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Capitulo_11

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XI
A ACLIMAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Heredity gives ability; environment furnishes opportunity – 
PEARSE (1918).
But the study of variation leads inevitable to the conclusion 
that the inherent characteristics are all important, and that 
theeffect of environment is not much more than to give them 
opportunity to develop. - DONCASTER.
1 Aclimação e aclimamento
Aclimar é adaptar ao clima, ou dizendo melhor, a outro diferente do clima 
nativo. A aclimação será, então, um processo por que passa a raça, para se adaptar 
a novo clima. É o ato ou a ação de aclimar.
Aclimamento vem a ser o resultado desse processo de adaptação a um novo 
clima.
Esta distinção é feita por FIGUEIREDO, quando diz: aclimação é o ato de 
aclimar, aclimata mento é o efeito da aclimação. Distinção que precisamos adotar 
para compreensão do problema da adaptação das raças melhoradas européias aos 
climas tropicais e subtropicais dos países como o Brasil.
Aqui o conceito de clima se amplia ao extremo, compreendendo o clima 
propriamente e as demais condições do meio, inclusive os recursos naturais de 
provisão. E em se tratando de animais domésticos, temos que incluir também os 
processos de criá-los, como fator essencial, e lembrar ainda as pragas e moléstias 
próprias do novo ambiente, pois estas, em determinadas circunstâncias, constituem 
um dos fatores dos mais sérios e difíceis de vencer, na prática da aclimação. A 
“Tristeza bovina”, por exemplo, é um obstáculo a considerar, entre nós, na aclimação 
das raças bovinas dos climas temperados. Entretanto, como o clima é o fator mais 
importante, a ponto de ser considerado como limitante da produção animal, dai o 
termo aclimação, para abranger tudo.
A adaptação, em essência, é um ajustamento, uma apropriação do 
organismo as condições exteriores da existência (CUÉNOT 1925). Trata-se de 
fenômeno eminentemente vital. E a respeito dele muito se tem escrito e discutido, 
notadamente quando se procura explicá-lo, compreender sua origem, seu mecanismo 
íntimo. E que esse é o ponto de divergência entre as escolas biológicas do 
evolucionismo, das quais; a Lamarckista e a Darwinista são as mais importantes.
Na adaptação, o papel do meio é ou não é o mais importante? - pergunta-
se. Como se sabe, os Lamarckistas respondem sim, e os Darwinistas, mormente os 
neo-Darwinistas, dizem não.
Na verdade, o meio é passivo, no fenômeno da adaptação. Esta se processa, se 
os indivíduos possuem aquelas virtualidades proféticas (CUÉNOT, 1925) já 
anteriormente referidas. Isto é, a adaptação depende das possibilidades do próprio 
animal, em se adaptar. E não do meio ambiente, que apenas exerce o seu papel de 
crivo, de “selecionador natural” das formas vivas. “Uma espécie perfeitamente 
adaptada ao seu ambiente pode ser destruída, diz DOBZHANSKY (1939), por uma 
mudança neste se ela não possuir certa capacidade de variação disponível, na hora 
da necessidade”.
É que as variações perduráveis são de origem endógena, dependem do 
plasma germinal, que poderá ou não variar no sentido de uma adaptação feliz. O 
quase aforismo de PEARSE (1932) resume isto muito bem. “A hereditariedade dá a 
162
possibilidade; o ambiente fornece a oportunidade”.
Por isso é que, nem sempre, esse ajustamento tem a mesma intensidade. Varia 
com o ser vivo com a sua capacidade de adaptação ao novo meio, para onde foi 
levado por circunstâncias especiais. Daí as possibilidades diferentes do fenômeno da 
aclimação, conforme o caso. Possibilidades que vão desde sua ausência ou falta de 
adaptação até a naturalização ou forma mais completa de adaptação.
Creio que, com os conhecimentos atuais, no domínio da biologia, não seria 
possível explicar melhor o fenômeno da adaptação das plantas e dos animais a 
novas condições de meio, o que constitui a garantia para aclimação genética das 
raças. O fato de certa raça não se aclimar em determinada região, enquanto que 
outra o consegue facilmente, é uma prova dessa hipótese biológica, que pretende 
explicar a aclimação e que devemos a CUÉNOT, NILSSON-EHLE e DAVENPORT. 
“Os seres vivos, explica este último, possuem inteiramente constituídos, quanto a 
forma, quanto a estrutura, todos os órgãos necessários para viverem em 
determinado ambiente, muito antes de nele penetrarem”.
A adaptação assim entendida é um processo, portanto, em que o animal tem 
função ativa e o ambiente é passivo, age com a sua presença. No animal é que 
devemos procurar aquilo que o torna adaptável ao ambiente. E isto é possível devido 
à variabilidade dos seres vivos, como sabemos. Variabilidade que vamos encontrar até 
dentro da mesma raça. Nas raças puras há, na verdade, grande uniformidade, mas 
lembra LEE (1953) “que isto pode ser verdade, geralmente, para os caracteres - 
anatômicos como conformação corporal, cor da pelagem, natureza dos pelos etc., 
mas não é tanto assim para os caracteres fisiológicos; se diversos animais, de uma 
raça pura, forem submetidos as mesmas condições ambientes encontraremos larga 
variação na natureza e extensão das respostas; e há evidência crescente de que 
grande parte dessas variações é de natureza genética”. E conclui ele: “Enquanto 
que a herança genética dos membros de uma raça pura podem ser estreitamente 
semelhantes para aqueles caracteres anatômicos (nós diríamos “exteriores”), eles 
podem ser bem diversos com relação as funções fisiológicas, que determinam a 
tolerância ao calor”.
Considerando-se as coisas com mais rigor, verifica-se que essa uniformidade, ou 
dizendo de outro modo, que a variabilidade nas raças puras não é posta em 
evidência, devido a escolha rigorosa, a que submetemos os reprodutores, a fim de 
que os rebanhos se aproximem, morfologicamente, o mais possível do padrão da 
raça. É que em verdade eles são de constituição genética que está longe de ser 
homozigota, o que é a razão da variabilidade deles. Demais, o criador tem 
possibilidades de provocar o aparecimento de novas combinações genéticas, 
realizando cruzamentos (como estão sendo feitos) para obter animais com capacidade 
de vitória no novo ambiente*. A ele cabe, então, insular, dentro dessa variabilidade 
(natural ou provocada por ele), as novas formas que surgem, e que se mostrem 
manifestamente adaptadas e produtivas. Daí o acerto da expressão de NILSSON-
EHLE (1911): “A aclimação consiste no aumento da proporção das formas adaptadas 
ao novo ambiente”.
Quando se poderá dizer que uma raça está, enfim, aclimada? Quando sua 
fórmula biológica, solicitada pelo ambiente mostrou-se capaz de aí prosperar e 
produzir - o que torna a raça estável e preciosa do ponto de vista econômico. E isto se 
verificará (no caso de aclimação dos animais, nos trópicos), pela sua tolerância ao 
calor, pelo seu prove cesso de desenvolvimento, produção, e pela sua eficiência na 
utilização dos alimentos, sua alta fertilidade e a baixa incidência de moléstias e de 
ectoparasitísmo tropicais.
163
2 Importância da adaptação ao clima para a pecuária brasileira
Todas as espécies domésticas, criadas no Brasil, vieram de outros climas. 
Aqui não havia animais domésticos antes da colonização européia. Por isso, as raças 
dessas espécies tiveram de passar, aqui, por uma adaptação. E é justamente esse 
processo de adaptação das raças européias, às nossas condições ambientes, que 
constitui o grande embaraço do criador brasileiro, e que se transforma no grande 
problema de nossa pecuária.
Por isso é mais importante ser adaptado do que ser puro (JOHANSSON, 
1952).
País tropicalprecisamos antes de tudo adaptar raças melhoradas, da zona 
temperada, as condições tropicais, de mais 4/5 da nossa extensa área geográfica. É 
indiscutível, portanto, a enorme importância da adaptação para o melhor êxito da 
criação de qualquer espécie doméstica, entre nós, proveniente de clima não 
tropical.
Vimos já, também, que essa influência do fenômeno da adaptação é tão 
grande, na nossa produção pecuária que a própria definição de zootecnia deve ser 
formulada, entre nós, tendo em vista esse fenômeno mesmo.
Mas podemos verificar certa preocupação, até mesmo nos países europeus, 
em considerar a1 importância desse fenômeno também para elas mesmas. É o que se 
depreende da seguinte afirmativa do Prof. JONG, do Instituto Agronômico de 
Wageningen, no V Congresso Internacional de Zootecnia (1950): “Uma boa 
capacidade de adaptação é naturalmente de particular importância, nas raças 
destinadas a exportação, mas essa qualidade é precisa também nas raças locais, 
visto que em cada região de criação, as condições podem variar muito de um lugar 
para outro”.
3 A reação dos animais ao ambiente tropical
No problema da aclimação nos interessa saber, de modo fundamental, o que 
ocorre com os animais que pretendemos criar e explorar no nosso meio. No capítulo 
anterior, já vimos como agem certos fatores do clima, e agora nosso fito é verificar as 
diferenças de reação dos diversos animais quando submetidos aos fatores do clima 
tropical. Nem todas as espécies, raças, linhas, indivíduos reagem igualmente. Há 
uma evidente diferenciação, o que permite o processo de aclimação, quando essa 
diferenciação é no sentido vantajoso do animal e de sua descendência.
Os estudos de climatologia animais, como já foram dito, despertou maior 
interesse e se desenvolveram, justamente, com a verificação de que havia sensíveis 
diferenças nos animais, quando examinadas as reações que o clima tropical 
provocava em bovinos introduzidos e naqueles nativos, e ainda nos mestiços entre 
os dois grupos.
As primeiras observações dos técnicos ou mesmo de Zootecnista se fixavam na 
sua disposição para viver, no seu desenvolvimento corporal e na sua produção 
econômica. O resultado dessas observações era desanimador, e daí dizer-se que, nos 
trópicos, dá-se um processo de degeneração das raças melhoradas, européias, 
principalmente das bovinas. Principalmente das bovinas porque elas representam 
maior interesse na produção de alimentos: carne e leite.
Estudando a produção animal na Jamaica, HAMMOND (1932) externou-se, 
1Caso da formação de novas raças para os trópicos: “Santa Gertrudis”, por exemplo, que resultou da 
crusa entre Shorthon e Zebu, realizada no King Ranch (Texas); e que esta sendo feita, no Brasil, na 
Fazenda do Canchim (São Carlos – S.P.), do Ministério da Agricultura, com o Charolês e o Zebu.
164
dizendo: “É difícil duvidar-se de que as raças européias, mesmo quando puras, não 
percam gradativamente suas qualidades, nas condições da Jamaica, e de que não 
serão necessárias importações repetidas para que elas mantenham sua forma e 
constituição”.
RHOAD (1935), observando o comportamento de gado leiteiro europeu, puro 
sangue, no Brasil, verificou que, com rações balanceadas, esse gado produzia apenas 
56%, de sua capacidade produtiva2.
FRENCH (1941) escrevendo para a África Oriental, no intuito de demonstrar 
os transtornos, que sofrem os criadores ali, na tentativa de melhorar seus rebanhos, 
com a introdução de raças européias - diz que esses transtornos estão difundidos 
através de todas as zonas tropicais e subtropicais da Terra, não sendo um problema 
apenas de Tanganica; “e que as causas estão nas raças européias, na sua incapacidade 
de se adaptarem adequadamente a um ambiente tão diferente daquele para o qual elas 
foram originariamente criadas”.
PHILLIPS (1948), estudando os rebanhos das regiões de ambiente desfavorável, 
opina que a introdução, nos trópicos, de raças melhoradas, notadamente 
especializadas na produção de leite, tem apresentado resultados muitas vezes 
desfavoráveis, e algumas vezes desastrosos.
Recentemente BONSMA (1955) na reunião de Zootecnista realizada em 
1953, no King Ranch (Texas, EE. UU.), escreveu: “o fato de que muitas raças de 
animais domésticos, originadas do hemisfério norte, não prosperam no ambiente 
tropical e subtropical, não pode mais ser negado”.
Finalmente, temos nossa experiência, no Brasil, onde desde fins do século 
passado, e notadamente nos primórdios deste, foram feitas importações das raças 
melhoradas européias, e até agora continuamos a importá-las. As tentativas de aclimá-
las tem sido desastrosas ou pouco favoráveis várias vezes, ou apenas esperançosas por 
vezes, ou vitoriosas também em alguns casos, conforme as condições das regiões 
onde ela se processou (diferenças que adiante servirão para exemplificar as 
modalidades de acoitamento).
A verificação desses resultados pouco animadores ou desastrosos, na criação de 
gado europeu, nos trópicos, ampliou-se a partir da observação de que o animal 
europeu apresenta modificações na sua fisiologia, que o põem em condição negativa 
para sua vitória sobre o meio.
Tais modificações, ainda, se mostram em grau diferenciado conforme a 
raça e dentro da raça,
Conforme os indivíduos considerados, o que já foi dito, e veremos nos 
demais parágrafos, que se seguem, neste capitulo. Essas reações foram estudadas 
na temperatura e respiração dos animais, na sua pulsação e na taxa de hemoglobina de 
sangue, na sua reprodução, nos seus hábitos de pastejo, e, finalmente, em algumas 
das suas funções produtivas.
4 Reação na temperatura corporal e no ritmo respiratório
Estas foram às alterações por primeiro estudadas e medidas. Deve-se a 
RHOAD (1936, 1938), REGAN e RICHARDSON (1938) e a BOSMAN, SCHOLTZ e 
BADENHORST (1940) os primeiros registros mais significativos, e que abriram o 
campo da climatologia zootécnica. Entre as reações de natureza puramente 
fisiológica, são estas as mais evidentes e as mais importantes: elevação do ritmo 
respiratório e da temperatura corporal.
Sabemos que o calor corporal, dos animais homeotérmicos, como é o caso dos 
2A. O. RHOAD ( 1935) – The Dairy Cow in the Tropics. Amer. Soc. Anim. Prod. Proc. 28: 212-214.
165
animais domésticos (com exceção daqueles da Classe Insecta e Pisces), provém de 
três fontes:
I - do próprio animal, seja do seu metabolismo, que se processa na 
intimidade dos tecidos do organismo, seja da atividade da microflora do aparelho 
digestivo (em quantidade mínima e muito pouco variável);
II - da radiação solar, direta ou refletida; 
III - do calor ambiente, por condução.
O calor proveniente do metabolismo é produzido por oxidações, que se 
processam no protoplasma das células, dos músculos e das glândulas. Aqueles e 
estas constituem, assim, a fonte principal de produção do calor corporal, originado 
pelo metabolismo. Os experimentos mostram que, durante o trabalho muscular, mais 
de 80% do calor do corpo é produzido nos músculos do esqueleto, e o fígado 
(devido ao seu volume e intenso metabolismo) segue-se em importância neste 
particular (DUKES, 1955).
Nos trópicos, a aquisição de calor, devido a radiação solar, a mais intensa, 
podendo atingir níveis muito elevados, em certos casos. O calor resultante da 
radiação solar, absorvida durante o dia, é quase três vezes o total do calor 
metabólico produzido durante o período de 24 horas (RIEMERSCHMID, 1943). 
A aquisição de calor por condução é rara, e mesmo nos trópicos, relativamente 
pequena.Temperatura Média das Principais Espécies
ANIMAL Média em 
graus centígrados
Extremos 
°C.
Autor
Garanhão
Égua
Vaca de corte
Vaca de leite
Carneiro
Cabra
Porco
Cão
Gato
Coelho
Galinha (de dia)
37,6
37,8
38,3
38,6
39,1
39,9
39,2
38,9
38,6
39,5
41,7
37,2 – 38,1
37,3 – 38,2
36,3 – 39,1
38,0 – 39,3
38,3 – 39,9
38,7 – 40,7
38,7 – 39,8
37,9 – 39,9
38,1 – 39,2
38,6 – 40,1
40,6 – 43,0
Fontaine
Fontaine
Hewit
Woolridge
Clawson
Damant
Palmer
Friedman & Bennett
Hobday
Frothingham & 
Minott
Fronda
H. H. Dukes – The physiology of Domestic Animals 7Th Edit. Y. - 1955.- Ithaca, N. 
A temperatura do animal varia do dia para a noite, sendo maior na segunda 
metade do dia, e menor a noite, com e repouso ou o sono (BRODY, 1945).
Sabemos também que a temperatura corporal, nas raças de clima temperado, 
de Bos taurus, é de 38,33°C (BRODY, 1945), em condições normais, a temperatura 
ambiente de 10°C; e que o ritmo respiratório para o mesmo gado, nas condições de 
10 a 15°C de temperatura ambiente, é de 23/minuto, com grandes variações 
(FINDLAY, 1950).
Subindo a temperatura ambiente, a temperatura corporal tende a aumentar, 
bem como o ritmo respiratório, mas este aumento varia com a raça, e dentro da 
raça há variação, também. Individual.
166
A primeira experiência de RHOAD (1936) foi justamente um estudo realizado 
no Brasil3, para verificar a reação do ritmo respiratório, em animais de sangues 
diferentes. Tratava-se de 5 Holandeses importados, 11 mestiças Holando-zebus (3/4 a 
15/18 Holandesas) e 2 zebus.
Quando a temperatura ultrapassou 28°C todos os animais aceleraram, de 
modo sensível, seu ritmo respiratório, com exceção do Zebu, como se vê no Quadro 
abaixo, e no gráfico que o interpreta (fig., 46),
Ritmo Respiratório por Minuto a Várias Temperaturas do Ar
 
Animais 10,5° 18,9° 22,7° 28,9° 36,1°
Holandesas
Mestiças H-Z
Zebus
28
20
23
30
22
23
44
30
27
92
74
35
107
89
46
Pelas observações posteriores de RHOAD (1955), nos Estados Unidos 
(Louisiana, 1938), é possível admitir:
a) a evidência de que a temperatura e o ritmo respiratório aumentam e 
diminuem quando a temperatura do ar aumenta ou cai durante o transcurso do 
dia;
b) estas duas reações são em grau maior, pelo aumento da temperatura do 
ar, em animais da espécie Bos taurus (representada pela raça Polled Angus), do 
que naqueles da espécie B. indicas (representada por indivíduos da raça Guzerá).
Figura 46 – Efeito da temperatura ambiente sobre o ritmo respiratório em reses 
Holandesas, Zebus e Mestiças. (Adaptado de Rhoad, 1936 – Findlay, 1950).
Estas observações foram feitas a campo, e assim foi possível verificar os 
efeitos da radiação solar, nas condições climáticas do verão, no sul dos Estados 
Unidos (Louisiana). Segundo as observações de RHOAD, os animais a ela 
3ALBERT O. RHOAD, zootecnista norte-americano, foi professor de Zootecnia na 
Escola Superior de Agricultura, de Viçosa – MG, em 1928-1935. Faleceu em 1955 nos 
Estados Unidos.
167
expostos podem entrar até num estado febril, ou dizendo melhor, de hipertermia 
(palavra de LUSK). Tal condição febril não se manifesta em B. indicus, indicando 
sua capacidade de adaptabilidade às temperaturas elevadas dos trópicos.
Efeito da Temperatura do Ar sobre a Temperatura Corporal
 (Resumo de Regan e Richardson, 1938, e de Bonsma, Scholtz e Badenhorst, 1940).
Enquanto o Polled Angus alcançou a temperatura máxima de 41,1°C no 
decurso do dia de observações, o Zebu teve seu máximo de 38,5°C. Quer dizer, o 
Angus atingiu um estado de hipertermia, enquanto que o Zebu pouco se alterou 
admitindo-se a temperatura de 38,33°C como a normal.
Quanto ao ritmo respiratório, enquanto que o Angus teve seu máximo de 130/
minuto, no mesmo dia o Zebu não ultrapassou o máximo de 43/minuto.
Estes são números extremos, tomados do trabalho de RHOAD (1938), que 
põem em evidência a reação diferente, de animais pertencentes a tipos étnicos 
diversos, adaptados cada um a climas também diferentes.
Essa diferença étnica é a base da diferença genética, tanto assim que as 
mestiços entre as formas étnicas reagiram diferentemente, como se pode ver dos 
gráficos que ilustram este parágrafo. Quanto maior a carga genética da raça 
Angus (3/4 de sangue) maior a reação; e quando ela está em igualdade de 
condições (1/2 sangue), a reação diminui, aproximando-se da reação do Zebu, o 
que permite concluir pela dominância genética deste, no caso.
A partir dessas primeiras observações, multiplicaram-se os trabalhos 
experimentais nesse terreno, e hoje há um bom número deles, confirmando as 
observações pioneiras, concluindo-se por admitir uma influência:
1) Na temperatura corporal, no seguinte sentido:
a) as altas temperaturas do ar, que se observam nos climas tropicais, 
provocam sensível influência no gado bovino das raças de climas temperados e 
muito pequenos nas raças de climas tropicais;
b) Os mestiços dessas duas formas étnicas apresentam reação tanto maior quanto 
maior a carga do sangue de B. taurus, e menor quanto maior o sangue de B. 
indicus, e, neste caso, verifica-se uma dominância genética da raça indiana;
c) os bezerros sofrem mais a influência das altas temperaturas do que a fêmea 
adulta (RIECK e LEE, 1948).
d) quando exposto a radiação solar direta é que o animal pode apresentar o 
máximo de reação atingindo o estado febril;
e) nos trópicos, os animais apresentam curva térmica com um máximo em torno 
de 11 h ao meio dia, e outro no fim da tarde; essa curva é irregular, não sendo a 
TEMPERATURA 
AMBIENTE °C
TEMPERATURA CORPORAL
Holandês Jersey Angus Hereford
10,0
21,1
23,9
27,2
29,0
32,2
37,7
38,33
-
39,0
-
-
-
-
38,33
38,5
38,6
-
-
39,26
40,6
38,33
-
-
39,38
39,4
40,1
41,2
38,33
-
-
39,0
39,33
39,33
39,66
168
mesma para todos os animais, cada dia, o que deve decorrer do fato de serem vários 
os fatores que influem sobre a temperatura do animal (DUCKWORTH e 
RATTRAY, TRINIDAD, 1946);
f) ao serem introduzidos nos trópicos, a maior parte dos animais das raças 
exóticas melhoradas, de corte, cessa a ruminação quando a temperatura ambiente sob 
além de 32,2°C (BONSMA, 1940).
g) a reação do animal as altas temperaturas varia individualmente com o 
estado de nutrição, a prenhez, a lactação, o estado de saúde (FINDLAY, 1950).
Figura. 47 – Efeito da temperatura ambiente sobre a temperatura corporal em 
bovinos Angus p. s. e mestiços com Zebu – à sombra e ao sol (Adaptado de 
Rhoad,1938 – Findlay, 1950).
Figura. 48 – Efeito da temperatura sobre o ritmo em Angus e mestiços com Zebu. 
(Adaptado de Rhoad,1938 – Fidlay, 1950).
2) Na temperatura da pele:
Além da temperatura corporal, temos que considerar também a temperatura da 
pele, que é diferente daquela. Não é fácil medir a temperatura da pele: sua 
técnica não tem a simplicidade da tomada da temperatura retal. Por isso são 
poucas ainda as observações a respeito, nos animais domésticos. É natural que ela deva 
ser maior quando o animal está ao sol, do que a sombra, influindo também o 
próprio animal. QUINLAN e RIEMERSCHMID (1941) mediram a temperatura de 
um touro Sussex (Onderstepoort, África do Sul) e obtiveram os seguintes dados. 
169
Um aumento de 1 grau F na temperatura ambiente provocou um aumento de 0,28 
grau na temperatura da pele, quando o animal exposto ao sol, e 0,31 grau quando a 
sombra, diferença esta estatisticamente válida. Verificaram eles tambémque a 
elevação do 1°F, na temperatura corporal, provocou a elevação de 2°F quando o animal 
ao sol, e 2,6°F quando na sombra. Outra conclusão, que FINDLAY se permitiu tirar 
dessas observações, é que, dentro de certos limites, a temperatura da pele cresce com 
a melhoria do arraçoamento, o que deve não constituir vantagem aos animais nos 
climas quentes.
3) No ritmo respiratório:
a) o ritmo respiratório se acelera com o aumento da temperatura ambiente, 
mostrando-semais pronunciado acima das temperaturas de 26,6 a 29,4°C;
b) o aumento da umidade acelera o ritmo respiratório, a altas temperaturas; 
porém o efeito da umidade é menor a baixas temperaturas;
c) do mesmo modo que a temperatura, o ritmo respiratório se acelera 
quando o animal é exposto a radiação solar direta: ela é maior no Polled Angus e 
muito menor no Zebu;
d) ainda do mesmo modo que no caso da temperatura, há influência da raça 
no modo de reação, quanto ao ritmo respiratório; assim as raças de B. taurus 
(Holandesa e Polled Angus) apresentam maior reação, seguindo-se seus mestiços 
com o Zebu, e finalmente o Zebu puro, cuja reação é nenhuma ou quase.
Figura. 49 – Ritmo respiratório em gado europeu e gado tropical, com o aumento da 
temperatura ambiente. (De Findlay, 1950 – segundo dados de Gaalaas, de Regan & 
richardson, de Rhoad, e de Bonsma, Scholtz e Badenhorst).
5 Pulsação e taxa de hemoglobina
O pulso normal de um indivíduo adulto, da espécie Bos taurus, é de 60-70 
pulsações/minuto. Estes números variam muito, com diversos fatores. Nos animais 
170
jovens o pulso é mais acelerado, pois neles registram-se 70-90 pulsações/minuto.
A variação da pulsação resulta da influencia exercida pelo sistema nervoso., pelo 
estado de nutrição do animal, a gestação e ainda a lactação. A exposição do animal ao sol 
provoca o aceleramento de seu pulso. Mas em circunstâncias normais, quando se dá 
aumento na temperatura do ar, se houver alterarão da pulsação, está será no sentido de 
torná-lo menos rápido (REGAN e RICHARDSON, 1938 e BRODY, 1945). as 
observações posteriores de RIECK e LEE (1949), em câmara climática, concluem que o 
efeito da tem temperatura do ar sobre a pulsação é diminuta e inconsistente. Já o 
aumento da umidade determinou o aumento da pulsação.
Das experiências de BONSMA e PRETORIUS (1943), conclui-se que, exposto ao 
sol, há um aceleramento da pulsação, que cai com o tempo chuvoso e nublado. À sombra, a 
pulsação apresenta pouca variabilidade.
A taxa de hemoglobina se modifica quando indivíduos Bos Taurus, de clima 
temperado, são trazidos para os trópicos, segundo MANRESA e ERCE (1940), essa taxa é 
anormalmente baixa, enquanto que a Zebu, nas mesmas circunstâncias tropicais, é 
equivalente à do gado nos climas temperados. Demais, a taxa de animais europeus 
introduzidos aumenta nos meses de temperatura mais baixa e cai nos meses mais quentes; e 
os leucócitos aumentam quando a temperatura se eleva.
As raças tropicais, de bovinos, apresentam mais eitrócitos por mm³ de sangue do 
que aqueles dos climas temperados; possuem mais leucócitos e seus glóbulos vermelhos são 
menores (FINDLAY, 1950). A alta taxa de hemoglobina, admiti-se, parece associada uma 
maior adaptabilidade aos trópicos, podendo servir como uma medida ou um indicativo de 
tal adaptabilidade e, diz FINDLAY (1955), está conclusão foi recentemente confirmada 
(RUSSOF, FRYE e SCOTT, 1951).
No puro-sangue de corrida, o número de hemácias é maior do que nos cavalos 
comuns (HANSEN et Al, cit de DUKES, 1960), o que se deve tomar como maior 
capacidade fisiológica, sob certo aspecto.
6 Hipertermia e dissipação do calor
Já vimos que a hipertermia 4 é uma reação de certos animais expostos as 
condições tropicais, e que apresentam, antecipada e paralelamente, um 
aceleramento visível do ritmo respiratório. Esse estado febril é natural que 
tenha repercussão sobre toda a fisiologia do animal, e indica sua incapacidade 
para viver ou adaptar-se ao clima tropical. Dai a necessidade e a importância de 
estudar-se o que se passa com esses animais, e ainda a razão por que os de clima 
tropical não tem alterada sua fisiologia, com a elevação da temperatura ambiente e 
com a intensa radiação solar. E mesmo no caso de alteração, esta será tão 
diminuta que não criará dificuldades para o animal viver.
O que ocorre com esses animais é conseqüência de uma incapacidade na 
auto-regulação do calor. E1es se aquecem demais, não possuindo meios de dissipar 
esse excesso de calor. Há uma perturbação na sua termólise, como conseqüência de 
uma termogénese, que não puderam conduzir.
O calor corporal, já sabemos como se origina (parte é proveniente do 
próprio animal - metabolismo etc. - e parte do ambiente - radiação solar). Convêm 
lembrar, porém, que para manter sua temperatura, diferem um pouco os animais de 
climas temperados e de climas tropicais. Naqueles climas, é grande a diferença entre 
4A ex p r e s s ã o “ h i p e r t e r m i a ” f o i im a g i n a d a p o r LU S K ( 1 9 2 8 ) , p a r a e v i t a r 
c o n f u s ã o c o m o t e r m o “ f e b r e ” p r i v a t i v o d a e l e v a ç ã o d e t e m p e r a t u r a c o r p o r a l 
c a u s a d a p o r ge r m e s p a t o gê n i c o s .
171
a temperatura ambiente e a temperatura do animal. Então, o calor produzido 
pelo seu metabolismo, desde o mais essencial, até aqueles mais intensos, que se dá 
na gestação, na lactação, no trabalho locomotor etc. constitui uma vantagem 
evidente para a regulação de sua temperatura corporal. E, então, um animal de 
porte, uma vaca leiteira, um cavalo de corrida não tem embaraços maiores em 
eliminar o excesso de calor, no ambiente de baixas temperaturas e de pequena 
radiação solar, onde vivem. Ao contrário, por vezes precisarão economizar esse calor.
Nos climas tropicais, teremos situação diferente, porque a radiação solar é 
grande e altas as temperaturas do ambiente, onde vive o animal. Este, então, quando 
se alimenta, quando produz leite, quando sustenta um feto, quando se movimenta. 
Adquire sobrecarga de calor, que precisa dissipar. Durante 8 horas de insolação, o 
animal pode receber 2 a 3 vezes a quantidade de calor, realmente produzida por ele 
nesse tempo (FINDLAY, 1950).
Quando o animal de clima temperado é trazido para os trópicos, dá-se 
então certa perturbação na sua auto-regulação do calor, sobrevindo a hipertermia, e 
dai a necessidade de dissipar essa sobrecarga de calor.
Sabemos que a dissipação do calor pode se dar por:
1.evaporação;
2.radiação;
3.convecção;
4 .condução;
5.respiração (elevação da temperatura do ar expirado);
6 . ingestão de água e alimentos frios.
Estes três últimos processos são de importância quase negligenciável. 
Somente os suínos e os bubalinos é que costumam utilizar o processo de condução, 
na dissipação do calor, visto seu hábito de se espojarem na lama ou meterem-se 
n’água. E o mesmo se pode dizer da Galinha, quando se “banha” na areia. A 
convecção só age quando o vento é mais frio do que o corpo do animal. A 
dissipação do calor, por meio da radiação, só pode ocorrer quando a 
temperatura ambiente é mais baixa do que a do animal, ou melhor, dizendo, de sua 
pele. Desde que esta seja igual ou superior, cessa a radiação.
A temperatura da pele depende, essencialmente, dessa diferença, entre a 
temperatura corporal e a temperatura ambiente, bem como da superfície externa 
em contato com o ar, e ainda da postura do animal: em pé ou deitado. Ela é 
menor do que a temperatura corporal interna. A temperatura média da pele em Bos 
taurus é de 33,6°Cquando a temperatura ambiente é de 25-90°C (RIEMERSCHMID e 
QUILAN, 1941).
Resta falar sobre a perda de calor por evaporação da água, seja pela pele, seja 
pelos condutos respiratórios. Este é o processo de que se serve o animal, geralmente, para 
manter sua temperatura normal, num ambiente quente. Para cada litro d’água 
evaporada, cerca de 600 calorias são dissipadas (BRODY, 1945), THOMPSON, 
McCROSKEY e BRODY (1949) verificaram que, no gado bovino, a evaporação é 
capaz de influir em mais de metade da perda total de calor corporal. Tratando-se 
de ovinos, essa perda é menos significativa, devido ao obstáculo que a lã representa 
(FINDLAY, 1950). Mas o mesmo já não se dirá para o caso do carneiro Deslanado 
de Morada Nova, cujo corpo é recoberto de pelos curtos e acamados, o que o aproxima, 
neste particular, da situação dos bovinos. Neles, portanto, deve ser levada a 
dissipação do calor por evaporação; e o mesmo deve ocorrer nos caprinas de 
pelo curto e dos asininos do Nordeste.
172
Daí se depreende que a pele é um órgão de ajustamento entre o animal e as 
variadas condições de seu ambiente, e foi o que puseram em relevo KELLEY (1932), 
BRODY (1945), LEE e PHILLIPS (1948-1950) e HAMMOND, (1949).
Para eliminar umidade através das vias respiratórias, o animal acelera a 
respiração; e esta é a primeira manifestação de que a temperatura ambiente não lhe 
é favorável; depois é que se dá a elevação da temperatura corporal, caso tenha 
fracassado o mecanismo de regulação do calor animal. Isto demonstra fraca 
capacidade reguladora, caso dos indivíduos de climas temperados, quando postos 
em condições de clima quente.
Aumentando o ritmo respiratório dá-se um aumento na dissipação do calor 
por dois meios: pelo aquecimento do ar inspirado e pelo aumento da evaporação, 
verificado nas vias respiratórias e nos pulmões (FINDLAY e BEAKLEY, 1957).
A dissipação do calor corporal, pela perda de água por evaporação, está 
relacionada com a umidade do ar. Assim, a uma temperatura elevada, a dissipação 
do calor, por esse processo, será dificultada se a alta temperatura se juntar um alto 
teor de umidade atmosférica.
O efeito da umidade atmosférica parece não ter muita importância na 
variação da dissipação do calor pela radiação corporal. Entretanto, a evidência 
experimental não sustenta este ponto de vista (DUKCWORTH e RATTRAY, 1946); 
assim MITCHELL e HAMILTON (1936), KRISO (1936) e LEITCH e THOMAS 
(1944) verificaram que a umidade atmosférica tem apenas um leve efeito ou efeito 
não bem definido na evaporação d'água pela superfície do corpo.
Essa perda de água pela pele é um processo corrente nos animais, e há muito que 
isto é conhecido; mas não se estabeleceu desde logo se essa eliminação de água se dá 
devido a atividade das glândulas sudoríparas ou se é um simples processo de 
evaporação, na epiderme (com exceção do caso do Homem) que é um animal que sua, 
como o Cavalo, o Jumento e o Burro. BRODY (1945), que não considerou o suor 
como uma forma importante de dissipação do calor, chega mesmo a dividir os 
animais, que mais nos interessam, em dois grupos: animais cujas glândulas 
sudoríparas são ativas, no processo de regulação do calor corporal, pela 
formação do suor; e aquele cujas glândulas sudoríparas têm uma fraca atividade 
ou nenhuma, e assim sua intervenção, na dissipação do calor é negligenciável; e, 
neste caso, a perda de água é devida quase que exclusivamente a evaporação d’água, 
que é eliminada pela pele. No primeiro grupo estão o Homem, o Cavalo, o Jumento e 
o Burro. No segundo o Boi, o Carneiro, o Porco, o Coelho, o Cão, o Gato, podendo-se 
incluir ainda as Aves.
Nas espécies que suam 2/3 da perda de umidade corporal se dá pela pele, e 1/3 
pelos condutos respiratórios. Nos outros animais, a perda pela pele é menor, e 
resulta de um processo de eliminação através da pele, antes que devido, propriamente, 
a uma atividade glandular.
FINDLAY e YANG (1950) estudaram as glândulas sudoríparas do gado 
Ayrshire, e verificaram que elas são apócrinas5, com um reduzido suprimento 
sangüíneo; provavelmente não funcionam eficientemente, na regulação térmica, 
como no caso dos animais que suam ostensivamente (Homem, Cavalo etc.). São 
5Glândula apócrina ou holomerócina é aquela que se assemelha, de alguma sorte, às outras duas 
modalidades de glândulas: merócrinas e holócrinas. A glândula merócrina é aquela cuja secreção é 
expelida da célula, sem destruição da parede celular, que a envolve; enquanto que na holócrina, a 
secreção elaborada elimina-se com a discrição total da célula; assim, o produto elaborado é 
constituído pela secreção e mais os fragmentos da célula destruída. Na glândula apócrina, verifica-
se uma destruição parcial da célula, na sua parte apical, que limita a luz do tubo glandular; por isso 
é também chamada holomerócrina, visto ser um meio termo entre aquelas duas.
173
glândulas similares àquelas encontradas no Cão, Gato e Carneiro. FINDLAY (1950) 
mostra-se reservado, dizendo: - “Não há experimentos dos quais se possa, 
definitivamente, concluir, que o gado bovino seja capaz de suar; são necessárias 
mais observações minuciosas sobre a pele do gado bovino, antes que a atividade 
funcional das chamadas glândulas sudoríparas da pele desses animais possa ser 
avaliada”.
Mas a evidência de que a pele, em taurinos, tem um papel eliminador de 
umidade, além de um simples processo de evaporação, foi demonstrada por RIECK 
e LEE (1948). Fazendo observações da perda de umidade, em vacas Jersey, numa 
câmara climática, verificaram que não se podia explicar essa perda como resultada, 
apenas, da evaporação. A sudação devia ser considerada fator tão capaz quanto a 
transpiração respiratória, para serem interpretados os resultados que obtiveram.
As observações posteriores a essa revisão de FINDLAY (1950) citada, realizadas 
por DOWLING (1955), FERGUSON e DOWLING (1955) e NAY e HAYMAN (1956) 
não permitem mais dúvidas a respeito da atividade das glândulas sudoríparas em 
Bos taurus. Em vista da importância do assunto, vai ele tratado, a seguir, em 
parágrafo próprio, embora abreviadamente.
No caso do gado de clima tropical (Zebu), verifica-se uma capacidade 
maior para perder água pela pele. Comparativamente com o gado de climas 
temperados (Angus). Até 21,1°C, RHOAD (1940) não verificou diferenças. Com a 
elevação da temperatura do ar ambiente, estabeleceu-se a diferença apontada acima, 
que passou a ser atribuída a uma atividade das glândulas sudoríparas, no Zebu, as 
quais reforçam a eliminação d’água por difusão através da pele. E, como veremos 
adiante, as observações são favoráveis a admitir que os zebuínos tem pele muito 
mais rica de glândulas dessa natureza.
A evaporação da água, pela pele, para dissipação do calor, portanto, depende da 
temperatura do animal (temperatura de sua pele), da umidade do ar (discutível 
como vimos), da água em potencial para ser evaporada, da natureza do revestimento 
piloso, da pele (carneiro com lã e carneiro sem lã), e de uma atividade das 
glândulas, mais abundantes e mais ativas no caso do Bos índicos.
A função dos pulmões, nessa perda de calor, sua evaporação d’água, depende 
do ritmo respiratório. É por isso que este ritmo se acelera, com as temperaturas 
elevadas. Depende também do teor de umidade do ar inspirado; quanto mais 
baixo este teor, maior a possibilidade de evaporação pelos pulmões. Para cada 
10°C de aumento na temperatura ambiente, o ritmo respiratório torna-se 
aproximadamente, o dobro; e acima de 35°C, a funçãodissipadora do calor, por 
meio da respiração, baixa sua eficiência (BRODY, 1945).
As experiências de WELDY, e McDOWEL, (1962), em Beltsville 
(MARYLAND, USA), com vacas Holstein, postas em câmara climática, a temperatura de 
21°C e 32°C, alternadamente de duas em duas semanas – mostraram um aumento 
nas taxas de evaporação e de respiração a 32°C. Para WELDY o mais importante é 
a evaporação pela pele, sendo este um meio mais eficiente do que a respiração, de 
dissipar o calor. As reses que, na experiência, demonstraram ser mais resistentes 
ao calor, eliminaram, a temperatura de 32°C, 40 megacalorias (therm, um milhão 
de pequenas calorias) por dia pela evaporação pela pele, enquanto que os menos 
resistentes eliminaram apenas 10 a 12 therms6.
Quando o processo de perda d’água, por evaporação, não e suficiente para 
dissipar o excesso de calor corporal, verifica-se uma produção exagerada de saliva, 
e o animal começa a babar. É o que ocorre, em determinadas circunstâncias. 
6Artigo de Pacheco Jordão resumido os aludidos trabalhos (Ver. Dos Criad. 1964.35: 4:50-52. S Paulo).
174
Com o gado bovino introduzido nos trópicos. É o que se dá, também com o Cão, 
nas horas muito quentes do dia, ou quando se cansa, - o que é considerado como 
resultado de sua incapacidade de suar. Podemos pôr no mesmo plano o fenômeno 
de formação excessiva de saliva, acima descrito. Essa baba pode-se formar em tal
Abundância que BONSMA (1940) chegou a coletar até 4 galões de saliva, 
num dia, de touros Polled Angus, Shorthorn e Hereford, postos numa temperatura de 
32,2°C (África do Sul). Verificou mais ainda que, banhando um dos touros, a 
secreção de saliva diminuiu, prontamente, devido, por certo, aos efeitos 
refrescantes do banho. Para FINDLAY, se as raças bovinas européias tivessem um 
mecanismo de formação de suor, altamente desenvolvido, essa salivação não 
deveria ocorrer; o que veremos adiante, não é bem assim.
A formação excessiva de saliva ou síalorréia representa um prejuízo agravante, 
que é a perda de minerais, eliminados com ela (fosfatos, cálcio, sódio, potássio, 
azoto). Um touro expelindo 3 a 4 galões de saliva por dia, perderá 2 a 2,5 onças de 
minerais, com ela. Esta conclusão a que chegou BONSMA, procedendo a análise da 
saliva expedida. Os animais de origem tropical (Afrikander, por exemplo, do 
experimento de BONSMA, 1940), podem chegar a perder alguma saliva, em 
circunstâncias de temperatura muito elevada, mas em quantidade tão 
insignificante, que nem pode ser coletada, e assim não é possível que haja um 
processo de desmineralização.
A perda de umidade pelos pulmões e pela pele é um dos meios de regulação do 
calor corporal, já vimos. E esta perda se reflete no consumo d'água, pelo animal; 
daí “a variação no consumo d'água poder ser considerada como um método de 
regulação do calor” (FINDLAY e BEAKLEY 1955).
Mas, nesse consumo, influi também o metabolismo do animal. 
Aumentando este com seu rendimento produtivo, haverá uma solicitação de maior 
consumo d'água: uma vaca leiteira de alta produção necessita de mais água do que 
outra de baixa lactação. Este aumento da necessidade de água decorre, neste caso, 
de uma produção maior, e ainda, de um consumo maior de alimentos. A este 
respeito já se sabe qual a relação desse consumo para a produção de leite.
Com referência ao consumo d'água em relação a regulação do calor corporal são 
poucas as observações. Sabe-se porém, dos trabalhos de BRODY e seus colaboradores 
que, quanto maior o consumo d'água, menor a elevação da temperatura retal, menor a 
diminuição da lactação e do consumo de alimentos. Das pesquisas realizadas a campo, 
com bovinos e búfalos (ITTNER, KELLY e BUILBERT, 1951; MULLICK, MURTY e 
LEHAR, 1952) conclui-se que a provisão de água “fria” será favorável no mitigar os 
efeitos das altas temperaturas. Sua ação se fez sentir, esclarecem FINDLAY e 
BEAKLEY, até sobre o peso vivo dos animais, sendo este bem maior naqueles 
que receberam água fria, em comparação com os que não a receberam. O consumo 
d'água deve ser considerado, então, concluem eles, como um processo vital de 
regulação do calor, e que a provisão adequada de água fria é essencial para um 
máximo de produtividade nos trópicos. Convém registrar aqui a antiga prática dos 
leitores suburbanos, que arraçoavam suas vacas com rações aquosas.
7 As glândulas sudoríparas em taurinos e zebuínos
A primeira observação das glândulas sudoríparas, em Bos taurus, é bem 
antiga, datando de 1835, e deve-se a um alemão de nome GURLT, e também a 
primeira afirmativa de que o bovino sua. ELLENBURGER (1906), posteriormente, 
afirmava que a pele do bovino é profusamente provida de glândulas sudoríparas. 
Anos mais tarde, YANG (1948) conclui de seus trabalhos, que essas glândulas são 
175
do tipo apócrino. Todavia, na sua já citada revisão, FINDLAY, (1950)7, foi de 
opinião que não havia ainda experimentos capazes de levarem a uma conclusão 
afirmativa, quanto a atividade dessas glândulas.
KELLEY (1932) registrava por primeiro haver diferença, na pele de Zebu e de 
mestiços Zebu-Holandeses, quanto ao número de glândulas sudoríparas. Foram as 
primeiras observações no sentido comparativo entre as duas espécies. KELLEY, como 
vimos no estudo da pele como caráter étnico, concluiu que o Zebu tem maior 
número de glândulas sudoríparas, por unidade de superfície, e que as da raça 
Holandesa se apresentavam pequenas e difíceis de achar. Segue-se o trabalho de 
YAMANE e ONO (1936), no qual se confirma haver maior número de glândulas no 
Zebu. Depois FINDLAY e YANG (1950) descrevem a morfologia das glândulas 
sudoríparas e sua densidade em várias regiões do corpo, de reses Ayrshire.
VILLARES e BERTHET (1952), como primeira conclusão de suas observações 
sobre o funcionamento das glândulas sudoríparas em Bos taurus e B. indicas assim se 
expressaram: “A glândula sudorípara, na pele coberta de pelos, demonstrou ter 
atividade funcional em bovinos de raças Charolesa, Flamenga, Casco, Mocho-
Nacional, Gir, Nelore, Guzerá, Indubrasil e nos produtos de cruzamento Caracu-
Charolês e Caracu-Holandês, como representantes do Bos taurus e Bos indicus”.
CRATER e DOWLING (1954), DOWLING (1955), FERGUSON e 
DOWLING (1955) e NAY e HAYMAN (1956) trazem, finalmente, os elementos para 
uma conclusão, a meu ver definitiva, e no sentido de que os taurinos também 
possuem glândulas sudoríparas ativas, embora menos numerosas e menos ativas 
do que os zebuínos.
O resumo do trabalho de FERGUSON e DOWLING (1955), feito com duas 
novilhas Zebu - Jersey (8 meses) e uma Ayrshire (11 meses) reza assim:
“Há evidência de que as glândulas sudoríparas apócrinas dos bovinos tem 
uma função térmo-reguladora. Gotículas de suor puderam ser observadas, ao 
estereo-microscópio, e que se formavam na abertura dos duetos das glândulas 
sudoríparas, em resposta a injeções intradérmicas de adrenalina, e durante a 
exposição a condições de calor. As manchas de suor podiam ser macroscdptcamente 
coloridas, e obtiveram-se sinais mostrando o ponto de localização delas, por meio 
do papel azul de bromo timol posto sobre a pele e comprimido. As medidas 
quantitativas indicam que a evaporação desse suor é a principal fonte de perda de 
calor nos ambientes quentes” (FERGUSON e DOWLING, 1955).
Observação importante destes pesquisadores é que enquanto uma novilha Zebu 
- Jersey produziu 620 gramas/metro quadrado por hora, uma Ayrshire produziu 
apenas 140g de suor, no mesmo tempo e na mesma área de pele.
Com os trabalhos de NAY e HAYMAN (1956), naAustrália, cresce nosso 
conhecimento sobre as glândulas sudoríparas, no gado. Eles utilizaram como 
material, vacas e novilhas da raça Jersey, Red Poll e Holandesa, e das raças Sindhi e 
Sahiwal. No resumo de suas conclusões, dizem que: “As glândulas sudoríparas no gado 
indiano são maiores e mais, numerosas do que no gado europeu. Entre os zebuínos, 
essas glândulas mostram-se ligeiramente maiores e mais numerosas no corpo do 
que na barbela, No gado Zebu apresentam-se mais próximas da superfície da pele 
do que no gado europeu. No Zebu, suas glândulas são mais compridas e de maior 
diâmetro, com a forma de saco e pouco enroladas; enquanto no gado europeu elas 
raramente apresentam a forma de saco e se mostram enroladas”.
7The Effects of Temperat., Humid., Air Mov. And solar Rad on the Behaviour and Phys. Of Cattle and 
others Farm Animals. Bull. HANNAH DAIRY Inst. N° 9.
176
Figura. 50A – Microfotografias, em secção horizontal, de glândulas sudoríparas, da 
pele de gado europeu.(De Nay & Hayman, 1956).
Figura. 50B – Microfotografias, em secção horizontal, de glândulas sudoríparas, da 
pele de gado zebu.(De Nay & Hayman, 1956).
177
Figura 51 - Microfotografias, em secção vertical, de glândulas sudoríparas, vistas 
lateralmente. A diferença no grau de enrolamento, nas glândulas do gado europeu 
(1) e do zebu (2) é visível. (De Nay & Hayman, 1956).
Dimensões das glândulas sudoríparas em Bos taurus indicus e Bos taurus taurus
Dimensões
(micron)
Observações ZEBU GADO EUROPEU
Barbela Corpo Observações Corpo
Comprimento 
médio
198 914 936 104 794
Diâmetro 
médio
198 169 173 104 129
Outras observações de NAY e HAYMAN (1956) foram as seguintes: O Zebu 
tem 1 1/2 vez mais glândulas, no corpo, do que os taurinas, e estas glândulas são 
21/2 vezes maiores. Por isso o Zebu deve ser considerado como possuidor de um 
potencial maior para perder umidade suando, do que o gado europeu. O tamanho 
do corpo do animal parece corresponder a uma dimensão maior das glândulas. 
Assim, distribuindo em ordem, quanto ao tamanho, às raças estudadas, 
verificam-se haver correspondência quanto às dimensões das glândulas, como 
se vê no quadro.
Tamanho do corpo e das glândulas no gado indiano e europeu
178
RAÇAS Escala quanto ao porte dos 
animais
Escala quanto às 
dimensões das glândulas 
do corpo
ZEBU:
Sahiwal……
Sindi………
EUROPEU:
Red Poll……
Holandesas...
Jersey...........
1
2
1
2
3
1
2
1
2
3
Observações de NAY e DOWLING (comunicação pessoal aos AA.) 
mostraram, porém, que reses da raça Shorthorn, de corte, apesar de seu grande 
tamanho, apresentam glândulas sudoriparas muito menores do que as das raças 
acima. Possivelmente, neste particular, a diferença de porte entre o gado de corte e 
de leite pode estar associada com uma atividade metabólica maior no gado 
leiteiro, e sua conseqüente maior necessidade de dissipar mais calor (NAY e 
HAYMAN, 1956).
Quanto a barbela, verificaram que nela a densidade de glândulas é menor 
do que no corpo. Isto e a reduzida barbela do Sahiwah sugerem que “a função desse 
apêndice não é tanto a de dissipar calor, diretamente, pela sudação, mas pode ser 
mais importante do ponto de vista da evaporação: assim o suor escorrendo do 
pescoço, para a barbela, seria evaporado ali, verificando-se um refrescamento dos 
vasos sangüíneos periféricos”. E adiantam: “Uma função similar pode ser admitida 
para a dobra de pele dilatada do umbigo, que o Zebu também apresenta”.
Há muito que se procurou comparar a diferença da pele de taurinos e 
zebuínos, quanto às glândulas sudoríparas.
DOWLING (1955) a este propósito adverte que alguns cálculos da 
densidade das glândulas sudoríparas e folículos pilosos foram feitos em “peles 
obtidas de couros”. E, então, as cifras de KELLEY (1932), pioneiro, de 9,33 glândulas 
por 0,8 mm quadrado em rés meio-sangue Zebu, quando corrigidas, levando-se em 
conta a contração verificada no couro, são equivalentes aproximadamente a 500 
glândulas por cm quadrado. Quanto ao gado europeu, KELLEY informava ter 
verificado, no couro de Holandês, poucos duetos glandulares e difíceis de achar.
A técnica é fazer as observações e contagens por meio de biópsias usando a 
trefina, de diâmetro conhecido. Por meio dessa técnica, DOWLING (1956) 
verificou a existência de 1.698 folículos pilosos, correspondentes a glândulas 
sudoríparas, em Zebu; e 1.321, em mestiços de Zebu; enquanto que em Shorthorn, 
com alimentação deficiente, encontrou o número médio de 1.064, e apenas 764, em 
Shorthorn bem alimentado. Essas diferenças foram calculadas com dados 
estatisticamente significantes.
Do trabalho de NAY e HAYMAN (1958) obtemos dados que vem confirmar 
haver maior densidade de glândulas sudoríparas em Bos indicus do que em Bos 
taurus, como se vê no quadro abaixo:
Número de glândulas sudoríparas por cm² na barbela e no corpo de Bos taurus 
179
indicus e no corpo de Bos taurus taurus
N° DO 
ANIMAL
SINDI SAHIWA
L
Jersey 
Corpo
Holandês
Corpo
Red Poll 
CorpoBarbe Corpo Barbel Corpo
1
2
3
4
5
1095
1072
1284
1017
-
1246
1272
1740
1778
-
965
1159
952
1001
1253
1262
1562
1738
1655
1320
1111
878
1025
-
-
963
1014
1010
-
-
1029
934
-
-
-
Média 1117 1509 1066 1507 1005 996 981
Pelos números verifica-se que a média, para diversas raças foi:
Sindhi...............................1313 glândulas como média da barbela e do corpo
Sahiwal.............................1286 " " " " " " " 
Jersey..............................1005 " " do corpo
Holandesa...........................996 " " " "
Red Poll.............................981 " " " "
Dai tem-se a média geral para os Zebuínos: 1300 glândulas por cm², e para os 
Taurinos: 944 glândulas, apenas.
8 Hábitos de pastejo
Chama-se pastejo ao ato do animal pastar ou pastejar, correspondendo ao 
grazing da língua inglesa.
As observações dos hábitos do animal pastar constituem uma preocupação 
que, segundo TRIBE, data de muitos anos, e a iniciativa de tais estudos se deve aos 
agrônomos, e não propriamente aos estudiosos da fisiologia animal talvez como era de 
esperar. Tais observações vêm completar o estudo da nutrição animal que se 
desenvolveu entrementes a partir dos fins do século passado, mas com o objetivo de 
conhecer o valor nutritivo das plantas forrageiras, pela sua análise química. Vem 
completar porque falta conhecer melhor a contribuição da massa de forragem que 
os animais recebem, pastando, e que não tem sido medida, nem avaliada no 
quantum de nutrição que nela se contém.
Uma das reações do animal trazido para os climas tropicais é nos seus 
hábitos de pastar. Isto é motivado pela qualidade do pasto, que é constituído de 
outras espécies forrageiras, e essencialmente pela sua sensibilidade a radiação solar 
intensa dos trópicos.
Sabemos que os animais pastam durante o dia, e parte da noite, numa 
proporção mais ou menos de 65% para 35%, respectivamente. A norma do 
comportamento do animal, no pasto, é uma alternância de períodos em que ele 
pasta, rumina ou descansa. O período de pastejo é o mais prolongado, e durante 
ele o animal caminha lentamente, através da pastagem. E a maior intensidade do 
pastejo é ao amanhecer do dia e ao entardecer; e normalmente há seis a oito 
períodos de pastejo, durante 24 horas (TRIBE, 1955). A ruminação é mais 
intensaa noite, e durante ela o animal se mantém parado ou deitado. Na 
sucessão dos períodos, há sempre um repouso entre o pastejo e a ruminação. Mas 
entre esta e o pastejo nem sempre há um intervalo de repouso. Pode-se dizer que 
¾ do tempo, de que o animal dispõe, é empregado em pastar, normalmente. Enquanto 
repousa, o animal rumina ou não, ou dorme. Mas há contestação se as vacas e os 
180
carneiros sempre dormem, quando em repouso (TRIBE, 1957).
Os hábitos de pastejo, e conseqüentemente a eficiência da alimentação no 
pasto, podem ser influenciados:
a) pelo pasto propriamente
b) pelo animal
c) pelo clima, que é o que mais nos interessa.
O pasto influi pela sua qualidade, e ainda pela sua quantidade. Para verificar 
essa influência HANCOCK (1950) estabeleceu uma relação entre o tempo de 
ruminação (rt) e o de pastejo (pt). E TRIBE explica que em um pasto abundante 
pode haver diferença nesses componentes dos hábitos de pastejo: se a qualidade 
for boa, haverá um longo período de pastejo (pt maior), e um curto tempo de 
ruminação (rt menor); se o pasto for de ruim qualidade, teremos a inversão 
desses valores: o tempo de pastejo será curto (pt menor) ; comparativamente 
com o de ruminação, que será prolongado (rt maior). Isto porque a ruminação será 
mais demorada no caso de má qualidade do pasto. Então a relaçao rt/pt é de 
baixo valor, no primeiro caso, e elevado, no segundo.
Quando o pasto for escasso teremos, novamente, duas eventualidades: se 
sua qualidade for boa, o tempo de pastejo será longo, seguido de curto espaço de 
tempo para a ruminação, e então rt/pt será baixo; se o pasto for de má qualidade, 
será curto o tempo de pastejo e longo o de ruminação, o que determinará um rt/pt 
alto. Teoricamente é isto verdade, diz TRIBE, pois quanto mais baixa a relação 
rt/pt melhor será o aproveitamento dos animais, mas na prática, realmente, 
esbarra-se na dificuldade de estabelecer valores para rt e pt, visto como não há 
uma escala entre os dois extremos: boa e má qualidade do pasto, ou pasto 
abundante e pasto escasso.
Mas como a qualidade é que regula a variação de rt e pt, concluímos por 
admitir que rt/pt baixo é o melhor comportamento.
A extensão do pasto pode influir também: pastos maiores estimulam longas 
caminhadas durante o pastejo, que se restringirão nos pastos limitados.
A influência do animal nos hábitos de pastejo é indiscutível, pois que 
variando sua composição específica, étnica ou genética, é lógico que deverão 
apresentar modos diferentes de se servirem do pasto, as diferentes espécies ou 
raças, até certo ponto. Principalmente no caso de mudança de ambiente, de 
introdução de animais de climas temperados, em climas tropicais.
Essa variação pode ser no caminhar mais ou caminhar menos, a procura de 
alimentos; na maior ou menor velocidade de cortar a erva, e ainda no modo de cortá-
la; no escolherem a erva a pastar; na freqüência da procura de bebida, ou de 
defecar, ou de urinar; na tolerância a insolação, fugindo dela para abrigar-se na 
sombra, ou não.
Os animais com composição genética diferente reagem diferentemente ao 
servirem-se do pasto. Torvou-se clássica a experiência de RHOAD (1938) com reses 
de sangue europeu, indianos e mestiças destes dois sangues. O que mais tempo 
despendeu em se abrigar da insolação forte, do verão, procurando sombra, foi o 
puro sangue Angus (45,8% de tempo) reduzindo se, por isso, seu tempo de pastejo 
(54,2%). O Zebu não procurou a sombra, suportando a insolação, e empregando 
82,1% do dia em pastar, e 17,9% em repousar ao sol (sem pastar). Os mestiços se 
comportaram na seguinte ordem: aquele com ¾ de sangue Angus despendeu mais 
tempo na sombra do que o ½ sangue Angus-zebu, colocando-se ambos em posição 
intermediária entre os extremos: Angus e Zebu.
Os animais de clima temperado, quando expostos a altas temperaturas, no 
181
campo reagem deixando de pastar e procurando sombra para se abrigarem. 
Comportamento diferente daqueles animais de raças tropicais: normalmente eles 
não procuram a sombra, pastando ou descansando sob o sol.
Enquanto o Zebu e demais raças tropicais suportam as altas temperaturas e 
a radiação solar mais intensa, dos trópicos, entregando-se, normalmente ao 
pastejo, quando no campo, os animais de clima temperado despendem seu tempo 
entre pastar e repousar a sombra, que eles procuram durante as horas de maior 
calor, como vimos. E, neste caso, os animais passam até a preferir o pastejo a 
noite. Os trabalhos de SEATH e MILLER (1946) mostraram que reses Jersey e 
Holandesas, nos dias de alta temperatura (29°C à sombra) pastaram somente 11% 
do dia, mas, durante a noite, com o arrefecimento da temperatura (27,2°C), o 
tempo de pastejo foi de 37%.
Há evidente mudança de hábito - o pastejo a noite, pela influência da 
mudança de clima. É o que também observaram PAYNE, LANG e RAIVOKA 
(1951) com vacas Holandesas, em Fiji. Estas pastaram principalmente a noite 
(67%), empregando somente 10% da noite em repousar, enquanto que durante 
o dia este descanso foi de 66% (FINDLAY, 1954).
O vento, exercendo sua ação refrescante, pode influir em melhorar a 
condição ambiente para prolongar o tempo de pastejo.
Experiências de FRYE, MILLER e BURCH (1950) trouxeram mais um 
elemento para esclarecimento deste assunto. Foi a influência do banho, no tempo 
de pastejo. Estes autores mostraram que a temperatura ambiente de 31,6°C, vacas 
de raça européias, com acesso a banho de aspersa, pastaram 92% de seu tempo, ao 
passo que aquelas com acesso apenas a sombra, pastaram apenas 34%.
9 Clima tropical e reprodução
A inferência do ambiente sobre a fertilidade dos animais domésticos parece 
ser grande. A infertilidade de origem genética é de baixa ocorrência, e quando a 
fertilidade decresce motivada por fatores genéticos, ela geralmente se apresenta 
sob a forma de anomalias dos órgãos genitais.
O ambiente pode influir provocando moléstias infecciosas, ou então agindo 
através de seus constituintes: clima e alimentação.
Dentre os fatores do clima, o que mais importa, é a temperatura, pois no 
caso da adaptação aos climas quentes, dos trópicos, ela age nocivamente. Os 
mamíferos domésticos e outras espécies, quando submetidos a temperaturas 
demais elevadas, podem se tornar estéreis ou quase, devido a perturbações; na 
espermatogênese. São bem conhecidos os efeitos prejudiciais dos climas quentes 
sobre os machos das raças melhoradas dos climas temperados. Já vimos que a 
temperatura elevada prejudica a formação do esperma e sua qualidade, 
verificando-se menor mobilidade dos espermatozóides e maior porcentagem de 
formas anormais.
Mas o efeito, das altas temperaturas faz-se sentir também sobre as fêmeas. 
Tendo em vista os trabalhos realizados em outras espécies, parece a HAMMOND 
(1955) que o embrião é muito mais susceptível a elevação da temperatura corporal 
do que o bezerro depois de nascer; e então que se deve atribuir à morte do embrião, e 
não propriamente, a uma falta de concepção, como causa da baixa fertilidade das 
raças, da zona temperada, mantidas em condições tropicais. YEATES (1953) 
verificou que as ovelhas submetidas a altas temperaturas entram em cio, porém 
somente 50% delas é que dão cria, e muitos dos cordeiros gerados são muito 
pequenos. Levando em conta experiências realizadas em Queensland, YEATES 
182
sugere que isto é o que deve ocorrer também no gado bovino.
A falha no cio, que ocorre nas condiçõestropicais pobres, é bem explicada 
por HART (1955). A gestação é uma causa de despesas orgânicas, e, pois, não 
sendo bem alimentada, a fêmea gestante lança mão de suas próprias reservas e por 
isso perde peso. A lactação, que se segue ao parto, é outra fonte de despesa para o 
organismo da fêmea, e muito maior, pois o total de matéria seca, empregada na 
formação do feto (cinco meses na ovelha, e nove na vaca), é excedido várias vezes 
pelo volume do leite produzido durante a amamentação da cria. E, então, para que 
possa manter-se a fêmea suprime o ciclo estral, e não manifesta cio, constituindo-
se em ovelha ou vaca ou cabra sem cria, no ano seguinte. Isto é mais comum na 
vaca, cujo período de gestação é mais longo. No ano seguinte a fêmea se refaz, não 
se gastou em gerar, e o ciclo estral se normaliza, vem o cio, a cobertura, a prenhez 
e a cria. Por isso é que a vaca dá cria em anos alternados.
É o que acontece em nossa criação extensiva. Mas aqui há um efeito 
conjugado do clima e da alimentação disponível (pastagem regulada pelo clima).
Em conclusão, a ação do clima tropical, sobre a fertilidade dos rebanhos, faz-se 
sentir por duas vias: diretamente sobre o animal, e indiretamente sobre as suas 
possibilidades de alimentação em criação extensiva. O efeito direto, por sua vez, 
se faz em dois sentidos: sobre os machos (qualidade do esperma) e sobre as 
fêmeas (ciclo estral e sensibilidade do embrião).
10 Clima tropical e produtividade
A reação mais importante dos animais de raças européias melhoradas, quando 
postos nos trópicos, é um decréscimo das funções produtivas. É óbvio que essa reação 
foi que criou o problema da necessidade de se estudar o que se passa com esses 
animais, visto como diminuindo sua capacidade produtiva, perdem eles seu máximo 
interesse.
Sabemos agora que seu desajustamento as condições tropicais acarreta uma 
série de alterações, na fisiologia e no seu comportamento, do que resulta como 
conseqüência final sua produtividade baixa. Sob a ação de altas temperaturas e de 
intensa radiação solar, eles passam a um estado de hipertermia, de respiração 
acelerada, por vezes de exagerada salivação, de falta de apetite, de redução do 
tempo de pastejo. Tudo isso predispõe fundamentalmente a redução da lactação e 
do crescimento: as vacas leiteiras passam a produzir tão pouco leite, que se nivelam 
com as raças nativas; os bezerros das raças de corte tem seu crescimento retardado 
e perturbado, a ponto de modificarem até sua conformação, que nada lembrará 
animais para produção de carne: quartos reduzidos e pobres de musculatura, tronco 
estreito sobre pernas desproporcionadamente desenvolvidas, excesso de partes 
inúteis (cabeça e pescoço, proporcionalmente), com redução do peso e do rendimento 
em carne, nivelando-se com as raças nativas, sob o aspecto econômico.
E isto quando os animais sobrevivem, e, também, sua descendência. Porque 
pode ocorrer sua eliminação pelo clima, ou a de sua prole, quando chegou a 
procriar.
Vimos, no estudo dos efeitos da temperatura sobre os animais, que o gado 
Holandês pode ter seu rendimento reduzido de 50 a 70%, somente pelo efeito das 
altas temperaturas acima de 28,8°C; e que o Jersey e o Schwyz somente acima de 
29,4°C. Nesses experimentos observou-se ainda que o Zebu não teve alterada sua 
lactação nem em temperaturas mais altas, como 32°C.
Nas condições naturais em que devem viver e produzir, os animais não 
sofrem apenas o efeito da temperatura elevada, quando nos trópicos. A soma dos 
183
efeitos dos fatores ambientes tropicais é que determina a incapacidade desses 
animais europeus conservarem seu alto nível de produção.
A influência do ambiente tropical sobre o gado de corte parece ser maior do 
que sobre o gado leiteiro. Em outras palavras, parece que a lactação se ressente 
menos do que aquele conjunto de atividades fisiológicas de que resulta o animal de 
corte. E aquela pesquisa de MIERSWA (1932) citada por FINDLAY (1950), sobre 
o peso dos pulmões do gado de corte, vem em apoio deste ponto de vista. A rês de 
raça Angus é típica small lung size, isto é, portadora de pulmões pequenos, donde 
possuir uma capacidade respiratória menor. Isto, como sabemos, não ajuda a 
regular a temperatura corporal, nos trópicos utilizando a atividade respiratória, 
para esse fim.
A observação é exata, porém essa distinção decorre, não de uma aptidão do 
gado, propriamente, mas talvez desta e mais das condições peculiares de criação 
de cada tipo: leite ou carne.
Parece, na verdade, que em algumas raças de gado leiteiro se encontra 
certa capacidade de resistirem às condições tropicais, o que não tem sido ainda 
verificado no gado de corte, a julgar pelos estudos até agora realizados. Ora, na 
criação do gado leiteiro, este é posto em melhores condições para não sofrer tanto 
os efeitos maléficos do ambiente tropicais: estabulação (permanente ou temporária), 
cuidados particulares de arraçoamento e de higiene.
A estes dois fatores, é preciso levar em conta o fato de que a carne pode ser 
produzida a base do gado nativo, mesmo com seu rendimento baixo, cuja criação é 
incomparavelmente mais fácil. E, portanto, na produção de carne, nas zonas 
tropicais, não se depara a contribuição das raças melhoradas de corte, ao passo 
que, no abastecimento do leite, as raças européias estão presentes, como é o caso 
do Brasil. Mas a contribuição das raças leiteiras ainda está longe de satisfazer as 
necessidades do consumo, daí ainda se verificar a importação do leite em pó, o que 
não ocorre no caso do consumo de carne.
Demais, a contribuição das raças importadas é feita através de seus 
mestiços, num processo inteligente de aclimação indireta (DOMINGUES 1939).
A influência, da temperatura foi também estudada em ovinos e suínos, 
HEITMAN e HUGES (1949) verificaram que, conforme o peso, assim verá a 
temperatura mais favorável na utilização dos alimentos: leitões de 100 1b. 
apresentaram maior ganho de peso, como reflexo de um aproveitamento melhor 
dos alimentos, quando a temperatura da câmara climática girava em torno de 24°C. 
No caso de animais mais pesados, com aproximadamente 200 lb, a temperatura que 
se mostrou mais favorável foi aos 15°C. Como se vê, a condição do animal tem 
influência, na sua reação, o que nos ensina a não generalizar.
No caso dos ovinos, as conclusões gerais a que chegaram MILLER, MONGE e 
ACCAME (1944) são de que a sua produtividade, medida em percentagem de 
cordeiros desmamados, ganho diário de peso até a desmarca e peso da tosão, 
nas ovelhas, está relacionada com a habilidade das ovelhas em manterem sua 
temperatura e o ritmo respiratório normais, durante as temperaturas elevadas. 
Pode-se dizer que, de modo geral, os ovinos, com relação a temperatura, 
assemelham-se aos bovinos no fato de serem mais adaptados aos climas 
temperados. E não é de admirar que assim seja, pois o melhoramento genético das 
raças dessas espécies se processou na zona temperada da Terra.
A produtividade, concluem FINDLAY e BEAKLEY (1955), está assim em 
estreita relação nos suínos, ovinos e bovinos, com a eficiência com que o animal 
pode manter bem regulada sua temperatura.
184
Disto se pode concluir, também, que a verificação da tolerância ao calor, 
por meio da temperatura, é uma prática que pode indicar as possibilidades da 
capacidade produtiva do animal. 
11 Tolerância ao calor tropical
a) TOLERÂNCIA AO CALOR
Pelo que vimos até aqui, podemos concluir que os animais de climas 
temperados não podem vivervantajosamente nos trópicos, como o fazem os 
animais nativos nestes. E uma das causas, entre outras, para essa inadaptação, é 
não resistirem convenientemente ao calor tropical. Diz-se então que lhes falta o 
que se passou a chamar de tolerância ao calor, qualidade inerente aos animais 
domésticos de várias espécies, nativos na extensa faixa da Terra, entre os dois 
trópicos. “Provavelmente, diz BONSMA (1955), o atributo mais valioso que 
apresenta o gado indígena, nos trópicos e no subtrópico, sua capacidade de suportar 
as temperaturas excessivamente altas”.
Essa tolerância ao calor não é mais do que uma resistência às 
temperaturas elevadas do ambiente e a intensa radiação solar, próprias dos 
climas tropicais. Ou, como diz LEE (1953), é a habilidade do animal em evitar as 
conseqüências adversas da ação direta das condições quentes, i.e., uma medida de sua 
habilidade para suportar o calor quando todos os outros fatores são constantes.
É a qualidade que ressalta logo, quando comparamos o comportamento, 
nos trópicos, dos animais de climas temperados com o dos animais nativos.
A tolerância ao calor é acompanhada de outras qualidades, como a 
capacidade de achar alimentos e viver em pastos inferiores8, em desenvolver-se e 
reproduzir-se em condições de baixo metabolismo, em resistir as doenças e ao 
parasitismo tropical, que adiante estudaremos. Trata-se de uma condição fisiológica 
apropriada, que deve ter resultado de uma secular adaptação a essas condições, e que é 
função de certas características morfológicas e fisiológicas desses animais.
Por isso a tolerância ao calor varia de grau com as espécies, com as raças e 
dentro das raças. Sendo uma manifestação complexa do animal, é muito natural essa 
variabilidade conforme a natureza, a expressão intensidade dos fatores morfológicos 
e fisiológicas que a determinam.
No estudo do processo de medir a tolerância ao calor, a seguir, verificar-se-
à essa variabilidade expressa em algarismos, indicativos da diferenciação entre os 
animais estudados.
Essa diferenciação é em grande parte genética, tanto assim que, estudando-
se a reação dos mestiços entre as raças de clima temperado e raças tropicais, 
verifica-se a influência do sangue e do grau dos mestiços, como também veremos 
mais adiante. Por isso LEE está com a razão, quando diz ser, provavelmente, muito 
maior a variabilidade da tolerância ao calor entre os indivíduos daquelas raças 
ainda não bem fixadas ou estabelecidas como ocorre na população de animais 
domésticos dos países tropicais e subtropicais.
SEATH (1947), tendo verificado que a herdabilidade da temperatura do 
corpo pode ser admitida nos limites de 15-30% desde que se selecionem os pais, 
tendo em vista a tolerância ao calor, deve-se esperar que a descendência receba 15-
30% das vantagens que aqueles apresentam sobre o rebanho.
b) MEDIDA DE TOLERÂNCIA AO CALOR TROPICAL
Para bem conhecer-se uma coisa é preciso medi-la. Daí a necessidade de avaliar 
essa resistência ao clima tropical, que os animais apresentam em variado grau, 
8 Capacidade de pastejo: capacidade de procurar e de achar alimentos e assim viver em pastos inferiores.
185
conforme sua espécie, raça etc., como já foi dito.
A avaliação da tolerância ao calor é baseada na temperatura corporal que, 
como vimos, é uma das formas de reação do animal, e que pode ser medida com 
relativa precisão. Certamente, medindo-se, por esse meio, a tolerância ao calor, não 
estamos medindo as outras reações do animal, que foram estudadas no capítulo 
anterior. Mas há certo paralelismo entre ela e estas outras manifestações de 
reação animal, posto nos trópicos. É como diz LEE (1953): “essa concentração, na 
temperatura corporal, como o critério da tolerância ao calor, presume que a 
perturbação das outras funções, inclusive aquelas economicamente importantes, 
são proporcionais a temperatura do animal”.
Deve-se a RHOAD o ter imaginado uma prova para medir a tolerância dos 
animais ao calor, a qual, sendo expressa em números, possibilita a comparação 
desses animais. Ele chamou de Prova Ibéria de Tolerância ao Calor, ao método 
que imaginou, e a que faz referência pela primeira vez, no seu trabalho A Criação do 
Gado bovino na América tropical, apresentado a Segunda Conferência 
Interamericana de Agricultura, realizada no México, em julho de 1942. Mas 
somente em 1944, é publicado seu trabalho The Ibéria Heat Tolerance Test for 
Cattle, que resultou de suas pesquisas na Iberia Livestock Experiment Farm 
(Jeanerette, Louisiana), mas que são, segundo ele declara, uma continuação de 
suas observações em Viçosa (Brasil), onde foi professor de 1928 a 1935.
A Prova Ibéria de Tolerância ao Calor ou Teste de Rhoad, como é chamado 
comumente, num modo abreviado, consiste no seguinte:
Os animais a testar são reunidos em grupos de oito a dez escolhe-se, durante 
o verão, um dia de sol sem nublação, e cedo levam-se os animais de um grupo 
para o curral, onde ficam expostos ao tempo, com água á disposição. O recinto 
onde ficarão os animais não deve ser pavimentado para não alterar as condições 
ambientes. As 10 horas são trazidos, um por um, para um local próximo, onde sua 
temperatura retal passa ser cuidadosamente tomada e anotada, sem embaraços. 
Depois voltam ao curral até as 15 horas, quando é feita, do mesmo modo, nova 
tomada de temperatura retal. Recomenda-se prender o termômetro, por um 
dispositivo qualquer, a base da cauda do animal, cuja temperatura está sendo 
tomada.
Como operação complementar, verifica-se o ritmo respiratório do animal, 
observando seu flanco e contando quantos movimentos por minuto.
Repete-se a operação mais duas vezes, nos dias seguintes, como acima foi 
explicado, não importando serem consecutivos. Não importa, também, deixar de 
fazer a segunda tomada de temperatura (a das 15 h) no mesmo dia, por causa do 
tempo ter mudado a tarde. Mas a temperatura anotada, pela manha, é válida. Os 
animais devem, todavia, permanecer no curral, desde cedo, no dia da segunda 
tomada.
Assim teremos seis tomadas de temperatura, para cada animal, e a média 
desces temperaturas é que entrará na fórmula imaginada por RHOAD.
HTC = 100 – 10 (BT - 101,0)
onde HTC é o Coeficiente de tolerância ao calor: BT é a média das seis 
temperaturas tomadas; 101,0 corresponde a temperatura retal normal, da espécie.
A temperatura é nela expressa em graus Farenheit, que é a escala adotada 
nos EUA. Como usamos o termômetro centígrado, MIRANDA, técnico do 
Instituto de Zootecnia, introduziu uma modificação:
186
HTC = 100 – 18 (BT - 38,33)
na qual é adotada a temperatura normal, de 38,33°C, que corresponde a 
101,0 F. E então foi necessário substituir o índice 10 por 18.
Numa e noutra fórmula, o resultado numérico poderá ir de 100 a 0. O 
animal que não apresentar nenhuma alteração de temperatura, comparadamente 
com a normal (101,0 F ou 38.33°C), terá 100 como valor de seu HTC. Daí para 
baixo, quanto menor o índice, maior a alteração apresentada pelo animal, em sua 
temperatura. E então, será considerado menos adaptado as condições de alta 
temperatura tropical, nos dias da prova.
Como dado complementar, deve-se anotar a temperatura local e a umidade 
relativa.
Submetendo alguns animais, de carga genética sabidamente diferente, à 
Prova Ibéria, em Jeanerette (Louisiana, USA.), RHOAD (1942) obteve os 
seguintes resultados:
Zebu p. s. 93
Zebu - Angus 1 : 1 89
Zebu - Angus 3 : 5 86
Jersey p.s.

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