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Aula 03 Social Democracia

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FIED – Faculdade Ieducare 
Bacharelado em Direito
Cadeira de Economia Aplicada ao Direito
NOTA 03 A crise do liberalismo II. A social-democracia e a tentativa de construção de um modelo intermediário.
Durante o Séc. XIX teve grande repercussão as idéias socialistas de Karl Marx, especialmente diante da visível concentração de renda que se verificava nos países que haviam adotado o modelo liberal, bem como diante do crescimento da classe operária e dos sindicatos.
No entanto, um grupo de “dissidentes” do socialismo, compreendeu que o modelo revolucionário proposto por Marx, com a previsão da abolição pura e simples das classes sociais e a estatização total dos meios de produção, não só era impraticável, do ponto de vista prático, como somente seria alcançado com a abolição do sistema democrático e a adoção de modelos ditatoriais, com os quais não concordavam.
Diante disso, o movimento social-democrata moderno se concretizou através de uma ruptura no movimento socialista no final do séc. XIX e início do século XX. Em linhas gerais esta ruptura se originou na divisão de crenças entre aqueles que insistiam na revolução política como pré-condição para atingir o socialismo e os que defendiam que era possível e desejável atingir o socialismo através de uma evolução política gradual.
Portanto, em um primeiro momento, a Social-Democracia estava próxima do Marxismo, porque ambos continuavam pregando a abolição do capitalismo, divergiam apenas em relação ao método e ao regime a ser implantado. Com o tempo, contudo, as diferenças entre o Marxismo e a Social-Democracia foram se aprofundando:
Historicamente, os partidos social-democratas advogaram o socialismo de maneira estrita, a ser atingido através da luta de classes. No início do século XX, entretanto, vários partidos socialistas começaram a rejeitar a revolução e outras ideias tradicionais do marxismo como a luta de classes, e passaram a adquirir posições mais moderadas. Essas posições mais moderadas incluíram a crença de que o reformismo era uma maneira possível de atingir o socialismo. No entanto, a social-democracia moderna desviou-se do socialismo, gerando adeptos da ideia de um Estado de bem-estar social democrático, incorporando elementos tanto do socialismo como do capitalismo. Os sociais-democratas tentam reformar o capitalismo democraticamente através de regulação estatal e da criação de programas que diminuem ou eliminem as injustiças sociais inerentes ao capitalismo, tais como Rendimento Social de Inserção (Portugal), Bolsa Família (Brasil) e Opportunity NYC. Esta abordagem difere significativamente do socialismo tradicional, que tem como objetivo substituir o sistema capitalista inteiramente por um novo sistema económico caracterizado pela propriedade coletiva dos meios de produção pelos trabalhadores.
Atualmente em vários países, os sociais-democratas atuam em conjunto com os socialistas democráticos, que se situam à esquerda da social-democracia no espectro político. No final do século XX, alguns partidos sociais-democratas, como o Partido Trabalhista britânico e o Partido Social-Democrata da Alemanha, começaram a flertar com políticas econômicas liberais, originando o que foi caracterizado de "Terceira Via". Isto gerou, além de grande controvérsia, uma grave crise de identidade entre os membros e eleitores desses partidos.
A origem da Social-Democracia é alemã, especialmente com a Associação Geral dos Trabalhadores Alemães (Ferdinand Lassalle), o Partido Social Democrata dos Trabalhadores da Alemanha (que se fundiram para dar origem ao Partido Social-Democrata da Alemanha ou SPD), mas também temos a Federação Social Democrata Britânica e o Partido Operário Social-Democrata Russo
Uma grande contribuição às idéias da social-democracia, embora formalmente rejeitasse isso, veio da Igreja Católica, que formulou os postulados de uma doutrina política e social que contemplasse a classe operária e a distribuição de renda.
Rerum Novarum: sobre a condição dos operários (em português, "Das Coisas Novas") é uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII a 15 de maio de 1891. Era uma carta aberta a todos os bispos, sobre as condições das classes trabalhadoras. em que as ideias distributivistas de Wilhelm Emmanuel von Ketteler e Edward Manning tiveram grande influência na sua composição.
A encíclica trata de questões levantadas durante a revolução industrial e as sociedades democráticas no final do século XIX. Leão XIII apoiava o direito dos trabalhadores formarem a sindicatos, mas rejeitava o socialismo ou social democracia e defendia os direitos à propriedade privada. Discutia as relações entre o governo, os negócios, o trabalho e a Igreja.
A encíclica critica fortemente a falta de princípios éticos e valores morais na sociedade progressivamente laicizada de seu tempo, uma das grandes causas dos problemas sociais. O documento papal refere alguns princípios que deveriam ser usados na procura de justiça na vida social, económica e industrial, como por exemplo a melhor distribuição de riqueza, a intervenção do Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos e a caridade do patronato à classe operária.
A encíclica veio completar outros trabalhos de Leão XIII durante o seu papado (Diuturnum, sobre a soberania política; Immortale Dei, sobre a constituição cristã dos Estados e Libertas, sobre a liberdade humana) para modernizar o pensamento social católico e da sua hierarquia.
Pelos sucessores no papado foi denominada de "Carta Magna" do "Magistério Social da Igreja" e com ela deu-se início à sistematização do pensamento social católico, passado ser o pilar fundamental da Doutrina Social da Igreja a que hoje assistimos
Sendo assim, o modelo intitulado Social-Democrata moderno surge para tentar trazer a tão almejada justiça social mas, antes de um processo revolucionário, prega uma evolução política legislativa, com as seguintes idéias:
Manutenção da propriedade privada, mas com o Estado intervindo na atividade econômica para promover uma distribuição de renda mais igualitária.
Sistema de democracia representativa, sem diferenças entre as classes.
Forte atuação do Estado na área social, composta de saúde, educação, previdência, direitos trabalhistas.
Tributação elevada para sustentar os gastos sociais.
Estado empresário em áreas tidas como estratégicas.
A necessidade de uma maior intervenção do Estado na atividade econômica e de garantia dos chamados direitos sociais, especialmente os trabalhistas, gerou, no campo jurídico, o surgimento das chamadas Constituições Programáticas, como a Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar.
A Constituição do México de 1917 (nome oficial: Constitución Politica de los Estados Unidos Mexicanos que reforma la del 5 de febrero de 1857) é a atual lei suprema da federação mexicana. Foi promulgada em 5 de Fevereiro de 1917 pela Assembléia Constituinte reunida na cidade de Querétaro entre 1 de Dezembro de 1916 e 31 de Janeiro de 1917, entrando em vigor no dia 1 de Maio seguinte. A Assembleia Constituinte foi convocada por Venustiano Carranza Primeiro-Chefe do Exército Constitucionalista, encarregado do poder executivo, em cumprimento do estabelecido no plano de Guadalupe. Substituiu a Constituição do México de 1857.
Foi a primeira constituição da História a incluir os chamados direitos sociais, dois anos antes da Constituição de Weimar de 1919.
A Constituição de Weimar (alemão: Weimarer Verfassung) ou, na sua forma portuguesa, Veimar, oficialmente Constituição do Império Alemão (alemão: Verfassung des Deutschen Reichs) era o documento que governou a curta República de Weimar (1919-1933) da Alemanha. A Constituição declarou a Alemanha como uma república democrática parlamentar. Ela tecnicamente permaneceu em vigor durante toda a existência do Estado LiberalTerceiro Reich. A Constituição de Weimar representa o auge da crise do do século XVIII e a ascensão do Estado Social do século XX. Foi o marco do movimento constitucionalista que consagrou direitossociais, de segunda geração/dimensão (relativos às relações de produção e de trabalho, à educação, à cultura, à previdência) e reorganizou o Estado em função da Sociedade e não mais do indivíduo. h�

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