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DIREITO DOS POVOS INDIGENAS

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
FACULDADE DE DIREITO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE CÁCERES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
AMANDA PASSOS DE MORAES
JULIA FERNANDES FILGUEIRA TAVARES
LARISSA MEDEIROS DUARTE
ESTADO PLURALISTA? O RECONHECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO SOCIAL E JURÍDICA DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL DE LUIZ VILLARES. TÓPICOS: CULTURA, LINGUAS, ARTES, RELIGIÃO, DIREITO DE PROPRIEDADE E DE IMAGEM.
Cáceres-MT
2018
ESTADO PLURALISTA – O reconhecimento da organização social e jurídica dos povos indígenas no Brasil. 
A referida tese, de autoria de Luiz Fernando Villares, foi apresentada em 2013 ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Direito.
Este trabalho tem objetivo apresentar a perspectiva de Villares sobre o comportamento do Direito emanado pelo Estado brasileiro, referente aos tópicos que abordam à cultura, língua, religião, arte e o Direito de propriedade intelectual e de imagem, das comunidades e povos indígenas. 
CULTURA
A pluralidade cultural existente no Brasil é fruto de um longo processo histórico. Apresenta-se como uma diversidade altamente complexa, visto que coexistem diferentes culturas, etnias, povos e comunidades que formam sua população. Nesse sentido, Villares afirma que vivemos em um país multicultural e ressalta a importância dos povos indígenas de ter respeitada sua organização social e jurídica.
No tópico Cultura, o autor aborda as principais normas do Direito nacional e internacional, que permeiam a valorização e a proteção Cultural.
Inicialmente apresenta a declaração da ONU, que resguarda aos Povos Indígenas o Direito à proteção das manifestações passadas, presentes e futuras de suas culturas, bem como, os bens culturais. No ordenamento jurídico brasileiro, o autor menciona o Decreto-lei, 25 de 30 de novembro de 1937, como sendo o primeiro diploma a proteger o patrimônio histórico e artístico nacional.
A Constituição Federal de 1988 trouxe nos artigos 215 e 216 à obrigação do Estado de garantir todos os direitos culturais. A proposta é proteger as manifestações culturais populares e de outros grupos formadores da sociedade brasileira. Posteriormente foi acrescentada a previsão de um Plano Nacional de Cultura, através da Emenda Constitucional 48, de 2005. Além disso, a Constituição cidadã brasileira em seu art. 231 reconhece especificamente a cultura indígena como parte do patrimônio cultural brasileiro.
O Decreto 3.551 de 2000 institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro e cria o Programa Nacional do Patrimônio, sob responsabilidade do IPHAN.
Além das previsões mencionadas, Villares aponta a existência de outros mecanismos para promover as manifestações culturais e artísticas dos povos indígenas, como por exemplo, os incentivos fiscais, os fundos, os Programas do Ministério da Cultural, entre outros.
LÍNGUAS
As línguas indígenas brasileiras possuem grande importância cultural e científica. É fundamental a proteção das mesmas, posto que ao perdê-las, os conhecimentos incorporados àquela língua tornam-se vulneráveis. 
Embora o Português seja reconhecido oficialmente, como à língua mais falada pela imensa maioria dos habitantes, o Brasil é um país de diversidade linguística inigualável. Segundo Villares, estima-se que existam aproximadamente 305 grupos étnicos que habitam este território, sendo que desses, pode ser encontrada 180 línguas faladas no país. 
DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL E DE IMAGEM
Villares discorre que a apropriação da cultura indígena pela sociedade deve ser duplamente protegida. Em primeiro lugar, por ser a criação indígena fruto do amadurecimento de gerações e de vivências únicas. Ela vai além de um conhecimento produzido por mera possibilidade de lucro (existem valores maiores). E segundo por ser essa uma reprodução do desrespeito ao indígena típico das relações Inter étnicas.
A priori, o autor analisa o alcance da atual legislação brasileira que regulamenta a propriedade intelectual, sob a proteção do patrimônio indígena. O mesmo tece críticas a atual regulamentação, visto que a mesma parte de uma perspectiva capitalista e desconsidera as peculiaridades da questão indígena. 
É importante ressaltar que o sistema de propriedade é pensado, sobretudo de forma individual. A principal dificuldade encontrada segundo o autor é quanto a uma particularidade não prevista na legislação de direito autoral: a criação de forma coletiva, posto que o conhecimento dos povos indígenas são frutos de gerações e envolve um número indeterminado de pessoas, impossibilitando identificar os criadores. 
Villares descreve que a natureza coletiva surge apenas quando são derivadas de uma criação artística coletiva, aquelas cujos padrões estéticos são uniformes, não existindo significativas alterações e necessariamente reconhecidas por toda coletividade indígena. Nesse sentido, pode inferir-se que essas criações possuem proteção sem um limite temporal. Vedando que caiam em domínio publico como ocorre o direito autoral individual após setenta anos.
O direito à imagem no nosso ordenamento jurídico brasileiro trata-se de um direito personalíssimo, intrasferível, contudo o titular pode decidir sobre o uso de sua imagem para a exploração comercial. A utilização da imagem dos povos indígenas parte de uma nova perspectiva proposta por Fernando Mathias Baptista e Raul Silva Teles Valle, que denomina como “imagem cultural”, aquela que representa hábitos culturais de determinada etnia, grupos ou povos, tornando-se a titularidade desses direitos coletivos. A utilização da imagem indígena com finalidade lucrativa exige prévia autorização por meio das instituições representativas.

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