Buscar

Análise do texto base do Michel Foucault

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Análise do texto base do Michel Foucault – Aulas, Ano 1977-1978: Segurança, Território, População.
Ao analisar o texto baseado nas palavras proferidas por Michel Foucault nas aulas que ministrava dos cursos no Collège de France, atenta-se que o intuito não é postular uma análise geral do poder propriamente dito, contudo por onde ele passa, como ele passa e quais efeitos ele tem, sintetizando, é um conjunto de procedimentos para averiguar os mecanismos do poder. Esses mecanismos encontram-se em todas as relações humanas (familiares e sexuais são apenas alguns exemplos citados no texto) obtendo uma relação de causa e efeito e como funcionam estes mecanismos num momento dado, durante um período dado, num campo dado.
Devido a isto, nota-se que a verificação do poder geral pode conceber análise global da sociedade, na qual seu papel é mostrar quais são os efeitos de saber que são produzidos em nossa coletividade pelas lutas ou choques que nela se desenrolam, e pelas táticas de poder que são elemento dessa luta.
Para introduzir o curso, Foucault instiga o pensamento sobre o que entendesse por “segurança”. 
De forma geral, consegue-se dividir em três campos de análise sobre o que seria esta estrutura. A primeira, seria a criação de uma lei e a punição (um código legal) que de forma binária mostra a conduta correta e a errada e dispõe de aparatos legais como o legislativo (o qual cria essa lei) e o jurídico (têm a obrigação de julgar ações que não se enquadram com as leis criadas pelo Poder Legislativo). 
A segunda, refere-se aos mecanismos de vigilância e de disciplina, no qual a ideia de disciplinar passa por uma série de técnicas adjacentes a este processo, como policiais, médicas e psicológicas e no quesito do domínio da vigilância, há o diagnóstico e possível recuperação do sujeito. Com isto, Foucault mostra elementos muito além do culpado, do legislador e do jurídico.
Em terceiro lugar, apresenta-se um dispositivo de segurança, que tem como finalidade mostrar o fenômeno de forma global, demonstrar que as reações do poder são contabilizadas através de um cálculo de custo e que ao invés de uma divisão binária entre o permitido e o proibido (como referido na análise do campo da lei e da punição) existe um verdadeiro espectro entre algo a ser considerado ótimo, por exemplo, e os limites do aceitável em determinadas circunstâncias e algo propriamente reprovável, criando uma distribuição dos mecanismos. 
Foucault nos mostra, depois de apresentar esses campos de análise, uma contextualização dos sistemas legais durante períodos da história, na qual há o sistema antigo (Idade Média entre séculos XVII até XVIII), sistema moderno (no século XVIII) e o contemporâneo (que chama de “sistema americano” devido as novas técnicas de penalidade e do cálculo do custo, sendo este cálculo baseado numa relação econômica entre o custo da repressão e o custo da delinquência).
 Apesar da divisão ter sido realizada em três campos de análise, para Foucault, seria como uma série de edifícios complexos, no qual o que se muda, são as técnicas e como aperfeiçoá-las, criando uma correlação entre os mecanismos jurídicos-legais, os mecanismos disciplinares e os mecanismos de segurança.
O autor ressalta uma ênfase no quesito dispositivos de segurança, na qual ele se refere a diversos pontos como questão do espaço, do tratamento aleatório, a forma da normalização e a correlação entre técnica de segurança e a população. Primeiramente, refere-se, a questão do espaço, e como a soberania exerce (em primeira análise) nos limites do território, a disciplina se exerce sobre o corpo dos indivíduos, e finalizando, a segurança sobre o conjunto da população. Entretanto esta análise não revela que há um conjunto de multiplicidades deste povo.
Um ponto importante para esclarecer este aspecto, é o fato da disciplina agir sobre os corpos dos indivíduos, entretanto a disciplina só existe na medida em que há uma multiplicidade e um fim para se obter através dessa multiplicidade (exemplos: a disciplina militar, escolar, penal, operária e tantas outras, tem objetivo de administrar a multiplicidade e organiza-las). Usando uma máxima sintetizadora: a disciplina é um modo de individualização das multiplicidades.
Vale ressaltar, que a própria arquitetura, por exemplo, pode ser usada para organizar essas multiplicidades como demonstra Foucault, ao referir-se no princípio de hierarquizar e através dessa hierarquia, evidenciar as relações de poderes existentes dentro dessa multiplicidade e como essa distribuição pode gerar consequências (uma analogia seria a situação brasileira, no bairro do Morumbi, zona sul da cidade de São Paulo, na qual encontra-se mansões e a comunidade de Paraisópolis, a qual mesmo estando extremamente próximas, há uma relação de poder de hierarquia social através do poder econômico que nelas habitam) ou seja, a arquitetura é um instrumento tanto para assegurar a distribuição do comercio, da moradia, das fábricas, entre outros, como evidenciação das relações de poder. 
 Para resumir, pode-se dizer, que a soberania capitaliza mediante a um território, no qual o foco do problema maior, por assim dizer, é a própria sede do governo, enquanto a disciplina arquiteta um espaço e coloca como problema principal a hierarquia e funcionalidade dos elementos (como demonstrados na função da arquitetura) e a segurança vai procurar um ambiente em série de acontecimentos, séries que vai ser preciso regularizar num contexto multivalente e transformável. O espaço próprio da segurança remete série de acontecimentos possíveis e aleatórios, no qual Foucault vai designar de meio.
Na definição sobre o meio, seria um certo número de efeitos de massa que agem sobre todos que aí residem, ou seja, tudo que gera à circulação, na qual existe encadeamento circular dos efeitos e das causas, já que o que é efeito de um lado, vai se tornar causa, do outro. Como exemplo, dado pelo próprio Foucault, quanto maior aglomeração desordenada, mais miasmas (conceito emanação mefítica originada de matérias pútridas, antes do conceito da microbiologia), mais se ficará doente, podendo gerar mortes, que gerara cadáveres, que emanaram mais miasmas. Portanto, é esse fenômeno de circulação das causas e efeitos através do meio.
Por fim, Foucault rege sua análise na problemática do soberano mediante a essas situações, no qual este, não é mais aquele que exerce seu poder sobre um território geográfico, através de uma soberania política, e sim, sobre o meio. Portanto, um dos principais pontos na implementação dos sistemas de segurança, seria um projeto, de uma técnica política que se dirigiria ao meio.

Continue navegando