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Introdução ao Met. de Lipídios Os lipídios apresentam funções essenciais para estrutura e metabolismo do corpo. Triacilgliceróis são as principais formas de armazenamento energético, colesterol é essencial nas membranas celulares e é precursor de diversos hormônios esteroides e sais biliares, o araquidonato (Ác. Graxo longo de 20C) é precursor de prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanas, leucotrienos e lipoxinas (mediadores celulares), glico e fosfolipídeos complexos são os principais componentes de membranas biológicas. O metabolismo dos triacilgliceróis (gorduras - triglicerídeos) fornecem mais que o dobro da energia que metabolismos de carboidratos ou proteínas. Além disso, as gorduras são apolares (não solúveis em água), ou seja, são armazenadas sem adição de água, enquanto os carboidratos são armazenados na forma de glicogênio, são hidratados e possuem maior peso molecular. A digestão dos lipídios ocorre na interface lipídeo-água, porque as gorduras são apolares. Esta interface é aumentada pelos movimentos peristálticos e pela ação dos sais biliares secretados pela bile e sintetizados no fígado para o intestino delgado, onde as gorduras são digeridas e absorvidas. A enzima que catalisa a hidrólise dos triacilgliceróis é a lipase pancretática (triacilglicerol-lipase), com Na e K de cofatores. Esta enzima é ativada em contato com a interface lipídeo-água, por ação de uma proteína sintetizada pelo pâncreas chamada de colipase, ela forma um complexo com a lipase. Fosfolipídeos são dagradados pela fosfolipase A² pancreática, que hidrolisa o resíduo de ác graxo no C2 e gera lisofosfolipídeo. Também catalisa as reações na interface lipídeo-água. Os produtos da digestão dos lipídeos absorvidos na mucosa intestinal, são liberados na corrente sanguína na forma de quilomícrons, já os triacilgliceróis sintetizados pelo fígado são liberados em VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa) na corrente sanguínea, estas gorduras são hidrolisadas em ác graxo livre e glicerol, e então se ligam à albumina na corrente sanguínea. Biossíntese e Alongamento de Ácidos Graxos Ácidos graxos são moléculas formadas por uma cadeia de hidrocarbonetos (4 a 36 C) ligada a um ácido carboxílico, alguns ramificados, insaturados, outros não. Sua biossíntese ocorre na citosol, em animais, e no cloroplasto em vegetais, e tem como cofator essencial o NADPH. – A formação do Malonil-CoA O malonil-coA é o intermediário da biossíntese dos ácidos graxos, e é formado a partir de acetil-coA com HCO³ e gasto de ATP, e utiliza a biotina como cofator. A enzima que catalisa esta reação é a acetil-coA carboxilase (um polipeptídeo em animais). Dividida em duas sub-etapas: primeiro ocorre carboxilação da biotina (reação pendente de ATP) pela biotina-carboxilase, e depois ocorre a transferência do grupo biotinil para a acetil-coA pela transcarboxilase, formando o malonil-coA. A biossíntese de ácidos graxos é realizada de forma em que há montagem de cadeias longas através de reações com 4 etapas: condensação, redução, desidratação e redução, ação feita pelo complexo enzimático ácido graxo sintase - O complexo ácido graxo sintase É um polipeptídeo em vertebrados, com 7 subunidades de funções distintas, cada uma faz uma reação e se tem um produto final. Suas 7 subunidades são: ACP, KS, MT, KR, HD, ER, e AT. ACP é a proteína transportadora de grupos acil, sendo a central. Na fase de preparação, o grupo acetil é transferido para cisteína e o malonil transferido para ACP e então são iniciados as 4 etapas da biossíntese. 1) Condensação do acil e malonil É catalisada pela KS, condensa os grupamentos acetil do e malonil e libera CO². A condensação de 2 grupos acil é endergônica, mas a condensação do malonil com um grupo acil é bastante exergônica, logo, o CO2 adicionado no malonil é retirado para produzir energia suficiente para realizar a condensação dos grupamentos acil. 2) Redução da Carbonila Catalisada pela KR e utiliza NADPH + H+ como cofator. 3) Desidratação Catalisada pela HD e ocorre liberação de H2O. Saída de um OH e um H, uma ligação simples se torna dupla, e esta insaturação é do tipo trans. 4) Redução da dupla ligação formada Catalisada pela ER, utiliza NADPH + H+ como cofator. 5) Deslocamento do grupo buritil p/ a cisteína Catalisada pela ACP, os carbonos reagem e quebram a sulfidrila Essas 5 etapas são repetidas 8 vezes para formar o palmitato. - O saldo energético São gastos 1 ATP para cada malonil e 1 NADPH para cada redução (2 reduções por malonil - 2 NADPH por malonil). Para formação do palmitato, são necessários então 7 ATPs e 14 NADPH + H+. - Regulação A enzima reguladora da via é a acetilcoA carboxilase, já que seu produto (malonil coA) é específico. O citrato ativa esta enzima, enquanto o palmitoil coA inibe. Este citrato é vindo do Ciclo de Krebs que ocorre na mitocôndria, de forma que, muito ATP nesta organela estimula a produção de ácido graxo. Se há muito ATP, quer dizer que não é necessário mais realizar o ciclo de krebs, então este citrato sai da mitocôndria por um transportador até o citosol, e nele é transformado em acetil coA e então transformado em ácido graxo. A regulação alostérica é feita pela concentração de Glucagon X Insulina, e por fosforilação X desfosforilação. A insulina ativa a citrato liase, responsável por transformar o citrato em acetil coA, ativando a via (desencadeiando desfosforilação), já o glucagon (hormônio da fome) e epinefrina inibem a acetil coA carboxilase (responsável por transformar o acetil coA em malonil coA) [desencadeiam fosforilação]. - Alongamento da cadeia de ácido graxo Ocorre no retículo endoplasmático liso, de forma que são adicionados C em pares e sempre saturados. - Ácidos graxos insaturados Alguns ácidos graxos não são sintetizados pelo corpo, e são obtidos apenas na dieta, este são os ácidos graxos essenciais. Produzidos pelas plantas, e ocorre dessaturação para sua produção. Catalisada pela acil-graxo-coA dessaturase (oxidase de função mista), os humanos possuem apenas as dessaturases 9, 6, 5 e 4. Logo, os vegetais produzem os ácidos graxos insaturados linolenato, eicosatrienonato e araquidonato. - Eicosanóides São potentes sinalizadores inflamatórios, formados a partir de araquidonato, precursores de prostaglandinas. - Biossíntese de triacilgliceróis Os ácidos graxos não podem ser armazenados de forma livre, por serem ácidos, então eles são ligados ao glicerol por uma ligação éster para que então sejam armazenados. - Regulação da biossíntese de triacilgliceróis A insulina é o hormônio que ativa esta via, ela promove a transformação dos carboidratos e proteínas da dieta em triacilgliceróis. Em diabéticos, a quantidade de acetil coA é aumentada, o que forma corpos cetônicos. Gordura oxida rapidamente, então, no tecido adiposo, ela está sempre em processo de ciclagem. O uso de corticóides aumentam a quantidade de triglicerídios, pois ele inibe a transcrição da PEPCK no tecido adiposo e ativa no fígado, ou seja, a gordura do tecido adiposo não é metabolizada e o paciente tende a engordar. Oxidação de ácidos graxos Ocorre na matriz mitocondrial das células animais e no peroxissomo dos vegetais, tendo como produto principal a acetil coA. Triacilglicerol > Mais energia > 1 glicerol + 3 ácidos graxos Glicerol: Pouco energético, não aproveitado pelos adipócitos, utilizado para glicólise e gliconeogênese. Ácido graxo: Parte energética, os com menos de 12C atravessam a membrana por difusão, os com mais de 14C atravessam por meio de uma proteína transportadora (carnitina). * É necessário transformaros ácidos graxos poliinsaturados em ácidos graxos saturados. – A ativação do ácido graxo Para a oxidação do ácido graxo começar, é necessário ativar esta molécula primeiro. O ácido graxo ativado é o ácido graxo ligado a coA, o acilgraxo coA. Apenas o acilgraxo coA é transportado para matriz mitocondrial pela carnitina. O grupamento acilgraxo coA é movido do citosol para a membrana externa por meio de um transportador, ao chegar no espaço intermembrana, a coA é retirada e o acilgraxo é ligado a carnitina, pois o transportador só reconhece o ácido graxo ligado a carnitina. É formado então a acil-carnitina + coASH catalisada pela CAT1 ou CPT1, movidos do espaço intermembranas para a matriz mitocondrial, passando pelo transportador da membrana interna. Na matriz, a carnitina é desligada do acilgraxo e ele é novamente ligado a coA, assim podendo dar início a oxidação do ácido graxo. *Carnitina: Pode ser obtida na dieta (por carnes) e sintetizada a partir de lisina e metionina. Músculo esquelético (97%) e cardíaco são dependentes desta proteína, e nos rins ela faz parte da captação e excreção de grupamentos acil não metabolizados pelo corpo. - Características gerais da oxidação dos AG Produzem acetil coA que são movidos para o ciclo de Krebs, possuem 4 reações iguais para todo tipo de ácido graxo, a depender de sua insaturação e número de AG, podem ter mais reações. - Beta oxidação de AG Ocorrem em ácidos graxos saturados, de cadeia par. A ligação entre o C2 (Alfa) e o C3 (Beta) é quebrada, por isso é chamada de beta oxidação. É conhecida como ciclo de Lynen, e a cada ciclo são liberados 2C, um acetil coA, um FADH² e um NADH + H+. É responsável pela principal produção energética em animais. O FADH² e o NADH + H+ produzidos são utilizados na fosforilação oxidativa. Via central para produção de energia em animais, fungos, bactérias e vegetais. Ocorre em 4 etapas: Oxidação, hidratação, oxidação e clivagem tiólica. 1) Oxidação Transforma acil coA em enoil coA, 2H são retirados e forma uma dupla ligação. Utiliza FAD+ e gera FADH², catalisada pela acil coA desidrogenase (uma família de enzimas, a quantidade delas depende da quantidade de C na cadeia de AG) 2) Hidratação Transforma enoil coA em 3-hidroxiacil coA, catalisada pela enoil coA hidratase (específica para este substrato), quebra a ligação dupla formada utilizando H2O. A ligação dupla precisa ser do tipo trans para que ocorra ação desta enzima 3) Oxidação Transforma 3-hidroxiacil coA em 3-cetoacil coA, catalisada pela 3-hidroxiacil coA desidrogenase, utiliza NAD+ como cofator e libera NADH + H+. Forma uma dupla ligação entre o C3 e o O. 4) Clivagem Tiólica Quebra a ligação da carbonila, liberando acetil coA. Catalisada pela tiolase utilizando coA, divide a molécula de 3-cetoacil coA em acil-coA + acetil coA Este ciclo se repete até que toda a cadeia de AG seja degradada, todas as enzimas se localizam na membrana interna da mitocondria, a E1 é separada e as E2 E3 e E4 são acopladas. - O destino dos produtos e o saldo energético Não se produz ATP diretamente por este ciclo, mas indiretamente, ele produz mais energia do que a glicólise, por exemplo. A acetil coA é utilizada no ciclo de Krebs, o FADH e NADH na fosforilação oxidativa. Mas o saldo energético depende da quantidade de C na cadeia de AG, utilizando o exemplo do palmitato (16C) e levando em consideração que 1 FADH = 2 ATP e 1 NADH = 3 ATP, temos que: Adotando - Qtidade de acetil coA = n/2 ; Qtidade de FADH e NADH = n/2 - 1. Logo, com o palmitato de 16C, produzem 8 acetil coA, 7 NADH e 7 FADH. 8 acetil coA no ciclo de Krebs, produzem mais 24 NADH (3 NADH para 1 ace coA) e 8 FADH (1 FADH para 1 acecoA), além de 8 GTP. Ao final, teremos 31 NADH, 15 FADH e 8 GTP. 31 NADH produzem 93 ATPs, 15 FADH produzem 30 ATP e 8 GTP produzem 8 ATP, no final do ciclo de oxidação do palmitato teremos indiretamente 131 ATPs formados. Já na glicólise, teremos indiretamente 36 ATPs formados, mas 4 são gastos, deixando com um saldo de 32 ATPs. - Oxidação de ácidos graxos insaturados de cadeia par Ocorre em AG monoinsaturados, poliinsaturados e apenas em tipo trans. Os AG que possuem conformação cis, não sofrem ação da enzima enoil-coA hidratase, então necessitam de duas enzimas auxiliares, isomerase e redutase. A isomerase muda a conformação de cis para trans, a redutase é presente apenas nos AG poliinsaturados. AG monoinsaturados originam a mesma quantidade de produtos que AG saturados, ocorre o processo de beta oxidação até chegar ao carbono com a insaturação, então ocorre ação da isomerase e volta novamente a ocorrer beta oxidação até que o AG seja degradado. Já nos poliinsaturados, a redutase necessita de NADPH + H+ para funcionar, e ela quebra a insaturação. - Oxidação de ácidos graxos de cadeia ímpar São encontrados em vegetais e animais marinhos, é mais difícil de ser ingerido. O seu produto é propionil coA, que origina succinil coA (intermediário do ciclo de Krebs). Ocorre beta oxidação normalmente, mas no final, é liberado propionil coA. Então, 3 reações adicionais ocorrem para transformar o propionil em succinil coA. 1) Carboxilação Ocorre gasto de ATP e utiliza HCO³. Catalisada pela propionil coA carboxilase. 2 e 3)Rearranjos O produto da carboxilação anterior sofre um rearranjo na sua estrutura, formando succinil coA - Vias alternativas da oxidação de AG Mitocôndria: AG de cadeia linear longa, média ou curta Peroxissomos: Encurtamento de AG muito longo, AG ramificados Retículo Endoplasmático: Omega oxidação No peroxissomo fornece precursores biossintéticos, que são transportados, as 4 reações são iguais, mas os NADH e acetil coA produzidos são utilizados no ciclo do glioxalato (um ciclo similar ao ciclo de Krebs, mas com menos reações). - Alfa oxidação É a oxidação de ácidos graxos de cadeia ramificada, ocorre nos peroxissomos. EX: Ácido fitânico (AG de 20C), produto do metabolismo do fitol, um constituinte da clorofila. Encontrado em vegetais da dieta, derivados do leite, e gorduras de animais ruminantes. - Omega oxidação Ocorre oxidação no carbono omega, ou seja, o carbono mais distante da carbonila. Realizada no retículo endoplasmático do fígado e rim, em AG de 12 ou 10 carbonos (cadeia média). É adicionado uma carbonila no carbono omega, e tem como produto succinato e adipato, são necessário 3 enzimas (oxidase de função mista - álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase) e os cofatores NADPH e O² - NAD+ e NAD+ para cada reação, respectivamente. Após a adição da carbonila no carbono omega, o AG sofre beta oxidação e origina seus produtos finais (succinato e adipato). - Regulação da oxidação de AG É uma via regulada de forma que ocorra apenas quando houver necessidade energética. O acilgraxo coA no hepatócito tem dois caminhos: beta oxidação na mitocondria e conversões em trigliceróis e fosfolipídios no citosol. Ativam a via: AMP Inibem a via: Malonil-coA - Inibe a CAT1 (enzima que une o acilgraxo a carnitina para ser transportada); Altas concentrações de NADH + H+ *Comparação entre síntese e degradação Na síntese, as 4 reações são condensação, redução, desidatração e redução, utilizando NADPH + H+ como cofator principal nas duas reduções. Na oxidação, as 4 reações são oxidação, hidratação, oxidação e clivagem tiólica, utilizando FAD+ na primeira oxidação e NAD+ na segunda. Metabolismo de lipídios complexos Os lipídios complexos estão presentes na membrana, e possuem um elemento químico diferente em sua estrutura. Dividios em fosfolipídios e e glicolipídios, possuem fosfato e carboidratos, respectivamente. Os fosfolipídiossão compostos polares iônicos de natureza anfipática (cabeça fosfato polar e corpo AG apolar), em grande maioria estão presentes nas membranas, mas os não constituintes destas possuem outras funções no organismo. Eles podem ser divididos em: glicofosfolipídios (contém glicerol no esqueleto, ligado ao fosfato) e esfingofosfolipídios (contém esfingosina). - Glicerofosfolipídios É a maior classe de fosfolipídios, são derivados do ácido fosfatídico. Contém diacilglicerol (o fosfoglicerídeo mais simples), fosfato ligado à hidroxila no C3, é o precursor dos demais glicerofosfolipídios. São sintetizados no retículo endoplasmático liso e transferidos para o complexo de Golgi a partir do ácido fosfatídico. A síntese do ácido fosfatídico se dá a partir do glicerol-fosfato com ação da enzima acil transferase, que age em dois momentos, ligando 2 AG (se esse grupamento não tiver o P em sua estrutura, então ele é um diacil glicerol) A ativação do diacilglicerol é o ponto chave para síntese de glicerofosfolipídios, ele é ativado pela CDP (citidina difosfato) e então a molécula é ligada ao álcool, formando fosfatidilserina, fosfatidilglicerol, fosfatidiletanolamina e fosfatidilinositol. *Fosfatidilinositol: É um caso especial de glicerofosfolipídio, é reservatório de ácido araquidônico. A síntese de glicerofosfolipídios também pode ocorrer caso a porção álcool seja ativada, ao invés da porção diacilglicerol, desta forma, originando fosfatidilcolina e fosfaditiletanolamina. Cardiolipina, plasmogênio e FAP: sintetizados a partir de outros glicerofosfolipídios. A cardiolipina é originada a partir de fosfatidilglicerol, o plasmogênio e o FAP são originados a partir de um análogo éster do ácido fosfatídico com adição da etanolamina e colina, respectivamente. - Degradação dos glicerofosfolipídios Fosfolipases: encontradas em todos os tecidos e no suco pancreático. Ocorre hidrólise das ligações fosfodiéster (enzimas específicas para cada sítio de ligação), estas enzimas também são responsáveis pelo remodelamento dos fosfolipídios. *Fosfatidilinositol/fosfatidilcolina > Posição 2 para o ácido araquidônico - fornece substrato para a síntese de prostaglandinas. Os produtos da degradação de um glicerofosfolipídio são glicerol, álcool, ácido graxo e fosfato. - Esfingofosfolipídios O esqueleto carbonado é uma esfingosina ao invés do glicerol, um aminoálcool de cadeia longa, C1 da esfingosina esterificada pela fosforilcolina > esfingomielina. A esfingomielina é o único esfingofosfolipídio conhecido em quantidades significativas em humanos, é um constituinte fundamental da bainha de mielina dos neurônios. Sua síntese é feita por meia de 5 reações: condensação, redução, acilação dessaturação, oxidação e transferência de fosforilcolina. - Degradação de esfingofosfolipídios Catalisada pela esfingomielinase, causa doença de Niemmann-Pick, causando um acúmulo de lipídios no fígado e baço, e uma neurodegeneração. - Glicolipídios São os lipídios ligados a oligo ou polissacarídeos (carboidratos). Derivados de ceramida, componentes fundamentais na membrana celular e mais presentes no tecido nervoso. Localizados no folheto externo da membrana plasmática e são classificados como glicoesfingolipídios. Diferem da esfingomielina porque não possuem fosfato, logo, a cabeça polar é constituída por um mono/oligossacarídeo. - Tipos de glicoesfingolipídios São definidos de acordo com o número e tipos de carboidratos Neutros: Cerebrosídeos (ceramidas monossacarídicas); Globosídeos (ceramidas oligossacarídicas) Ácidos: Ganglosídeos (ácido N-acilneuramínico); Sulfatídeos (grupos sulfato) São sintetizados no retículo endoplasmático e no complexo de Golgi, pelas enzimas glicosil-transferases (específicas para cada um). - Degradação de glicolipídios Realizada nos lisossomos, lá existem as enzimas necessárias para este processo. *Endocitados: fusão com os lisossomos, clivam hidroliticamente e irreversivelmente ligações específicas Esta degradação é um processo sequencial, último a entrar é o primeiro a sair. Os produtos são a ceramida (esfingosina + AG) e resíduo de carboidrato (nos neutros) e resíduo de carboidrato + ácido n-acetilneuraminico (ganglosídeo)/grupo sulfato ou galactose (sulfatídeos). Deficiência nas enzimas que realizam esta degradação podem gerar doenças diversas, conhecidas como esfingoliposidoses. Metabolismo do colesterol e outros esteróis O colesterol é uma molécula essencial para as celulas dos mamíferos, possui funções de composição de membrana, precursor de hormônios esteróides, precursor de sais biliares e precursor de vitamina D. O colesterol "bom" HDL, é proviniente de gorduras insaturadas, obtidas na dieta por meio dos vegetais, e as gorduras saturadas "ruins" são oriundas de alimentos animais. Além dos obtidos na dieta, o colesterol é sintetizado no fígado (em sua maioria), mas em tecidos extra-hepáticos também. O colesterol é uma molécula complexa, um álcool policíclico de cadeia longa, e seu único precursor é o acetato. - Biossíntese de colesterol Ocorre no citosol, o fígado é o maior produtor de colesterol, mas o intestino, o córtex supra renal e as gônadas também produzem colesterol, em menor escala. São formadas muitas ligações C-C e C-H, sendo necessário uma fonte de átomos C, uma fonte de poder redutor (NADPH + H+) e uma fonte energética (ATP). Ocorre em 4 etapas: condensação (formação do mevalonato - 3 acetatos), ativação (isoprenos), polimerização (forma esqualeno - um anel aberto) e ciclização (fechamento dos anéis de esqualeno) 1) Biossíntese do mevalonato É necessário acetil coA proviniente do ciclo de Krebs e da beta oxidação a) Condensação de 2 moléculas de acetil coA Catalisada pela tiolase, forma o acetoacetil coA b) Formação do HMG-coA Catalisada pela HMG-coA sintase (HMG coA sintase citosólica é diferente da mitocondrial, que forma corpos cetonicos) c) Redução do HMG-coA em mevalonato É um passo irreversível e depende de NADPH + H+. 2 NADPH são utilizados para formar 1 mevalonato. A enzima que catalisa esta reação (HMG-coA redutase) é a enzima reguladora da via 2) Formação do isopreno ativado a) Transferência do primeiro grupo fosfato Ocorre uma carboxilação com gasto de ATP b) Transferência do segundo grupo fosfato Ocorre gasto de outro ATP para ligar mais um grupamento fosfato c) Transferência do terceiro grupo fosfato Ocorre uma descarboxilação com gasto de ATP d) Formação do delta³-isopentenil-pirofosfato Ocorre outra descarboxilação, liberando CO² e Pi, este é o produto final usado na síntese de colesterol e) Isomerização Pode ocorrer formação de um isômero ao produto anterior, o dimetialil pirofosfato, que é outro isopreno ativado 3) Formação do esqualeno a) Primeira condensação "cabeça com cauda" Um grupo Pi é liberado na condensação do isopreno ativado, formando geranil-pirofosfato b) Segunda condensação "cabeça com cauda" Condensação do geranil-pirofosfato com o segundo isopreno ativado, liberando outro grupo Pi, formando farmesil pirofosfato. c) Condensação "cauda com cauda" Os dois produtos das reações anteriores sofrem condensação e formam esqualeno, utilizam NADPH + H+ e liberam 2 Pi *O esqualeno tende a formar anel devido as insaturações 4) Formação de anéis a) Formação do esqualeno 2,3-epóxido Um átomo de oxigênio é adicionado ao esqualeno, utilizando NADPH + H+, liberando H2O b) Formação do lanesterol Com ação da enzima ciclase, o produto da reação é transformado em lanesterol em animais.Em vegetais, é originado estigmaesterol e em fungos ergoesterol. c) Formação do colesterol Ocorrem diversas reações, migração e remoção de grupos metilas, originando a molécula de colesterol. - Regulação da biossíntese de colesterol É uma síntese que custa muito ATP, então, ela apenas ocorre para complementar o colesterol obtido na dieta. Pode ser regulada tanto por hormônios, como pela quantidade de colesterol intracelular. HMG-coA redutase é a enzima reguladora da via, pois ela é específica para o seu substrato. Esta enzima produz mevalonato, logo, se for inibida, não há produção de colesterol. Neste tipo de regulação, é realizada uma inibição/ativação da transcrição da enzima HMG- CoA redutase, de modo que, muito colesterol inibe e pouco colesterol ativa a transcrição. Já a regulação hormonal, é realizada pelo Glucagon X Insulina (Fosforilação X Desfosforilação), glucagon inibe a síntese e insulina ativa a síntese. *Algumas drogas inibem a síntese de colesterol, porque possuem estruturas análogas ao mevalonato e inibem a HMG-coA redutase. *O papel central do receptor de LDL é liberar colesterol na corrente sanguínea - O destino do colesterol Uma pequena fração, levado para membrana dos hepatócitos, mas em sua maioria, ele é exportado na forma de ácidos biliares, colesterol biliar e ésteres de colesterol. 1) Esterificação do colesterol Ocorre no fígado e no plasma, serve para o colesterol ser transportado por proteínas LDL. No fígado, ocorre transferência de um AG, no plasma utiliza fosfatidilcolina e gera o éster de colesterol e lisolecitina 2) Hormônios esteróides São formados a partir do colesterol, por várias reações, formando os diversos hormônios. a) Síntese do 20,22-dihidroxicolesterol Utiliza NADPH + H+ e é catalisada por uma oxidase de função mista, e citocromo P450. Libera H2O utilizando 2H b) Formação da preglonona Catalisada pela desmolase, utiliza NADH + H+, O² e H+, liberando H2O. c) Síntese de progesterona e outros hormônios esteróides A preglonona é o precursor para os diversos hormônios esteróides, a partir de diversas reações são formados os diversos hormônios 3) Produção de vitamina D e ácidos biliares Em contato com a luz UV, o 7-dehidrocolesterol é transformado em vitamina D³, no fígado, na presença das vitamina D³ obtidas na dieta, ele é transformado em 25- hidroxicolecalciferol e nos rins é transformado em 1,25-dihidroxicolecalciferol. Esta vitamina D³ nos rins regula a quantidade de cálcio no corpo. Ainda no fígado, o colesterol é transformado em ácidos biliares a serem excretados pela bile.
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