista de Proibições que estabelece a 
condenação ao uso de células normais ou geneticamente modificadas e a 
transferência de polímeros de ácidos nucléicos. Não é ético tentar modificação 
genética nos esportistas com o objetivo de alcançar ganhos de desempenho, 
além de ser um procedimentoincerto devido à falta de ensaios clínicos 
apropriados e de testes realmente eficazes que possuam uma notoriedade 
científica (VLAHOVICH et al.,2016). 
 
5. Bioética x doping genético: 
 
Há inúmeras discussões a cerca da viabilidade de estudo e uso do 
doping genético. Umas das vertentes, apontada por Bomtempo (2016), mostra 
que o uso deste método além de aperfeiçoar geneticamente o atleta, gerando 
descriminações no âmbito esportivo, revela-se como uma forma de ferir o 
patrimônio genético, acarretando na supressão da autonomia de futuros 
indivíduos que ao nascerem teriam seus projetos de vida pré-estabelecidos. 
Logo, se o melhoramento genético for uma prática lícita aplicada ao esporte, 
poderá comprometer não somente o jogo limpo ou fair play, como o sadio 
desenvolvimento de uma sociedade, que possa num futuro próximo ser 
segregada entre atletas e pessoas geneticamente modificadas e os não 
modificados, conferindo uma forma de eugenia. 
Contudo, existem autores que possuem uma visão mais flexível e 
permissível ao debate sobre a possível manipulação genética e seus possíveis 
avanços. Conforme elucidado por Miah (2008), condenar determinadas 
aplicações tecnológicas antes mesmo de discuti-las no cenário acadêmico e 
científico internacional, analisando seus reais benefícios e malefícios aos 
atletas e ao esporte, rejeitando-as de antemão, “limita a maneira como as 
novas melhoras provenientes da tecnologia podem ser vistas”, posto que, o 
conhecimento genético pode favorecer o desempenho esportivo de diversas 
maneiras, seja por terapia gênica, transferência de genes, ingestão de 
substâncias geneticamente modificadas, manipulação de genes ou, ainda, uma 
forma de intervenção que não se caracterize diretamente como doping, mas faz 
uso desses saberes, como a seleção de atletas a partir do saberes e 
mapeamento genéticos. 
Além disso, seguindo o pensamento da autora acima, existem inúmeras 
formas de melhoramento da performance esportiva que não são contemplados 
pelo Código Mundial Antidoping, e que não passam necessariamente pelo uso 
de “drogas para a modificação do desempenho, tal como a tecnologia esportiva 
ou avanços da engenharia. Estas dificuldades de nomeação, definição e, 
conseqüentemente, regulação em torno das políticas antidoping geram 
problemas que podem ser separados em dois escopos distintos: a) drogas e 
métodos atuais que ainda não foram suficientemente debatidos, regulados ou 
averiguados acerca da confiabilidade de detecção no âmbito científico e pela 
própria WADA-AMA; e b) práticas, métodos e substâncias do “futuro”, para as 
quais já existem condições de permitirem sua ocorrência, mas que ainda não 
se tem notícia de sua efetiva aplicação. Logo, é necessário, antes de elaborar 
mecanismos regulatórios, abrir espaço para o debate acerca desses 
aprimoramentos humanos, pois o tipo de justificativa para o doping baseada 
“em conceitos como naturalidade, essência, etc., é precisamente o tipo de 
perspectiva que tem provado ser insuficiente para assegurar uma avaliação 
ética rigorosa dos modificadores de desempenho. 
O livro "Atletas geneticamente modificados" de Andy Miah mostra uma 
relevante observação sobre a ética no esporte de alto rendimento, frente a 
descobertas do funcionamento e a potencialidade do genoma humano. O 
filósofo comenta as possibilidades de melhoramento das performances 
esportivas, sem criticar ou favorecer as tecnologias de mudança genética, mas 
levando em conta as várias possibilidades de visões sobre os desafios que 
surgirão em função desse novo espaço associado aos esportes e suas ligações 
com o corpo e a própria situação do homem (SILVEIRA; VAZ, 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Por meio deste trabalho verificaram-se alguns conceitos importantes a 
cerca do doping genético e seus ramos de influencia na biotecnologia. A 
terapia gênica apresentada como a mola propulsora deste procedimento, no 
qual ocorre à inserção DNA no indivíduo com o intuito de obter melhoramentos 
no desempenho esportivo, sendo aplicado através de procedimentos como a 
inserção de genes in vivo e ex vivo, bem como a electroporação ou gene gun. 
Com a conclusão do Projeto Genoma Humano e o desenvolvimento da 
terapia genética permitiram que a biotecnologia ampliasse as possibilidades de 
ser ter um atleta com desenvoltura física mais aperfeiçoada através do doping 
genético, estas possibilidades estão sendo estudadas através do manuseio de 
genes alvos potenciais como, por exemplo: a leptina, eritropoetina GH, 
endorfinas e encefalinas, bloqueadores de miostatina e VEGF, nas quais se 
esperam benefícios consideráveis no que diz respeito à resistência, força e 
síntese protéica, mas que infelizmente também podem ocorrer efeitos 
adversos, como: dores musculares, aparecimento de doenças e até disco de 
morte súbita por sobrecarga. 
Com relação à detecção do doping genético, ainda existem dificuldades 
na identificação do mesmo devido à semelhança entre o gene e sua proteína 
correspondente com homólogo endógeno e pelo fato do método ser 
direcionado a um tecido específico, abrangendo apenas algumas células 
características, o que para análise seria necessário um procedimento invasivo 
no tecido manipulado geneticamente. Para tanto, com o avanço das pesquisas 
e das tecnologias, algumas técnica estão sendo utilizadas para possível 
realização desta detecção, são elas: extração de DNA ou RNA em amostras de 
sangue ou tecido seguido da amplificação da reação em cadeia pela 
polimerase (PCR), marcadores protéicos que indicam alteração de fisiologia 
normal, além de estudo das seqüências de interesses usando sondas e 
polimorfismos de nucleotídeo único. Além disso, a amplificação isotérmica 
(LAMP) surge atualmente como uma nova alternativa que visa praticidade, 
eficiência e rapidez. 
Uma vasta discussão no que diz respeito à efetivação dos estudos e do 
uso de doping genético assola a comunidade científica e instituições 
desportivas. Há estudiosos que enxergam as modificações genéticas como um 
campo fértil de conhecimento e avanço tecnológico, sendo essencial a 
permissividade para o diálogo e o aprofundamento sobre o tema. Contudo, 
existem pesquisadores e indivíduos envolvidos nesta problemática que anulam 
quaisquer possibilidades de aceitação do método, visto que, trata-se de 
alterações que burlam as leis, ferem o patrimônio genético e geram uma forma 
de eugenia, na qual há uma segregação entre atletas e pessoas geneticamente 
modificadas e os não modificados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
 
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Revista Latinoamericana de Bioética.Nueva Granada, n.2, p.82-101 
julho/dezembro, 2016. 
 
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MANSKE, S. G. ​Gradientes de doping e definições de fronteiras: desafios 
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SALAMIN, O; KUURANNE, T; MARTIAL, S; LEUENBERGER. ​Loop-mediated 
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November, 2017. 
 
SCHNEIDER, H. L.; MATSUDA, B. J.; MATSUDA, L.O. ​Doping genético. 
Quais fatores podem influenciar um atleta a utilizar desse método para 
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71-81, julho/setembro, 2013.

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