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TICUNAS E LOANGO (TRABALHO VALÉRIA)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS – FMU
CURSO DE PEDAGOGIA
Alessandra Januario de Souza (1813624)
Cinthia de Souza Silva (6909555)
Karoliny Medeiros Brandão (1931165)
TICUNA E REINO DE LOANGO
SÃO PAULO
2018
Alessandra Januario de Souza (1813624)
Cinthia de Souza Silva (6909555)
Karoliny Medeiros Brandão (1931165)
TICUNA E REINO DE LOANGO 
	Trabalho apresentado como exigência para obtenção de nota de avaliação continuada para a turma 008101A07 do curso de Pedagogia do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas
	Orientador: Prof. Dra. Valéria Peixoto de Alencar.
	
	
SÃO PAULO
2018
INTRODUÇÃO
O que este trabalho se propõe é, através de uma pesquisa, analisar uma das imensas tribos indígenas ainda presentes no Brasil a Tribo dos Ticunas. Para tanto, apresenta-se a localização, língua, cultura, religião e artesanato. Ao longo do tempo essas tribos têm desaparecido devido a globalização e à multiculturalidade presente em cada país que consequentemente fazem com que estas pequenas civilizações uma grande parte da nossa sociedade desapareçam. Em seguida através de uma pesquisa sobre o povo africano Luango é possível mostrar a localização, cultura, ritual e religião desse povo. No entanto, ele foi chamado de  Reino do Congo ou Império do Congo,  foi uma região africana localizada no sudoeste da África no território que hoje corresponde ao noroeste de Angola.
AUTODENOMINAÇÃO: 
Segundo os registros da tradição oral, foi Yo´i (um dos principais heróis culturais) que pescou os primeiros Ticuna das águas vermelhas do igarapé Eware (próximo às nascentes do igarapé São Jerônimo).
 Estes eram os Magüta (literalmente, “conjunto de pessoas pescadas com vara”; do verbo magü, “pescar com vara”, e do indicativo de coletivo), que passaram a habitar nas cercanias da casa de Yo´i, na montanha chamada Taiwegine. Mesmo hoje em dia, este é para os Ticuna um local sagrado, onde residem alguns dos imortais e onde estão os vestígios materiais de suas crenças (como os restos da casa ou a vara de pescar usada por Yo´i).
LOCALIZAÇÃO: 
“De acordo com seus mitos, os ticuna são originários do Igarapé – Eware, situado nas nascentes do Igarapé São Jerônimo (Tonatü), tributário da margem esquerda do rio Solimões, no trecho entre tabatinga e São Paulo de Olivença. Ainda hoje é essa a área de mais forte concentração de ticuna, onde estão localizados 42 das 59 aldeias existentes (Oliveira, 2002: 280)”.
Os ticunas viviam no alto dos igarapés afluentes da margem esquerda do rio Solimões, no trecho em que este entra em terras brasileiras até o rio Içá/Putumayo. Houve um intenso processo de deslocamento em direção ao Solimões. Antigamente os ticuna ocuparam as cabeceiras e os trechos centrais dos rios pequenos da margem esquerda do rio Solimões, que entram o rio Putumayo, a divisa entre Colômbia e Peru, e o rio Içá no Brasil.
No início, mantiveram sua tradicional distribuição espacial em malocas e, na década de 1970, havia mais de cem aldeias. Hoje, essa distribuição das aldeias ticuna se modificou substancialmente. Sabe-se ainda que alguns índios desceram o rio até Tefé e outros municípios do médio Solimões. Outros se fixaram no município de Beruri, no baixo curso do Solimões, bastante próximo à cidade de Manaus. 
Hoje seu território abrange áreas em Peru, Colômbia e Brasil. No Peru eles ocupam a região nordeste do departamento de Loreto, na província de maynas. Na Colômbia, os ticunas habitam no trapézio Amazônia do de Amazonas. No Brasil, eles moram no estado de amazonas, nos municípios de São Paulo de Olivença, Santo Antônio Içá, Benjamim Constant, e Fonte Boa (Reyes 2008).
O mapa de Curt Nimuendajú de 1944 identificou os ticuna nas seguintes localizações: 
1- Entre os rios Amazonas - Solimões e o rio Içá entre Loreta e Santa Rita, incluindo a área indígena Eware Ticuna. 2- Na beira direita do rio Javari / Yavary, portanto no Brasil, entre San Juan e Atalaia. 3- Na beira direita do rio Solimões entre Santo Antônio do Içá e a ilha Timbotuba. 4- Na beira direita do rio Solimões na A.I Ticuna do Feijoal. 
Vivem em 27 terras Indígenas. 
TRONCO LINGUÍSTICO: 
A língua Ticuna é amplamente falada em uma área extensa por numerosos falantes (acima de 30.000) cujas comunidades se distribuem por três países: Brasil, Peru e Colômbia. No lado brasileiro, o número de comunidades ascende a um alto número de aldeias (cerca de 100) contidas em diversas áreas localizadas em vários municípios do estado do Amazonas (entre os quais está Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá, Jutaí, Fonte Boa, Tonantins, Beruri). A maior parte das aldeias encontra-se ao longo/ nas proximidades do rio Solimões.
Antigamente era considerada parte do grupo Aruak, mas agora é considerada uma língua isolada, talvez relacionada com a língua Yuri, agora extinta. No Brasil, os Ticuna agora têm literatura escrita na sua língua e escolas supridas pela FUNAI e pelo MEC. Livros de texto são usados por professores indígenas, treinados em Português e Ticuna. O projeto de gravar as narrativas tradicionais está suprindo alguma literatura para motivar a leitura e a pratica de ler. A qual os Ticuna já estão recebendo no Peru desde os anos 60. Uma dúzia de livros é publicada no idioma cada ano, usando um sistema fonético simplificado semelhante ao português brasileiro. A língua Ticuna tem cinco tons, que mudam o significado das mesmas palavras.
Nas aldeias que se encontram do lado brasileiro, o uso intensivo da língua ticuna não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades (quando é o caso) ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área Tikuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acaba por se submeter à realidade Ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça do ponto de vista linguístico. Exemplificam essa situação os Kaixana (ou Caixana), os Kokama (ou Cocama) e os Kanamari - os dois primeiros presentes em várias aldeias Ticuna e os últimos com presença reportada em um número muito pequeno dessas aldeias. Os Kaixana são falantes de português. Os Kokama que, no lado brasileiro, vivem entre os Ticuna não têm mais o Kokama como sua língua materna, papel majoritariamente desempenhado pelo português; alguns poucos Kokama lembram-se de palavras, sequências ou frases na língua Kokama, sendo que a maioria tem como meta readquiri-la de algum modo - o que vem sendo feito no âmbito da educação escolar indígena. Com relação aos Kanamari que vivem entre os Ticuna no Brasil, não se tem notícia de que tenham deixado de falar sua própria língua - o Kanamari, pertencente à família Katukina -, nem que essa língua se sobreponha à realidade linguística Ticuna no interior da própria área Ticuna.
Em cidades de municípios do estado do Amazonas nos quais são encontradas aldeias Ticuna, escuta-se a língua Ticuna sempre que seus falantes, transitando por essas cidades, se dirigem a outros Ticuna igualmente em trânsito ou aí fixados. Com relação ao uso da língua pelos filhos daqueles que, falantes de Ticuna, se fixaram em cidades, é possível observar que esse uso tem, entre suas variáveis mais fortes, a atitude dos pais em relação à própria língua: quando tal atitude é norteada pela valorização da língua Ticuna e pelo que é próprio do universo Ticuna, a língua usada pelos pais com seus filhos é o Ticuna (casos frequentes); quando não, a língua Ticuna deixa de ser usada e cede lugar ao português (casos raros).
Fonologicamente, possui o Ticuna um sistema tonal complexo - em que as manifestações fonéticas não apresentam, de maneira transparente e direta, todas as motivações dos processos que as originam. Quando, em 1959, Lambert Anderson revelou ao mundo que o Ticuna era uma língua tonal, fez a sua revelação ser acompanhada da afirmação de que ”É de particular interesse para o campo linguístico o sistema de cinco níveis fonêmicos de alturaque constituem o primeiro sistema de tom assim intrincado a ser encontrado na América do Sul. Até agora se admitiu que na América do Sul não houvesse línguas tonais de tipo semelhante às da China, da África ou do México (...)” (cf. Anderson, 1959: 77). Nos dias de hoje, as análises até o momento efetuadas alcançaram reduzir o número de tons subjacentes/ fonológicos propostos para o Ticuna – língua na qual são materialmente encontrados os seguintes níveis fonéticos de altura (pitch): alto, meio-alto, médio, meio-baixo, baixo e extra baixo. Os tons fonológicos podem ser maximamente reduzidos a dois – os tons alto e baixo (Soares, 1995b; 1996; 1998) – ou ter a sua redução limitada a três – os tons alto, médio e baixo (Montes, 1987; 1995). O tom médio foi considerado como não especificado na representação fonológica subjacente por Soares em 1994 (ver Soares, 1995a). O argumento utilizado desde então é o de que o tom médio - contrativo em Ticuna, mas sem atividade fonológica - deve estar ausente de certos morfemas para que haja uma expressão perfeita de processos ligados aos tons, entre os quais a dissimilação tonal, ligada ao Princípio do Contorno Obrigatório (OCP ou PCO). A ausência do tom médio das representações subjacentes /fonológicas e a sua materialização fonética em Ticuna insere essa língua diretamente no debate internacional sobre subespecificação/não especificação em fonologia (Soares, 1998; 2001).
 Com relação aos tons fonológicos altos e baixos, esses não se propagam automaticamente em Ticuna (Soares, 1998): sua propagação, que não é obrigatória, diz respeito unicamente às representações finais, sendo que, para esse processo: (i) há exigência de adjacência silábica; (ii) o domínio de propagação é a palavra morfológica e o legitimador indireto é a vogal não-especificada do ponto de vista tonal. A ideia de legitimação combinada àquela da não especificação do tom médio pode dar conta dos fatos do Ticuna referentes à palavra morfológica. Os tons alto e baixo podem alcançar realizações fonéticas extremas (respectivamente mais alta e mais baixa) devido a alguns efeitos já identificados, como o alinhamento do tom com a margem da palavra e o papel da oclusão glotal. Tipo logicamente, o Ticuna é uma língua nominativo-acusativa. Apresenta flexibilidade na ordem dos constituintes maiores de uma sentença, sendo que a chamada ordem Sujeito Objeto Verbo (SOV) – analisada como derivada ou não é, em si, suficiente para a explicitação de funções sintáticas. 
A língua apresenta tópico sentencial morfologicamente marcado e ocupante direto da periferia esquerda da sentença. Esse fato convive com uma assimetria entre sujeito e objeto, na qual é o objeto que sobressai, já que sua situação sintática se apresenta como muito mais elaborada do que aquela do sujeito: uma lacuna estrutural é admitida para sujeitos, mas não para objetos; a construção conhecida como redobro do clítico é uma possibilidade sintática associada a diferentes posições ocupadas pelos argumentos interpretados como objetos (e jamais por aqueles interpretáveis como sujeitos). A língua Ticuna também apresenta um sistema de clíticos e um sistema de marcação temporal fora dos padrões habitualmente considerados pelos linguistas. Primeiro, porque clíticos são comuns em línguas pro-drop, isto é, línguas em que ocorre omissão do sujeito (abstratamente representado por pro) em orações finitas declarativas ou interrogativas; e o Ticuna é uma língua que, sendo pro-drop, necessita de uma investigação com respeito às categorias funcionais que servem como sítios de adjunção para os clíticos. Segundo, porque o Tempo, em diversas línguas, tem sido considerado como uma das categorias funcionais às quais os clíticos podem ser adjungidos (por exemplo, em grego e nas línguas românicas padrão, Tempo serve como hospedeiro para clíticos quando os traços de Tempo são fracos). E, em Ticuna, Tempo não é uma categoria funcional à qual os clíticos possam se adjungir (cf. Soares, 2000a; 2000b). Esses fatos possuem implicações para a teoria gramatical, sendo que uma delas é a assimetria entre sujeito e objeto, e a outra é o estatuto categorial do Tempo nas línguas naturais. A língua Ticuna é, de modo geral, intensamente falada, por crianças, jovem e adulta, na vida quotidiana, inclusive em aldeias próximas às cidades. Dada a extensão da área em que é falada, constitui um campo fértil e ainda virgem para o estudo da variação linguística. Assim, tipo isolado único, o Ticuna é importante para o conhecimento das línguas naturais e para a compreensão da história dos povos e das línguas indígenas faladas no Brasil.
ARTESANATO
A variedade e riqueza da produção artística dos Ticuna expressam uma inegável capacidade de resistência e afirmação de sua identidade. São as máscaras cerimoniais, os bastões de dança esculpidos, a pintura em entrecascas de árvores, as estatuetas zoomorfas, a cestaria, a cerâmica, a tecelagem, os colares com pequenas figuras esculpidas em tucumã, além da música e das tantas histórias que compõem seu acervo literário.
Um aspecto que merece atenção é o acervo de tintas e corantes. Cerca de quinze espécies de plantas tintórias são empregadas no tingimento de fios para tecer bolsas e redes ou pintar entrecascas, esculturas, cestos, peneiras, instrumentos musicais, remos, cuias e o próprio corpo. Há ainda os pigmentos de origem mineral, que servem para decorar a cerâmica e a “cabeça” de determinadas máscaras cerimoniais.
Ao longo dos quase quatrocentos anos de contato com a sociedade nacional, os Ticuna mantêm uma arte que os singulariza etnicamente, e as transformações constatadas em alguns itens de sua produção material raramente acontecem em detrimento da qualidade estética ou técnica das peças. Em certos casos, ao contrário, as inovações vieram beneficiar a aparência dos artefatos – especialmente aqueles destinados ao comércio artesanal – tornando-os mais vistosos e com melhor acabamento.
Para os Ticuna, a raiz matü designa todo o tipo de decoração ou “enfeite” aplicado na superfície dos objetos ou do corpo, bem como as manchas, malhas ou desenhos encontrados na pele ou couro de certos animais. Além de ser adotado para nomear os motivos que resultam do cruzamento de fios ou talas ou os desenhos pintados sobre as entrecascas, papel e outros suportes, esse termo é também usado para designar a escrita introduzida com a escolarização.
Como suportes de decoração há, no âmbito do trançado, os cestos com tampa, as peneiras e os tipitis, cuja manufatura cabe às mulheres. Outro conjunto de motivos encontra-se nas redes, tanto nos exemplares fabricados para venda como nos de uso doméstico. São motivos que resultam de uma técnica complexa que exige da tecelã grande conhecimento, experiência e atenção, adquiridos após um longo período de aprendizado.
A tecelagem está intimamente ligada à mulher. A fabricação de fios é uma das primeiras tarefas desenvolvidas pelas meninas e na adolescência a importância dessa atividade ganha uma expressão ritual. Durante o período de reclusão a menina moça, worecü, dedica-se a trabalhos em tucum, especialmente à torção de fios, que são enrolados em forma de “flor”, de modo diferente dos novelos circulares vistos usualmente.
A confecção da cerâmica é tarefa preferencialmente feminina, mas os homens também costumam exercê-la. Outro suporte que possibilita o prazer de desenhar e colorir são os painéis feitos de entrecasca de certas espécies de Ficus ou tururi, como é denominado regionalmente. O tururi, nome dado a esse tipo de painel, é uma invenção recente e surgiu do reaproveitamento de técnicas e matérias- primas tradicionalmente empregada na manufatura de máscaras. Os tururis são pintados exclusivamente para fins comerciais. Os especialistas reconhecidos na arte de pintar o tururi são os homens, em sua maioria jovem ou de meia-idade.
O elenco de figuras desenhadas é infinito. Há uma marcada preferência pela representação de animais (onça, jabuti, cobra, borboleta, anta, jacaré e várias espécies de aves e peixes), que emalguns casos vêm combinados com elementos da flora ou com figuras antropomorfas.
Na esfera ritual, os suportes mais representativos da arte gráfica são as máscaras, os escudos, as paredes externas do compartimento de reclusão da moça-nova e o corpo. Na confecção das máscaras, os Ticuna utilizam como matéria-prima básica entrecascas de determinadas árvores e os motivos ornamentais podem estar distribuídos pela vestimenta inteira. Na parte superior ou “cabeça”, a decoração serve para salientar as feições da entidade sobrenatural, mas é nas entrecascas com as quais cobrem o corpo que se observa um maior número de desenhos.
A confecção e o uso das máscaras são de domínio dos homens, que também se encarregam da feitura de grande parte dos objetos rituais, como alguns adereços da worecü, os instrumentos musicais, o recinto de reclusão, os bastões esculpidos etc.
A pintura da face, por sua vez, pode ser realizada por ambos os sexos e é empregada hoje em dia apenas durante os rituais, por todos os participantes, inclusive crianças. Essa pintura, feita com jenipapo, já no primeiro dia da festa, tem a função social de identificar o clã ou nação, como dizem os Ticuna, de cada pessoa. É possível detectar em alguns ornamentos faciais certa similaridade com a natureza, ou seja, com os animais e as plantas que dão nome aos clãs. Além da função social de especificação do clã, pintar-se na festa é um ato obrigatório. A decoração corporal das jovens e crianças iniciadas, por sua vez, é realizada segundo normas rigidamente estabelecidas.
	
A aptidão e a sensibilidade ticuna para a arte relevam-se agora em novos materiais e formas de expressão plástica e estética, como as pinturas em papel produzidas por um grupo de artistas que formam hoje o Grupo Etüena. Segundo a mitologia ticuna “Etüena é a pintora dos peixes. Ela sentava na beira do rio esperando a piracema passar. Ela então pegava cada peixe e pintava, dando uma cor que ficava para sempre”. Esse grupo nasceu no contexto dos cursos de formação ministrados pela Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngües (OGPTB), em que a arte teve um espaço privilegiado no programa curricular.
RITUAL DA “MOÇA NOVA”
Metidos nesses trajes festivos, os Ticunas executam suas monótonas danças, que se resumem num sapateado e no balanço do corpo de um lado para o outro, ao som de cantos e de instrumentos de percussão. (Henry Walter Bates).
– Festa da Moça Nova
A Festa da Moça Nova, ou seja, da menina que se torna mulher, para os Ticunas é muito importante, pois eles consideram a fase da puberdade muito perigosa, período em que as jovens podem ser influenciadas por maus espíritos. O ritual tem por objetivo iniciar as meninas-moças na vida adulta e, como verificamos, é composto por eventos expressivos, como:
·Clausura– construção do local (turi) onde a menina ficará isolada;
·Convite– aos Ticunas de outros clãs;
·Pintura Corporal– da Moça Nova e dos convidados;
·Ornamentos– carregados de profundo significado;
·Mascarados– representando seres mitológicos;
·Músicas e instrumentos musicais – selecionados especificamente;
·Pelação– momento em que os cabelos da moça nova são arrancados;
·Purificação– representada pelo banho.
A partir da primeira menstruação, a menina é conduzida para um local reservado (turi), construído para este fim, com esteiras ou cortinados, sem aberturas a Este ou a Oeste, de acordo com o seu clã, onde permanecerá enclausurada por um longo período, podendo se comunicar somente com a mãe e a tia paterna. Neste período, receberá as orientações necessárias de caráter místico e profano para que possa conduzir com eficiência sua vida dali por diante. O objetivo desse procedimento é estabelecer uma nova família enquanto os parentes se encarregam de convidar os Ticunas de diversos clãs para o evento.
O pai, uma semana antes do evento, se dedica a estocar grande quantidade de caça e pesca, as quais serão ‘moqueadas’ para resistir até o dia da festa, ocasião em que será consumida grande quantidade de comida e ‘pajuaru’.
Moquear– tornar seco, enxugar; assar a caça ou a pesca com o couro em um gradeado de madeira ou diretamente sobre as brasas. Após ser submetido a esse processo, o produto pode ser consumido até em uma semana.
Pajuaru– bebida inebriante feita da mandioca fermentada e azeda.
A cerimônia começa oficialmente com um brinde de pajuaru na casa do pai da moça. Os parentes e convidados pintam o corpo com jenipapo. A tia da moça traz feixes de fibras de palmeiras (babaçu, ‘buriti’ e tucum), que simbolizam a fertilidade, e serão utilizadas nas danças tribais. Durante o corte do tronco de Envira, de onde se tira o material para tecer o cocar, os convivas entoam melancólicas cantigas, e o ‘curaca’ realiza rituais de pajelança para atrair os seres da floresta e alimentá-los.
Buriti (mauritia flexuoxa) – presente nas várzeas e margens dos Igarapés, a palmeira é conhecida como coqueiro-buriti, miriti, muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu, carandaí-guaçu. Fornece a palha para cobrir cabanas e, do broto, tira-se a Envira, fibra que serve para tecer redes, tapetes e bolsas.
Curaca– chefe temporal das tribos indígenas brasileiras.
Os mascarados surgem quando a moça sai da reclusão para a primeira pintura corporal pela manhã. As máscaras são confeccionadas de acordo com a realidade de cada comunidade e imitam entidades ou animais. Representam os espíritos demoníacos que, num tempo mítico, massacravam os Ticunas. Essas máscaras lembram à jovem índia que o perigo existe.
·Mawu– mãe dos ventos e dos morros;
·O’ma– mãe da montanha e da tempestade;
·Tôo– os micos;
·Yurwu– parente do demônio.
As senhoras de seu clã iniciam a pintura com um sabugo de milho que molham na tintura e passam pelo corpo da moça, de cima para baixo, em duas grandes linhas curvas, abertas, para fora, na frente e atrás. O rosto é pintado em linhas que cobrem a face e a testa. Depois de seca a primeira pintura derrama tinta de jenipapo no corpo da moça espalhando-a com as mãos, escurecendo totalmente o tronco. O objetivo da pintura é criar uma nova pele que, ao ser removido naturalmente, carrega com ela todas as mazelas passadas, simbolizando o renascimento de uma nova fase. Por volta do meio-dia, as mulheres mais velhas, incluindo a mãe e a avó, vão até o turi colocar os adornos na Moça Nova e pintá-la. 
Cada um dos ornamentos tem uma preparação bastante elaborada e um significado muito especial:
Coroa de penas vermelhas de arara– as penas de arara vermelha representam o sol e têm poderes sobrenaturais já que, normalmente, é usada pelo curaca. A coroa é confeccionada com a fibra do ‘tururi’ e possui duas pontas das asas da arara. É colocada na testa da Moça Nova, de maneira a cobrir-lhe os olhos, para que ela não possa ver.
Ubuçu ou Buçu (manicaria sacifera) – palmeira com frutos em forma de cocos pequenos, da família das Palmáceas, abundante nas margens das várzeas e ilhas da Amazônia. A palha é utilizada por ribeirinhos na cobertura de casas. O cacho que pende da palmeira é protegido por um invólucro semelhante a um saco de material fibroso e resistente chamado de tururi.
Tanga Vermelha– feita pela avó ou pela mãe; deve ser pintada com folhas de ‘crajiru’, semente de ‘urucum’ ou com a fruta da ‘pacovan’. O vermelho representa a vida, o sangue; sobre essa tanga, a menina usa uma pequena tanga de miçangas coloridas.
Crajiru (arrabidaea chica) – as folhas trituradas, esmagadas em água, cozidas ou cruas, rendem uma tintura marrom ou enegrecida usada pelos Ticunas em pintura de vestuário e da face.
Urucum (bixa orellana) – seu nome popular tem origem na palavra tupi ‘uru-ku’, que significa ‘vermelho’. De suas sementes extrai-se um pigmento vermelho usado pelas tribos indígenas como corante e como protetor da pele contra os raios solares intensos.
Banana Pacovan (banana-chifre-de-boi, banana-comprida ou banana-da-terra) – são as maiores bananas conhecidas; chegam a pesar 500 g cada fruta e a ter comprimento de 30 cm. É achatada num dos lados, temcasca amarelo-escura, com grandes manchas pretas quando maduras; a polpa é consistente, de cor rosada e textura macia e compacta, sendo mais rica em amido do que açúcar, o que a torna ideal para cozinhar, assar ou fritar.
Colares– cruzados à altura do peito servem apenas de adorno. As penas de arara têm um significado especial, pois representam o Nutapá e o seu uso representa que somos feitos à imagem Dele.
Braçadeiras e perneiras– feitas de penas e fios, são colocadas nos braços e nas pernas.
Depois da colocação de todos os adornos, é a hora da terceira pintura. Os braços são enfeitados com penas coladas ao corpo. A substância colante, nas cores vermelha e azul, é feita de urucum e resina de madeira. Agora a Moça Nova pode, finalmente, sair do seu turi. E sua chegada à sala de festa ocorre de forma especial, dançando com pessoas da família, conduzida por alguém especialmente escolhido para essa tarefa. É um momento muito esperado por todos.
Juntam-se a eles muitos dos convidados e continuam dançando. Ao chegar à parte externa da casa, o condutor inclina a cabeça da moça nova para trás, fazendo com que o rosto dela receba a luz do sol, a mesma que ela tinha ficado sem ver durante a reclusão. Os convidados continuam dançando em volta da casa, de braços dados, em grupos de 4 a 6 pessoas, deslocando-se para frente e para trás.
A pelação significa renovação, mudança, pois a menina já se tornou moça. Ela deve retirar todo o cabelo para renovar-se e redimir-se das faltas cometidas, e para ser incentivada a assumir uma postura de pessoa adulta. O processo de retirada dos cabelos é manual, sendo arrancados em pequenas mechas. A Moça Nova é sentada sobre um tapete de palhas no centro da sala enquanto, ao seu lado, todos os participantes da festa dançam, tocam instrumentos e bebem pajuaru. A Moça Nova também bebe o pajuaru antes da pelação.
Os adornos são retirados e os mais velhos começam a retirar o cabelo da Moça Nova. Vão retirando as mechas e entregando ao tio ou ao avô dela. Durante a pelação, explicam-lhe as razões do ritual, invocando a história do seu povo. Explicam que, para se tornar uma nova pessoa, para iniciar uma nova vida como adulta, é preciso que o corpo passe pelo sofrimento que ela está passando. O ritual não é só para garantir a limpeza do corpo para entrar na vida adulta, mas também uma homenagem às entidades sobrenaturais.
Eventualmente, o couro cabeludo pode ser preparado para que a moça não sinta tanta dor. Uma semana antes da festa, tira-se a casa da ‘tucandeira’, faz-se uma pasta com os filhotes e as formigas que é colocada na cabeça da Moça. Esta técnica vai diminuir a dor e facilitar a retirada dos cabelos.
Tucandeira (paraponera clavata) – inseto himenóptero classificado na grande família dos formicídeos, subfamília das poneríneas. De cor preta, chega a medir 25mm de comprimento. É conhecida como tocandira, tucanaíra, formiga-agulhada, formiga-cabo-verde, formiga-de-febre, formigão e outros nomes. Habitante da selva, a tocandira constrói ninhos subterrâneos na base das árvores, cujas copas utilizam para forragear. As picadas causam manchas e calombos na pele, mal-estar generalizado e vômitos.
A última mecha de cabelo é tirada pela pessoa escolhida, podendo ser o tio ou o avô, ou uma pessoa idosa. Depois de concretizada a pelação, os adornos são recolocados, e o tio ou avô dão algumas voltas pelo interior da casa com a Moça Nova. A festa dura três dias e três noites e os participantes dançam e batem tambores e repetem o ritual da bebida diversas vezes. A bebida é servida na mesma cuia para todos.
No final da festa, o turi é destruído e a Moça Nova é conduzida para um Igarapé ostentando toda a decoração corporal. A ornamentação é retirada e ela mergulha dando duas voltas em torno de uma flecha fincada no Igarapé. O ritual tem o objetivo de preservá-la dos perigos da vida. Depois do banho, o cerimonial é considerado concluído. Ela vai para casa se alimentar e descansar. Quando acordar, ela irá colocar um lenço branco na cabeça que só deve ser retirado quando o cabelo crescer.
ATIVIDADES PRODUTIVAS
Os Ticuna praticavam o cultivo de espécies nativas como a macaxeira, o cará, uma espécie de cana-de-açúcar e outros tubérculos. Antigamente, com uma alimentação baseada na carne de caça, a pesca tinha uma importância mínima e era praticada com uma tecnologia de cercados e envenenamento dos peixes com o sumo do timbó (Oliveira, 1988). Essa situação, no entanto, se inverteu a partir da ocupação das várzeas do Solimões. Hoje, a pesca é uma das atividades produtivas mais importantes para os Ticuna.
Cada família ticuna possui sua roça e a considera de sua propriedade. Mas não se trata de propriedade da terra, nem mesmo de propriedade coletiva. Nas roças da família trabalham, em geral, o pai, sua esposa e os filhos mais velhos que ainda não são casados. No entanto, os filhos homens, maiores e solteiros, poderão ter uma roça própria quando casarem. Os mais idosos têm também roças independentes de seus filhos e genros, mesmo quando mora na mesma casa. Quando mais de uma família vivem em uma mesma casa, elas costumam trabalhar separada, cada uma em sua respectiva roça.
Além da mão-de-obra familiar, os Ticuna contam com outra ajuda na agricultura por parte de parentes e amigos. São os ajuris, estruturados sobre os grupos vicinais, que são realizados com frequência em todas as aldeias. Em um ajuri, o dono da roça é responsável pela comida e bebida dos seus convidados. Ele prepara o pajuaru, bebida fermentada feita de mandioca ou macaxeira, e providencia peixe e farinha para todos os participantes. Ao terminar o serviço, os participantes vão à casa do dono do ajuri, onde passam a noite em cantos e danças.
O ajuri pode ser realizado em qualquer etapa da produção, bastando que o dono da roça necessite da ajuda dos integrantes de seu grupo vicinal. Existem, portanto, o ajuri da derrubada, o da colheita, o da palha (em que os convidados levam a palha e a trançam para a cobertura da casa do dono do ajuri), o da canoa etc. O trabalho que aquela família demoraria vários dias para fazer é terminado em uma manhã de trabalho conjunto dos parentes e vizinhos.
Os instrumentos agrícolas utilizados pelos Ticuna são basicamente o terçado, o machado, a enxada e o forno de torrar farinha. Os instrumentos de trabalho utilizados no seu cotidiano são comprados por meio dos regatões ou nas cidades vizinhas, principalmente em Letícia, na Colômbia. Alguns machados e fornos de farinha foram ganhos da FUNAI. Pequenos comércios, instalados na própria aldeia por moradores com mais recursos, e que vão mais vezes à cidade, também fornecem os instrumentos necessários à produção, principalmente o terçado, que é aquele de maior demanda.
As técnicas agrícolas dos Ticuna não são diferentes daquelas utilizadas em todo o Vale Amazônico, que incluem a derrubada seguida da queima e coivara. As roças de terra firme estão no centro, como eles costumam dizer. Já aquelas da várzea são geralmente cultivadas nas ilhas e florestas alagáveis principalmente pelo Solimões.
Os produtos mais plantados, em ordem decrescente de importância, são: a macaxeira e a mandioca, a banana, o abacaxi, a cana e o cará, além do milho e da melancia, no período da seca (verão), quando estas roças que são de várzea estão sendo trabalhadas. Alguns desses produtos têm seu excedente comercializado. Além destes, podemos ainda citar algumas frutas como a pupunha, o mapati, o açaí, o abiu e o cupuaçu, que não são, senão raramente, plantadas. Estas frutas estão comumente localizadas nas capoeiras, antigas roças deixadas em pousio.
A pescaria é um trabalho dos homens. A pesca conjunta é muito rara, mesmo entre moradores da mesma casa. A grande maioria dos Ticuna costuma pescar de caniço e flecha, e os melhores locais para a pesca é geralmente os numerosos lagos que margeiam o rio Solimões. Os Ticuna não costumam comprar muita variedade de produtos. Algumas famílias chegam a comprar café, bolacha, arroz, feijão, óleo (tudo em pequenas quantidades), e algumasvezes macarrão, cebola etc. A maioria, entretanto, costuma comprar apenas fósforo, sabão, sal, açúcar e algum querosene para suas lamparinas. Muitos não compram nem mesmo o açúcar, e mesmo os que o fazem compram muito pouco.
Todos esses produtos são, em geral, trazidos pelos regatões que passam pelas localidades. Esta transação é feita normalmente a partir da troca da farinha que produzem e das galinhas que criam. Algumas vezes, tais produtos são comprados.
As famílias com mais recursos fazem suas compras nas cidades mais próximas. Algumas compram em grandes quantidades para revender mais tarde na aldeia, formando assim casas "armarinhos", com produtos como pilhas ou linha de costura.
Já a caça não é praticada por muitos, apesar de tradicionalmente estar bastante ligada aos Ticuna. Utilizavam uma zarabatana que lançava projéteis envenenados, mas hoje se valem da espingarda. As presas citadas com mais frequência são: o macaco guariba, o macaco prego, a cutia, o veado, a queixada, o caititu, a anta, o mutum, o jacu, a arara, o macaco parauacu, o macaco barrigudo, a preguiça real, o macaco caiarara e o pinhuri.
A criação de animais entre os Ticuna não costuma ser muito expressiva. A maioria das famílias possui poucas galinhas, mas estas são criadas soltas e apenas para a venda aos regatões e nas cidades, não sendo consumidas, assim como seus subprodutos. Além da galinha, há ainda uma pequena criação de patos, porcos e carneiros.
A coleta de frutas é realizada por todos da família. As frutas mais comuns nas aldeias ticuna são: mapati (tchinhã), umari (te'tchi), ingá (pama), abiu (tao), castanha (nhoí), pupunha (itu), cupuaçu (cupu), sapota (otere) e açaí (waira). As capoeiras onde os índios vão colher as frutas são, em geral, localizadas nas suas antigas roças, que deixaram em repouso, preservando as árvores frutíferas.
EDUCAÇÃO
A Organização Geral dos Professores Ticunas Bilíngües (OGPTB), criada em dezembro de 1986 e constituída juridicamente em 1994, atua numa extensa área formada pelos municípios de Benjamin Constant, Tabatinga, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins, na região do alto rio Solimões (AM). Ao longo de quase 20 anos, a OGPTB tem sido uma importante referência para os professores ticuna e, mais recentemente, também para os professores de outras etnias que habitam a região, como os Cocama e os Caixana.
Sua importância está relacionada ao desenvolvimento de projetos e programas de educação bilíngüe (Português e Ticuna), com destaque para a titulação de professores no nível médio e a oferta de cursos de especialização em educação indígena, iniciativas que vêm suprindo a falta de ações públicas de formação específica por parte dos órgãos governamentais em todos os níveis. Os cursos são desenvolvidos no Centro de Formação de Professores Ticuna-Torü Nguepataü, na aldeia de Filadélfia (Benjamin Constant), com 481 professores indígenas matriculados nas diferentes modalidades.
Essa capacitação tem contribuído para a criação de novos níveis de ensino nas escolas indígenas localizadas na área de atuação da OGPTB e um substancial crescimento do número de alunos, revertendo o quadro de exclusão escolar observado em décadas passadas, reduzindo a necessidade de deslocamento de jovens para as escolas da cidade ou mesmo a interrupção dos estudos. Se tomarmos como referência as escolas ticuna situadas nos cinco primeiros municípios citados, constatamos que, em 1998, havia 7.458 alunos, com apenas 841 nas classes de 5ª a 8ª série, ao passo que em 2005 o censo escolar apresentava um total de 16.100 alunos, dos quais 4.580 encontravam-se nas classes finais do Ensino Fundamental e nos cursos de Ensino Médio.
Outro aspecto importante foi a substituição gradativa dos docentes não índios por professores ticuna, os quais assumiram todas as classes de 1ª a 4ª séries, atuando também nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, onde compõem cerca de 50% do quadro docente. As escolas municipais são dirigidas por professores ticuna, que também desempenham em alguns municípios atividades de supervisão e coordenação de pólos. Existem 118 escolas municipais e duas estaduais.
A partir de 2002, as iniciativas da OGPTB começaram a ter a participação dos demais grupos étnicos do alto Solimões, principalmente pela inserção dos professores cocama, caixana e cambeba nos cursos de formação e nos encontros que objetivam discutir as políticas educacionais na região. Tendo como referência a mobilização dos Ticuna por uma educação escolar adequada a seus interesses e realidades, esses professores, com apoio de suas respectivas organizações, vêm lutando para implementar uma nova escola em suas comunidades e, ao mesmo tempo, obter o reconhecimento das prefeituras municipais.
Para os Ticuna, assim como para outras etnias, há uma expressiva demanda pelo ensino superior. Existe, de um lado, a necessidade de atender às exigências legais para a formação dos professores e, de outro, a necessidade de atendimento da demanda escolar que se amplia da 5ª a 8ª série e ensino médio. Dessa maneira, a formação específica de nível médio já não era suficiente, o que levou a OGPTB a criar o projeto do curso de licenciatura a partir de um longo processo de discussões com professores e lideranças indígenas.
Para realização do Curso de Licenciatura para Professores Indígenas do Alto Solimões, a OGPTB buscou a parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e apresentou a primeira versão do projeto em abril de 2004. O projeto foi aprovado no âmbito da UEA em 2005, e em julho de 2006 foi iniciada a primeira etapa. O curso destina-se a 230 professores ticuna, dispondo de 20 vagas para professores cocama, caixana e cambeba.
Já foram desenvolvidas quatro das dez etapas previstas no projeto, e as aulas são ministradas no Centro de Formação de Professores Ticunas durante as férias escolares. A atuação da OGPTB tem contribuído para uma maior autonomia dos professores e comunidades na condução do processo educacional em suas escolas e no entendimento da escola como espaço de produção de saberes, de reflexão e ação política, de proteção do território e defesa dos direitos sociais, de promoção da saúde, de valorização da língua materna e do patrimônio cultural.
Assim como outras organizações indígenas do país, a OGPTB luta pelo reconhecimento e cumprimento da legislação de educação escolar indígena na região do alto Solimões. Embora enfrente dificuldades de toda ordem - reiterada falta de reconhecimento, descaso, discriminação -, a persistência e a incansável mobilização dos membros dessa organização têm permitido superar inúmeros obstáculos e desafios para fazer valer os direitos dos povos indígenas de atuarem com autonomia na condução de seus projetos, de suas escolas e de seus propósitos por melhores condições de vida.
REINO DE LOANGO
O Reino de Luangu foi um estado pré-colonial africano aproximadamente do século XV ao XIX, agora a República do Congo.
No seu auge no século XVII o país expandiu-se de Mayombe no norte até quase à foz do rio Congo. Os habitantes falavam um dialeto do Norte da língua kikongo (quicongo) também falada no "Reino do Kongo" (Reino do Congo).
As origens do reino não são claras. A mais antiga sociedade complexa na região estava em Madingo Kayes, que foi já um acordo a povoação multi-sítio, no primeiro século D.C. No entanto, mais tarde desenvolvimentos na região são obscuros. Luangu não é mencionado nos contos dos viajantes da região no início, nem é mencionado nos títulos do Rei Afonso I do Congo em 1535, apenas Kakongo e Ngoyo, são seus vizinhos do sul, e o primeiro conto escrito do país no final dos anos 1580 conta da tradição que uma vez tinha sido sujeito ao Reino do Kongo, mas nessa altura tinha tornado-se amigo e aliado só do Congo.
Tradição mais detalhada registrada por visitantes holandeses nos anos 1630 referem que o reino era originalmente uma parte de Kakongo, ela própria, uma vez uma parte do Congo, que se separou para se tornar independente, provavelmentepor volta de 1550.
 HISTÓRIA
Os habitantes de Loango, pertencentes ao grupo bacongo, falavam um dialeto setentrional da língua quicongo, que também era falada no Reino do Congo. Missionários que visitaram a costa de Loango em fins do século XIX chamavam os habitantes de bafiote e sua língua de fiote. Atualmente eles são conhecidos por vili ou bavili, termo que começa a ser usado a partir do século XVII, quando se utilizava comumente o gentílico mobili
 	A mais antiga sociedade com estrutura complexa existente na região vivia em Madingo Kayes, que já era um assentamento diversificado no primeiro século da Era Cristã. De momento, as evidências arqueológicas são muito escassas para revelar algo mais concreto sobre tal sociedade, que existiu entre os fins do século XV e o início do XVI.
O Reino de Loango não é mencionado nos contos dos primeiros viajantes à região nem nos títulos de 1535 do rei Afonso I, do Congo, que se refere apenas a Cacongo e Ngoio, dois de seus vizinhos do sul. [3] Portanto, o relato mais detalhado de que se tem notícia foi registado por visitantes neerlandeses nos anos de 1630, e narra que o reino era originalmente uma parte de Cacongo, no Congo, do qual se separou para se tornar independente provavelmente por volta de 1550.
 BACONGOS
O Bakongo é um grupo étnico banto que vive numa larga faixa ao longo da costa atlântica de África, desde o Sul do Gabão até às províncias angolanas do Zaire e do Uíge, passando pela República do Congo, pelo exclave de Cabinda e pela República Democrática do Congo. Em Angola é o terceiro maior grupo étnico.
No passado formaram o poderoso Reino do Congo, um dos mais importantes em toda a África de então.
Foi no território Bakongo que, no Século XV, os Portugueses encontraram o reino do Kongo, com a capital em “S. Salvador” (Mbanza Kongo).
Resistiram durante séculos às invasões portuguesas até serem finalmente separados por fronteiras coloniais impostas pelos tratados e acordos entre países europeus no fim do século XIX, dividindo seu território em Congo Belga, África Equatorial Francesa e Angola. 
 DIALETO QUICONGO
O quicongo (em quicongo, kikongo)[1] é uma língua africana falada pelo povo bacongoː nas províncias de Cabinda, do Uíge e do Zaire, no norte de Angola; e na região do baixo Congo, na República Democrática do Congo e nas regiões limítrofes da República do Congo. A língua quicongo tem o estatuto de língua nacional em Angola. Conta com diversos dialetos. Era a língua falada no antigo Reino do Congo. [1]
É uma língua tonal. Era falada por muitos dos que foram levados como escravos para as Américas. Por essa razão, formas crioulas suas são adotadas na linguagem ritual de religiões afro-americanas. Também influenciou na formação da língua gullah nos Estados Unidos e do palenquero na Colômbia. Existem atualmente aproximadamente 7 000 000 de falantes nativos e 2 000 000 de pessoas que a usam como segunda língua. Serviu de base para a formação do kituba.
 ESCRITA
Atualmente, não existe um padrão de ortografia para o quicongo. São usados vários estilos diferentes, principalmente em jornais, panfletos e alguns livros.
O quicongo foi a primeira das línguas bantas a ser escrita em caracteres latinos e foi a primeira língua banta a possuir um dicionário. Foi escrito um catecismo em quicongo sob a autoridade de Diogo Gomes, um jesuíta nascido no Kongo de pais portugueses em 1557, mas nenhuma versão dele existe nos dias atuais.
Em 1624, Mateus Cardoso, outro jesuíta português, editou e publicou uma tradução para o quicongo do catecismo de Marcos Jorge. Seu prefácio diz que a tradução foi feita por professores congoleses de São Salvador (M'Banza Kongo), provavelmente parcialmente por obra do congolês Félix do Espírito Santo.[2]
O dicionário foi escrito por volta de 1648 para uso de missionários capuchinhos e o principal autor foi Manuel Robredo, um padre secular do Kongo que se tornaria capuchinho sob o nome de Francisco de São Salvador. Nas costas do dicionário, existe um sermão de duas páginas escritas somente em quicongo. O dicionário tem aproximadamente 10 000 palavras.
Dicionários adicionais foram criados por missionários franceses na costa do reino de Loango na década de 1780, e uma lista de palavras foi publicada por Bernardo da Canecattim em 1805.
Missionários batistas que chegaram ao Kongo em 1879 desenvolveram uma ortografia moderna para a língua. O "Dicionário e Gramática da Língua Kongo", de W. Holman Bentley, foi publicado em 1887. No prefácio, Bentley creditou Nlemvo, um africano, por sua assistência, e descreveu "os métodos que usou para compilar o dicionário, que incluíram organizar e corrigir 25 000 folhas de papel contendo palavras e suas definições."[3] Eventualmente, Bentley, com a assistência especial de João Lemvo, produziu uma Bíblia completa em 1905.
INFLUÊNCIA DAS AMÉRICAS
Muitos escravos africanos transportados para a América falavam quicongo, e sua influência pode ser vista em muitas línguas crioulas na diáspora africana, como o palenquero (falado por descendentes de escravos negros fugidos na Colômbia), o habla congo (a língua litúrgica da religião afro-cubana palo) e a língua crioula haitiana. Algumas palavras do inglês americano também são derivadas do quicongo, comoː goober (amendoim), do quicongo nguba; zombie (zumbi), do quicongo nzombie, "morto"; e funk, do quicongo lu-fuki. O nome da dança cubana mambo deriva de um termo quicongo que significa "conversa com os deuses".
 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que durante essas pesquisas que foram apresentadas os ‘’Ti-cunas’’ não eram a única tribo com problemas mesmo os ‘’Luango também não eram exceção de povos africanos que estavam desaparecendo, devido ao processo de de-senvolvimento e a respectiva industrialização e crescimento. Porém existem varias or-ganizações e associações que fazem o possível para manter e evitar a extinção de su-as tradições e culturas.
Referências 
SOARES. Marília Facó. Língua Ticuna (ou Tikuna). Disponível em: https://pib.socioambiental.org/files/file/PIB_verbetes/ticuna/lingua_ticuna(1).pdf
PHILLIPS. David. Tikuna- Magüta. Disponível em: https://brasil.antropos.org.uk/ethnic-profiles/profiles-t/171-274-tikuna.html 
SOARES, Marília Facó, 2008.
Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Ticuna
CEL HIRAIM Reis e Silva, 2009.
Disponível em: http://pbrasil.wordpress.com/mudamos-para-www-planobrasil-com/espaco-do-leitor/amazonia-nossa-selva/os-tikunas-e-o-ritual-da-%E2%80%98moca-nova%E2%80%99/
OGOT, Bet Hwell Allan (2010). História Geral da África – Vol. V – África do século XVI ao XVIII. São Carlos: UNESCO; Universidade de São Carlos. ISBN 9788576521273
NGOÏE-NGALLA, Dominique Ngoïe-Ngalla (2010). Au Royaume du Loango, les athlètes de Dieu. Paris: Editions Publibook. 92 páginas. ISBN 9782748354362
 SHILLINGTON, Kevin (2013). Encyclopedia of African History. Londres: Routledge. 1912 páginas. ISBN 9781135456702
 a b «Quicongo». Michaelis On-Line. Consultado em 4 de dezembro de 2016
BONTINCK, F., NSASI, D. N. Le catéchisme kikongo de 1624. Reédition critique. (Brussels, 1978)
World Digital Library. Disponível em https://www.wdl.org/en/item/2533/. Acesso em 15 de novembro de 2017.
 Farris Thompson, in his work Flash Of The Spirit: African & Afro-American Art & Philosophy
 English language and usage. Disponível em https://english.stackexchange.com/questions/17228/where-does-funk-and-or-funky-come-from-and-why-the-musical-reference. Acesso em 15 de novembro de 2017.

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