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Metafísica dos costumes

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
G2 – Ética 1
Aluno: Thiago Nolasco; Professor: Edgar José
Questão: "Por que, segundo Kant, é necessária uma Metafísica dos Costumes? Qual a relação desta com a Antropologia?"
“A Velha filosofia grega dividia-se em três ciências: a Física, a Ética e a Lógica. Esta divisão está perfeitamente conforme com a natureza das coisas, e nada há a corrigir nela a não ser apenas acrescentar o princípio em que se baseia, para deste modo, por um lado, nos assegurarmos da sua perfeição, e por outro, poderemos determinar exatamente as necessárias subdivisões”[1: Kant,Immanuel.Fundamentação da Metafísica dos costumes. Editora Abril ,1974 , São Paulo. P197]
É assim que se inicia o prefácio da conhecida obra de Kant intitulada “Fundamentação da metafísica dos costumes”. De início, um caráter interessante, que pode ser observado, é aquilo com que Kant, talvez em toda sua filosofia, tenha se preocupado em encontrar : princípios certos para toda e qualquer ciência futura. Se, quando em sua “Crítica da Razão Pura” Kant dizia, ele mesmo, está fazendo uma revolução copernicana, isto é, pondo a atual filosofia diante da crítica ,isto é, da categorização das coisas que concerne ou compete ao entendimento realmente saber, agora, Kant, se debruça , não somente nos demonstrando como se deve proceder a ciência de cunho natural , mas como devemos prosseguir na tentativa de uma constituição da ciência moral.
Na argumentação Kantiana, antes de sabermos da necessidade de uma metafisica dos costumes, é preciso entender como se compõe a divisão de uma ciência, visto que todas elas, quando não se tratam da forma pura do entendimento – que é a ciência lógica – , são compostas de uma parte empírica e uma parte racional. Mas, para se falar de uma “metafísica” dessas ciências é necessário explicitar ,antes, as áreas da filosofia mesmo, quando trata-se de diferentes objetos. A filosofia formal, como dito por Kant, é aquela que trata das questões referentes somente às regras gerais da razão pura, ou da razão em si mesmo, isto é, as leis do entendimento enquanto somente especificidades a priori, onde não há distinção de objetos pois trata-se de toda as regras utilizadas pela razão. As filosofias que tratam da “matéria”, isto é, uma filosofia material, da realidade empírica ,a qual nós nos encontramos, parecem possuir um caráter de duplicidade no que concerne aos seus campos de especificidade mesma , ou , no que se trata quando analisada por partes , pois, a princípio , toda a realidade material apresenta esse caráter móvel ,da experiência, no entanto , se nos detemos em uma análise sobre a causa de todos esses acontecimentos, compreendemos que esses estão submetidos por leis, e é a partir dessas leis que poderemos entender a constituição de uma “metafísica” de toda e qualquer ciência material, pois como diz Kant, mesmo que haja filosofias que se baseiam em princípios empíricos, toda e qualquer doutrina que “ se apoiam em princípios a priori chama-se filosofia pura. Esta última, quando é simplesmente formal, chama-se Lógica; mas quando se limita a determinados objetos do entendimento chama-se metafísica”. Segue-se ,então, que a constituição de uma metafísica, propriamente dita, segundo Kant, diz respeito aos princípios os quais os fenômenos do mundo real acontecem, ou , pelo menos, devem acontecer – quando se trata dos fenômenos da vontade humana por exemplo – , e que , aquele que se debruça sobre uma filosofia pura , quando não voltado para os aspectos formais do entendimento , mas para objetos determinados referentes às leis das ciências materiais, está sobre o domínio da metafísica .Mas, depois da compreensão da estrutura das ciências materiais e a divisão das filosofias , qual é a necessidade da constituição de uma metafísica ,para o exercício da ciência e, ainda mais, para uma ciência moral ou , dos costumes ?[2: Kant,Immanuel.Fundamentação da Metafísica dos costumes. Editora Abril ,1974 , São Paulo. P197]
Kant argumentará que a necessidade da metafisica dos costumes se dá ,para a constituição de uma Filosofia Moral , na fundamentação necessária de uma necessidade absoluta para toda e qualquer ação prática, pois, a ação prática, enquanto movido à sorte da realidade empírica se ,não fundamentada em um princípio, isto é, o que Kant chama , um “fio condutor”, pois, como colocado por ele “os próprios costumes ficam sujeitos a toda a sorte de perversão enquanto lhes faltar aquele fio condutor e norma suprema do seu exato julgamento”, isso se dá, pois, para Kant, o homem que ,não apoiado nas razões puras a priori práticas, é facilmente levado por suas inclinações e ,mesmo que conceba a necessidade de algumas regras, o não fornecimento das leis a priori , demonstrados pela razão pura, fazem com que o homem não tenha a força necessária para aplicação dela “in concreto no seu comportamento”.[3: Kant,Immanuel.Fundamentação da Metafísica dos costumes. Editora Abril ,1974 , São Paulo. P199]
Portanto, segue-se que, para Kant, há uma relação entre Metafísica dos costumes e a Antropologia ( conhecimento do homem mesmo e suas ações ) , onde a Metafísica deve ser anterior a toda e qualquer Antropologia como, não só uma forma de depuração, pela razão pura prática, de todas as ações humanas que , como objetos materiais, são constituídos de uma parte empírica, mas que possuem suas leis e princípios calçados em uma filosofia pura, isto é , em princípios a priori , mas ,também, pela necessidade de dar ao homem o fio condutor para que ele possa aplicar à realidade empírica a necessidade absoluta das leis determinadas pela razão pura prática. Pois, no entendimento de Kant, uma lei praticada somente por estar em conformidade a princípios contingentes da realidade empírica, não produzem a necessidade da realização da ação por não estarem depuradas e ,com isso, demonstradas em sua pureza e autenticidade ,onde essas ,só podem ser encontradas em uma filosofia pura, uma metafísica dos costumes.
E , para aqueles que são defensores de uma filosofia moral baseada somente na parte empírica, ou seja , a Antropologia, pois alegam que a busca por princípios racionais são tarefas de sonhadores, argumenta Kant fazendo uma alusão aos ganhos que resultaram da divisão do trabalho, onde a distinção ocorrida ajudara o homem a aperfeiçoar a realização do seu trabalho com maior perfeição e facilidade, que na ordem das ciências se dá a mesma proporção em que a divisão, ou seja, uma legítima depuração dos elementos empíricos , faz com que o homem aperfeiçoe a parte racional, essa última, que fornecesse as fontes a priori da realização mesma de uma ciência e , somente quando tomada com seriedade essa depuração, o homem pode dar sustento às suas ações conforme a determinação dos princípios puros e não à desordem resultante da mistura dos princípios puros e empíricos. O domínio empírico, da ação humana, deve pertencer somente à Antropologia, enquanto, a Filosofia Moral, tomada em seu conjunto e, portanto, constituída de parte racional e parte empírica, deve, como ciência, apoiar-se em princípios determinados pela razão pura a priori, portanto, daí resulta a necessidade de uma metafísica dos costumes, como a parte racional da Filosofia Moral.

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