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Introdução à Ciência Econômica

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1
APRESENTAÇÃO 
 
Seja bem-vindo. Estamos iniciando nossos trabalhos e, nos próximos meses, ficaremos 
constantemente em contato. A distância será apenas aparente, pois estaremos, na verdade, liga-
dos através da tecnologia que a modernidade nos proporciona. Nós, enquanto seres pensantes e 
bem informados, não podemos abrir mão das inovações que o século XXI nos apresenta. 
Imagine-se fazendo uma viagem de turismo pela cidade em que você mora. Você já co-
nhece tudo, já viu tudo que qualquer guia local possa lhe mostrar. Que novidades poderão exis-
tir em locais que a gente percorre diariamente? Em prédios que a gente viu construir? Em ruas 
das quais se conhece cada buraco? 
Experimente fazer tal viagem sem essa idéia preconcebida e você verá coisas que nunca 
viu, se apaixonará por paisagens que nunca antes havia observado. Em sua própria cidade. Verá 
ângulos novos de paisagens. Paisagens há muito conhecidas. 
Convidamos você a fazer uma viagem de observação pelo mundo da economia. Essa via-
gem não será muito diferente do que viajar por sua própria cidade. Afinal, todos nós lemos, 
ouvimos, vivemos o dia-a-dia e nos sentimos envolvidos por economia. 
Nossa incursão por essa ciência pretende ser a mais aprazível possível. Não pretende esta 
disciplina ser um curso de alta especialização, mas um aprendizado novo sobre aquilo que já 
vivemos, mas às vezes não temos tempo de observar. Na verdade, talvez nunca tenhamos para-
do para pensar que, ao viver e conviver com nossos amigos, com nossa família, nossos negó-
cios, estejamos sendo protagonistas de algo que também é ciência. 
A disciplina à qual você está sendo apresentado tem o objetivo de mostrar informações e 
instrumentos para que você possa mais facilmente identificar os fatos econômicos e compreen-
der o funcionamento das economias de mercado, do ponto de vista da Ciência Econômica. Ao 
seu final, espera-se que você, além de ter gosto pelos temas econômicos, possa melhor compre-
ender os principais aspectos da realidade econômica e conhecer os mercados de bens e de servi-
ços, de trabalho, monetário e cambial, internacional e saber relacionar essa teoria à sua área de 
interesse e de atuação profissional. 
 
 
 2
APRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES 
 
Erico Michels é mestre em gestão de negócios pela Universidad de Ciencias Empresariales y 
Sociales (UCES-Argentina) e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul (UFRGS). É professor nos cursos de Ciências Econômicas e Superiores de 
Tecnologia em Gestão da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). 
 
Ney Oliveira está cursando doutorado pela Universitat de les Iles Balears (UIB-Espanha) é es-
pecialista em Administração de Marketing pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNI-
SINOS) e bacharel em Ciências Econômicas pela UNISINOS. É professor nos cursos de Ciên-
cias Econômicas e Superiores de Tecnologia em Gestão da Universidade Luterana do Brasil 
(ULBRA). 
 
Sandro Wollenhaupt é mestre em Administração pela Universidade Fernando Pessoa de Portu-
gal/Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI e bacharel em Ciências Econômicas pela Uni-
versidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). É professor nos cursos de Ciências Econômi-
cas e Superiores de Tecnologia em Gestão da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). 
 3
 
CAPÍTULO 1 
1 FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 
 
 
Este capítulo tem como objetivo apresentar a compreensão das características básicas da 
ciência econômica, destacando o seu objeto de estudo, além de mostrar uma breve retrospectiva 
dos principais pensadores da economia. 
Sugere-se que o aluno utilize este material estudando os temas na ordem proposta, uma 
vez que estes são apresentados do mais simples ao mais complexo, com vista à construção gra-
dual de seu conhecimento. 
 
 
1.1 CONCEITO, OBJETO E MÉTODO DA CIÊNCIA ECONÔMICA 
Etimologicamente, a palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). 
Seria a “administração da casa”, que pode ser generalizada como “administração da coisa públi-
ca”. Economia pode ser definida como a ciência social que estuda a maneira pela qual os ho-
mens decidem empregar recursos escassos, a fim de produzir diferentes bens e serviços e aten-
der às necessidades de consumo. 
Assim, é uma ciência social, já que objetiva atender às necessidades humanas. Mas de-
pende de restrições físicas, devido à escassez de recursos ou de fatores de produção (mão-de-
obra, capital, terra, matéria-prima). Pode-se dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é 
a questão da escassez, ou seja, como ‘‘economizar’’ recursos. 
A escassez surge devido às necessidades humanas ilimitadas e à restrição física de recur-
sos. Afinal, o crescimento populacional renova as necessidades biológicas; o contínuo desejo de 
elevação do padrão de vida e a evolução tecnológica fazem com que surjam “novas” necessida-
des (computador, freezer, DVD, automóvel). Nenhum país, pobre ou rico, dispõe de todos os 
recursos produtivos para satisfazer às necessidades da população. O Japão, por exemplo, precisa 
importar a maior parte das matérias-primas que utiliza. 
Se não houvesse escassez de recursos, ou seja, se todos os bens fossem abundantes (bens 
livres), não haveria necessidade de estudarmos questões como inflação, crescimento econômico, 
deficit no balanço de pagamentos, desemprego. Esses problemas simplesmente não existiriam 
(e, obviamente, nem a necessidade de estudar economia). 
Todas as sociedades (sejam economias de mercado, sejam centralizadas) são obrigadas a 
fazer opções, escolhas entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são 
 4
obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM (que são os problemas 
econômicos fundamentais de toda e qualque economia) produzir: 
 O que e quanto produzir – A sociedade deve decidir se produz mais bens de consu-
mo ou bens de capital ou, como num exemplo clássico: quer produzir mais canhões 
ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a pro-
dução de mais bens de consumo ou de bens de capital? No fundo, trata-se de uma de-
cisão que extrapola a esfera puramente econômica. Em economias de mercado, o que 
e quanto produzir é sinalizado pelos consumidores (o que é chamado de “soberania 
do consumidor”). Em economias planificadas ou centralizadas, tipo chinesa, cubana 
e, até recentemente, soviética, a decisão é tomada por um Órgão Central de Planeja-
mento. 
 Como produzir – Trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados 
métodos de produção de capital intensivos? Ou de mão-de-obra intensivos? Ou de 
terra intensivos? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país. 
 Para quem produzir – A sociedade deve decidir quais os setores que serão benefici-
ados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários da terra? 
Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região Sul ou Nor-
te? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada pela atividade 
econômica. 
Uma das áreas da economia que busca analisar as melhores formas de responder a essas 
perguntas é a teoria macroeconômica. A macroeconomia trata da evolução da economia como 
um todo, analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados, como renda e 
produto nacionais, investimento, poupança e consumo agregados, nível geral de preços, empre-
go e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio. 
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia negligencia o 
comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas, fixação de 
preços nos mercados específicos,efeitos de oligopólios em mercados individuais etc. Essas são 
preocupações da microeconomia. A macroeconomia trata os mercados de forma global. Por 
exemplo: no mercado de bens e serviços, agrega produtos agrícolas, industriais e serviços de 
transporte; no mercado de trabalho, não se preocupa com diferenças na qualificação, sexo, ida-
de, origem da força de trabalho. 
O custo dessa abstração é que os pormenores omitidos são, muitas vezes, importantes.Por 
exemplo, quando tomamos apenas o nível da taxa de juros, não são destacadas devidamente as 
diferenças entre os vários tipos de aplicações financeiras. 
A abstração, porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes agre-
gados e proporcionar melhor compreensão de algumas das interações mais relevantes da eco-
nomia, que se estabelecem entre os mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos finan-
 5
ceiros e não-financeiros. 
Entretanto, apesar do aparente contraste, não há um conflito básico entre a micro e a ma-
croeconomia, dado que o conjunto da economia é a soma de seus mercados individuais. A dife-
rença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. Ao estudar a determinação de pre-
ços numa única indústria, na microeconomia, consideram-se constantes os preços das outras 
indústrias (a hipótese de coeteris paribus). Na macroeconomia, estuda-se o nível geral de pre-
ços, ignorando as mudanças de preços relativos de bens das diferentes indústrias. 
A teoria macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com questões conjunturais, 
de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com a questão do desemprego (entendido como a 
diferença entre a produção efetivamente realizada e a produção potencial da economia, quando 
todos os recursos estejam totalmente empregados) e com a estabilizacão do nível geral de pre-
ços. 
A parte da teoria econômica que estuda o comportamento dos grandes agregados ao longo 
do tempo é denominada teoria do crescimento econômico1. Seu enfoque é um pouco diferencia-
do, preocupando-se com questões como progresso tecnológico e política industrial, que envol-
vem políticas de longo prazo. 
 
1.1.1 Método na ciência econômica 
Quanto ao método em economia, três aspectos devem ser levados em consideração: 
 como a análise dos fenômenos decorrentes do comportamento humano é complexa, 
a economia utiliza hipóteses simplificadoras para explicar os fenômenos que anali-
sa; 
 a ciência econômica preferencialmente relaciona duas variáveis para explicar um fa-
to econômico (por exemplo: a relação existente entre o preço e o consumo de um 
bem); 
 freqüentemente você se deparará com a chamada análise marginal. Diferente do 
que o nome possa sugerir, essa forma de analisar os fatos econômicos busca rela-
cionar as variáveis segundo o seu incremento (crescimento, aumento) relacionado a 
um aumento unitário de outra variável. Por exemplo: quanto aumentará o custo total 
de uma empresa se aumentar a produção em uma unidade de produto? Esse será o 
custo marginal da produção daquela unidade a mais. É cedo para aprofundar esse 
tema. Retornaremos a ele mais adiante, em nossa viagem, recém-iniciada. 
Ainda sobre a metodologia própria da ciência econômica e sobre os seus métodos de in-
vestigação, é necessário distinguir dois grandes compartimentos da economia: a economia posi-
tiva e a economia normativa. 
A ECONOMIA POSITIVA se ocupa de analisar os atos e fatos sociais tais quais eles ocor-
rem, sem utilizar juízos de valor. Na prática, a economia positiva estuda os fatos sociais, obser-
 6
va-os sistematicamente (segundo metodologia própria das ciências sociais) e dessa análise e 
descrição cientificamente elaborada são formulados os princípios gerais, as leis da economia, as 
teorias e os modelos econômicos. Se deduzem ou são induzidas as teorias econômicas, os prin-
cípios econômicos, as leis da economia, os modelos econômicos. Com certeza você já ouviu 
falar muitas vezes de duas leis da economia: a Lei da Oferta e a Lei da Procura. Essas são duas 
entre outras tantas leis e princípios que compõem a economia positiva. Todas as leis, princípios, 
modelos e teorias necessitam permanentemente ser analisados e confrontados com a realidade, 
para verificação de sua validade e atualização. 
Por outro lado, a ECONOMIA NORMATIVA se ocupa de utilizar princípios, leis e teorias 
para produzir modificações e propor um direcionamento ao curso natural da economia: são as 
políticas econômicas. A economia normativa está fortemente vinculada à política, à ideologia e 
ao sistema de valores. 
Exemplificando: as políticas econômicas sempre buscarão alcançar um objetivo social 
específico: debelar a inflação, melhor distribuir a renda, desenvolver uma região ou todo o país, 
promover o crescimento ou o desenvolvimento de um setor da economia. 
Podemos resumir os compartimentos da economia no quadro 1, a seguir: 
 
Quadro 1: Síntese dos compartimentos da economia. 
 
ECONOMIA 
POSITIVA 
1. Análise dos fatos do dia-a-dia com a metodologia das ciências sociais; 
2. Criação da teoria econômica; 
3. Análise econômica. 
 
ECONOMIA 
NORMATIVA 
1. Proposição de políticas econômicas; 
2. Avaliação dos resultados do ponto de vista político vigente. 
 
 
1.2 SÍNTESE DO PENSAMENTO ECONÔMICO 
 
A história do pensamento econômico pode ser analisada desde as correntes filosóficas da 
Idade Antiga, como ocorreu na Grécia e em Roma, até as idéias contemporâneas modernas. 
Nessa evolução, apareceram idéias e sistemas conflitantes, que iam do liberalismo total 
até o intervencionismo completo. Mas notava-se um objetivo essencial, a construção de uma 
ciência que pudesse ajudar os homens na solução de um problema econômico fundamental: a 
conciliação entre escassez de recursos e necessidades crescentes. 
 
 7
1.2.1 Fisiocracia 
Tratava-se de uma doutrina da ordem natural – o universo era regido por leis naturais, 
imutáveis e universais desejadas pela providência divina para a felicidade dos homens. Os fisio-
cratas, ao acreditarem em uma ordem natural que regula os fenômenos econômicos, aceitavam 
que a vida econômica se organiza e reorganiza de modo automático, com suas próprias forças, e, 
portanto, negavam a intervenção do estado na economia. 
Com os fisiocratas, é iniciado o desenvolvimento das explicações para os fenômenos eco-
nômicos. Para eles, somente a terra e tudo que viesse da natureza era considerados fatores eco-
nômicos produtivos. As atividades agrícolas e extrativas eram dadas como economicamente 
produtivas – o produto líquido decorria da terra e sobre ele produzia-se um excedente da riqueza 
criada sobre a riqueza consumida. Pode-se dizer que a fisiocracia foi uma doutrina organicista e 
naturalista, que recebeu influência do racionalismo do século XVIII. Muitos consideram as teo-
rias de Quesnay2 meras extensões da doutrina escolástica, embora não deixem de reconhecer a 
natureza científica e analítica de sua obra. Em Quesnay, se formulam os princípios da filosofia 
social utilitarista (hedonismo), que se destaca com o quadro econômico, uma representação 
simplificada do fluxo de despesas e dos bens entre as diferentes classes sociais. Nessa época, 
surgem as máquinas e, com elas, o sistema industrial capitalista. 
 
1.2.2 Escola clássica 
De cunho liberal, desenvolveu-se entre o fim do século XVIII e o início do século IX. O 
marco inicial está relacionado a Adam Smith e David Ricardo. Para esses autores, as leis natu-
rais da vida econômica têm como princípio regulador a livre concorrência exercida pelos agen-
tes econômicos. Concorrência que leva à divisão do trabalho, alavancando a produção, enquanto 
a natureza seria o fator originário. O corpo analítico daescola clássica tem quatro princípios 
dominantes: liberdade de empresa, existência da propriedade privada, liberdade de conjunto e 
liberdade de troca. Nesse princípio repousa e se fundamenta a lei da oferta de mercado. 
 
Adam Smith (1723-1790) 
Torna-se o apologista da nascente classe industrial e oponente aos privilé-
gios e proteção concedidos pelo Estado no mercantilismo. Não acreditava na “or-
dem natural” dos negócios. Confiava no egoísmo natural dos homens e na har-
monia de seus interesses. Afirmava que todo esforço individual na procura do 
melhor leva naturalmente à preferência pelo emprego mais vantajoso para a soci-
edade. Adam Smith enfatizava o mercado como regulador da divisão do trabalho, 
faz a distinção entre valor de uso e valor de troca e admite que só neste último há 
interesse econômico. O valor, para Smith, era distinto do preço; o trabalho era a 
medida do valor. Analisou a distribuição da renda entre salário, lucro e renda da 
 8
terra. Smith acreditava que a concorrência levaria ao desenvolvimento econômico 
e que os benefícios dele decorrentes seriam partilhados por todos. 
 
Thomas Robert Malthus (1766-1834) 
Com destaque na terminologia teórica e por ter colocado a economia em 
sólidas bases empíricas, Malthus ficou famoso com a Lei da População. Mostrou, 
através dessa lei, que a população fora de controle cresce a taxas geométricas, en-
quanto os meios de subsistência crescem a taxas aritméticas. Seu pessimismo é 
criticado por não ter vislumbrado o progresso técnico e as técnicas de controle de 
natalidade. 
 
David Ricardo (1772-1823) 
Mais formal que Smith e Malthus, David Ricardo construiu um sistema 
abstrato cujas conclusões decorrem dos axiomas. Foi esse autor desenvolveu um 
importante estudo sobre a renda diferencial da terra e sobre o futuro do sistema 
capitalista. O ouro passou a ter significado importante na política econômica. No 
início, a Espanha detinha a liderança da posse do ouro. Os demais países, não tão 
bem-sucedidos nesse aspecto, procuravam uma compensação através de políticas 
econômicas que tornassem seus balanços de pagamento favoráveis, para que, des-
se modo, por meio dos excedentes ou superavits, comprassem o ouro espanhol. 
Foi assim que floresceu uma indústria altamente regulamentada de bens exportá-
veis que podia garantir, também, a demanda interna. 
Esse pensamento econômico existiu entre 1450 e 1750, constituindo-se em 
um regime de nacionalismo econômico, vale repetir, com centralização da ques-
tão da riqueza como fim principal do Estado. Ele emerge de um processo crescen-
te de urbanização, do surgimento das cidades e, portanto, da ampliação espacial 
do comércio. Operam-se grandes transformações sociais, econômicas e políticas: 
 intelectuais: renascimento artístico; 
 religiosas: reforma de Calvino e dos anglo-saxões, dando grande ênfase 
ao individualismo; o trabalho era enaltecido, o juro era aceito e o lucro 
encorajado; 
 políticas: aparecimento do Estado moderno; 
 geográficas: grandes descobertas – Cabral, Colombo, Magalhães e ou-
tros navegadores; 
 econômicas: todos os conceitos referentes ao balanço comercial, às im-
portações e à exportações de bens, bem como as transações com ouro e 
prata e todos os conceitos econômicos ligados às transações externas – 
 9
seguro, frete, política de preços, deslocamento da importância econômi-
ca do Mediterrâneo, regulamentação disciplinadora da indústria e do 
comércio para propiciar aos países um saldo positivo no balanço de pa-
gamento. 
 
1.2.3 Escola socialista – Karl Marx (1818-1883) 
O socialismo constituiu um movimento de reação contra os males do liberalismo, princi-
palmente pela consideração do trabalho como uma mercadoria e, portanto, sujeito às leis do 
mercado. Os socialistas pretendiam substituir a ordem social baseada na liberdade individual, na 
propriedade privada e na liberdade contratual por uma outra ordem, fundamentada na proprie-
dade coletivizada dos meios de produção. Essa escola pretendia corrigir as desigualdades eco-
nômicas, dentro de formulações igualitárias, em função das necessidades comuns. Os movimen-
tos e as teorias socialistas que se opuseram ao individualismo e desenvolveram-se com doutri-
nas e programas de reformas bem diferentes. Podemos destacar as seguintes correntes: 
 
Socialismo de cátedra (1872) 
Apareceu na Alemanha. Essa vertente do socialismo pretendia, mesmo 
conservando a propriedade privada, regular a distribuição de riqueza e promover 
reformas de caráter econômico e social. O Estado entraria como cooperador, e 
não como absorvente, como se pretendia, no quadro geral do socialismo. 
 
Socialismo científico, histórico ou marxismo 
Deve-se a Karl Marx a fundação do socialismo científico, que se tornou a 
mais importante corrente socialista. Marx se opôs aos processos analíticos clássi-
cos, bem como às suas conclusões; criticou Malthus com base nos diversos está-
gios e modos de produção. Sua análise considera o significado da dinâmica inter-
na do processo histórico e as suas leis econômicas peculiares. Marx alterou a aná-
lise de valor, embora tenha se servido dos componentes teóricos da teoria do va-
lor do trabalho de David Ricardo. Foi com Marx que apareceram os conceitos: 
mais-valia, capital variável, capital constante, exército de reserva. Analisou, tam-
bém, o processo de decrescimento da taxa de lucro decorrente da acumulação do 
capital, da distribuição da renda e das crises do sistema capitalista. Dada sua im-
portância, vejamos quais foram as bases filosóficas e a interpretação dos concei-
tos econômicos dessa abordagem teórica socialista: 
 Bases filosóficas do socialismo científico 
Marx partiu das idéias de Hegel, servindo-se do conceito de mo-
vimento dialético, que vai da tese à antítese (negação da tese) e 
 10
que, num terceiro termo, chega, pelo choque recíproco dos dois 
primeiros, à síntese (negação da negação). Recusa o idealismo de 
Hegel – “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que 
determina a consciência”. É pelo homem que se explica a história, 
este se apresenta como uma vítima – a teoria da alienação, em que 
o homem projetou para fora de si a melhor parte de si mesmo e fez 
Deus. 
É necessário, dizia Marx, que o homem retome para si o que 
lhe pertence. O trabalhador aliena sua própria substância no pro-
duto que realiza e do qual o empregador se apropria. Desse modo, 
o produto é o homem desintegrado. É preciso proceder à reinte-
gração. Marx estuda o homem total e faz dele o rei do universo, 
como negação de toda transcendência. 
 
 Materialismo histórico e a luta de classes 
Marx distingue na história a INFRA-ESTRUTURA, que é a técnica, as 
condições materiais de produção, a realidade econômica, e a SUPER-
ESTRUTURA, que é a idéia, a cultura, o direito, a moral, a religião. A 
superestrutura comanda a infra-estrutura. As formas jurídicas da so-
ciedade são sucessivas e necessariamente dirigidas pela evolução 
material das técnicas. A técnica de uma época concede a uma classe 
social uma posição vantajosa e à outra classe uma situação desvanta-
josa. Isso significa que há sempre uma classe dominante e uma clas-
se dominada. O poder é da classe dominante, mas apenas provisori-
amente, pois o processo dialético da negação a levará, um dia, ao 
desterro. Essa é a ilustração da ideologia do senhor e do escravo, dos 
capitalistas e dos proletários. 
 
 O valor do trabalho e a mais-valia 
É a teoria das mercadorias, isto é, dos objetos produzidos pelo 
trabalho para a venda: 
– o valor das coisas é determinado pela quantidade de trabalho 
de qualidade média necessária para produzi-las; 
 – o valorda força de trabalho é determinado pela quantidade de 
trabalho necessária para produzir alimentos e outras coisas ne-
cessárias à subsistência do operário, durante uma jornada de 
seis horas de trabalho: 
 11
a) o empregador pagará ao operário um salário corres-
pondente a essas seis horas de trabalho para ter o di-
reito de utilizá-las no processo de produção, mas o 
empregador fará o operário trabalhar mais de seis 
horas, durante oito horas, por exemplo; 
b) venderá as mercadorias produzidas pelo trabalhador 
a um preço equivalente a oito horas de trabalho; 
c) o operário forneceu duas horas de trabalho não-
pagas, que são apropriadas pelo empregador, consti-
tuindo um produto líquido que Karl Marx denomi-
nou de mais-valia; 
d) essa mais-valia constitui a exploração capitalista; o 
proletariado recebe um salário menor que o valor das 
mercadorias produzidas; esse salário é insuficiente 
para comprá-las; 
e) considerando ser a classe trabalhadora o mais impor-
tante conjunto de consumidores, apareceriam, inevi-
tavelmente, as crises de superprodução ou de sub-
consumo. 
 
 Proletarização e a tese catastrófica da subversão 
Segundo as idéias de Marx, o avanço do capitalismo provocará a 
transformação fatal que o arruinará; nesse processo, o número de 
proletários crescerá continuamente, e as empresas se tornarão cada 
vez maiores e menos numerosas. No momento em que todos se tor-
narem proletários, a luta de classes chegará ao fim. A revolução se 
realizaria por si mesma. Marx aconselhava não só que se ficasse à 
espera do desenlace, como concitava a que os trabalhadores se ante-
cipassem, o que é atestado pelo seu brado: “proletários de todos os 
países, uni-vos”. 
Marx estruturou, assim, as bases do pensamento socialista do 
século XIX. Foi um revolucionário, e sua obra O Capital promoveu 
um grande impacto e enormes modificações na ordem econômica de 
várias nações. Por exemplo, a legislação trabalhista e os sindicatos, 
entre outros, foram contribuições pós-marxistas. 
 
 
 12
1.2.4 Escola Marginalista ou Neoclássica 
A partir de 1870 até 1929, a análise econômica seria enriquecida com o desenvolvimento 
da teoria do marginalismo ou neoclassicismo. Esse conjunto de estudos procurou integrar a teo-
ria do valor à teoria dos custos de produção realizada pelos clássicos. Desenvolveu a explicação 
da alocação dos recursos com o auxílio da análise marginal e ofereceu argumentos para o enten-
dimento da formação dos preços dos fatores de produção e dos bens econômicos finais. Con-
forme a análise do marginalismo, o homem econômico é racional, isto é, suas ações são inten-
cionais e sistemáticas; é calculador e está empenhado em comparar seus gastos marginais com 
seus respectivos benefícios. 
 
1.2.5 Escola Keynesiana ou Revolução Keynesiana 
John Maynard Keynes (1883-1946) é o expoente máximo do pensamento econômico que 
revolucionou todo o conteúdo teórico dessa ciência. A análise de Keynes voltou-se, principal-
mente, para problemas da estabilidade a curto prazo; nesse sentido, procurou determinar as cau-
sas das flutuações econômicas dadas pelos níveis da renda nacional e do emprego nos países 
industrializados. Para levar avante esse objetivo, passou a considerar os grandes agregados no 
curto prazo, procurando contestar a condenação marxista do capitalismo. Dizia que um capita-
lismo não-regulado, sem intervenção, mostra-se incompatível com a manutenção do pleno em-
prego e da estabilidade econômica. 
Keynes integrou os setores reais (de gasto) ao setor monetário, analisou a taxa de juro 
(determinada pela oferta de moeda e pela preferência pela liquidez); analisou o consumo e a 
poupança, ambos dependentes da renda, os efeitos multiplicadores do investimento no nível da 
renda nacional; atribuiu papel ativo à política fiscal – de gastos e de impostos, defendendo a 
adoção de uma política deficitária do governo como um meio seguro para tirar o sistema eco-
nômico da depressão a curto prazo; mas era contrário aos controles monetários, pois não consi-
derava a moeda um instrumento ativo. Na época de Keynes, dizia-se que a economia estava em 
recessão porque as rendas eram insuficientes para comprar a produção nacional. 
A análise de Keynes é criticada por ser parcial e não geral, como alegava na sua obra Te-
oria geral do emprego, do juro e da moeda, pois limitava-se, ali, à análise o subemprego de 
curto prazo, faltando integrar sua análise à complexidade da microeconomia; além disso, não 
aplicou sua teoria à explicação do funcionamento das economias dos países menos desenvolvi-
dos. 
Mas não se pode negar o papel importante dos estudos de Keynes no desenvolvimento da 
aferição e da medida das atividades econômicas em seu conjunto, de modo agregado – como as 
contas nacionais ou contabilidade nacional; e na explicação para os modelos agregados e suas 
verificações empíricas através da econometria, que faz a interação entre a teoria econômica, a 
matemática e a estatística. 
 13
 
Contribuições contemporâneas 
Após os trabalhos de Keynes, houve um intenso desenvolvimento de estudos e a análise 
de assuntos ligados à renda, ao emprego e à moeda. São exemplos o modelo do multiplicador 
atribuído a Paul A. Samuelson; o modelo da taxa de juros de John R. Hicks; as hipóteses de 
renda permanente de Milton Friedman; a interação entre a micro e a macroeconomia, a teoria 
neoclássica moderna das expectativas racionais e os aprofundamentos nas teorias dinâmicas de 
longo prazo realizados por Joan Robinson, Roy F. Harrod, Evsey Domar, John Hícks, Nicholas 
Kaldor, Kenneth Arrow, Samuelson, Solow e muitos outros. 
Na evolução sucinta dessas contribuições, convém alertar que o intervencionismo na eco-
nomia, proposto por Keynes, tinha sentido restrito e não pode ser entendido da mesma maneira 
que o dirigismo estatal e generalizado adotado nos países do bloco socialista soviético – o Esta-
do é apenas complementador, e nunca substituto da iniciativa privada. 
Em síntese, as teorias desenvolvidas durante o século XVIII cuidaram da explicação da 
formação da riqueza; as do século XIX da distribuição da riqueza e, modernamente, estão se 
desenvolvendo teorias com um duplo objetivo: de um lado explicar as flutuações da atividade 
econômica, seu desenvolvimento dentro de um quadro de estabilidade e, de outro, investigar a 
repartição da riqueza ou o problema de eqüidade. 
 
 
Considerações sobre este capítulo. 
 
Este capítulo explicou o que é a Economia como Ciência, seu objeto de estudo, os seus 
problemas econômicos fundamentais, seu método de abordagem da realidade e uma síntese do 
pensamento econômico. Se você compreendeu tais conceitos, está preparado para continuar seu 
estudo. 
 
A teoria econômica representa um só corpo de conhecimento, mas, como os objetivos 
e métodos de abordagem podem diferir, de acordo com a área de interesse de estudo, costuma-
se dividi-la da forma a seguir: 
 Microeconomia: estuda o comporamento de consumidores e produtores e o mer-
cado no qual ineragem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades 
em mercados específicos; 
 Macroeconomia: estuda a determinação e o comportamento dos grandes agrega-
dos, como o PIB, consumo Nacional, investimento agregado, exportação e nível 
geral de preços, com o objetivo de delinear um política econômica. Tem um enfo-
 14
que conjuntural, isto é, preocupa-se com a resolução de questões como inflação e 
desemprego, em curto prazo; 
 Desenvolvimento Econômico: estuda modelos de desenvovimento que levem à 
elevação do padrão de vida (bem-estar) da coletividade. Trata de questões estrutu-
rais, de longo prazo (crescimento da renda per capita, distribuiçãode renda, evolu-
ção tecnológica); 
 Economia Internacional: estuda as relações de troca entre países (transações de 
bens e serviços e transações monetárias). Trata da determinação da taxa de câmbio, 
do comércio exterior e das relações financeiras internacionais. 
 
 
 
Atividades 
1. Quando surge a escassez, segundo a ótica econômica? 
2. Por que a economia é uma ciência social? 
3. Quais são as diferenças entre a economia positiva e a economia normativa? 
4. Que diferenças podemos observar entre a teoria econômica clássica (Adam Smith e David 
Ricardo) e a teoria de Karl Marx? 
 
Referencias Comentadas 
 Como obra mais importante deste capítulo recomendamos o livro História do pensa-
mento econômico, de Hunt, por ser uma obra que aborda a história do pensamento econômico 
desde o período antigo até os dias de hoke. Consideramos fundamental sua leitura devido à a-
bordagem histórica sob a ótica econômica tratada pelo autor. 
 
 Referências 
HUNT, E. K. História do pensamento econômico. Petrópolis: Vozes, 2005. 
MANKIW, N. G. Introdução à Economia. Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de Janei-
ro: Campus, 1999. 
MOCHON F. & TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 2002. 
O’ SULLIVAN, SHEFFRIN & NISHIJIMA. Introdução à Economia. São Paulo: Pretice Hall. 
2004. 
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thom-
son Learning, 2003. 
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
 15
VASCONCELLOS, Marco A. & GARCIA, MANUEL E. Fundamentos de Economia. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
 
WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 16
 
 
CAPÍTULO 2 
 
2 A DEMANDA, A OFERTA, O MERCADO E AS SUAS ESTRUTURAS 
 
Este capítulo tem como objetivo a compreensão do comportamento da demanda e da ofer-
ta e de como esses agentes realizam suas trocas no mercado, sob o enfoque da teoria econômica. 
Sugere-se que o aluno utilize esse material estudando os temas na ordem proposta, uma 
vez que são apresentados do mais simples ao mais complexo, com vista à construção gradual de 
seu conhecimento. 
 
 
2.1 DEMANDA, OFERTA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO 
 
Demanda 
Demanda ou procura é a quantidade de bens(1) ou serviços(1) que os agentes econômicos(2) 
estariam dispostos(3) e aptos(3) a consumir num determinado momento, num determinado merca-
do(4) por diferentes fatores determinantes. 
(1) Bens: podem ser estocados; 
(2) Agentes econômicos: famílias, empresas e governo; 
(3) Requisitos básicos da demanda: 
 Dispostos: ter vontade, querer; 
 Aptos: ter aptidão de compra; poder comprar. Se esses dois requisitos estiverem pre-
sentes (disposição e aptidão), temos uma demanda REAL ou EFETIVA. Se, no máximo, 
um desses requisitos estiver presente, temos, então, uma demanda POTENCIAL (pode 
não haver nenhum desses requisitos). 
(4) Num determinado momento, num determinado mercado: em cada momento, nossas 
vontades mudam nosso comportamento. 
 
Fatores determinantes da demanda 
1. Preço do próprio bem/serviço. 
2. Preço de outros bens/serviços. 
3. Gosto. 
4. Preferência. 
5. Renda. 
 17
6. Número de consumidores. 
 
Lei da demanda 
“As quantidades demandadas serão tanto maior, quanto menores forem os preços, ou vi-
ce-verso”.Quanto mais caro, menos se compra. 
 
Oferta 
Oferta é a quantidade de bens e serviços que um ou mais agentes econômicos estariam 
habilitados e interessados em colocar num certo momento, num certo mercado, por diferentes 
fatores determinantes. 
 
 
Fatores determinantes da oferta 
1. O preço do próprio bem. 
2. Tecnologia. 
3. Impostos. 
4. Taxa de juros. 
5. Fatores da natureza (é tudo aquilo que pode ocorrer em termos climáticos). 
 
Lei da oferta 
Quanto maior for o preço de um bem, maior será a quantidade ofertada desse bem. Do 
mesmo modo, quanto menor for o preço de um bem, menor será a quantidade ofertada. Em ou-
tras palavras, há uma relação direta entre o preço de um bem e a quantidade ofertada. 
 
2.2 O MERCADO E AS SUAS ESTRUTURAS 
Nossa leitura buscará, agora, o entendimento de algo que parece complicado, mas que é o 
aspecto da economia que mais interfere em nossa vida diária: o funcionamento do mercado. E o 
que é o mercado? Rossetti1 afirma que “em sua acepção primitiva, a palavra mercado dizia res-
peito a um lugar determinado onde os agentes econômicos realizavam suas transações”. Para 
Passos e Nogami2 (1999), mercado “é um local ou contexto em que compradores (o lado da 
demanda) e vendedores (o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contato e 
realizam transações”. É nesse mercado que funcionam as duas leis mais conhecidas da Ciência 
Econômica: a lei da procura e a lei da oferta. É também no mercado que se formam os preços 
dos bens e dos serviços, que utilizamos para viver e satisfazer as nossas necessidades. 
 18
 
2.2.1 Formação de preços 
Preço é a expressão monetária do valor de bens e serviços que utilizamos para satisfazer 
às nossas necessidades. Existe, na teoria econômica uma distinção entre preço de mercado ou 
simplesmente preço e preço natural ou apenas valor. O que determina o preço não é o que de-
termina o valor. A explicação do valor de troca das mercadorias tem duas grandes correntes 
dentro da Ciência Econômica: a teoria clássica do valor-trabalho e a teoria neoclássica do valor-
utilidade. Essa disputa teórica em torno da determinação do valor entrou na história do pensa-
mento econômico e se manteve por um longo período. Quem apresentou uma solução para o 
problema foi um economista inglês deste século, Alfred Marshall3. De acordo com Marshall, o 
valor de troca é determinado, a curto prazo, subjetivamente pela utilidade e escassez relativa 
(pelo lado da demanda) e, a longo prazo, objetivamente pelos custos de produção (pelo lado da 
oferta). Depois disso, os debates acerca da origem do valor foram deixados de lado, pouco tem 
sido discutido sobre o assunto. 
Os preços de mercado oscilam conforme as variações da oferta e da procura (demanda é 
sinônimo de procura, e passaremos a utilizar indistintamente uma ou outra denominação). Nas 
economias de mercado, o papel dos preços é de orientar a alocação (direcionamento) dos recur-
sos de produção, funcionando como um indicador ou índice de escassez. Os preços são um me-
canismo de orientação das atividades econômicas; isto é, dos fluxos da produção e da renda. E, 
nesse sentido, os preços podem ser também definidos como um índice de conversão de um fluxo 
real (de bens e de serviços) em nominal (de valores monetários). 
 
2.2.2 Importância do mercado no sistema econômico 
O mercado, através do sistema de preços(1), aloca os escassos recursos(3) para produzir 
uma certa quantidade de bens ou serviços, que correspondem a um nível de satisfação das ne-
cessidades das pessoas – o nível ou padrão de vida(2). 
(1) Sistema de preços: é o conjunto de preços dos bens, serviços e fatores de produção de um 
sistema de preços. 
(2) Padrão de vida: é o nível de satisfação alcançado pelas pessoas que fazem parte de um 
sistema econômico, quando consomem os bens e serviços por ele produzidos. 
(3) Alocação de recursos: é a forma como os fatores de produção são organizados pelo merca-
do, para que produzam bens e serviços que atendam às necessidades das pessoas. 
 
2.2.3 Equilíbrio de mercado 
Quando se fala em equilíbrio, a noção intuitiva que nos vem imediatamente à cabeça é de 
um balanceamento de forças. Quando se transfere essa noção de equilíbrio para a análise do 
mercado, o balanceamento de forças ocorre entre as forças básicas do mercado,quais sejam, a 
 19
oferta e a procura. Dessa forma, pode-se dizer que o mercado está em equilíbrio quando o preço 
pelo qual os vendedores pretendem vender uma quantidade do produto é exatamente igual ao 
preço pelo qual os compradores pretendem comprar essa mesma quantidade do produto. Colo-
cando em um gráfico (Figura 1) a representação das curvas de oferta e de procura, podemos 
visualizar o equilíbrio de mercado. Esse equilíbrio é definido pelo ponto A, determinado pela 
interseção das duas curvas. 
Figura 1 – Gráfico do equilíbrio de mercado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: adaptado de GARCIA e VASCONCELLOS,2004. 
 
2.2.3 ESTRUTURAS DE MERCADO 
Fundamentalmente, as diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três vari-
áveis principais: 
 número de firmas produtoras que atuam no mercado; 
 diferenciação do produto ou serviço; 
 existência ou não de barreiras à entrada de novas empresas. 
As estruturas de mercado classificam-se basicamente em: concorrência perfeita, monopó-
lio, oligopólio e concorrência monopolística. Vejamos a seguir as características de cada uma 
delas. 
 
2.2.3.1 Concorrência pura ou concorrência perfeita 
 É um mercado com vários vendedores e compradores, de forma que cada agente isolado não 
tem condições de afetar o preço de mercado. 
 O produto é idêntico em todas as empresas (produto homogêneo). Não há diferenças de emba-
lagem e qualidade. 
 Mercado sem barreiras à entrada e saída, tanto de compradores, como de vendedores. 
 Princípio da racionalidade. Os empresários sempre maximizam a sua satisfação.Ou seja, os 
agentes atuam racionalmente (é o chamado princípio da racionalidade ou do homo economi-
cus).. 
 Preço 
Quantidade 
Oferta 
Demanda 
Q
P 
A 
 20
Transparência de mercado. Consumidores e vendedores têm acesso a toda informação, relevan-
te, sem custos, isto é, conhecem os preços, a qualidade e os custos. 
 
2.2.3.2 Monopólio 
 Uma única empresa produz um produto sem substitutos próximos. 
 Existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. 
O produto ou o serviço não é homogêneo. Não há possibilidade de ser substituído por outros. 
 
2.2.3.4 Oligopólio 
O pequeno número de empresas no setor. 
Os bens são substitutos perfeitos entre si. 
O consumidor sabe perfeitamente quem produziu. 
Existem barreiras à entrada e à saída de novas firmas. 
 
2.2.3.5 Concorrência monopolística 
Muitas empresas produzindo dado bem ou serviço. 
Cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos. A diferenciação 
nos produtos pode se dá via: 
 características físicas, como por exemplo a composição química; 
 promoção de vendas, propaganda, atendimento, brindes; 
 manutenção; 
 embalagem. 
Cada empresa tem um relativo poder sobre os preços, dado que os produtos ou serviços são 
diferenciados. 
 
ESTRUTURA
 
OBJETIVO DA
EMPRESA
NÚMERO DE
FIRMAS
TIPO
DE
PRODUTO
ACESSO DE
NOVAS
EMPRESAS
AO MERCADO
Concorrência
Perfeita
Maximização
de lucros
Infinitas Homogêneo Não existem
barreiras
Monopólio
 
Maximização
de lucros
Uma Único Existem
barreiras
Concorrência
Monopolística
Maximização
de lucros
Muitas Diferenciado Não existem
barreiras
Oligopólio
 
Maximização
de lucros
Poucas
dominam um
mercado
Homogêneo
ou
Diferenciado
Existem
barreiras
 21
Quadro 1– Resumo das estruturas de mercado 
Fonte: adaptado de ROSSETTI. 
 
 
 
2.2.4 Outras formas de organização das empresas no mercado 
 
 
Cartel 
Associação entre empresas do mesmo ramo de produção com objetivo de dominar o merca-
do e disciplinar a concorrência. 
As partes entram em acordo sobre o preço, que é uniformizado geralmente em nível alto, e 
quotas de produção são fixadas para as empresas membros. No seu sentido pleno, os cartéis 
começaram na Alemanha no século XIX e tiveram seu apogeu no período entre as guerras mun-
diais. Os cartéis prejudicam a econimia por impedir o acesso do consumidor à livre-
concorrência e por beneficiar empresas não-rentáveis. Tendem a durar pouco devido ao conflito 
de interesses. 
 
Dumping 
Prática comercial que consiste em vender um produto ou serviço por um preço irreal para e-
liminar a concorrência e conquistar a clientela.Proibida por lei, pode ser aplicada tanto no mer-
cado interno quanto no externo. No primeiro caso, o dumping concretiza-se quando um produto 
ou serviço é vendido abaixo do seu preço de custo, contrariando em tese um dos princípios fun-
damentais do capitalismo, que é a busca do lucro.A única forma de obter mlucro é cobrar preço 
acima do custo de produção. No mercado externo, pratica-se o dumping ao se vender um produ-
to por preço inferior ao cobrado para os consumidores do país de origem. 
 
Holding 
Forma de organização de empresas que surge depois dos trustes serem postos na ilegalida-
de. Consiste no agrupamento de grandes sociedades anônimas. Sociedade anônima é uma desig-
nação dada às empresas que abrem seu capital e emitem ações que são negociadas em Bolsa de 
Valores. Nesse caso, a maioria das ações de cada uma delas é controlada por uma única empre-
sa, a holding. A ação das holdings no mercado é semelhante a dos trustes. Uma holding geral-
mente é formada para facilitar o controlr das atividades em um setor. Se ela tiver empresas que 
atuem nos diversos setores de um mercado como o da produção de eletrodomésticos, por exem-
plo, abocanha gordas fatias desse mercado e adquire condições de dominar seu funcionamento. 
 22
 
Joint venture 
É uma associação de empresas não-definitiva e com fins lucrativos,para explorar determina-
do(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica. Difere da sociedade 
comercial (partnership), porque se relaciona a um único projeto cuja associação é dissolvida 
automaticamente após seu término. Um exemplo típico de joint venture seria a transação entre o 
proprietário de um terreno de excelente localização e uma empresa de construção civil, interes-
sada em levantar um prédio sobre o local. 
 
 
Monopsônio 
Situação de mercado em que há apenas um comprador de um produto, geralmente maté-
ria-prima. Modelo raro de mercado, em que as condições de mercado são determinadas pelo 
comprador, mesmo que haja vários vendedores. Normalmente representado por estatais. Ex.: é o 
caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-
se demandante exclusiva da mão-de-obra local e das cidades próximas, conseqüentemente fixa 
os salários em patamares baixos. 
 
Oligopsônio 
Tipo de estrutura de mercado em que poucas empresas, de grande porte, são compradoras 
de determinados produtos, geralmente matéria-prima ou produtos primários. Representado pelas 
indústrias alimentícias e seus fornecedores. Exemplo: em cada cidade existem dois ou três que 
adquirem a maior parte do leite de inúmeros produtores rurais locais. 
 
Truste 
Uma das formas mais agressivas de controle oligopolístico de mercado é aquela denomi-
nada truste (termo proveniente da palavra inglesa trust, que significa confiar, depositar confian-
ça em). O truste consiste num acordo entre diversas empresas que passam a ser administradas 
por uma nova empresa ou grupo financeiro. Essa nova empresa ou grupo passa a ter controle 
absoluto sobre as empresas anteriores, que perdem sua independência e parte de sua autonomia 
administrativa. Dessa forma, o truste passa a ser o único produtor e vendedor de um determina-
do bem no mercado, eliminando progressivamente os demais concorrentes, absorvendo-os ou 
incorporando-os e, assim, controlando totalmente o preço do bem ou bens que produz.Embora 
o Estado imponha severas leis para impedir a formação de trustes, eles continuam operando e se 
expandindo através de várias manobras. 
 
Considerações sobre este capítulol 
 23
 
Neste capítulo, vimos como a oferta e a demanda determimam os preços, a importância 
do mercado para o sistema econômico e as características das estruturas concorrenciais nas 
quais as empresas competem entre si. Se você compreendeu tais conceitos, está preparado para 
continuar seu estudo. 
Nos Estados Unidos, existe uma discussão permanente entre duas agências federais no 
que se refere a assentos de segurança para crianças em aviões. Desde 1979, o National Trans-
portation Safety Board (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes) recomendou que os 
assentos fossem obrigatórios, enquanto a Federal Aviation Administration (Administração Fede-
ral de Aviação) se valeu de sua autoridade de regulação para impedir essa norma. O congresso 
americano deverá resolver esse impasse. 
A lição desse exemplo é que os consumidores (demanda) respondem às mudanças nos 
preços. Um aumento no preço do bem (passagem aérea) faz alguns consumidores buscarem um 
bem substituto (passagem de ônibus), levando a economia (mercado) a alguns resultados inespe-
rados. 
Fonte: OREGONIAN, 1997, p. A20. 
As referências bibliográficas ao final deste livro apresentam capítulos interessantes para 
aprofundar o tema desenvolvido. Se você quiser mais, recomendamos o site da Fundação de 
Economia e Estatística do Rio Grande do Sul - FEE (http://www. fee.tche.br ), o do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (http://www.ibge.gov.br ) e do Instituto de Pesqui-
sas Econômicas Aplicadas - IPEA (http://www.ipea.gov.br). 
 
Atividades 
1. Quais são os requisitos básicos da demanda? 
2. Qual a importância do mercado para o sistema econômico? 
3. As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais. Quais 
são elas? 
4. Diferencie monopsônio e oligopsônio. 
5. O preço unitário do pão francês (de 50 gramas) é de R$ 0,20 qualquer que seja a demanda 
em uma padaria. Qual o gráfico desta função? 
6. Uma doceria produz um tipo de bolo de tal forma que sua função de oferta diária é de P = 10 
+ 0,2Q. Pergunta-se: 
a) Qual o preço para que a oferta seja de 20 bolos diários? 
b) Se o preço unitário for de R$ 15,00, Qual a oferta diária? 
c) Se afunção de demanda diária por esses bolos for P = 30 - 1,8Q, Qual o 
preço de equilíbrio?
 24
 
 
 Referências 
CARAVALHO, Luiz Carlos P. Microeconomia Introdutória: para Cursos de Administração e 
Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2000. 
CASTRO, A. B. de; LESSA, C. F. Introdução à Economia: uma abordagem estruturalista. 
Rio de Janeiro: FORENSE UNIVERSITÁRIA, 1992. 
EQUIPE DE PROFESSORES DA USP. PINHO, Diva B. & VASCONCELOS, Marco A. S de 
(Organizadores.). Manual de Economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
MANKIW, N. G. Introdução à Economia. Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de Janei-
ro: Campus, 1999. 
 
MOCHON F. & TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 2002. 
 
O’ SULLIVAN, SHEFFRIN & NISHIJIMA. Introdução à Economia. São Paulo: Prentice Hall. 
2004. 
 
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thom-
son Learning, 2003. 
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
SALVATORI, Dominick. Microeconomia. São Paulo. Atlas 1986. 
SANDRONI,Paulo. Novo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1994. 
VASCONCELLOS, Marco A. & GARCIA, MANUEL E. Fundamentos de Economia. São 
Paulo: Saraiva, 2004. 
 
WESSELS, W. J. Economia. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 
3 TEORIA DA PRODUÇÃO E DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO 
 
Este capítulo tem como finalidade analisar as principais variáveis que devem ser levadas 
em consideração para a produção de bens e serviços. O que iremos analisar é o comportamento 
 25
da empresa quando ela desenvolve sua atividade produtiva, sob o enfoque de sua produção (em 
termos de unidades físicas) e de seus respectivos custos (em termos monetários). 
 
3.1 TEORIA DA PRODUÇÃO 
Uma empresa é a unidade básica de produção em um sistema econômico. Ela contrata re-
cursos produtivos, transforma-os em bens e serviços e os coloca ou à disposição de outras em-
presas, no caso de bens intermediários; ou à disposição dos consumidores, no caso de bens de 
consumo. 
Dessa forma podemos definir produção: é o processo pelo qual uma firma transforma os 
fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado. A firma 
compra fatores de produção (matérias-primas e insumos), combina-os segundo um processo de 
produção escolhido, e vende o produto final no mercado. A produção pode ser classificada co-
mo: 
 produção de bens econômicos (alimentos, remédios, máquinas); 
 produção de serviços (transporte, diversão etc.). 
O processo de produção pode ser ou de mão-de-obra intensivo, de capital intensivo ou 
terra intensivo, dependendo do fator de produção utilizado em maior quantidade, relativamente 
aos demais. 
A escolha do processo de produção depende de sua eficiência. A eficiência pode ser: 
 eficiência técnica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite 
produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando menor quantidade física de fato-
res de produção; 
 eficiência econômica: Entre dois ou mais processos de produção, é aquele que permite 
produzir uma mesma quantidade de produto, com menor custo de produção. 
Se especificarmos as diversas quantidades de cada fator que a empresa utiliza para alcan-
çar determinadas quantidades de produto, teremos a função de produção. Ao analisar uma fun-
ção de produção, verificaremos que, ao aumentar ou diminuir a quantidade produzida de um 
determinado produto (variar a produção), a quantidade utilizada de alguns fatores não muda 
(máquinas, instalações, ferramentas, administração), enquanto a quantidade utilizada de outros 
fatores muda proporcionalmente à produção (matéria-prima, mão-de-obra). Os primeiros são os 
fatores de produção fixos (cujas quantidades não mudam) e os segundos são os fatores de pro-
dução variáveis (cujas quantidades mudam). 
À medida que se aumenta a quantidade de utilização de um fator variável, aumenta a 
quantidade de produto total que se obtém. A partir dessa afirmação, podemos concluir dois con-
ceitos importantes: a PRODUTIVIDADE MÉDIA e a PRODUTIVIDADE MARGINAL do fator variá-
vel. Produtividade média do fator variável é o quociente da quantidade total produzida pela 
quantidade utilizada do fator variável. Produtividade marginal do fator variável é a variação do 
 26
produto total decorrente da variação de uma unidade no fator variável. Para que servem esses 
conceitos, na prática? Servem para saber se cada fator (insumo) que se utiliza na produção está 
trazendo um resultado (produtividade média) satisfatório. Servem para saber se o último fator 
utilizado (produtividade marginal) também está produzindo resultado satisfatório, para o produ-
to específico que analisamos. 
Quando se aumenta a quantidade de utilização de um fator variável, aumenta a quantida-
de de produto total que se obtém, mas não de maneira uniforme e permanente. Isso se deve à 
LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES. A lei dos rendimentos decrescentes pode ser assim 
explicada: mantendo-seinalterada a quantidade de fatores fixos e incrementando um fator vari-
ável em iguais quantidades, a quantidade de produto total obtido aumentará, mas a partir de 
certo ponto os acréscimos no produto total serão cada vez menores. Se insistirmos no incremen-
to do fator variável, o produto – após alcançar um valor máximo – poderá até decrescer. A Ta-
bela 1 ilustra os conceitos apresentados anteriormente. 
 
Tabela 1 – Produção de trigo com apenas um fator de produção variável (mão-de-obra) 
Fonte: Vasconcellos, 2007 
 
3.2 TEORIA DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO 
O objetivo básico de uma firma é a maximização de seus resultados para a realização e 
continuidade de sua atividade produtiva. Assim sendo, procurará sempre obter a máxima produ-
ção possível em face da utilização de certa combinação de fatores. 
A otimização dos resultados da firma poderá ser obtida quando for possível alcançar um 
dos dois objetivos seguintes: 
 
-2 4,6 42 9 10 
0 5,4 44 8 10 
2 6,2 44 7 10 
4 7,0 42 6 10 
6 7,6 38 5 10 
8 8,0 32 4 10 
10 8,0 24 3 10 
8 7,0 14 2 10 
6 6,0 6 1 10 
Produtividade 
marginal da mão- 
de-obra (em 
toneladas) 
(5) = Variação em (3) 
 Variação em (2) 
Produção média 
da mão-de-obra 
(em toneladas) 
(4) = (3) : (2) 
Produção total 
(em toneladas) 
3 
Mão-de-obra 
(fator váriável 
em milhares de 
trabalhadores) 
2 
Terra 
(fator fixo em 
hectares) 
1 
 27
a) maximizar a produção para um dado custo total ou b) minimizar o custo total para um 
dado nível de produção. Em qualquer uma das situações, a firma estará maximizando ou otimi-
zando seus resultados. 
 
3.2.1 Custos totais de produção 
Conhecidos os preços dos fatores, é sempre possível determinar um custo total de produ-
ção ótimo para cada nível de produção. Assim, define-se custo total das despesas realizadas pela 
firma com a utilização da combinação mais econômica dos fatores, por meio da qual é obtida 
uma determinada quantidade do produto. 
Os custos totais de produção (CT) são divididos em custos variáveis totais (CVT). A fór-
mula do Custo Total é CT = CFT + CVT onde: 
Custos fixos totais (CFT) – correspondem à parcela dos custos totais que independem 
da produção. São decorrentes dos gastos com os fatores de produção fixo. Por exemplo: alu-
guéis, iluminação etc. Na contabilidade empresarial são também chamados de custos indiretos; 
 Custos variáveis totais (CVT) - é a parcela dos custos totais que depende da produção 
e por isso muda com a variação do volume de produção. Por exemplo: folha de pagamentos, 
gastos com meterias-primas etc. Na contabilidade empresarial, são chamados de custos diretos. 
 
Tabela 2 – Custos de produção (em valores monetários) 
QUANTI-
DADE 
PRODUZI-
DA 
CUSTO 
FIXO 
CUSTO 
VARIÁVEL 
CUSTO 
TOTAL 
CUSTO 
MÉDIO 
CUSTO 
MARGINAL 
0 100 0 100,00 - - 
10 100 50,00 150,00 15,00 5,00 
20 100 80,00 180,00 9,00 3,00 
30 100 100,00 200,00 6,67 2,00 
40 100 110,00 210,00 5,25 1,00 
50 100 130,00 230,00 3,83 2,00 
60 100 160,00 260,00 4,33 3,00 
70 100 200,00 300,00 4,28 4,00 
80 100 250,00 350,00 4,37 5,00 
 Fonte: ROSSETTI, 2003. 
 28
 
Além do conceito de custo total temos também o CUSTO MÉDIO, que é o quociente do cus-
to total pela quantidade total produzida e o CUSTO MARGINAL que é a variação do custo total 
decorrente da variação de uma unidade na produção. Esses conceitos podem ser observados na 
Tabela 2. 
Como calculamos: 
1. Os custos fixos e variáveis são enunciados do problema (são os resultados da ob-
servação do processo produtivo); 
2. O custo total é a soma do custo fixo e do custo variável; 
3. O custo médio é divisão do custo total pela respectiva quantidade produzida; 
4. Custo marginal = dividindo a diferença de custo total pela diferença da quanti-
dade produzida, a cada intervalo de produção. (Exemplo: ao produzir 40 unidades 
de produto, o custo total foi de R$ 210,00; ao produzir 50 unidades, o custo total 
foi de R$ 230,00; assim CMg = (230,00 – 210,00) / (50 – 40) = 20,00 / 10 = 2,00.) 
Como uma empresa terá lucro máximo? Ela terá lucro sempre que vender uma unidade de 
produto a um preço unitário maior que o seu custo unitário de produção. Enquanto houver esse 
lucro, a empresa poderá prosseguir aumentando sua produção e vendas, mesmo que seus custos 
médios e marginais estejam crescendo. O lucro total será máximo quando o acréscimo de custo 
de uma unidade adicional produzida fro igual ao acréscimo de receita que decorre da venda 
desta mesma unidade. Antes disso, o volume dos lucros ainda pode aumentar, não sendo, por-
tanto máximo, pois os custos estão crescendo menos do que as receitas e, depois disso, ovolume 
mais do que as receitas. Enfim, a maximização dos lucros ocorre quando a receita marginal é 
igual ao custo marginal. 
Na teoria da produção, a análise dos custos de produção é também dividido em curto e 
longo prazos: 
custos totais de curto prazo: São caracterizados pelo fato de serem composto por parce-
las de custos fixos e de custos variáveis. 
custos totais de longo prazo: São formados unicamente por custos variáveis.Ou seja, em 
longo prazo não existem fatores fixos. 
 
Diferenças entre a visão econômica e a visão contábil – financeira dos custos 
de produção 
Existem muitas diferenças entre a ótica utilizada pelos economistas e a utilizada 
nas empresas, por contadores e administradores. Em linhas gerais, pode-se dizer que a 
visão econômica é mais genérica, olhando mais para o mercado (ambiente externo da 
 29
empresa), enquanto na visão ótica contábil-financeira a preocupação centra-se mais no 
detalhamento dos gastos da empresa específica. 
As principais diferenças estão nos seguintes conceitos: 
. custos de oportunidade e custos contábeis; 
. externalidades. 
 
Custos de oportunidades versus custos contábeis 
Os custos contábeis são os custos como normalmente são conhecidos na contabi-
lidade privada, ou seja, são custos explícitos, que envolvem um dispêndio monetário. É 
o gasto efetivo da empresa, na compra ou aluguel de insumos. 
Os custos de oportunidade são custos implícitos, que não envolvem desembolso 
monetário. Representam os valores dos insumos que pertencem à empresa e são usados 
no processo produtivo. Esses valores são estimados a partir do que poderia ser ganho no 
melhor uso alternativo. 
 
3.2.2 Externalidades 
As externalidades podem ser definidas como alterações de custos e benefícios para a so-
ciedade derivadas da produção de empresas, ou também como as alterações de custos e receitas 
da empresa devidas a fatores externos. 
Uma externalidade positiva é quando uma unidade econômica cria benefícios para outras, 
sem receber pagamentos por isso. Por exemplo: uma empresa treina a mão de obra, que acaba, 
após o treinamento, transferindo-se para outra empresa; beleza do jardim do vizinho, que valori-
za dua casa; uma nova estrada; os comerciantes de uma mesmo ramo que se localizam na mes-
ma região. 
Temos externalidades negativas (ou deseconomia externa), quando uma unidade econô-
mica cria custos para outras, sem pagar por isso.Por exemplo, poluição e congestionamento 
caudados por automóveis, caminhões e ôibus; uma indústria que polui um rio e impõe custos a 
atividades pesqueiras. 
 
Questões para Reflexão 
A) Qualquer unidade produtora, ao produzir bens e serviços, tem custos com a utiliza-
ção de fatores, insumos ou matérias-primas. Ao vender esses bens ou serviços, a empresa obterá 
um certo volume de receitas. A diferença entre os custos e as receitas se denomina LUCRO ECO-
NÔMICO. 
 30
B) A função de produção de uma empresa é a relação das quantidades fixas e variáveisde fatores que são utilizados no decorrer do processo produtivo. Sabe-se que as empresas possu-
em diferentes produtividades. A produtividade varia de acordo com a eficiência econômica e 
deve ser entendida como a relação entre a quantidade produzida de um determinado bem e o 
fator utilizado. A lei dos rendimentos decrescentes indica que o aumento na utilização de um 
fator de produção implica em acréscimos cada vez menores nos rendimentos gerados por essa 
mesma produção. Isso decorre precisamente da produtividade do fator, que diminui enquanto 
aumenta a sua utilização e, conseqüentemente, a sua escassez, sendo os últimos menos produti-
vos. 
 
Quadro 2 – Resumo dos conceitos vistos nesse capítulo 
 
TERMO CONCEITO 
Função de produção P = f(aFP1 + bFP2 + + ... + zFPn) 
Produtividade média Pme = (produção total) / (quantidade de fator variável) 
Produtividade marginal Pmg = (acréscimo de produto total) / (acréscimo de fator variável) 
Custo total CT = custo fixo (CFT) + custo variável (CVT) 
Custo médio Cme = (custo total) / (quantidade produzida) 
Custo marginal Cmg = (acréscimo de custo total) / (acréscimo da quantidade pro-
duzida) 
Receita total RT = preço de venda x quantidade vendida ou quantidade produ-
zida 
Lucro total LT = RT (receita total) – CT (custo total) 
 
Considerações sobre este capítulol 
 
A teoria da produção e dos custos de produção é fundamental para a administração de em-
presas e para o entendimento do comportamento do produtor, no mercado. Essa teoria permite 
analisar a formação do custo dos bens e serviços, cujo valor final viabiliza ou inviabiliza a per-
manência do produtor no mercado do produto. 
Para o administrador, a análise da composição dos custos proporciona a possibilidade de in-
terferir no processo produtivo no sentido de minimizá-lo e tornar o produto mais competitivo. 
Pindyck, R.S, & Rubinfeld, D. L. Microeconomia. Trad. Eleutério Prado. São Paulo: Pearson 
Prentice Hall, 2006. Manual completo, apresenta os conceitos básicos e aprofunda todos os as-
pectos importantes do estudo da microeconomia: mercado e preços; produtores, consumidores e 
 31
mercados competitivos; estrutura de mercado e estratégia competitiva; informação, falhas de 
mercado e o papel do governo. Uma série de exercícios e questões para revisão completa cada 
capítulo, tornando mais compreensível a teoria. 
 
 
Pequenas ou grandes, todas as empresas têm que, diariamente, tomar decisões sobre a 
produção, que envolve custos, podendo resultar em lucro ou prejuízo. Não é novidade que me-
tade das pequenas novas empresas não chega a completar o primeiro ano de existência. Mesmo 
entre as grandes, muitas não sobrevivem. Basta dar dois exemplos: das 100 maiores empresas 
norte-americanas existentes em 1917, apenas 20 ainda estão em atividade; no Brasil, das 500 
maiores empresas em 1975, somente 150 continuam com seus negócios atualmente. Todas as 
empresas, independentemente de seu tamanho, têm que decidir o que produzir, quanto produzir, 
como produzir e também como distribuir (logística, canais de distribuição, estratégia mercado-
lógica e assim por diante). 
Fonte: MENDES, 2004, p. 77. 
 
 
 
 
 
 
 
Atividades 
1. Uma fábrica de sapatos masculinos apresenta a seguinte estrutura de recursos físicos. Deter-
mine a produtividade média da mão-de-obra e a produtividade marginal da mesma. 
 
Capacidade de 
produção diária 
 
1 
Mão-de-obra 
(fator variável de 
trabalhadores) 
2 
 
Produção total 
(em pares de sapa-
tos) 
3 
 
Produtividade 
média da mão-de-
obra 
 
(4) = (3) : (2) 
 
Produtividade 
marginal da mão-
de-obra 
(5) = variação em 
(3) 
 Variação em 
(2) 
300 10 80 
300 15 95 
300 20 115 
300 25 132 
300 30 129 
300 35 108 
300 40 97 
 
 
 32
2. Uma fábrica de implementos agrícolas apresenta a seguinte estrutura de custos para a produ-
ção de diferentes quantidades de produto: 
 
 
 
Quantidade 
produzida/mês 
Preço de 
venda (R$) 
Custo fixo 
(R$) 
Custo 
variável (R$) 
20 50.000,00 308.000,00 150.000,00 
30 42.000,00 308.000,00 170.000,00 
40 39.000,00 308.000,00 190.000,00 
50 36.000,00 308.000,00 210.000,00 
60 33.000,00 308.000,00 230.000,00 
 
Determine o custo total, o custo médio, o custo marginal, a receita total e o lucro total em cada 
nível de produção. 
 
 
 Referências 
 
CARAVALHO, Luiz Carlos P. Microeconomia Introdutória: para Cursos de Administração e 
Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2000. 
CASTRO, A. B. de; LESSA, C. F. Introdução à Economia: uma abordagem estruturalista. 
Rio de Janeiro: FORENSE UNIVERSITÁRIA, 1992. 
 
EQUIPE DE PROFESSORES DA USP. PINHO, Diva B. & VASCONCELOS, Marco A. S de 
(Organizadores.). Manual de Economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
MANKIW, N. G. Introdução à Economia. Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de Janei-
ro: Campus, 1999. 
 
MOCHON F. & TROSTER, R. L. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 2002. 
 
O’ SULLIVAN, SHEFFRIN & NISHIJIMA. Introdução à Economia. São Paulo: Prentice Hall. 
2004. 
 
PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Pioneira Thom-
son Learning, 2003. 
ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
SALVATORI, Dominick. Microeconomia. São Paulo. Atlas 1986. 
SANDRONI,Paulo. Novo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1994. 
 33
VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Economia: equipe de professores da USP. São Paulo: 
Saraiva, 2007. 
 
SANDRONI,Paulo. Novo Dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1994. 
 
 
 
 
 
 
 
 34
CAPÍTULO 4 
 
4 MACROECONOMIA 
 
Ao final deste capítulo o aluno deverá saber: 
 analisar as metas de política macroeconômica; 
 identificar os instrumentos da política macroeconômica; 
 descrever a estrutura de análise da macroeconomia; 
 identificar as principais medidas da atividade econômica propostas pela Contabilidade 
Nacional. 
 
 
4.1 FUNDAMENTOS DE MACROECONOMIA 
Como está nossa viagem? Esperamos que você esteja reconhecendo sua empresa, seu 
banco, suas decisões econômicas nesse “passeio” pela economia. Esperamos que você esteja 
conseguindo relacionar sua rotina diária com os aspectos teóricos que já repassamos juntos. Até 
agora procuramos observar as relações entre os agentes (atores) econômicos: as necessidades 
humanas, a limitada disponibilidade de recursos (fatores de produção) para satisfazê-las, o pro-
cesso produtivo, a demanda, a oferta e a formação dos preços no mercado. Agora iremos abrir 
um pouco o leque de nossa observação. Procuraremos analisar as políticas econômicas gover-
namentais, o comportamento da economia como um todo, o bem-estar que as pessoas almejam 
como resultado da atividade econômica. Vejamos alguns conceitos básicos. Enquanto a teoria 
microeconômica explica a composição e a alocação da produção total, a teoria macroeconômica 
busca explicar as flutuações do nível de atividade econômica, do nível da produção global. O 
termo micro indica apenas a decomposição de variáveis macroeconômicas, como consumo, 
poupança e o investimento. 
A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o com-
portamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, 
emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balança de pagamentos e taxa de 
câmbio. 
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia negligencia o 
comportamento das unidades econômicas individuais e de mercados específicos, essas são preo-
cupações da microeconomia.Entretanto, embora exista um aparente contraste,não há um confli-
to entre a micro e a macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia é a soma de seus 
mercados individuais. A diferença é primordialmente uma questão de ênfase, de enfoque. Ao 
estudar a determinação de preços em uma indústria, na microeconomia consideram-se constan-
 35
tes os preços das outras indústrias. Na macroeconomia estuda-se a nível geral de preços, igno-
rando-se a mudança de preços relativa dos bens das diferentes indústrias. 
A Teoria Macroeconômica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto 
prazo. Especialemente, preocupa-se com questões como desemprego, que aparece sempre a 
economia está trabalhando abaixo de seu máximo de produção, e com as implicações sobre os 
vários mercados quando se alcança a estabilização do nível geral de preços. A parte da Teoria 
Econômica que estuda questões de longo prazo é denominada Teoria do Crescimento Econômi-
co. 
 Na tentativa de se determinar como os preços e as quantidades são estabelecidos, desen-
volveram-se dois métodos de análise básicos: 
 
 abordagem de equilíbrio parcial: analisa um determinado mercado sem considerar os 
efeitos que esse mercado pode ocasionar sobre os demais mercados existentes na e-
conomia; 
 abordagem de equilíbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo e, assim, se qui-
séssemos determinar como são formados os preços dos bens, deveríamos listar todos 
os bens que são produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de insumos que 
são utilizados. 
 
4.1.1 Metas de política macroeconômica 
Alto nível de emprego – desde a Revolução Industrial, em fins do século XVIII, até o 
início do século XX, o mundo econômico parece ter funcionado sobre o pensamento li-
beral, que acreditava que os mercados, sem interferência do Estado, conduziriam a Eco-
nomia ao pleno emprego de seus recursos, como se, guiados por uma “mão invisível”, 
determinariam os preços e a produção de equilíbrio, e, desse modo, nenhum problema 
surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evolução da economia mundial trouxe em 
seu bojo novas variáveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos 
econômicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comércio internacional, 
de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia. A ausência 
de políticas econômicas levou à quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, e uma crise 
de desemprego atingiu todos os países do mundo ocidental nos anos seguintes. Com a 
contribuição de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econômica, e da inter-
venção do Estado na economia de mercado, que nos passa qual grau de intervenção do 
Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e serviços. A cor-
rente dos economistas liberais (hoje neoliberais) prega a saída do governo da produção 
de bens e serviços. 
Estabilidade de preços – define-se inflação como um amento contínuo e generalizado 
Formatados: Marcadores e
numeração
 36
no nível geral de preços. Por que a inflação é um problema? Primeiramente, porque a 
inflação acarreta distorções, principalmente sobre a distribuição de renda, sobre as ex-
pectativas dos agentes econômicos e sobre o balanço de pagamentos. É importante sali-
entar que, enquanto nos países industrializados o problema central é o desemprego, nos 
países em via de desenvolvimento, o foco mais importante de análise é o da inflação. 
Esse tema é de difícil abordagem, dado que as causas da inflação diferem entre países 
(deve-se levar em contas, por exemplo, o estágio de desenvolvimento e a estrutura dos 
mercados), e em um dado país, diferem no tempo. 
Distribuição eqüitativa da renda – a economia brasileira cresceu razoavelmente entre 
o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Apesar disso, verificou-se uma dis-
paridade muito acentuada de nível de renda, tanto a nível pessoal quanto a nível regio-
nal. Isso fere, evidentemente, o sentido de equidade ou justiça. No Brasil, os críticosa do 
“milagre” argumentavam que havia piorado a concentração de renda no país, nos anos 
1967-1973 devido a uma política deliberada do governo, baseada em crescer primeiro 
para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo). A posição oficial era de que um certo 
aumento na concentração de renda seria inerente ao próprio desenvolvimento capitalis-
ta, dadas as transformações estruturais que ocorrem (êxodo rural, com trabalhadores de 
baixa qualificação, aumento da proporção de jovens etc.). Nesses processo gera-se uma 
demanda por mão-de-obra qualificada, a qual por ser escassa, obtém ganho extra. Assim 
o fator educacional seria a principal causa da piora distributiva. 
Crescimento econômico – se existem desemprego e capacidade ociosa, pode-se au-
mentar o produto nacional através de políticas econômicas que estimulem a atividade 
produtiva. Mas, feito isso, há um limite à quantidade que se pode produzir com os re-
cursos disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá: 
 . um aumento nos recursos disponíveis; 
 . ou um avanço tecnológico (melhoria tecnológica, novas maneiras de organizar a 
produção, qualificação da mão-de-obra). 
Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da ren-
da nacional per capita ou seja, colocar a disposição da coletividade uma quantidade de 
mercadorias e serviços que sujere o crescimento populacional. A renda per capita é 
considerada um razoável indicador – o da população, embora apresente falha (os países 
árabes têm as maiores rendas per capita, mas não o melhor padrão de vida do mundo). 
 
4.1.2 Instrumentos de política macroeconômica 
A política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva e 
as despesas planejadas, com objetivo de permitir que a econimia opere a pleno emprego, com 
baixas taxas de inflação e uma distribuição justa de renda. 
 37
Os principais instrumentos para atingir tais objetivos são: 
 a POLÍTICA FISCAL diz respeito ao orçamento dos diversos níveis de governo (federal, esta-
duais e municipais), ou seja:são os gastos e as receitas dos governos. É um poderoso ins-
trumento de política macroeconômica, se considerarmos que no Brasil a carga fiscal (soma 
de todos os orçamentos governamentais) representa mais do que um terço de tudo o que se 
produz no País; 
 a POLÍTICA MONETÁRIA refere-se ao controle do governo sobre a oferta monetária, ou 
seja, sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos em circulação no mercado; 
 a POLÍTICA CAMBIAL diz respeito ao controle e à utilização de instrumentos para esta-
bilização da taxa de câmbio, enquanto as políticas de relações econômicas externas re-
ferem-se ao comércio internacional, ao incentivo às exportações e ao controle das im-
portações do País; 
 as POLÍTICAS DE RENDAS referem-se à intervenção do governo na formação da renda 
dos agentes econômicos. Intervenção que favorecerá ou não determinados proprietários 
de fatores de produção em detrimentos de outros (mão-de-obra, capital, recursos natu-
rais e capacidade empresarial). 
 
4.1.3 Estrutura de análise macroeconômica 
Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco 
mercados. 
 Mercado de bens e serviços – para tentar responder como se tem comportado o nível 
de atividades, efetua-se uma agregação de todos os bens produzidos pela economia du-
rante um certo período de tempo e define-se o chamado Produto Nacional. A demanda 
agregada depende fundamentalmente da evolução da demanda dos quatro grandes seto-
res ou agentes macroeconômicos: consumidores, empresas, governo e setor externo; 
 Mercado de trabalho – também representa uma agregação de todos os tipos de traba-
lhos existentes na economia. Nesse

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