Buscar

A Grande Explosão Cambriana

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A Grande Explosão Cambriana!
	A Explosão Cambriana foi o aparecimento relativamente rápido, em um período de vários milhões de anos, dos phyla mais importantes cerca de 530 milhões de anos atrás, conforme encontrado no registro fóssil. Este surgimento foi acompanhado por uma grande diversificação de outros organismos, incluindo animais, fitoplâncton, e calcimicróbios. Até cerca de 580 milhões de anos a maioria dos organismos eram simples, compostos de células individuais, ocasionalmente organizadas em colônias. Nos 70 ou 80 milhões anos seguintes a taxa de evolução foi acelerada em uma ordem de magnitude (conforme definido em termos da relação entre extinção e origem de espécies) e a diversidade da vida começou a se parecer com a atual.
 Este espécime de Marrella ilustra como os fósseis do
Folhelho Burgess são claros e detalhados.
A explosão Cambriana gerou debates científicos extensos. O aparecimento rápido de fósseis no "Strata Primordial" foi notado já no século 19, e Charles Darwin via-o como uma das principais objeções que poderiam ser feitas contra sua teoria da evolução pela seleção natural.
A perplexidade sobre o aparecimento da fauna Cambriana, que parece abrupta e vir de lugar algum, está centralizada em três pontos chave: se houve realmente uma diversificação em massa de organismos complexos sobre um período relativamente curto de tempo durante o início do Cambriano; o que poderia ter causado esta mudança rápida; e o que isto iria implicar sobre a origem e evolução dos animais. A interpretação é difícil devido a uma quantia limitada de evidências, baseada principalmente em um registro fóssil incompleto e assinaturas químicas deixadas em rochas cambrianas.
HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA
Geólogos tão antigos quanto Buckland (1784-1856) perceberam que uma mudança dramática nos registros fósseis ocorreram em torno da base do que nós agora chamamos de Cambriano. Charles Darwin considerou este aparecimento súbito de muitos grupos animais com poucos ou nenhum antecedente como a maior objeção a sua teoria da evolução. Ele até mesmo dedicou um capítulo substancial deA Origem das Espécies para resolver este problema. O paleontólogo americano Charles Walcott propôs que em um intervalo de tempo, o "Lipaliano", não estava representado no registro fóssil ou não preservou fóssies, e que os ancestrais dos animais do Cambriano haviam evoluído durante esta época.
Mais recentemente foi feita a descoberta que a história da vida na Terra vai até pelo menos 3,45 bilhões de anos para trás: rochas com esta idade em Warrawoona na Austrália contém fósseis de estromatólitos, pilares atarracados que são formados por colônias de micro-organismos. Fósseis (Grypania) de céuluas eucariotas mais complexas, que formam todos os animais, plantas e fungos, foram encontradas em rochas com cerca de 1,4 bilhões de anos, na China e em Montana. Rochas com datas entre 565 e 543 milhões de anos contém fósseis do biota Ediacarana, organismos tão grandes que eles devem ter sido multicelulares, mas muito diferentes de qualquer organismo moderno. P. E. Cloud argumentou em 1948 que houve um período de evolução "eruptiva" no início do Cambriano, mas nos anos 1970 não havia ainda sinal de como os organismos com aspecto relativamente moderno do Cambriano Médio e Posterior surgiram.
O intenso interesse moderno na "explosão Cambriana" foi iniciado pelo trabalho de Harry B. Whittington e colegas, que nos anos 1970 reanalisaram muitos fósseis do Folhelho Burgess (veja abaixo) e concluíram que vários eram complexos mas diferentes de qualquer animal vivo. O organismo mais comum,Marrella, foi claramente um artrópodo, mas não era membro de nenhuma classe conhecida de artrópodos. Organismos como o Opabínia, que tinha cinco olhos, e o Wiwaxia, que parecia uma lesma, eram tão diferentes de qualquer coisa que conhecemos que a equipe de Whittington assumiu que eles deveriam representar outros phyla, com um relacionamento muito distante com qualquer coisa conhecida atualmente. O trabalho Stephen Jay Gould de 1989 sobre este trabalho, Wonderful Life, despertou o interesse público no assunto e levantou questões sobre o que a explosão representou. Apesar de diferir bastante nos detalhes, tanto o Whittington quanto Gould propuseram que todos os phyla animais apareceram abruptamente. Esta visão foi influenciada pela teoria do equilíbrio pontuado, que Eldredge e Gould desenvolveram no início dos anos 1970 e que via a evolução como longos intervalos de quase equilíbrio pontuados” por curtos períodos de mudança rápida.
Outras análises, algumas mais recentes e outras ainda dos anos 1970, alegam que animais complexoso como os tipos modernos evoluíram bem antes do início do Cambriano. Há também um intenso debate se houve uma "explosão" genuína de formas modernas no Cambriano e, até que ponto ela aconteceu, como aconteceu e por que aconteceu naquela época.
Período Cambriano: Fatos e Informações
O Período Cambriano é o primeiro período geológico da Era Paleozóica (o "tempo de vida antigo"). Este período durou cerca de 53 milhões de anos e marcou uma explosão dramática de mudanças evolutivas da vida na Terra, conhecidos como a "explosão cambriana".
Entre os animais que evoluíram durante este período estão os cordados, animais com um cordão nervoso dorsal; braquiópodes de carapaça dura, que se assemelhavam a moluscos; e artrópodes, ancestrais de aranhas, insetos e crustáceos.
Embora haja algum debate científico sobre que estratos fósseis devem marcar o início do período, o Congresso Geológico Internacional coloca o limite inferior do período há 543 milhões de anos, com a primeira aparição no registo fóssil de vermes que faziam tocas horizontais. O final do Período Cambriano é marcado por evidências no registo fóssil de um evento de extinção em massa há cerca de 490 milhões de anos. O Período Cambriano foi seguido pelo Período Ordoviciano.
O período recebe o nome de Cambria, o nome romano de Gales, onde Adam Sedgwick, um dos pioneiros da geologia, estudou estratos rochosos. Charles Darwin foi um de seus alunos. Sedgwick, no entanto, nunca aceitou a teoria da evolução de Darwin da seleção natural. No início do Cambriano, a Terra era geralmente fria, mas foi gradualmente aquecendo. 
Evidências tectónicas sugerem que o único supercontinente Rodínia se partiu e pelo início e meados do Cambriano havia dois continentes. Gondwana, perto do Pólo Sul, era um supercontinente que mais tarde formou grande parte da área de terra da moderna África, Austrália, América do Sul, Antártida e partes da Ásia. Laurentia, próxima do equador, era composta por massas de terra que atualmente compõem grande parte da América do Norte e parte da Europa. O aumento da área costeira e as inundações devido ao recuo dos glaciares criaram ambientes marinhos mais rasos.
Neste ponto, não existe ainda vida em terra, sendo totalmente aquática. Muito cedo no Cambriano, o fundo do mar estava coberto por um "tapete" de vida microbiana acima de uma espessa camada de oxigénio livre de lama. As primeiras formas de vida multicelulares evoluíram no Proterozóico tardio. Estes organismos multicelulares foram os primeiros a mostrar evidências de um plano corporal bilateral. Estes quase microscópicos "vermes" começaram a misturar e oxigenar a lama do fundo do oceano. Durante este tempo, o oxigénio dissolvido foi aumentando na água devido à presença de cianobactérias. Os primeiros animais a desenvolverem exoesqueletos de carbonato de cálcio construindo recifes de coral.
A meio do período Cambriano começou um evento de extinção. Muitos dos organismos do recife morreram, bem como os trilobites mais primitivos. Uma hipótese sugere que este evento se deveu a um esgotamento temporário de oxigénio causado por uma corrente de água mais fria de áreas profundas do oceano. Esta ressurgência eventualmente resultou numa variedade de ambientes marinhos que vão desde o fundo do oceano até às zonas costeiras rasas. Os cientistas levantaram a hipótese de que este aumento de nichos ecológicosdisponíveis definiu o cenário para o abrupto aparecimento de formas de vida comummente chamado de "explosão cambriana".
Cientistas encontraram alguns dos melhores exemplares para as "experiências evolutivas" do período Cambriano nos leitos fósseis da formação na Gronelândia, China e Colúmbia Britânica. Estas formações são notáveis, porque as condições de fossilização levaram as impressões de ambas as partes do corpo moles e duras e os registos mais completos das variedades de organismos vivos no Período Cambriano.
Nos fósseis mais antigos, os artrópodes são os mais abundantes, embora os grupos não sejam tão diversos como as encontradas nas formações posteriores. Nestes, estão os primeiros indícios fósseis de relações complexas entre predador e presas. Por exemplo, as Halkieria eram lesmas em forma de animais com tampas de concha em cada extremidade. O resto do corpo estava coberto de placas menores de armadura sobre um macio tecido semelhante a caracol. 
Ainda não está claro se eles estão mais estreitamente relacionadas com os anelídeos, como as modernas minhocas e sanguessugas, ou se é um molusco primitivo. Alguns espécimes foram encontrados enrolados em posturas defensivas. As relações predador/presa fornecem pressões de seleção intensivos que levam à especiação rápida e à mudança evolutiva.
Os fósseis do Cambriano tardio mostram muito maior diversidade. Há pelo menos 12 espécies de trilobites. O maior predador era o Anomalocaris, um animal de natação livre que ondulava através da água, flexionando o seu corpo. Ele tinha olhos compostos e dois apêndices de garra na frente da sua boca. Foi o maior predador e mais temido do Período Cambriano, mas não sobreviveu ao Ordoviciano. 
O primeiro animal cordado conhecido, o Pikaia, tinha cerca de 1,5 polegadas (4 cm) de comprimento. Pikaia tinha um cordão nervoso que era visível como uma crista atrás da cabeça e estendendo-se quase até à ponta do corpo. O detalhe fino preservado mostra claramente que o Pikaia tinha a estrutura segmentada do músculos posteriores cordados e vertebrados. O Haikouichythes, considerado por alguns como o mais antigo peixe sem mandíbula, também foram encontradas no mesmo registo fóssil.
Um evento de extinção em massa encerrou o período Cambriano. Sedimentos encontrados no início do ordoviciano na América do Sul são de origem glacial. James F. Miller, da Southwest Missouri State University sugere que as calotas polares e um clima mais frio pode ter sido a causa da extinção em massa da fauna que evoluíu nos oceanos Cambrianos quentes. O gelo glacial também teria trancado a maior parte da água do mar livre, reduzindo o oxigénio da água e da área disponível para as espécies de águas rasas
Breve História da Terra
         Nosso planeta tem 4,54 bilhões de anos.  Esse longo intervalo de tempo, chamado de tempo geológico, foi dividido pelos cientistas, para fins de estudo e de entendimento da evolução da Terra, em intervalos menores, chamados unidades cronoestratigráficas: éons, eras, períodos, épocas e idades.
         A palavra éon significa um intervalo de tempo muito grande, indeterminado. A história da terra está dividida em quatro éons: Hadeano, Arqueano, Proterozóico e Fanerozóico.Com exceção do Hadeano, todos os éons são divididos em eras. Uma era geológica é caracterizada pelo modo como os continentes e os oceanos se distribuíam e como os seres vivos nela se encontravam.
O período, uma divisão da era, é a unidade fundamental na escala do tempo geológico. Somente as eras do éon Arqueano não são divididas em períodos.
A época é um intervalo menor dentro de um período. Somente os períodos das eras do éon Proterozóico não são divididos em épocas.
A idade, por fim, é a menor divisão do tempo geológico. Ela tem duração máxima de 6 milhões de anos, podendo ter menos de 1 milhão. Somente as épocas mais recentes são divididas em idades.
A essas unidades cronoestratigráficas correspondem unidades cronogeológicas, chamadas, respectivamente, eontema, era, sistema, série e andar.
O quadro a seguir mostra as três maiores divisões do tempo geológico, os éons, eras e períodos. O que aconteceu de mais importante em cada uma dessas fases da história do nosso planeta é o que se verá logo após.
É importante lembrar que os limites que marcam início e fim de períodos geológicos são aproximados e há algumas divergências entre os autores sobre essas cifras.
ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO
	ÉONS
	ERAS
	PERÍODOS
	Fanerozóico
	Cenozóico
	Quaternário
	
	
	Neogeno
	
	
	Paleogeno
	
	Mesozóico
	Cretáceo
	
	
	Jurássico
	
	
	Triássico
	
	Paleozóico
	Permiano
	
	
	Carbonífero
	
	
	Devoniano
	
	
	Siluriano
	
	
	Ordoviciano
	
	
	Cambriano
	Proterozóico
	Neoproterozóico
	Ediacarano
	
	
	Criogeniano
	
	
	Toniano
	
	Mesoproterozóico
	Steniano
	
	
	Ectasiano
	
	
	Calymmiano
	
	Paleoproterozóico
	Statheriano
	
	
	Orosiriano
	
	
	Rhyaciano
	
	
	Sideriano
	Arqueano
	Neoarqueano
	 
	
	Mesoarqueano
	 
	
	Paleoarqueano
	 
	
	Eoarqueano
	 
	Hadeano
	 
	 
Éon Hadeano
         Fase da história da terra iniciada há 4,54 bilhões de anos, quando começou a formação dos planetas do nosso sistema solar. Terminou há 3,85 bilhões de anos, quando aparecem as primeiras rochas.
         A União Internacional das Ciências Geológicas não reconhece esse éon, englobando o intervalo de tempo a que ele se refere no Arqueano. Mas, a divisão Hadeano /Arqueano é amplamente aceita por vários autores.
Éon Arqueano
         O Arqueano começou há 3,85 bilhões de anos, com a formação das primeiras rochas, e terminou há 2,5 bilhões de anos. O interior da Terra, era, no início desta fase de sua história, muito quente, com um fluxo de calor era três vezes maior que hoje. Na superfície, porém, as temperaturas não eram muito diferentes das atuais, porque, acreditam os astrônomos, o Sol era 1/3 menos quente que hoje. Das rochas formadas nesse éon, poucas existem hoje, devido às grandes transformações que a crosta terrestre sofreu desde então. São rochas principalmente ígneas intrusivas e metamórficas. A atividade vulcânica era consideravelmente maior que hoje. Não houve grandes continentes até a fase final desse éon, apenas pequenas porções de terra que não conseguiam se unir em massas maiores dada a intensa atividade geológica do planeta. A atmosfera era rica em dióxido de carbono (CO2) e praticamente sem oxigênio.
         A vida no Arqueano já existia, mas era representada provavelmente pelos procariontes, organismos unicelulares primitivos, que não apresentavam seu material genético delimitado por uma membrana. Os eucariontes, animais em que o núcleo da célula está rodeado por essa membrana, não foram identificados em rochas desse período, mas podem ter existido e não terem ficado preservados. Cianobactérias formaram “tapetes” que ficaram preservados até hoje, e que são os estromatólitos.
O Arqueano divide-se em quatro eras:
Eoarqueano (3,85-3,6 bilhões de anos), fase em que a Terra era ainda muito bombardeada por meteoritos.
Paleoarqeano (3,6 a 3,2 bilhões de anos), quando surgiram os primeiros continentes. Mais para o final desta era, pode ter se formado um supercontinente, chamado Vaalbara. Alguns cientistas acham que ainda não havia placas tectônicas se movendo, mas outros acreditam que elas existiam e que sua movimentação era mais intensa que hoje. Bactérias de 3,46 bilhões de anos bem preservadas foram encontradas na Austrália.
 Mesoarqueano (3,2 a 2,8 bilhões de anos). No final desta era, o supercontinente Vaalbara começou a se partir. Os estromatólitos proliferavam na Terra.
Neoarqueano (2,8 a 2,5 bilhões de anos). Era em que a tectônica de placas pode ter sido bastante similar à de hoje. Há bacias sedimentares bem preservadas e evidência de fraturas intracontinentais, colisões entre continentes e eventos orogênicos de âmbito global bem disseminados. Pode ter surgido e sido destruído um supercontinente, se não vários.A água era predominantemente líquida e havia bacias oceânicas profundas que dariam origem a formações ferríferas bandadas, depósitos de chert, sedimentos químicos e basaltos na forma de pillow lavas (lavas em forma de almofadas).
Éon Proterozóico
         O Proterozóico começou há 2,5 bilhões de anos e estendeu-se até 542 milhões de anos atrás. São dessa época rochas como as que formam o Gran Canyon, no Colorado (EUA).
         Foi uma fase de transição, em que o oxigênio se acumulou na litosfera, formando óxidos, principalmente de silício e ferro. As camadas de óxido de ferro formaram-se sobretudo em torno de 2,5 a 2 milhões de anos.
Surgem os eucariontes e, um bilhão de anos atrás, muitos outros tipos de algas começaram a aparecer, incluindo algas verdes e vermelhas.
Cerca de 900 milhões de anos atrás os continentes estavam reunidos numa única massa, chamada Rodínia, que acabou se fragmentando no final desse éon, originando os paleocontinentes Laurentia (América do Norte, Escócia, Irlanda do Norte, Groenlândia), Báltica (parte centro-norte da Europa), Sibéria unida ao Cazaquistão e Gonduana (América do Sul, África, Austrália, Antártida, Índia, Península Ibérica - sul da França).
O Proterozóico é dividido em três eras:
Paleoproterozóico (de 2,5 a 1,6 bilhões de anos), quando surgiram os primeiros seres eucariontes.
Mesoproterozóico (de 1,6 a 1,0 bilhão de anos). Era em que se formou o supercontinente Rodínia (figura ao lado) e surgiu a reprodução animal sexuada.
Neoproterozóico (1,0 bilhão de anos a 542 milhões de anos).  No final dessa era, termina o éon Proterozóico e a longa fase da história da Terra que se chamava até recentemenhte de Pré-Cambriano. Este nome compreende o conjunto dos três eóns mais antigos da história do nosso planeta, intervalo que abrange nada menos de 7/8 da história da Terra.
Dos períodos desse éon, merece destaque o mais recente, o Ediacarano, pela importância dos fósseis encontrados em rochas de Ediacara, no sul da Austrália, a chamada Biota Ediacarana. Ali, animais multicelulares marinhos, depois descobertos também em outras regiões, viveram cerca de 700 milhões de anos atrás. Aparentemente, essea animais sofreram extinção em massa ainda nesta era. O Neoproterozóico era chamado, até recentementre, de Vendiano.
Éon Fanerozóico
É o éon atual, iniciado há 542 milhões de anos. Fanerozóico significa vida visível, por ser o éon em que houve a grande explosão de vida no nosso planeta.
Está dividido em três eras – Paleozóico, Mesozoico e Cenozoico - e e a maior facilidade de encontrar rochas e fósseis desse intervalo da história do planeta permite subdividi-las em vários períodos, bem caracterizados.
Paleozóico
         Era que vai de 542 a 251 milhões de anos. Corresponde a quase metade do éon Fanerozóico, com pouco menos de 300 milhões de anos. 
         Nela a América do Sul, África, Índia e Austrália estavam unidas, formando o Continente de Gondwana, e houve avanços e recuos (transgressões e regressões) do mar. 
Foi a era em que se formaram as jazidas de carvão, tão importantes para a humanidade. No primeiro dos seus períodos, o Cambriano, os animais tiveram grande diversificação evolutiva, hoje chamada de “explosão cambriana”. No Permiano, porém, último período desssa era, ocorreu, ao contrário, a maior extinção em massa de formas de vida animais e vegetais verificada na Terra, com o fim, por exemplo, dos dinossauros. 
         No Paleozóico, estavam presentes todos os grandes grupos de invertebrados. No início desta era, os animais eram principalmente marinhos (graptólitos, trilobites, moluscos, briozoários, braquiópodes, equinodermos, corais, etc.).
A era Paleozóica durou 291 milhões de anos e está dividida em seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano, do mais antigo para o mais recente.
No Ordoviciano, surgiram os peixes de água doce. No Siluriano, apareceram as plantas terrestres mais antigas que se conhece. No Devoniano,  apareceram os insetos mais antigos e os anfíbios. No Carbonífero e no Permiano, houve grandes florestas, que deram origem às jazidas de carvão. Os répteis também surgiram no Carbonífero. Aves e mamíferos ainda não existiam nessa era.
Vários grupos de animais, como os trilobitas, e de plantas só viveram  na Era Paleozóica.
Período Cambriano
         Começou 542 milhões e terminou 488,3 milhões de anos atrás.
Os climas do mundo eram suaves e não houve nenhuma glaciação. A maior parte América do Norte estava em latitudes tropicais e temperadas do sul, o que permitiu o crescimento derecifes.  (Na gravura, a Terra no Cambriano)
         Nesse período, aconteceu a maior diversificação da vida, evento conhecido como explosão cambriana, pois ocorreu num intervalo de tempo relativamente curto. Além de animais de corpo mole, surgem, no mar, outros, com carapaças duras, alguns com pernas e outros apêndices. Foi quando apareceu a maioria dos principais grupos de animais, entre eles osanelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos e esponjas. O domínio era dos trilobitas (extintos no Permiano) e dos braquiópodes.
         Os vegetais eram representados por algas marinhas apenas. A Terra não tinha, portanto, cobertura vegetal.
Período Ordoviciano
 Iniciou há 488,3 milhões de anos e terminou 443,7 milhões de anos atrás. Neste período, a maior área continental era o continente de Gondwana, localizado no pólo Sul. Havia um grande oceano, o Pantalassa. (Na gravura, a Terra no Ordoviciano Médio). As rochas ordovicianas são geralmente argilitos escuros, orgânicos, com restos dos graptolitos, podendo tersulfeto de ferro.
O clima do ordoviciano mostrava temperaturas médias e atmosfera muito úmida. No final, porém, formaram-se grandes geleiras, o que causou provavelmente as extinções maciças que caracterizam essa fase. Cerca de 60% de todos os gêneros e 25% dos invertebrados marinhos de todas as famílias foram extintos.
Os invertebrados marinhos foram os animais dominantes: graptozoários, trilobitas e braquiópodes. Com eles, viviam algas vermelhas e verdes, peixes primitivos, cefalópodes, corais,crinóides, e gastrópodes. Os graptozoários, comuns nesse período, são ótimos fósseis-guias pois delimitam zonas bioestrátigráficas.
Apareceram os primeiros vertebrados e animais gigantescos, como artrópodes marinhos de 2 metros, além dos primeiros peixes sem mandíbula e com pares de nadadeiras.
Período Siluriano
  Período compreendido entre 443,7 milhões e 416 milhões de anos atrás. Foi marcado por derretimento das calotas polares e elevação do nível dos mares (Siluriano Médio na gravura).
Surgiram recifes de corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadiram o ambiente terrestre e, no final do período, apareceram animais e plantas em áreas continentais. É o período de surgimento dos  amonites. 
Período Devoniano
 Começou  há 416 milhões de anos e terminou 359,2 milhões de anos atrás.  É o “Período dos Peixes”.
Nessa fase da história da Terra, apareceram plantas de pequeno porte e os corais atingiram o apogeu. Surgiram os primeiros anfíbios, licopsídeos, insetos voadores e pré-gimnospermas. Os graptólitos graptolóides extinguiram-se Devoniano Inferior. Os insetos tiveram grande desenvolvimento e peixes começam a deixar a água, com transformação de nadadeiras em quatro patas.
Na Alemanha, foi descoberto um escorpião marinho de 390 milhões de anos, que media 2,5 metros de comprimento (os atuais não chegam a 30 cm).  Na gravura, a terra no Devoniano Inferior.
Período Carbonífero
Vai de 359,2 a 299 milhões de anos atrás.  Nele, surgiram os Montes Apalaches, pelo choque da Europa e África com a costa leste dos Estados Unidos.
Na sua fase mais antiga, os graptólitos dendróides desapareceram da face da Terra. Foi o período de surgimento de grandes florestas e consequente formação das grandes jazidas de carvão (mas não as do Brasil). Árvores que caíam em pântanos eram soterradas sem se decomporem, pois havia pouco oxigênio. O soterramento levava aum aumento da temperatura, o que causava transformações químicas, resultando no carvão, através de várias etapas: turfa – linhito – hulha – antracito.
No final do Carbonífero, os répteis adquiriram a capcidade de se reproduzir em terra.
A gravura acima msotra a Terra no Carbonífero Superior.
Período Permiano
Último período da Era Paleozóica, iniciado há 299 milhões de anos e encerrado 251  milhões de anos atrás. Nele, os continentes uniram-se numa única massa, o supercontinente Pangéia (na gravura, nosso planeta no Permiano Supeior)
A fauna terrestre do período Permiano foi dominada por insetos semelhantes a baratas e animais que não eram nem répteis nem mamíferos e pertenciam ao grupo dos Synapsida. Nas águas doces, havia anfíbios gigantes e no mar, tubarões primitivos, moluscoscefalópodes, braquiópodes, trilobitas e artrópodes gigantescos conhecidos como Eurypterida ou escorpiões do mar eram os animais dominantes. As únicas criaturas voadoras do período eram parentes gigantes das libélulas.
A flora era caracterizada por árvores do gênero Glossopteris, cujos folhas são frequentemente encontradas nas camadas de carvão do sul do Brasil. Este é o fóssil mais antigo do período Permiano encontrado até hoje. Também répteis como o Mesosaurus são encontrados em camadas do Folhelho Irati, do permiano brasileiro.
O final do período é marcado por uma extinção em massa de proporções nunca antes ocorridas, quando 95% da vida na Terradesapareceu, evento conhecido como Extinção Permiana. Com ela, sumiram os trilobitas, e os répteis tiveram grande desenvolvimento, dominando a era seguinte, o Mesozóico.
Mesozóico
Era geológica do éon Fanerozóico que está compreendida entre 251 milhões e 65,5 milhões de anos atrás e que compreende os períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo
Quando o Mesozóico começou, havia um único continente, a Pangéia.  Ele viria depois a se fragmentar em dois, a Laurásia, ao Norte e o Gondwana, ao Sul. A ruptura da Pangéia foi acompanhada de extenso vulcanismo, e os basaltos que assim se formaram cobrem hoje uma extensão de 1.200.000 km2 no sul do Brasil e países vizinhos.
O clima era inicialmente árido, originando-se vasto deserto arenoso. A consolidação dessas areias, na forma de arenitos, rochas muito porosas e permeáveis, formou o que hoje chamamos de Aquífero Guarani, um vasto depósito de água subterrânea do sul do Brasil 
É uma era conhecida sobretudo pelo surgimento, domínio e brusca extinção dos dinossauros, pterossauros e plesiossauros. No Mesozóico, eles conquistaram a Terra e desapareceram de modo repentino, provávelmente devido à queda de um enorme meteorito. Esse choque causou o que se acredita ser a segunda maior extinção em massa da terra, menor apenas que a do Permiano.
Os mamíferos desenvolveram-se nessa era, mas tinham. em geral, o tamanho dos atuais ratos. Os amonites também foram importantes nessa fase da história da Terra. Surgiram as primeiras aves e as primeiras plantas com flores(Angiospermas).
Período Triássico
     
O primeiro período do Mesozóico começou há 251 milhões de anos e terminou  199,6 milhões de anos atrás.
     Nesa fase da história da Terra, a América do Sul possuía vastas áreas de desertos arenosos, cujas areias viriam a formar o Arenito Botucatu, principal rocha do Aqüífero Guarani. (Na gravura, a Terra no Triássico Inferior.)
 Nesse período, os répteis dividiram-se em muitos grupos e ocuparam diversos habitats. Surgiram os primeiros dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos.
No Rio Grande do Sul, há uma grande área com rochas desse período (230 milhões de anos) que possui vários sítios paleontológicos, nas formações Santa Rita e Caturrita. Nesses sítios são encontrados os fósseis de antigos animais vertebrados como: Rincosaurus, Stauricosaurus, Guaibasaurus, Saturnalia tupiniquim, Sacisaurus e muitos outros.
A flora viu florescerem as coníferas, árvores de grande porte.
Período Jurássico
O segundo período do Mesozóico começou há 199,6 milhões de anos e terminou  145,5 milhões de anos atrás.
Foi o periodo em que a Pangéia começou a se dividir, originando a Laurásia (ao Norte) e o Gondwana (ao Sul).  Este dividiu-se também, originando a África e a America do Sul (ver ao aldo como era Terra no Jurássico Inferior).
As maiores formas de vida que nele viveram foram os répteis marinhos (ictiossauros, plesiossauros e crocodilos), bem como os peixes.
Em terra, os grandes répteis (arcossauros) permaneceram dominantes. O Jurássico foi a idade de ouro dos grandes saurópodes, como o Apatosaurus e o Diplodocus. Eles foram alimento para grandes terópodes (Ceratosaurus, Megalosaurus e Alossaurus). Também no Jurássico surgiram os mamíferos marsupiais.
No ar, desenvolveram-se os primeiros pássaros, a partir de pequenos dinossauros, como o Compsognathus.  Os pterossauros eram comuns.
Na flora, a novidade foi o surgimento das plantas com flores.
Período Cretáceo
 O último período da Era Mesozóica começou há 145,5 milhões de anos e terminou 65,5 milhões de anos atrás. Nele, os continentes começaram a adquirir a atual conformação (na gravura, a terra no Cretáceo Superior) e os dinossauros alcançaram seu apogeu, sofrendo, porém, uma extinção em massa no final do período, quando desapareceram também muitas outras espécies animais e vegetais. Dos répteis, só restaram crocodilos, lagartos, tartarugas e cobras. A teoria mais aceita para explicar isso é a queda de um meteorito com 10 km de diâmetro na península de Yucatán, no México, o que levantou uma quantidade de poeira suficiente para cobrir a Terra por meses, matando as plantas, depois os dinossauros herbívoros e por fim os carnívoros.
Após o fim dos dinossauros, houve e a diversificação dos mamíferos (alguns tornaram-se enormes) e o auge do desenvolvimento das aves.
Também no Cretáceo, surgiram os mamíferos placentários primitivos e as plantas com flores.
Era Cenozóica      O Cenozóico é a era geológica que iniciou há 65,5 milhões de anos e que se estende até os dias atuais. Antigamente, era dividida nos períodos Terciário e Quaternário. Posteriormente, eles passaram a se chamar Paleogeno (o Terciário) e Neogeno (o Quaternário). Em maio de 2009, uma decisão da Comissão Internacional de Estratigrafia, ratificada, em junho, pela União de Ciências Geológicas, reabilitou o Quaternário, sem, todavia, extinguir o Paleogeno e o Neogeno. 
Desse modo, o Cenozoico está agora dividido em três períodos: 
- Paleogeno (de 65,5 milhões de anos a 23,03 milhões de anos atrás), compreendendo as épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno.
- Neogeno (de 23,03 milhões de anos a 2,6 milhões de anos atrás), com as épocas Mioceno e Plioceno.
- Quaternário (de 2,6 milhões de anos atrás até ao presente), com as épocas Pleistoceno e Holoceno.
Foi no Cenozoico que a superfície da Terra assumiu sua forma atual. Houve muita atividade vulcânica e a formação das grandes cadeias montanhosas, como os Andes, os Alpes e o Himalaia.
O Cenozóico tem sido um era de resfriamento a longo prazo, com um leve aquecimento no Mioceno.
A Austrália separou-se completamente da Antártida durante o Oligoceno, terceira época do Paleogeno.
A América do Sul achava-se unida à América do Norte no início dessa era, mas separaram-se e assim ficaram durante grande parte do Cenozóico, voltando a se unir, através do istmo do Panamá. Isso explica certas característics da fauna do continente americano. No Cenozóico, apareceram 28 ordens de mamíferos, dezesseis das quais ainda vivem.
Por outro lado, a América do Norte manteve ligação com a Ásia durante grande parte da era.
A Austrália, que se isolara no Cretáceo, assim continua até hoje, o que explica sua fauna com características muito próprias.
No Eoceno, surgiu o cavalo primitivo, no hemisfério Norte. O cavalo atual apareceu na América do Norte, mas bem mais tarde.
No Pleistoceno, ocorreu uma grande glaciação no hemisfério norte e uma bem menor no hemisfério sul, daí ser essa época chamada de Idade do Gelo.    .
Também no Pleistoceno, apareceu o hominídeo mais antigo que se conhece,o Homo heidelbergensis, há cerca de 450.000 anos. Para alguns autores, o Homo sapiens  teria surgido há cerca de 250.000 anos, antes do Homo neanderthalensis. Outros autores falam em 150.000 anos e outros ainda, em mais de 300.000.
No Pleistoceno Inferior, viveram vários hominídeos, como Australopithecus, da África do Sul; Pithecanthropus erectus ou homem de Java; Sinanthropus pekinensis ou homem de Pequim. A antigüidade do homem no Brasil é assunto controvertido, admitindo-se que o Homem de Lagoa Santa cujos ossos aparecem nas mesmas grutas em que ocorrem animais extintos, seja do Pleistoceno.
No Brasil, foram encotrados fósseis de mamíferos plestocênicos em inúmeras localidades, e os achados mais famosos são os das grutas de Minas Gerais, pesquisados por Peter Lund.
Em Águas do Araxá (MG), foram descobertos mastodontes (Haplomastodon waringi), gliptodontes, tigres dentes-de-sabre (Smilodon) e toxodontes.
Período Paleogeno
Período da Era Cenozóica iniciado há 65,5 milhões de anos e encerrado 23,03 milhões de anos atrás. Divide-se nas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno, da mais antiga para a mais recente.
É o período do aparecimento dos mamíferos modernos, com extinção das espécies arcaicas. Verificou-se evolução também das espécies pastadoras.
Na gravura, a Terra no Eoceno.
Período Neogeno
O Neogeno iniciou há 23,03 milhões de anos e se estende até 2,6 milhões de anos atrás. Divide-se nas épocas Mioceno e Plioceno, da mais antiga para a mais recente.  A gravura ao lado mostra a terra no Mioceno.
É o período da expansão dos mamiferos de grande porte, embora muitos tenham tenham sido extintos, e do aparecimento dos hominídeos primitivos.
Na fase atual do Neogeno, o grupo animal dominante são os mamíferos.
Período Quaternário
Período inciado há 2,6 milhoes dee anos e que se estende até aos dias de hoje. Nele apareceu o Homo sapiens e na época atual do Quaternário, o Holoceno, o grupo animal dominante são os mamíferos.
O ano geológico
         Os 4,54 bilhões de anos de idade do nosso planeta são um intervalo de tempo tão grande que é impossível a um ser humano captar seu real significado. Aliás, nem mesmo 1 milhão de anos podemos conceber o que seja.  Por isso, uma das maneiras de torná-lo algo mais real e assimilável é comprimi-lo no intervalo de um ano, este, sim, um fragmento de história que conseguimos entender bem.
Assim, fazendo, obtém-se, por exemplo, as seguintes datas:
1º de janeiro – início da formação da Terra.
24 de fevereiro – formação das primeiras rochas.
24 de fevereiro a 17 de março – a Terra é muito bombardeada por meteoritos.
17 de março a 18 de abril - surgem os primeiros continentes. Em 28 de março já existem bactérias.
18 de abril a 20 de maio – formam-se estromatólitos por toda a Terra.
20 de maio a 13 de junho - há bacias sedimentares, evidências de fraturas intracontinentais, colisões entre continentes e eventos orogênicos de âmbito global bem disseminados.
13 de junho a 24 de agosto - surgem os primeiros seres eucariontes.
24 de agosto a 12 de outubro - surge a reprodução animal sexuada.
12 de outubro a 17 de novembro – surge a biota Ediacarana, entre 10 e 17 de novembro.
17 a 22 de novembro - o clima é suave em todo o mundo. Surgem os anelídeos, artrópodes, braquiópodes, equinodermos, moluscos e esponjas, entre outros anmais. Domínio dos trilobitas e dos braquiópodes. Vegetais são representados apenas por algas marinhas, não havendo cobertura vegetal na Terra.
22 a 25 de novembro - clima mostra temperaturas médias e atmosfera muito úmida. No final do período, porém, formaram-se grandes geleiras, provável causa do desaparecimento de cerca de 60% de todos os gêneros e 25% dosinvertebrados marinhos de todas as famílias. Aparecem os primeiros animais gigantescos, artrópodes marinhos com 2 metros, e os primeiros peixes sem mandíbula e com pares de nadadeiras.
     25 a 28 de novembro - derretimento das calotas polares e elevação do nível dos mares. Surgem recifes de corais e os primeiros peixes com mandíbula. Os artrópodes invadem o ambiente terrestre e, no final do período, aparecem animais e plantas em áreas continentais. Surgem os  amonites.
28 de novembro a 2 de dezembro - aparecem plantas de pequeno porte e os corais atingem o apogeu. Surgem os primeiros anfíbios. Insetos têm grande desenvolvimento e peixes começam a deixar a água, com transformação de nadadeiras em quatro patas.
2 a 7 de dezembro - formação de grandes jazidas de carvão. Nos últimos dias desse intervalo, os répteis adquirem a capacidade de se reproduzir em terra.
7 a 11 de dezembro - os continentes unem-se e formam a Pangéia. Fauna terrestre é dominada por insetos semelhantes a baratas e animais que não são nem répteis nem mamíferos (os Synapsida). Nas águas doces, há anfíbios gigantes e no mar, tubarões primitivos, moluscos cefalópodes, braquiópodes, trilobitas e artrópodes gigantescos são os animais dominantes. Únicas criaturas voadoras são parentes gigantes das libélulas. Flora Glossopteris. Répteis como oMesosaurus.  No fim do intervalo, extinção de 95% da vida na Terra, acabando com os trilobitas, mas permitindo desenvolvimento dos répteis.
11 a 15 de dezembro - América do Sul é um vasto deserto arenoso. Os répteis dividem-se em muitos grupos e ocupam diversos habitats. Surgem os primeiros dinossauros e os primeiros mamíferos ovíparos. Florescem as coníferas.
15 a 19 de dezembro - Pangéia começa a se dividir. As maiores formas de vida são os répteis marinhos (ictiossauros, plesiossauros e crocodilos), bem como os peixes. Em terra, os grandes répteis (arcossauros) permanecem dominantes. No ar, desenvolvem-se os primeiros pássaros e os pterossauros são comuns. Surgem plantas com flores.
19 a 25 de dezembro - os continentes começam a adquirir a atual conformação e os dinossauros alcançaram seu apogeu,  sofrendo,  porém, uma extinção em massa às 18 h do dia 25.  Surgem mamíferos placentários primitivos e plantas com flores.
25 a 29 de dezembro – surgem os mamíferos modernos, extinguindo-se as espécies arcaicas.
29 a 31 de dezembro - expansão dos mamiferos de grande porte, embora muitos tenham tenham sido extintos, e aparecimento dos hominideos primitivos, que usavam ferramentas. O Homo sapiens surge no dia 31 de dezembro, às 23h 36min 51s.
A Terra no futuro
 As gravuras abaixo mostram como os cientistas imaginam como será :
	 
	Terra daqui a 50 milhõess de anos.
	 
	Terra daqui a 100 milhões de anos.
	 
	Terra daqui a 250 milhões de anos.
FONTES CONSULTADAS:
CARNEIRO, C. dal R. et al. A determinação da idade das rochas. Campinas, Terrae Didática, 2005. 1(1):6-35. il.
LISBOA, V. Et al. Tempo geológico. In: _____ - Paleontologia – Répteis e dinossauros do Triássico gaúcho. Canoas (RS), Ulbra, 2008. 112p. il. p. 51-65.
REDEFINING Quaternary. Earth Mgazine (< http://www.earthmagazine.org/earth/article/22a-7d9-6-4 >). Acessado em 19.10.2009. 
INTERNATIONAL Union of Geological Sciences.< http://www.stratigraphy.org/view.php?id=23 >. Acessado em 19.10.2009.
UNIVERSIDADE Federal de Brasília - < http://www.unb.br/ig/glossario/verbete/escala_de_tempo_geologico.htm >Acessado em 26.12.2008
WIKIPÉDIA em português.
WIKIPÉIDA em inglês.
	
Período
	Época
	Tempo em milhões de anos atrás
	Cambriano
	Superior
	   488,3 a 499
	
	Médio
	499 a 510
	
	Inferior
	510 a 543
4. Período Cambriano (488,3 a 543 milhões anos atrás)
No Período Cambriano ocorreu uma mudança profunda na vida na Terra. Os organismos multicelulares já existiam no Período Ediacarano, mais foi no Cambriano que a vida se diversificou e tornou-se mais complexa, com o advento do fenômeno conhecido como explosão cambriana** que ocorreu no Cambriano Inferior. É nesse evento que surge, praticamente, todos os filos existentes até hoje. Alguns deles, no entanto, se extinguiram ainda no Cambriano.
Nesse período existiam quatro continentes: Laurentia; Báltica; Sibéria e o supercontinente chamado de Gondwana. Apesar de existirem terra emersa ainda não existia vidanos continentes. O hemisfério norte era banhado por um grande oceano chamado de Panthalassa, mas outros oceanos menores existiam. O clima global era quente e nos pólos não havia glaciação.
No final do Período Cambriano, em torno de 500 milhões de anos atrás, ocorre o primeiro evento de extinção em massa da Terra ocasionada, provavelmente, pela queda brusca na temperatura do planeta, dando origem a primeira era glacial do Éon Fanerozoico. Outros acreditam que esse evento de extinção em massa ocorreu devido à queda dos níveis de oxigênio nos mares.  Apesar das poucas evidências científicas existentes, estima-se que nesse evento de extinção em massa ocorreu a eliminação de cerca de 75% das espécies de trilobitas e 50% das espécies de esponjas, além de uma grande quantidade de graptólitos, braquiópodes, gastrópodes e dos grandes predadores da época, os dinocáridos, como os anomalocarídidos e os opabínidos, o que abriu a oportunidade para uma maior desenvolvimento dos moluscos e artrópodes no Ordoviciano.
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=9BXh-sa4ZHk
I. Cambriano superior 488,3 a 499 milhões anos atrás 
	
Época/Série
	
Idade/Estágio
	Tempo em milhões de anos atrás
	
Cambriano Superior
	
Furongiano
	
Idade 10
	
488,3 a 492 
	
	
	
Jiangshaniano
	
492 a 496
	
	
	
Paibiano
	
496 a 499
	
	
	Labiostria westropi
Mckay Group
	(Filo: Arthropoda, Classe: Trilobite †; Ordem: Asaphida, Família: Aphelaspididae)
II. Cambriano médio 499 a 513 milhões anos atrás
	
Época/Série
	
Idade/Estágio
	Tempo em milhões de anos atrás
	
Cambriano
Médio
	
Época 3
	
     Guzhangiano
	
499 a 503
	
	
	
Drumiano
	
503 a 506,5 
	
	
	
Idade 5
	
506,5 a 513 
House Range:
 House Range inclui o Shale Wheeler e a  Marjum Formation. A  Formação Marjum é uma formação geológica que recobre o xisto de Wheeler, na House Range, Utah, EUA, datada do cambriano médio é ligeiramente mais jovem que a formação Burgess Shale no Canadá. O House Range é parte da cordilheira sul-norte, no centro-oeste de Utah, sendo um dos mais famosos Lagerstätte* do cambriano do mundo que também inclui o Shale (xisto) Wheeler que fica abaixo da Formação Marjum, contém uma biota fóssil bem diversificada, incluindo muitos dos mesmos táxons encontrados no famoso Burgess Shale, o que qualifica a House Range como um Lagerstätte, contendo o resultado evolutivo da Explosão Cambriana.
Nesse período, a região de Utah estava localizada perto do equador, assim a combinação de água rasa, morna e rica em nutrientes criou condições para o desenvolvimento de uma biota altamente diversificada. Particularmente os trilobites, foram abundantes e diversificados, devido às vários nichos ambientais que poderiam ocupar. A House Range é mais famoso por seus trilobites, sendo os mais comuns os da espécie Elrathia kingi e os trilobites da Ordem Agnostida, como o Peronopsis sp. Outros invertebrados também são abundantes, incluindo esponjas, como Diagonella; Choia e Chancelloria; braquiópodes e equinodermas como a Gogia, um dos primeiros equinodermos da classe Eocrinoidea (também chamado eocrinoid). Mais de vinte espécies de artrópodes fossilizados foram descritas a partir da House Range, bem como anelídeos, priapulids, nematóides entre outros, além do famoso predador Anomalocaris. Alguns outros organismos encontrados têm semelhanças aos da Biota Chengjiang, China.
Gogia spiralis - (Filo Echinodermata)
Reconstituição artística de uma Gogia sp
Burgess Shale:
A  formação Burgess Shale (Folhelho Burgess ou Xistos de Burgess), descoberta por Charles D. Walcott, em 1909, está localizada nas Montanhas Rochosas canadense de British Columbia. É considerada uma das principais jazidas de fósseis do Cambriano do mundo e o mais famoso Lagerstätten* desse período. Os depósitos fossilíferos de Burgess Shale correlaciona-se com a formação Stephen, um calcário escuro com cerca de 505 milhões de anos. Foi o primeiro sítio a registrar indícios da explosão cambriana, porém, a fauna Burgess Shale representa a fase final desse evento evolutivo. 
 Marella splendens (Filo: Arthropoda; Classe: Marrellomorpha; Ordem: Marrellida; Família: Marrellidae †)
	
	Reconstituição artística de Marella splendens
Marrella foi o primeiro fóssil coletados por Charles Doolittle Walcott ao descobrir o sítio Burgess Shale. É um artrópode marinho que podia chegar até 2 cm de comprimento, possuía dois pares de antenas pré-orais e uma carapaça na cabeça com dois espinhos voltados para trás. Após a cabeça, encontravam-se 24 a 26 segmentos corporais birrêmes terminando em um minúsculo télson (É uma peça quitinosa doexosqueleto dos artrópodes - particularmente visível nos camarões e lagostas - que se encontra na extremidade do último segmento do corpo.) na extremidade posterior. Os apêndices do lado interno do corpo eram suas pernas locomotoras e no lado externo suas brânquias. 
Muitos fósseis do Burgess Shale exibem uma mancha escura característica.  Após a morte destes organismos, o carbono radioativo nos tecidos moles dos organismos foram convertidos numa película de mica e silicatos, resultando em uma mancha escura na camada de rocha. Alguns fósseis do Burgess Shale é que mostram essa mancha onde existiam as partes moles do seu corpo, não são todos. No espécime da foto essa mancha está bem visível na parte posterior do corpo.
 Biota Kaili:
    A Biota Kaili na Província de Guiznou da China, como na Biota Chengjiang (Província de Yunnan, China) e Fauna Burgess Shale (Montanhas Rochosas canadenses de British Columbia), preserva algumas das primeiras radiações de vida complexas conhecidas no planeta. A formação Kaili possui cerca de 220 m de espessura e se estende do início ao fim do Cambriano médio (513 a 506 milhões de anos atrás) é mais jovem que Biota Changjiang (525 a 520 milhões de anos atrás) e mais velha que a Fauna Burgess Shales (505 milhões de anos). Na Biota Kaili encontra-se representantes de cerca de 110 gêneros e 11 filos. Inclui tanto os animais de corpo mole e como esqueletizado, sendo dominado por trilobites. Ele compartilha cerca de 30 gêneros em comum com Chengjiang e quase 40 com o Burgess Shale. Há também uma série de Equinodermos eocrinoid, sendo Sinoeocrinus o gênero predominante.  
	 Hamatolenus SP- Filo: Arthropoda, Classe: Trilobite †; Ordem: Ptychopariida; Superfamília: Ellipsocephaloidea; Família: Ellipsocephalidea)
Sinoeocrinus lui  (Filo Echinodermata)
III. Cambriano inferior: 513 a 542 milhões anos atrás
	Época/Série
	Idade/Estágio
	Tempo milhões de anos atrás
	
	
Cambriano inferior
	
Época 2
	
Idade 4
	
Toyoniano
	
513 a 518,5
	
	
	
	
	
Botomiano
	
518,5 - 524
	
	
	
	
Idade 3 (Atdabaniano)
	
524 - 530
	
	
	
Terreneuviano
	
Idade 2 (Tommotiano)
	
530 a 534
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
	
Nemakit – Daldynian
	
534 a 542
	
Biota Guanshan:
A Biota Guanshan no leste de Yunnan foi descoberta na última década do século XX após a descoberta das biotas cambrianas de Chengjiang e Kaili no Sul da China. A abundância de organismos e a boa preservação dos seus fósseis fizeram dessa biota um dos mais importantes Lagerstätten* para a compreensão da evolução dos metazoários durante a Explosão Cambriana. A Biota Guanshan é ligeiramente mais jovem que a Biota Chengjiang e estão geograficamente próximas. É um elo entre o cambriano inferior da Biota Chengjiang e do cambriano médio da Fauna Burgess Shale do Canadá. Estratos fossilíferos contendo fósseis da Biota Guanshan ocorrem na Formação Wulongqing, localizado na vila Wulongqing, cidade de Malong. Os afloramentos dessa formação são amplamente expostos nas áreas do Kunming-Wuding e Malong-Yiliang no leste da Província de Yunnan. As localidades fóssiliferas mais importantes da Biota Guanshan são: Gangtoucun e Gaoloufang na região de Kunminge Sapushan na região de Wuding. A Formação Wulongqing pertence ao Estágio 4, Series II do Cambriano inferior (515-510 Milhões de anos atrás). Essa formação é composta principalmente de mudstone (rocha sedimentar originada de uma mistura de silte e argila) com algumas camadas de siltito. A maioria dos fósseis de corpo mole ocorrer no argilitos. Apenas fragmentos de fósseis mineralizados são raramente encontrados em siltitos. Os fósseis normalmente aparecem como marrom-avermelhada ou colorações branco-acinzentado na superfície, em contraste com a matriz verde amarelada. A Biota Guanshan consiste em cerca de 60 táxons pertencentes a 15 grupos dos quais os Arthropoda se destacam com 27.
 
 Guangweicaris spinatus (Filo arthropoda, Classe incerta)
Reconstituição artística de um Guangweicaris spinatus
 
Kangaroo Island Group:
    O Kangaroo Island Group é composto por seis formações: Mount McDonnell Formation; Stokes Bay Sandstone;  Smith Bay Shale; White Point Conglomerate; Emu Bay Shale (contendo o Emu Bay Shale lagerstätte ) e Boxing Bay Formation.
       Conforme Jago (2012), Nedin ( 1995b ) sugeriu que o Kangaroo Island Gruop pode ter sido depositado em uma série de sub-bacias em uma área de atividade tectônica “syndepositional”. Esta atividade tectônica é o que Daily e Forbes (1969) denominaram os Movimentos Kangarooian e pode ter representado uma fase inicial da Orogenia Delamerian que ocorreu entre cerca de 514 milhões anos atrás, e 500 milhões de anos, começando perto do final do Cambriano e continuando até o Ordoviciano. 
	 Balcoracania dailyi
	 Reconstituição artística de um Balcoracania dailyi
     
O Balcoracania dailyi é um pequeno trilobita que atingia, em média, 1,5 cm de comprimento, pertente a primitiva família Emuellidae a qual possui apenas dois gêneros: Balcoracania e Emuella. Fósseis do gênero Balcoracania foram encontrados apenas na Austrália e  na Antártida. Porém, é apenas  em Cape d'Estaing e Big Gully em Kangaroo Island no Sul da Austrália onde são encontrados espécimes de Balcoracania dailyi, principalmente na formação White Point Conglomerate, mas também foram recuperados na formação Emu Bay Shale. Apesar dessas duas formações serem do Botomiano, a formação  White Point Conglomerate, como foi depositada abaixo da Emu Bay Sahle, é um pouco mais velha que esta. Essas duas formações fazem parte da estratigrafia do Kangaroo Island Group e são os mais 
importantes depósitos fósseis do Botomiano do mundo.
      O White Point Conglomerate está recoberto pelo Arenito Marsden cuja base encontra-se o Rouge Mudstone Member que possui 3 m de calcário argiloso bioturbado que é o local onde se encontra o trilobita Balcoracania dailyi. Devido à bioturbação na formação desse calcário geralmente o Balcoracania dailyi são encontrados fragmentados. 
      Uma curiosidade a respeito do Balcoracania dailyi é que, a pesar do pequeno tamanho, é a espécie que possui o maior número de segmentos torácicos entre todos os trilobitas conhecidos, 103 seguimentos, deste modo, possivelmente, eram muito flexíveis. 
      Existe uma outra espécie de  Balcoracania na Austrália, a B. flindersi, encontrado na região de Flinders Ranges, porém uma recente revisão taxonômica feita por PATERSON & EDGECOMBE e publicada na Journal of Paleontology 80(3):496-513. 2006 a considerou como um sinônimo de B. dailyi. 
Biota Chengjiang: 
   Os folhelhos (xisto argiloso) Maotianshan são uma série de depósitos do Cambriano inferior e é um dos mais importantes Lagerstätten* do cambriano inferior pela diversidade de seus fósseis e pela qualidade de sua preservação. O mais antigo desses depósitos forma a conhecida Biota Chengjiang que ocorre em afloramentos de folhelhos Maotianshan da Formação Heilinpu, seçãoQuiongzhusi, dos meados do Cambriano inferior (525 e 520 milhões de anos atrás). É pelo menos 10 milhões de anos mais antigo que a Formação Burgess Shale, na Columbia Britânica, Canadá. Como a Biota Chengjiang tem todos os grupos de animais encontrados em Burgess Shale, leva-se a crê que os metazoários diversificaram-se no Cambriano inferior. A grande diversidade faunística no xisto Maotianshan é muito importante para a compreensão da evolução da vida multicelular e, particularmente, dos membros do filo Chordata, que inclui todos os vertebrados e possui representantes primitivos na Biota Chengjiang.
Nessa Biota encontra-se o conjunto de metazoários mais antigos acima da transição Proterozóico-Fanerozóico, e, portanto, do registro fóssil. É a melhor fonte de dados para compreender a rápida diversificação da vida, conhecida como Explosão Cambriana. A biota Chengjiang compreende um conjunto faunístico extremamente diversificada, com cerca de 185 espécies abrangendo a maioria dos filos atuais, alguns outros enigmáticos e outros que desapareceram sem deixar representantes: Filo Arthropoda (77 espécie); Filo Brachiopoda (5 espécie); Filo Chaetognatha (1 espécie); Filo Cnidaria (1 espécie); filo Chordata ( 8 espécie); FiloCtenophora (3 espécie); Filo Echinodermata (3 espécie); Filo Hemichordata (1 espécie); FiloHyolitha (8 espécie); Filo Lobopodia (6 espécie); Filo Nematomorpha (3 espécie); Filo Phoronidas(1 espécie); Filo Porifera (15 espécie); Filo Priapulida (16 espécie); Filo Vetulicolia (9 espécie); Filo indeterminado – Enigmatic - (24 espécie) e Reino Protista: algas (4 espécie). 
 Haikouella lanceolata (Filo Chordata)
 Fonte: http://www.geol.umd.edu/~jmerck/honr219d/notes/09d.html - Reconstituição artística de H. lanceolata
        
  A Haikouella é um Chordata de corpo mole e pequeno. O adulto tinha em média 2 a 3 cm e raramente atingia 4 cm. O corpo é triangular em sua metade anterior, mas pouco triangular na extremidade anterior do corpo. Ela se diferencia em cabeça, tronco e uma inclinação caudal. Alguns exemplares mostram barbatanas dorsais e ventrais, mas é muito raro, o que se vê comumente nos exemplares de Haikouella, com mais destaque, são os arcos branquiais filamentosos. A Haikouella possuía anatômica que o caracterizava como um Chodata. Apresentava notocorda, tinha um coração, aorta ventral e dorsal, uma artéria branquial anterior, uma cavidade expandida da faringe com seis pares de arcos branquiais filamentosos, uma projeção caudal, um cabo neural com cérebro, uma cabeça com possíveis olhos laterais muito pequenos (0,1 mm), e uma cavidade bucal ventral com tentáculos curtos e um sistema digestivo diferenciado em esôfago, intestino média em espiral e intestino reto e na sua extremidade traseira o anus. A Haikouella provavelmente marcou o início do Filo Chordata e viveu no início do Cambriano no período do estouro principal da explosão cambriana. 
 Heliomedusa orienta (Filo Brachiopoda)
 Leanchoilia sp (Filo Arthropoda)
Reconstituição artística de Leanchoilia sp
 Yunnanocephalus yunnanensis (Filo: Arthropoda, Classe: Trilobite †; Ordem: Ptychopariida; Superfamília: Ellipsocephaloidea; Família: Yunannocephalidae)
Reconstituição artística de um Y. yunnanensis
A explosão Cambriana
O Cambriano, que começou há cerca de quinhentos e quarenta milhões de anos e durou perto de cinquenta milhões de anos, marca o início de uma divisão importante do tempo geológico, conhecida pelo nome de Paleozóico (que significa «vida antiga») e o seu início assistiu ao rápido desenvolvimento de uma diversidade espantosa de formas de vida.
Após uma fase pré-câmbriana incrivelmente longa de desenvolvimento primitivo, que durou cerca de três bilhões de anos, aparece subitamente em rochas sedimentares marinhas uma grande variedade de formas fósseis, desconhecida nas anteriores, importante acontecimento evolutivo coincidente com grandes alterações ambientais. Ocorreu um aquecimento global, o nível das águas foi 
subindo paulatinamente na sequência do final da glaciação vêndica e os mares começaram a invadir os velhos continentes.
Então, nas águas equatoriais pouco profundas, como as que cobriam grande parte da placa siberiana, depositaram-se pequenosfósseis compostos de carbonato de cálcio na forma de calcário. A Transgressão Sauk, que ocorreu nos finais do Câmbriano, foi um tempo em que os mares inundaram grandes áreas dos continentes.
 VESTÍGIOS DE VIDA
O registo fóssil mostra que muitos grupos de organismos evoluíram vezes sem conta, extinguindo-se depois e sendo substituídos por outros, tendo o início do Cambriano assistido a uma dessas fases de surgimento e de diversificação. Provas da atividade animal encontradas nos sedimentos dos leitos marinhos, na forma de vestígios fósseis, mostram que estavam a evoluir animais cada vez mais complexos. Esses vestígios incluem marcas de arranhões de animais com pele endurecida (exosqueletos), que foram provavelmente os primeiros artrópodes — invertebrados com membros unidos e corpo segmentado. Provas adicionais provêm de mais de quarenta seres diferentes providos de concha, com dimensões inferiores a um milímetro, os quais foram descobertos em calcário depositado em cima de rochas pré-câmbrianas.
Pensa-se que muitos destes fósseis — geralmente pequenos fósseis de concha — representam moluscos primitivos de uma fase evolutiva inicial e são sobretudo cones simples, de aparência semelhante às conchas das lapas atuais, com a diferença de que alguns deles apresentam um curioso tubo que se projeta lateralmente do cone. Pensa-se que este tubo poderia representar uma das primeiras tentativas de separar as correntes inaladas, que proporcionavam a água necessária para a respiração e serviam, por vezes, para filtrar alimentos dessas correntes, usadas para transportar os produtos de excreção e as células reprodutivas para o mar. A par destes pequenos fósseis de concha encontraram-se outros cônicos ligeiramente maiores, com paredes porosas, denominados arqueociatos, que estão provavelmente relacionados com as esponjas.
Estes fósseis representam a primeira vaga da explosão cầmbriana e embora acabassem por entrar em declínio, sendo substituídos por outros, tiveram uma distribuição vasta, com sequências de estratos marinhos por todo o mundo, os quais revelam restos comparáveis destes seres iniciais.
 Vida Marinha Câmbriana Primitiva
Os fósseis dos primeiros estratos câmbrianos registam um curioso mundo submarino, habitado por animais minúsculos, pois os organismos tornaram-se significativamente menores, comparados com a fauna vêndica primitiva, que atingira um metro de comprimento. Em contrapartida, os maiores organismos do início do Cambriano eram pequenos seres em forma de cone chamados arqueociatos, com poucos centímetros de altura, que formaram estruturas semelhantes a recifes amplamente distribuídos pelas águas tropicais pouco profundas onde viviam. Os sedimentos do leito marinho circundante eram sulcados por animais ainda menores, em forma de serpente, cobertos de conchas cônicas diminutas. Também viveram pequenos vermes nos sedimentos em tocas com alguns centímetros de profundidade, não havendo vida visível a mais de sete centímetros e meio acima do leito marinho.
 PRIMEIRAS CONCHAS
As conchas constituíram uma inovação do Cambriano Inferior. Os fósseis que marcam a fronteira entre os estratos pré-cambrianos e cambrianos são vestigiais — as formas conservadas de rastos, moldes de casulos e tocas de vermes. No entanto, em estratos situados não muito acima desta fronteira, surgem as primeiras conchas fósseis, classificadas em dois grupos claramente distintos: as dos arqueociatos, que eram cones porosos, e as dos chamados «pequenos fósseis com concha», uma variedade de formas cônicas de paredes sólidas com apenas cinco milímetros de comprimento. Aparece, além disso, uma grande variedade de espinhos, picos e placas semelhantes a escamas, que originalmente deviam estar encastrados na pele de diversos seres de pequenas dimensões.
Espinhos rígidos, escamas e conchas são dispositivos defensivos muito comuns, sugerindo a necessidade de protecção, e o seu aparecimento nos estratos significa que a vida neste tempo se tornara subitamente muito mais perigosa que nos períodos anteriores. Se tal for verdade, quer dizer que ocorreu uma revolução nas relações entre os organismos desta época — ou seja, numa escala em miniatura começara uma corrida ao armamento.
 DIFERENTES FUNÇÕ̃ES
As conchas dos arqueociatos e as dos animais representados pelos pequenos fósseis tinham funções muito diferentes. Primitivamente, os primeiros usavam-nas para se agarrar ao leito marinho — a partir daí cresciam na vertical, como fazem hoje as esponjas e os corais — e é quase certo que as utilizavam também como dispositivos de alimentação. As paredes porosas das conchas filtrariam os nutrientes microscópicos da água do mar circundante, sendo a proteção contra predadores provavelmente uma função menos importante.
Pelo contrário, as conchas diminutas dos pequenos fósseis eram em primeiro lugar um dispositivo protetor dos seus possuidores, que viviam nos leitos marinhos e se alimentavam de matéria orgânica da superfície do sedimento. Contudo, prover à sua alimentação poderia acarretar algum risco, pois o seu corpo carnudo exposto podia transformá-los em alvos fáceis para os predadores que nadavam nas águas por cima deles.
Embora os arqueociatos se disseminassem rapidamente por todo o mundo, não duraram muito tempo em termos geológicos — somente trinta e cinco milhões de anos — , tendo-se extinguido no Cambriano Superior, mas, em contrapartida, pensa-se que os animais que viviam em pequenas conchas estão aparentados com os moluscos atuais.
A vida marinha minúscula do início do Cambriano foi de curta duração, pois, com a formação acelerada de conchas e de outras estruturas exteriores rígidas, os organismos daquele período evoluíram muito num espaço de tempo relativamente curto, que não foi, porém, suficiente para garantir a sua sobrevivência. No final do Cambriano Inferior (há quinhentos e vinte milhões de anos), um episódio de extinção varreu da face da Terra muitos desses organismos e estava em curso uma outra vaga de diversificação.
A origem dos organismos multicelulares: Transição Ediacara e Burgess Shale 
        
1 – EVOLUÇÃO DA VIDA
Embora a terra tenha 4,6 bilhões de anos, a vida só surgiu por volta dos 3,5 bilhões de anos após o esfriamento e estabilização da crosta terrestre. A história da vida não se desenvolveu de forma contínua, pelo contrário, é marcada por registros interrompidos em breves (e as vezes instantâneos – em termos geológicos) episódios de extinção em massa, seguidos de diversificação. O surgimento da vida e os episódios de extinção e diversificação só se tornaram conhecidos através de fortes marcas no registro fóssil.
Os primeiros registros de vestígio de vida foram encontrados na África e Austrália; os estromatólitos, ou seja, camadas de sedimentos capturados e aglutinados pelas células procarióticas (bactérias e cianofícias). Estas camadas se acumulavam umas sobre as outras, à medida que as marés as soterravam e provocavam mudanças em sua superfície.
Os estromatólitos e os organismos procarióticos que os produziram dominaram o registro fóssil em todo o mundo durante mais de 2 bilhões de anos. As primeiras células eucarióticas no registro fóssil data-se de 1,4 milhões de anos, assinalando um grande aumento na complexidade da vida.
Todavia os animais multicelulares não surgiram logo após o desenvolvimento das células eucarióticas; os multicelulares apareceram pela primeira vez pouco antes da ocorrência da explosão cambriana, há cerca de 570 milhões de anos. Os primeiros multicelulares são membros de uma fauna distribuída por todo o mundo - Ediacara, que recebeu o nome de seu afloramento mais famoso, situado na Austrália.
 Fig. 1  – Classificação de Seilacher para os organismos de Ediacara, de acordo com suas variações em torno de um único plano anatômico achatado e semelhante a um acolchoado. Estes Organismos são, tradicionalmente, colocados em diversos filos modernos.
A fauna Ediacara é inteiramente desprovida de partes duras e foi considerada como representantes primitivos de grupos modernos,na maioria das vezes como membros do filo dos celenterados, incluindo também anelídeos e artrópodes. Esta fauna tem importância especial por ser o único vestígio de vida multicelular anterior a grande linha divisória que separa o Pré-cambriano do Cambriano, um limite marcado pela explosão Cambriana de grupos modernos dotados de partes duras.
No início da década de 1980 o paleontólogo Dolf Seilacher propôs outras interpretações para a fauna Ediacara. Em sua argumentação baseada em dados funcionais, esta criaturas não poderiam ter operado da mesma forma que seus supostos equivalentes modernos e que, portanto, a despeito de alguma semelhança na forma exterior, eles não podem ser associados a nenhum grupo existente, pois apresentavam uma estrutura achatada dividida em seções unidas por entrelaçamentos, talvez formando um esqueleto hidráulico semelhante a um colchão de ar. Como esse design não corresponde a nenhum plano anatômico moderno, Seilacher conclui que a s criaturas de Ediacara representam um experimento inteiramente distinto em matéria de vida multicelular, que acabou fracassando e foi eliminado numa extinção, anteriormente não reconhecida, ocorrida no final do Pré-cambriano, visto que estes elemento não sobreviveram até o Cambriano.
A hipótese de Seilacher quanto a fauna Ediacara ainda não foi comprovada, mas não há dúvida de que Ediacara desapareceu por completo e não se sabe o por que. A primeira fauna da explosão Cambriana, de organismos com partes duras são chamados de Tommotiana, em homenagem a uma localidade da Rússia mas encontradas em todo o mundo. Contem criaturas nas quais se pode identificar design moderno, embora a maioria apresente minúsculas lâminas, taças e barretes, com enorme disparidade entre a “pequena fauna conchosa”. Talvez ainda não tivesse ocorrido uma calcificação eficaz e as criaturas Tommotianas fossem ancestrais que ainda não tinham desenvolvido esqueletos completos e apenas depositavam pequenos pedaços de matéria mineralizada em diferentes partes de seus corpos. 
 
 Fig 2. – Organismos de afinidade desconhecida representativos da “pequena fauna conchosa” do Cambriano (Rozanov, 1986). A) Tommotia. B) Hyolithellus. C) Lenargyrion.
As rochas Tommotianas abrigam uma imensa variedade de minúsculos fósseis que não podem ser classificados em nenhum grupo moderno. Talvez eles sejam apenas representantes sem maior importância de uma era de esqueletização primitiva e ainda imperfeita, que apresentavam anatomias singulares que surgiram no início da história da vida e desapareceram logo, sendo posteriormente substituídos pelos Trilobitos, no final da explosão Cambriana.
Num período geológico de 100 milhões de anos três faunas radicalmente diferentes existiram, as criaturas de Ediacara, grandes, com corpos moles e achatados como panquecas; as minúsculas taças e barretes Tommotianas; e finalmente, a fauna moderna, culminando em Burges com o limite máximo de diversidade anatômica. 
 
 Fig. 3 – Ilustração mostrando algumas das fotografias de organismos de Burgess que aparecem na monografia, publicada por Walcott em 1912, sobre os artrópodes. As fotografias foram bastante retocadas. Canadaspis está no alto, à esquerda; Leanchoilia aparece embaixo. 
 
 Fig. 4 – A melhor fotografia sem retoques jamais tirada de um organismo de Burgess Shale. Des Collins tirou esta foto de Naraoia, preservado em vista lateral. Este espécime não veio da pedreira de Walcott e sim de uma das várias outras localidades com mesma área. Os espécimes da pedreira de Walcott não permitem uma fotografia assim tão boa.
2 – BURGESS E SUA IMPORTÂNCIA.
O folheto de Burgess foi descoberto no alto das Montanhas Rochosas Canadenses, no interior do Parque Nacional de Yoho, próximo à fronteira oriental da Colúmbia Britânica, em 1909, por Charles Doolittle Walcott – maior paleontólogo dos EUA. (fig. 5).
Esse folheto possui os fósseis de animais invertebrados mais importantes do mundo. Como nossos registros fósseis limitam-se quase que exclusivamente á história das partes duras; a maioria dos animais tem somente partes moles e o revestimento externo não revela muita coisa sobre a anatomia interna dos organismos – temos aí a explicação para a tamanha importância de Burgess: os fósseis de Burges são preciosos porque preservaram com primorosos detalhes as partes moles dos organismos (ex: filamentos branquiais de um trilobito, última refeição no intestino de um verme...).
Os fósseis de Burgess Shale são a única fonte ampla e bem documentada sobre um dos acontecimentos mais cruciais da história da vida animal: o primeiro florescimento da explosão cambriana.
O começo da Era Paleozóica marca um intenso processo de diversificação – a “explosão cambriana” ou o primeiro aparecimento, no registro fóssil, de animais multicelulares com partes duras. A importância de Burges Shale está também em sua relação com esta etapa fundamental da história da vida. A fauna de Burges não se situa dentro da explosão propriamente dita. Ela registra um momento logo depois, há cerca de 530 milhões de anos, antes que a implacável tesoura da extinção tivesse feito muitos estragos e, por conseguinte, quando os resultados do processo de diversificação ainda podiam ser vistos em toda a sua variedade. Sendo a única grande fauna de organismos de corpo mole desses tempos antigos, Burges Shale nos proporciona um inigualável panorama do início da vida moderna em toda a sua plenitude. 
 
 Fig. 5 – Três vistas das pedreiras de Burgess Shale tomadas em agosto de 1987. A) A extremidade norte a pedreira Walcott, com o monte Wapta ao fundo. B) Vista similar da pedreira aberta por Percy Raymond em 1930. 
 
Primeiramente, Walcott interpretou os fósseis de Burgess de forma equivocada. Ele forçou a inclusão de todos os animais de Burgess Shale em algum grupo moderno, considerando-os coletivamente como versões primitivas ou ancestrais de formas posteriores mais aperfeiçoadas (fig. 6).
 Fig. 6 – Reconstituição da fauna de Burgess Shale feita por Charles R. Knight em 1940, a qual provavelmente serviu de modelo para suas ilustrações de 1942. Todos os animais foram desenhados como membros de grupos modernos. Acima de Sidneyia, o maior animai do cenário, Waptia é reconstituído como um camarão. Duas partes que na verdade pertencem ao estranho Anomalocaris são representadas respectivamente como uma medusa comum (no alto, à esquerda do centro) e como a extremidade posterior de um artrópode bivalve (a criatura grande, à direita do centro, nadando acima de dois trilobitos).
Posteriormente, em 1971, Harry Whittington fez uma interpretação radicalmente diferente não só da fauna de Burgess mas (por implicação) de toda a história da vida, incluindo nossa própria evolução. Ele demonstrou que a maioria dos organismos de Burgess não pertencem a grupos conhecidos e que as criaturas desta única pedreira da Colúmbia Britânica provavelmente excedem, em diversidade anatômica, todo o espectro da fauna de invertebrados existentes nos oceanos modernos (fig 7). 
 
 Fig. 7 -Uma moderna reconstituição da fauna de Burgess, ilustrando um artigo de Briggs e Whittington sobre o gênero Anomalocaris. Ao contrário do desenho de Charles Knight, este apresenta organismos bizarros. Sidneyia foi transferido para o canto inferior direito e o cenário é dominado por dois espécimes do grande Anomalocaris. Três Aysheaia, comem esponjas ao longo da borda inferior, à esquerda de Sidneyia. Um Opabinia rasteja pelo fundo, logo à esquerda de Aysheaia, e dois Wiwaxia alimentam-se no fundo do mar, abaixo do Anomalocaris em posição mais elevada.
Comparando a reconstituição da fauna de Burgess Shale feita por Charles R. Knight (fig. 6) baseada inteiramente na classificação de Walcott, com a que acompanha um artigo publicado em 1985, defendendo um outro ponto de vista (fig. 7) verifica-se que:
1) Na reconstrução de Knight o elemento central é uma animal denominado Sidneyia, o maior dos artrópodes de Burgess conhecido por Walcott. Na versão moderna, Sidneyia foi enxotado para o canto inferior direitoe seu lugar ocupado por Anomalocaris, o terror dos mares Cambrianos – com mais de 60 centímetros de comprimento – e um dos “inclassificáveis” de Burgess Shale.
2) Knight reconstitui cada animal como se fosse membro de um grupo bem conhecido que, posteriormente tivesse alcançado um grande sucesso. Marrella é reconstituído como um trilobito e Waptia como um protocamarão. A versão moderna apresenta alguns filos singulares – o grande Anomalocaris; Opabinia, com seus 5 olhos e um “focinho” frontal; e Wiwaxia, com seu revestimento de escamas e 2 fileiras de espinhos dorsais.
3 As criaturas de Knight seguem a convenção do “reino pacífico”. Estão todas aglomeradas numa harmonia aparente baseada na tolerância mútua; eles não interagem. A versão moderna mantém o ajuntamento irreal (um costume necessário, a bem da economia de espaço) mas retrata as relações ecológicas reveladas por pesquisas recentes: priapulídeos e vermes poliquetas enterram-se no lodo; o misterioso Aysheaia alimenta-se de esponjas; Anomalocariseverte suas mandíbulas e tritura um trilobito.
4) Considere o Anomalocaris como um exemplo da revisão de Whittington Knight inclui animais omitidos na reconstituição moderna: uma medusa e um estranho artrópode que parece ser a extremidade posterior de um camarão com a frente recoberta pela concha de um bivalve. Ambos representam erros cometidos na tentativa de forçar a inclusão dos animais de Burgess nos grupos modernos. A “medusa” de Walcott revelou-se um pequeno círculo de placas ao redor da boca de Anomalocaris e a extremidade posterior do seu “camarão” nada mais é que um apêndice alimentar deste mesmo predador. O que Walcott considerava serem os protótipos de dois grupos modernos veio a se converter em partes do corpo do maior e mais esquisito dos animais de Burgess.
3 – O CENÁRIO DE BURGESS SHALE: Os meios de preservação
Segundo uma velha piada paleontológica, “a evolução dos mamíferos é uma história de dentes se acasalando com outros dentes para dar origem a dentes ligeiramente modificados”. Isso porque a maioria dos fósseis de mamíferos são conhecidos apenas através de seus dentes porque, como o esmalte é muito mais resistente do que os ossos normais, os dentes permanecem quando tudo o mais tiver sucumbido à ação do tempo geológico.
Como condição prévia para a preservação das faunas de organismos de corpo mole sobressaem 3 fatores (raramente encontrados ao mesmo tempo):
1) Rápido sepultamento dos fósseis em sedimentos não agitados.
2) Deposição num ambiente isento dos agentes normalmente responsáveis por sua destruição imediata – essencialmente o oxigênio e outros fatores que promovem a deteriorazação, bem como a variedade de organismos, de bactérias e animais que se alimentam de cadáveres, os quais rapidamente eliminam a maioria das carcaças em quase todos os ambientes deste planeta.
Ambientes desprovidos de oxigênio são excelentes para a preservação das partes moles: nenhuma oxidação, nenhuma decomposição por bactérias aeróbicas. Tais condições são comuns em nosso planeta, particularmente em massa de água estagnada. Entretanto, as próprias condições que promovem a preservação também estabelecem que poucos organismos irão viver nesses lugares. O melhor ambiente, portanto nada contém para ser preservado.
3) Mínimo despedaçamento resultante de danos causados por calor, pressão e erosão.
Walcott encontrou quase todos os seus espécimes aproveitáveis numa camada de folheto com apenas 2,1 a 2,4 metros de espessura, que ele chamou de “leito filópode” – pés em forma de folhas. Ele escolheu este nome em homenagem a Marrella, o mais comum organismo de Burges.
Com a altura pouco maior que a de um homem e comprimento menor que o de um quarteirão, como foi possível que tamanha riqueza tivesse se acumulado num espaço tão diminuto?
Pesquisas recentes esclareceram a geologia desta complexa área e fornecem um cenário plausível para a formação do sedimento que preservou a fauna de Burgess:
Os animais de Burgess Shale provavelmente viveram sobre bancos de lama formados ao longo da base de um paredão maciço e quase vertical, chamado Talude Catedral – um recife constituído basicamente por algas calcárias (os corais formadores de recifes ainda não tinham evoluído). Esse habitats de águas moderadamente rasas, adequadamente iluminadas e bem aeradas, geralmente abrigam faunas marinhas típicas com alta diversidade.
O caráter típico do ambiente de Burgess deveria excluir qualquer possibilidade de preservação de organismos de corpo mole. Embora uma boa iluminação e aeração possam estimular o desenvolvimento de uma fauna altamente diversificada, essas mesmas condições também promovem uma rápida atuação de animais que se alimentam de cadáveres e dos processos de decomposição. Par serem preservados como fósseis de corpo mole esses animais tinham de ser removidos para algum outro lugar. Talvez os bancos de lama acumulados sobre as paredes do talude tenham se tornado espessos e instáveis. Pequenos tremores de terra poderiam ter provocado “correntes lodosas” e impelido nuvens de lama (contendo os organismos de Burgess) talude abaixo, as quais poderiam ter-se depositado em depressões adjacentes estagnadas e desprovidas de oxigênio.
A distribuição exata dos fósseis de Burgess confirma a idéia de que eles foram preservados graças a um deslizamento de lama localizado. Outras características dos fósseis nos conduzem à mesma conclusão: pouquíssimos espécimes apresentam sinais de deterioração o que sugere um rápido soterramento; nenhum rastro, pista ou qualquer outro vestígio de atividade orgânica foi encontrado nos leitos de Burgess, indicando assim que os animais morreram e foram soterrados pela lama tão logo chegaram ao local em que forma fossilizados.
4 – AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES GENEALÓGICAS DOS ORGANISMOS DE BURGES
As inferências evolutivas e genealógicas baseiam-se no estudo e no significado de semelhanças e diferenças. As similaridades assumem diferentes formas: algumas servem para orientar as inferências genealógicas; outras representam armadilhas e perigos para fazer a distinção entre um tipo e outro, é fundamental fazer uma rígida distinção entre semi claridades devidas simplesmente à herança de características presentes em ancestrais comuns (homologia) e semelhanças originadas através da evolução independente de estruturas anatômicas que desenvolveram a mesma função (analogia).
Tivemos tão pouco êxito na reconstrução das genealogias de Burgess porque cada espécies surgiu através de um processo não muito diferente da montagem de uma refeição a partir de um gigantesco cardápio chinês à velha moda: um item da coluna A, dois da B, com muitas colunas e longas listas em cada coluna.
São duas as razões pelas quais temos a capacidade de reconhecer grupos coerentes entre os artrópodes posteriores. Primeiro, as linhagens perderam essa potencialidade genética original para o recrutamento de cada uma das principais partes do corpo a partir de muitas possibilidades latentes. Em segundo lugar, a remoção da maioria das linhagens, através de extinção, deixou apenas uns poucos sobreviventes, com grandes lacunas intermediárias (fig. 8). 
 
 Fig. 8 – Uma árvore evolutiva hipotética refletindo uma visão da história da vida sugerida pela reinterpretação da fauna de Burgess. O desaparecimento da maior parte dos grupos, em decorrência de extinções, deixa grandes lacunas morfológicas entre os sobreviventes. A linha tracejada representa a época de Burges Shale, quando a disparidade estava próxima de seu nível máximo.
A irradiação dessas poucas linhagens sobreviventes (produzindo uma grande diversidade de espécies com uma reduzida disparidade total) deu origem aos grupos distintos que hoje conhecemos como filos e classes.
5 – DISPARIDADE SEGUIDA DE DIZIMAÇÃO: UMA REGRA GERAL.
Se os componentes de corpo mole nunca tivessem sido encontrados, Burgess Shale seria uma fauna inteiramente comum do Cambriano Médio, com cerca de 33 gêneros. Ela contém um rico conjunto de esponjas e algas, sete espécies de braquiópodes, 19 espécies

Continue navegando