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Capítulo Um .......... ......... Nova York, 2012 abe qual é a segunda coisa pior do que estar prestes a perder o amor de alguém, aquele amor que sabe que nunca mais terá outro igual? É saber que não pode fazer mais nada a respeito. Eu sabia que estava acabado, dessa vez eu tinha certeza disso, mas não estava preparado. Passei toda minha vida me enganando sobre quem eu deveria amar, e se realmente eu poderia amar verdadeiramente. Só que uma vez amei uma mulher e desde então não conseguia amar mais ninguém. Ela me deixava confuso a respeito do que sentia por mim e tinha me deixado mais ainda. No começo tudo parecia mil maravilhas, ela era espontânea e muito carinhosa, nunca imaginei que isso poderia mudar, pra ser sincero ainda não entendo o que aconteceu. Entre nós dois sempre houve um sinal de interrogação. Mas era isso que me deixava a cada dia mais louco por ela. E agora estava ainda mais. S 14 Keyth Green fez algo de espontâneo que ainda me surpreende e ao mesmo tempo mais uma vez deixa um sinal de interrogação no meio, e dessa vez era do que ela sentia por mim. Quer dizer eu sabia que era a respeito, pois o que ela viria fazer aqui em Manhattan na véspera do seu casamento. E depois por que tantas visitas, tantos telefonemas, tantas cartas! Nada fazia sentido. Nunca consegui entender realmente suas palavras no dia em que nos despedimos algo tinham acontecido comigo que causou nossa separação e talvez eu até pudesse ter feito algo para não se separar mais ela parecia ter certeza da sua decisão e por amor eu aceitei a sua escolha. Seus pensamentos, sua mente talvez estivesse confusa, mas tudo aconteceu tão rápido que não durou uma semana e eu já tinha saído de Charleston e vindo para Manhattan. Depois de um tempo ela ainda entrava em contato, às vezes por email outras por telefone. Quando era por telefone era incrível e às vezes difícil. Ao atender a ligação, na maioria das vezes ela não falava nada, e ao escutar o som dela sussurrando eu sabia que ela só queria escutar a minha voz, e aquele momento só me fazia lembrar-se do dia em que fomos pela primeira vez no restaurante Miltmon em que tinha um lindo deker onde passamos a maior parte do tempo observando a imensidão do mar, aquele vento suave com uma brisa leve que deixava seus cabelos mais espontâneos, o cheiro da comida feita na hora e as pessoas que estavam ao nosso redor todas com um olhar apaixonado e uma musica de fundo deixava tudo mais romântico. Naquele dia falei dos meus sonhos e ela me escutava tão animada e surpresa. Quando terminei ela não falou nada por alguns instantes, ela suspirou por um minuto e olhando para os meus olhos ela disse pra si mesmo que queria estar nos 15 meus sonhos que me amava, e de repente um silêncio invadiu as nossas almas. Aquele momento estava tão incrível que nenhum de nós dois queria quebrar o silêncio eu não queria falar nada eu só queria sentir o calor daquele momento. Foi quando eu soube que ela estava apaixonada. Isso foi uma semana depois da gente se conhecer só durou uma semana pra ela se apaixonar por mim. E agora não sabia se ainda estava. Sua visita a Manhattan não fazia sentido, depois de tanto tempo, depois de termos discutido por que ela viria me ver? Não sabia o que fazer a respeito, mas quando a avistei no outro lado da rua meu coração saltitou duas vezes e por um instante me tornei o James daquele verão. O fato é que por mais embaraçador que o coração dela era, embaraçador mais ainda é os momentos que torna a nossa vida o que é. Em instantes soube que ainda me amava quando ela me olhou, mas só durou um minuto aquele momento. Um momento intenso que me fez colocar no lugar em que estou agora. ............................................... ∞ ................................................. “James! Você está ai? Alô. James sei que está, por favor, cara atenda logo o telefone, estamos todos preocupados com você. James...” desconectei o cabo de energia da secretária eletrônica. Não queria falar com ninguém nem mesmo meu pai. Não era ele que estava me ligando, não parecia muito com a sua voz, mas ele já tinha tentado muitas vezes. 16 Levantei-me do chão com as costas ardendo, ainda estava muito dolorida da briga que provoquei ontem em um bar, estava com uma sensação estranha no meu rosto queria saber o que era exatamente. Era como se eu tivesse com um tumor no rosto, estava ardendo e muito inchado. Fui em direção ao banheiro chutando as latas de cerveja que estavam espalhados pelo chão. Encostei-me na pia, abri a torneira e enchi minha mão de água e joguei no meu rosto, “Hun...” senti um ardor quase infinito, me olhando no espelho vi um homem sem futuro e todo destruído. Não sei exatamente o que aconteceu ontem à noite e nem como vim parar em casa, a única coisa que me lembro era de ter dado em cima de uma gata que estava no balcão tomando uns drinks. E que logo depois um charlatão veio em minha direção me provocando, se achando o gostosão e me empurrando falando um bocado de palavras que não me lembro de nenhuma delas, além da última que veio acompanhado de um murro bem no meu queixo. Depois disso acordei com o telefone tocando, e logo a ligação caiu na secretária eletrônica. “Quem era?” pensei. Eu conhecia aquela voz, mas eu ainda estava sob o efeito do álcool e não conseguia decifrar muito bem. Logo depois a porta começou a bater. “James!!! James!!! Abre logo a porta se não eu vou arrombar.” E as pancadas eram bastante fortes, acho que eu não tinha escolha. Teria que abrir a porta. Mas ainda preferi não responder e quem sabe a pessoa desistira e perceberia que não tinha ninguém. 17 “James!!! É sério eu sei que você está ai. Fiquei sabendo que você se meteu em uma briga ontem. Abre logo.” Ele implorou. Comecei a pensar quem mais saberia que eu estaria naquele bar? Pensei maus profundo ainda, ninguém seria burro o bastante para arrombar a porta do meu apartamento, logo a segurança seria acionada. Logo pensei mais rápido ainda e juntei os fatos e descobri que só uma pessoa saberia que eu poderia estar naquele bar, e só uma pessoa foi comigo uma vez, e só essa pessoa teria a ousadia de arrebentar a porta do meu apartamento sem ter medo algum, e essa pessoa só poderia ser o Kim. Kinned Carpe estava na porta do meu apartamento do lado de fora tentando entrar, mas o que ele queria afinal. Semanas atrás ele me odiava, e agora ele tava aqui na porta do meu apartamento. Não conseguia entender. Pra falar a verdade não conseguia mais entender nada, tudo estava fora do normal. Um tempo a trás Kim era meu melhor amigo, mas depois dele ter se casado com a mulher que eu amava tudo mudou. “Ai é serio vou contar até três e vou arrombar a porta, eu acho que você não vai querer pagar um concerto ainda hoje? Ou vai?” Era ele mesmo, pensei. “droga.” Sussurrei bem baixinho. Sai do quarto em direção a porta e escutando Kim contar até três para arrombar a porta, percebi que o cara tava mesmo falando sério. “Já vai! Que droga.” Resmunguei gritando bem alto. 18 “Haa resolveu abrir.” A voz de Kim soava por trás da porta cada vez mais alto enquanto eu me aproximava. “Iai” O cumprimentei abrindo parcialmente a porta com o corpo no meio da entrada. “James!” Falou assustado, observando os machucados no meu rosto “O que aconteceu? Cara você Está...” “Nada” interrompi “só umas tatuagens no rosto, nada de mais” E você o que faz por aqui?” Falei meio sarcástico como se tivesse me importando muito pela visita que ele resolveu fazer. “Estou preocupado com você, seu pai me ligou querendo saber sobre seu paradeiro, ele disse que já faz dias que não consegue falar com você” “É por que não estou querendo falar com ninguém.”Foi entrando depois de um pequeno empurrãozinho que ele me deu. Ele estava observando a situação que se encontrava meu apartamento. O apartamento estava daquele jeito, como uma casa fica depois de uma festa de universitários, só que com um cheiro mais aguçado, pois já fazia semanas que eu nem se quer sabia o que era sabão e uma vassoura. “Ai James isso aqui ta um lixo, como...” O interrompe. “Olha aqui não sei quem te contou que fui a um bar ontem, e muito menos o que você quer aqui então fala logo por que tenho muita coisa pra fazer” 19 “Éee... Estou percebendo. A garota ali em baixo me disse que você estava mal, mas não sabia que era tanto assim.” “Que? Garota?” indaguei surpreso. Mas não demorou muito tempo pra eu juntar os fatos e imaginar como tudo aconteceu. Ontem à noite Laura veio no meu apartamento ver como eu estava. Laura era a recepcionista do apartamento, linda, simpática, já tinha levado ela pra cama uma vez, mas não queria nada serio. Ela soube que eu iria sair e até pediu para eu levar ela, mas estava a fim de beber sozinho. “Será que ela me seguiu? Não ela não seria capaz de fazer isso, ou seria?” Pensei. Não importava, agora sei como entrei no apartamento, e como Kim veio parar aqui. Por um lado até agradeço ela por ter-me trago para casa, mas por que ela teve que chamar Kim, logo Kim. “James, sei que você não ta bem, mas precisamos conversar.” Falou sentando no sofá tirando umas caixas de pizza vazias que estavam jogados no estofado e limpando com a mão. “Conversar o que?” Falei zangado, levantando as sobrancelhas. “Sobre a sua situação, eu quero te ajudar” Por um minuto não quis falar nada, será que ele tava falando sério? Pensei. De uma coisa eu sabia era que ele não iria sair do meu apartamento enquanto não conversasse comigo. Parecia algo importante, mas pra ser sincero não estava dando à mínima. 20 “Não tenho nada pra conversar, já disse eu estou bem, não sou mais um jovem perdido, tenho responsabilidades e afazeres, por favor, vai embora.” Falei soltando a maçaneta da porta e indo em direção ao quarto. “James!” Kim me chamou. “Eu já disse pelo amor de Deus, eu estou bem. Isso aqui é só por que estou tendo muito trabalho para fazer, não estou tendo tempo para arrumar a casa, e essa marca no meu rosto, foi só um acidente.” Tentei convencer ele mostrando e apontando para a situação que se encontrava meu apartamento e na situação em que me encontrava. Mas ele sabia de tudo. “Muito trabalho a fazer? Como assim você conseguiu outro emprego depois de ter pedido demissão da Queshe Office Departure?” Kim parecia muito sarcástico com o tom de voz utilizado. Não durou muito pra ele me convencer de que estava querendo realmente falar comigo, e que ele queria deixar as mágoas passadas de lado e tentar mudar o rumo. Mas eu não queria. Acho que estava começando a me acostumar com a situação em que eu vivia. Já fazia anos que eu me encontrava daquela forma. Desde o dia que vim para Manhattan minha vida saiu dos trilhos, já não tinha mais sonhos, então não tinha mais responsabilidades e preocupações. Os meus princípios os deixei de lado e deixei os outros decidirem pela minha vida. Nada mais fazia sentido. Quer dizer a única coisa que fazia sentido era viver o momento, sem se preocupar com as consequências mesmo sabendo que seriam graves. Eu realmente estava perdido. Não sabia mais onde era o meu lugar, mas tinha uma pessoa que sabia onde era o lugar dela, e 21 depois de ter escutado tudo o que Kim queria me dizer eu tive certeza de que o lugar dela era no meu coração. Mais angustiado fiquei ainda depois da conversa que tive com Kim, depois de saber de tudo que se escondia por trás de meros sentimentos. Ele me fez perceber que o tempo todo eu fui um idiota, e que a vida não era para ser daquele jeito, eu precisa mudar, precisava encontrar meu rumo novamente. Já tinha se passado duas horas que Kim tinha saído. E eu ainda estava sentado no sofá onde muitas lágrimas tinham escorrido o meu rosto, Kim conseguiu extrair do meu subconsciente todos os bons momentos que eu já tive, com a minha família, com os meus amigos na escola, os nossos momentos de infância quando fazíamos coisas que deixava a vizinhança estressada, e acima de tudo os momentos que tive com a Keyth, que foram esses momentos que me fez colocar na situação em que me encontro agora, e por incrível que pareça foram os melhores da minha vida. Kim realmente sabia quais palavras iria me afetar, bem ele era o único daquela cidade que me conhecia de verdade. Pois eu passei toda a minha vida em Manhatan mentindo. Menti quem eu era, menti o porquê estava ali, menti sobre a minha família, sobre a minha história. Engraçado e que eu não estava nem ai, com tanta mentira, pois não queria criar mais nenhum vínculo com ninguém. Tinha perdido o gosto do que era amar, do que era sentir um abraço de verdade, do que era um beijo apaixonado. Eu não sabia mais o que era amor de verdade. Quer dizer La no fundo eu até sabia, mas não queria mais, consegui de uma forma escandalosa dizer 22 não ao amor e a todas as outras coisas da vida que nos fazem nos sentir bem. Sai do sofá e fui para a cozinha, estava com uma sede, e parecia que minha pressão tinha caído um pouco. Só parecia, pois eu estava bem, bem até demais. O álcool não causou nenhum dano, nem a briga que tive, tirando as dores que não tava suportando muito e a imagem que meu rosto ficou. De frente para geladeira que estava com marcas de dedo na porta e pingos de vinho, vi uma foto que me fez lembrar-se de uma situação que Kim estava me contando, e ao mesmo tempo percebi que ele estava tendo cuidado total nas palavras que estava proferindo, tentando me colocar de volta a realidade, enquanto ele falava tudo aquilo eu estava pensando em como fui tão cruel e como? Como eu me tornei essa pessoa? Eu estava arrasado com os momentos que perdi, com as oportunidades que desperdicei com o coração de muitos que magoei. Peguei a garrafa de água coloquei sobre a pia e pegou um copo sujo lavei e enchi o copo e bebi de uma vez, depois enchi novamente e enquanto eu bebia lentamente a água eu olhei pela janela e vi que o sol estava começando a desaparecer deixando seus raios espalhados pelo céu, com suas cores radiantes se misturando com as nuvens deixando uma paisagem encantadora, de esperança e de fé. Aquela imagem me fez acreditar em algo que eu nem sabia que poderia ser possível, e que eu precisava daquilo. Percebi que era ora de mudar, de tentar começar tudo de novo, de sonhar novamente, e acreditar em mim mesmo. 23 Toda aquela situação me fez lembrar-se de algo que Keyth disse uma vez. Foi naquela noite que fomos ao restaurante Miltmon, em que estávamos totalmente apaixonados um pelo outro. Ela disse que a chave para a porta da felicidade era ter sonhos realizáveis. Após pronunciar aquela frase, ficou um silêncio. Enquanto isso eu estava analisando o seu comentário e percebi que ela queria saber mais sobre mim, que estava totalmente na minha. Depois daquelas palavras naquela noite contei meus sonhos para ela, disse tudo, tudo mesmo. Eu a mal conhecia direito e já de início compartilhar os meus sonhos, meus desejos. Não era o que eu pensava em fazer em nosso primeiro encontro, mas foi o que aconteceu. O melhor de tudo foi o que aconteceu depois disso. Lembranças eram apenas lembranças que estava tendo naquela tarde logo após Kim ter se retirado. O que Keyth tinha feito não conseguia mais nem imaginar, mas por um lado Kim me convenceu de que eu tinha que seguir em frente, que Keyth não estaria mais ali comigo. Disso eu realmente teria que dar razão a ele. O pior de tudo e que ele me fez perceber que eu tinha perdido ela na ultima vez em que nosencontramos em Charleston, onde nos despedimos. Ali foi o fim, e eu ainda não tinha me convencido disso. O pior de tudo e que fui eu que coloquei um fim, e eu poderia ter feito algo, poderia ter feito mais, mas não fiz nada e era isso que estava me agoniando. Era isso que sabia que não me deixaria dormir, que essa insatisfação ficaria marcado pro resto da minha vida, e que eu não conseguiria me recuperar. Deduções eram apenas deduções. Pois eu estava com medo de tentar, medo de sair dali, medo de buscar a felicidade, de sonhar novamente, de amar, de lutar, medo de acreditar em mim mesmo, e de me 24 arrepender de tudo que eu já tinha feito, eu estava com medo de ser o homem daquele verão, apenas medo de não conseguir se esquecer de uma mulher que mudou a minha vida e que agora todos os momentos em que passei com ela estavam bem vivos nas minhas lembranças, por que foi ela que me fez acreditar em mim mesmo, e foi ela que me fez o que sou agora, só não queria aceitar o fato que seria ela que me faria sair dessa e começar tudo outra vez. Ainda observando o céu se escurecendo, fui interrompendo meus pensamentos terminando de beber a água. Depois coloquei o copo no fundo da pia e fechei a janela observando mais uma vez o céu que me fazia lembrar-se da vida que eu tinha antes de tudo isso. Fui até a porta verifiquei se estava trancada, depois fui retirando algumas latas de cerveja e restos de pizza que estavam no meio da sala as colocando em um saco plástico. Levei a sacola para a cozinha e deixei-a em cima da mesa. Dei uma olhada em geral e percebi que eu precisava fazer uma faxina no meu apartamento, mas estava exausto, precisava descansar um pouco. Então sai em direção ao quarto sem notar muito a bagunça pois era certo de que quando eu estivesse melhor eu limparia tudo. Peguei minha toalha que estava sob uma cadeira que pertencia a mesa da sala de estar que por um acaso ela estava no meu quarto. A toalha estava um pouco molhada e com um cheiro estranho, então não usei ela e fui no armário verificar se tinha outra toalha. Um limpa e claro, pois até então eu não sabia o que estava limpo ou não dentro do guarda roupa. Kim e todos tinham razão, eu não estava bem e só depois da conversa que tive com Kim que me fez perceber o quanto eu tinha 25 mudado e o quanto eu ainda precisava fazer para retornar a pessoa quem eu era, pois esse era apenas o meu desejo. Debaixo do chuveiro comecei a lamentar de tudo mais uma vez. Eu estava muito frustrado, não me conhecia mais e der repente comecei a dar murros na parede, deixando meus punhos um pouco machucados e logo pensei fundo, passando as minhas mãos pela minha cabeça e erguendo-a para cima e pensando “kim não devi ter falado tudo aquilo” Quando terminei de banhar coloquei a toalha em cima da cama, me vesti e peguei a tolha e coloquei-a na varanda. O céu já estava escuro e bastante estrelado. Fui até a cozinha e peguei uma caixinha de suco de laranja caseira e coloquei em um copo que peguei no armário, coloquei umas pedrinhas de gelo e fui para a varanda novamente. Coloquei o copo em uma mesa onde tinha uns jornais espalhados, e me sentei em uma poltrona que a comprei de um colecionador de antiguidades. Observando as estrelas me perdi mais uma vez em meus pensamentos, e dessa vez lembre-me do dia em que conheci Keyth, não foi nada tão sutil, foi mais assustador do que algo tradicional. E interrompendo minhas lembranças a voz de Kim veio a minha mente de novo, e suas palavras começaram a soar novamente que até parecia que ele estava ali comigo conversando. Daí comecei a lembrar-me novamente da conversa que tive com Kin, e lembrei-me de como ele começou a conversa. “James Tudo mudou desde o dia em que você olhou para aquela garota que estava presa ao mar e salvou a vida dela, você lembra”? 26 PARTE I .......... 27 Capítulo Dois .......... ......... Charleston, 2004 Charleston era uma cidade de pouco povoação na época em que eu nasci em 1986 ainda havia africanos migrando para lá. A cidade sempre foi um lugar importante para aprender mais sobre o Africano- Americano a história e sua cultura. Eventos-chave na história Africano-Americana, assim como na história americana, moldaram o crescimento da cidade e do desenvolvimento. Quando eu estava na escola eu aprendi sobre a escravização de africanos, a guerra civil e emancipação, sobre a reconstrução, o movimento dos direitos civis, e da linguística única e artístico e das tradições culinárias que os africanos e Africano- americanos contribuíram para a história de Charleston e a sua cultura. Décadas se passaram e Charleston se tornou o município que mais cresceu em South Carolina 28 Em 2004 Charleston parecia mais uma metrópole, pois além da população que morava na cidade a cidade era bastante visitada pelos turistas vindos do mundo todo. Além disso milhões de pessoas viam dos estados da Carolina do Norte, fazer uma visita pelo menos uma vez ao ano a cidade de Charleston. Universitários vindo de Wilmington faziam a festa na época de suas férias. Vinham em grupo e alugavam casas próximas a cidade de Charleston, como Mount Pleasant ou Sullivans Island e passavam uma temporada aproveitando tudo o que Charleston tem a oferecer. Um jogo de Golfe um dia talvez, Surfar na ilha de Isle Of Palms onde suas ondas eram melhores do que as de Sullivans Island e vários esportes como Tênis, Vôlei de praia, e outros que se encontravam não só especificamente em Charleston, mas nas cidades ao seu redor assim como Mount Pleasant que ficava entre o North de Charleston e Sullivans Island. Mas havia outras modalidades de como aproveitar a cidade a maiorias das pessoas preferiam fazer um tour pela cidade, Não parecia haver melhor maneira de ver todos os locais em que o Charleston está a embarcar em uma das muitas excursões. Seja por terra ou por mar, Charleston oferece muitas excursões de interesse especial para aprender toda a rica história da região. Se preferir passear típicas vielas a pé ou de trote pelas ruas em uma carruagem, todos os caminhos levam os visitantes em uma viagem inesquecível de volta no tempo. Certo o clima é ótimo, Charleston tem um clima subtropical úmido com invernos suaves, verões quentes e úmidos e chuvas significativas durante todo o ano. O verão é a estação mais úmida, quase a metade das precipitações anuais ocorre durante os meses de verão em 29 forma de trovoadas. Mas a cidade não estava preparada para a onda de jovens que vinham de todas as partes em busca de suas atrações. Charleston está localizado ao sul do ponto médio geográfica da Carolina do Sul entre a entrada do Atlântico formado pela confluência dos rios Ashley e Cooper. Na autoestrada 17- que liga Myrtle Beach a Charleston – se encontra a ponte Arthur Ravenel Jr Bridge que faz a divisa de Charleston com Mount Pleasant. Quando eu era criança, meu pai e eu íamos de carro do centro da cidade que era onde morávamos até a Mount Pleasant assistir o jogo de golf no clube patriots points. E toda vez que iríamos passávamos pela ponte, ela sempre foi bastante elegante e sempre que passava por ali eu admirava toda a sua estrutura, detalhe por detalhe. Lembro-me de um dia que passamos pela ponte e de longe avistou algo se movimentando no oceano atlântico e não era só um objeto e sim vários com cores encantadoras e pessoas estavam em cima desses objetos os controlando, eu não sabia o que era, mas meu pai logo viu minha admiração e começou a falar de um torneio que tinha uma vez ao ano, um torneio de vela. Eu queria muito ter um barco daqueles, bem eu não sabiavelejar, mas fiquei muito admirado com tudo o que eu tinha visto e logo comecei a insistir muito para que meu pai me desse um daqueles e me ensinasse a velejar, mas não tínhamos verbas o suficiente para ter um daqueles. Então desisti de insistir, mas não desisti de um dia poder comprar um. Como qualquer cidade Charleston tem partes ricas e pobres. Minha família vinha de uma geração muito conhecida pela cidade devido a sua cultura gastronômica. Muitos membros da minha família eram franceses por parte de pai e outros espanhóis por parte de mãe, mas meu 30 pai e minha mãe não seguiram esse ramo, apesar de que eles se conheceram através da gastronomia. Nada comprova que um prato de comida bem feito e bastante saboroso fosse tão romântico o bastante para juntar duas pessoas diferentes que viviam com divergências, mas o amor que tinha entre eles comprovava tudo, pois era uma força maior do que qualquer outra coisa. Meu pai depois de ter fechado o restaurante foi trabalhar em um dos empregos mais pesados da cidade, no porto de Charleston. E minha mãe preferiu ficar em casa cuidando das coisas e me educando. Ela era uma mulher muito linda, bastante criativa e gostava muito de estar perto de mim. Ela conseguia de uma maneira surpreendente me sentir o melhor filho do mundo, mesmo com as minhas imperfeições; Um dia ela veio até o meu quarto, era uma daquelas noites de tempestade, meu pai não estava em casa, e ela estava com medo. Foi muito engraçado ver ela assustada, e pedindo para que eu deixasse ela dormir comigo. Era isso e outras demonstrações de afeto que me fazia sentir um filho muito sortudo. Já meu pai por um lado era mais reservado, não era muito conversador gostava mais de se dedicar ao trabalho e aos afazeres da sociedade. Mas ele não era ausente em minha vida. Foi ele que me ensinou a surfar quando eu tinha dose anos, me ensinou a levantar uma pipa e muitas outras coisas de pai e filho. As demais coisas como amarrar o cadarço do tênis, escovar os dentes, e arrumar a cama foi minha mãe que teve toda a sua dedicação para me ensinar. Ela também era muito boa com as palavras foi ela que formou o meu caráter, pelo menos deu iniciativa. 31 Eu era muito mais parecido com minha mãe do que com o meu pai, todos diziam isso. Mas se for levar para o lado da personalidade poderia dizer que sim. Ela tinha uma personalidade incrível, onde colocava o amor acima de todas as outras coisas. Um dos motivos de meu pai ter se casado com ela. Ela era diferente de todas as garotas daquela época, quando meu pai a conheceu. E ela não era uma mulher muito fácil dizia meu pai às vezes quando eu ele conversávamos sobre relacionamentos. Meus pais tinham uma preocupação enorme em relação ao meu futuro, em relação à carreira que eu iria seguir, a garota que eu iria conquistar, a vida que eu iria levar. Eles se dedicavam ao máximo para que eu tivesse uma vida maravilhosa, e um futuro muito promissor. Por um lado isso era bom, eu saberia que depois que eu seguisse meu rumo ao me formar na faculdade eu teria uma boa vida, mas eu também sabia que se eu conseguisse o sucesso da forma que eles desejavam não seria a mesma coisa de conseguir o sucesso tentando sozinho. Eles tinham planos para mim, e eu tinha outro totalmente diferente. Mas com o tempo eles foram percebendo que o melhor para mim era-me deixar fazer as minhas escolhas e eles permitiram eu decidir realmente o que eu queria. E tudo o que eu queria era algo muito simples, amar e ser amado. Todo esse desejo e explicado quando se olha para minha mãe. Eu tinha o mesmo jeito de ver o mundo olhando para cima como ela. Eu olhava por traz das decepções, por trás do sofrimento, por trás de todas as coisas ruins, mas pensando nas coisas boas que tinham pela frente. Minha mãe dizia que eu tinha um jeito incrível de ver as coisas. E ela tinha razão em tudo o que dizia. A culpa era dela eu ser assim, quer 32 dizer eu sempre achei bom ser assim, poderia sofrer as vezes chacotas dos colegas na escola, ou das amizades na vizinhança mas eu não me importava, eu dizia á eles a mesma coisa de sempre que “o meu futuro será diferente do seu, e quando você me ver de novo, ficará com inveja de toda a vida que tenho”. Como eu tinha tanta certeza de que eu seria muito bem sucedido em minha vida? Se eu nem sabia ainda o certo em qual faculdade eu iria me formar, com que garota eu iria me apaixonar e em qual caminho eu iria cruzar? Eu não podia ter tanta certeza do que eu iria ser e como eu iria viver, mas minhas dúvidas começaram a ser esclarecidas quando sai de Charleston e fui para Sullivans, uma cidade próxima a Charleston, quer dizer pode ser que era em Charleston, pois era mais uma ilha próxima a cidade. Mudamo-nos quando eu tinha doze anos, bem na época em que eu aprendi a surfar com meu pai. Compramos uma casa que ficava em frente a praia, era bastante isolada das outras, era a única da rua, uma rua pequena próximo a um farol. Por dentro da casa ela era bastante rústica, tinha dois quartos pequenos e dois grandes, uma cozinha bastante ampla, e uma sala com um espaço amplo onde tinha um piano e a escada para ter acesso aos quartos e um banheiro que tinha bem no corredor. Os dois quartos grandes ficavam na parte de cima, tinha uma porta que dava acesso a varanda que tinham a frente dos quartos e tinha uma cerca de madeira bem baixa. Na parte de baixo ficavam os outros dois quartos e o restante dos cômodos. Para ter acesso a casa tinha duas escadas que se encontrava com a varanda da parte da frente. A casa tinha oito janelas na parte de baixo e umas quatro na par te de cima, e dois enormes na sala. 33 A vida em Sullivans era outra totalmente diferente da vida que eu tinha em Charleston. Apesar de ainda assim não ter muitos amigos. Quer dizer eu nunca fui tão popular. Mas também nunca quis ser, quer dizer até que às vezes eu queria ser o melhor jogador de vôlei de praia, ou o melhor surfista da região, mas tudo isso não era nada mais e nada menos do que um desejo de ser o melhor em tudo o que for fazer, e eu tinha muito isso. Eu passava a maior parte do meu tempo na praia, quando não estava na escola, estava em Isle of Palms, onde se encontrava as melhores ondas para surfar. Além do surfe eu curtia muito o vôlei, mas tinha um problema eu não sabia jogar eu só admirava muito. Tinha a vontade de aprender, mas preferia deixar o esporte por conta das pessoas que já nasceram com essa predestinação. Sabe às vezes você não pode fazer uma coisa que você tem muita vontade de fazer por que simplesmente você não nasceu pra isso, não por que você não seja capaz e sim por que você tem outro dom onde sua atenção deve ser entregue mais a ele. Eu não sabia qual era meu dom, mas eu sabia que algum dia eu iria descobrir, algum dia. Foi dureza escolher a faculdade que eu queria cursar, pois eu não sabia exatamente o que eu queria ser. Mais difícil ainda foi escolher onde e quando por que afinal eu só queria ficar em Sullivans curtindo o mar. Meus pais diziam que eu tinha que parar de ser tão tranquilo a respeito disso, já tinha passado um ano e eu ainda nem tinha mandado uma carta de recomendação para a universidade. Não demorou muito e logo pensei em ir para Pitsburg fazer Direito. Não era o curso dos meus sonhos, mas foi o único curso que me 34 interessou, pois as pessoas que eram formadas em direito recebiam um valor muito alto em sua renda mensal. Já com o curso decidido, o local parecia que tudo estava certo, mas não estava. A mãe de Kinedy faleceu. Kinedy ficou muito arrasado e com esse incidente ele nem saia, mas de casa direito. Ele iria pra Pitisburg comigo, mas depois disso decidiu ficar por Sullivans mesmo. A vida dele nunca foi tão fácil. Seus pais se separaram quando ele tinha apenascinco anos, não tinha irmãos e morava somente com a mãe, e quando ela chegou a morrer eu tinha que dar assistência. A propósito ele era meu melhor amigo. Eu resolvi adiar por mais um período a minha faculdade. E foi nesse período que as coisas começaram a mudar. ............................................................................................................................. Tudo parecia tão normal, mas normal do que isso era impossível. Estava um dia bastante chuvoso, as ruas da cidade estavam todas desertas e todas as pessoas da cidade estavam escondidas por debaixo dos seus cobertores se aquecendo, sendo nos quartos da sua casa ou até mesmo como minha mãe na sala tomando um café. Era o que ela sempre fazia quando uma tempestade passava pela cidade. Ela adorava ler escutando o barulho dos pingos fortes da chuva caindo no telhado, e ela também adorava um café, como a maioria dos americanos. Eu estava com Kinedy na praia arrumando o meu barco quando a chuva começou a cair e a única cobertura que tínhamos mais próxima era o farol que ficava perto de casa. Saímos correndo em direção a ele para nos proteger. Hun! Como não? Sabíamos que todas as tempestades 35 que passava por aquela pequena cidade vinham com ventos extremamente fortes e destrutivos. Se sabíamos da tempestade? Com certeza não, e nem parecia. Saímos de casa em direção a praia com o meu barco por que estava ventando muito mas nem nublado estava, acreditávamos que era apenas uma boa oportunidade para utilizar os ventos para velejar um pouco. Fazia tempos que não tínhamos ventos desse jeito. Acontece que no meio do caminho lembramos que nos esquecemos dos coletes na garage de casa e tivemos que voltar. Nós iriamos para Isle of Palms, mas devido a isso fomos para a praia mais próxima de casa. Neste intervalo de tempo o céu começou a ficar nublado, mas a ideia de velejar era tão grande que nem percebemos e quando estávamos preparando o barco para colocar a margem, começam a cair pequenos pingos de chuva que em questão de segundos se tornou em uma pequena tempestade, não pensamos duas vezes e saímos em direção ao farol. “Poxa foi-se nosso dia” reclamou Kinedy quando já estávamos parados em cima do farol observando a tempestade. Estávamos surpresos com a tempestade, como não previmos isso? Éramos bastante expertos em relação ao tempo. Pensei. “Eu estou meio assustado. Falei. Afinal o que foi isso mesmo?” “Hun.! Der-repente sem mesmo a escuridão, uma tempestade assim, é bem acho que não vamos conseguir velejar hoje. E o que eu acho.” Começou as deduções dele, Kinedy sempre tinha esse costume. “Deixa de ser pessimista”. Falei olhando para o mar e logo percebi algo entre os rochedos. 36 “Olha Kinedy aquilo.” Chamei atenção dele para olhar os rochedos também. Kinedy se virou e olhou em direção aos rochedos e logo percebeu a mesma coisa que eu também vi de primeira, parecia que tinha alguém em um barco preso à tempestade. “James! Parece que tem uma garota presa a correnteza.” “Meu Deus!” Falei se dirigindo a porta de saída. Eu parecia bastante surpreso com a situação que eu presenciava e logo não pensei duas vezes e sai descendo as escadas do farol saindo em direção ao mar. “Ai brother deixa de ser maluco, você não pode ir la.” Kin gritou. “Alguém precisa fazer alguma coisa!” descendo as escadas gritei um pouco ofegante. Enquanto descia as escadas escutando a voz de Kinedy gritando me pedindo pra não sair, eu não parava de pensar na vida da pessoa que estava lá no meio do mar. A chuva parecia ser eterna e as escadas também. Às vezes não conseguia entender o porquê quando ficamos em desespero parece que as coisas que mais nos deixa assim parecem nunca acabar. Em instantes coloquei meus pés na areia e sai em direção ao mar, a chuva caia muito forte, os pingos pareciam me beliscar de tão pesados que estavam sendo, a areia estava mais difícil para manter-se em pé e o desespero só aumentavam com os barulhos e os reflexos dos relâmpagos. Mas em instantes meus pés já estavam dentro do mar e logo pensei antes de entrar inteiramente no mar. “Há que se dane!” 37 Capítulo Três ..................................... New York 2012 O céu estava bastante estrelado na noite em que Kin veio ao meu apartamento fazer uma visita. Uma visita que mudou a minha vida, ele soube o que falar e conseguiu me fazer querer ser o James de antes. Logo eu comecei a arrumar meu apartamento pensando em todas as coisas que Kin tinha me falado. Ele estava preocupado com minha situação, já fazia anos que eu não sabia mais o que era viver em boas condições. O meu passado era a minha própria condenação. 38 Nunca se passou pela minha cabeça que um dia eu poderia mudar, mas eu estava ali limpando o meu apartamento pensado em tantas coisas. “Lembro sim! Foi uma noite e tanto aquela em?” Com a cabeça baixa respondi abrindo um mero sorriso. Sorrindo de leve Kin comentou. “Hun! Você teve muita sorte sabia.” “Não acredito em sorte, sabe disso”. Nunca fui de acreditar nessas superstições, assim como a sorte, o destino, e essas outras coisas. Para mim o que aconteceu aquela noite simplesmente era pra acontecer. Nada e por acaso, as coisas acontecem por que é pra ser. Era só nisso que eu acreditava. ----------------------------------------------------------------- ------------- O mar estava bastante gelado, as ondas estavam muito fortes eu mal conseguia chegar perto dos rochedos. Lançava uma braçada, e o mar me devolvia com duas ondas na cara. Acho que bebi mais água salgada naquela noite do que em toda a minha vida. Eu não me importava com nada naquele instante eu só queria chegar perto do barco que estava preso as rochas e salvar a garota que estava presa a tudo aquilo. Já exausto consigo alcançar a mão por cima do barco e pressiono uma e duas vezes, mas não consegui subir no barco. Parecia que eu estava bastante fraco, mas eu não podia desistir logo agora que estava bem 39 próximo a toda essa situação. Mais uma vez pressionei meu corpo para dentro do barco e consegui subir nele. A garota parecia estar desmaiada, e logo eu me aproximei do corpo dela e coloquei minhas mães no rosto dela. Tentando reanima-la então descubro que ela não tinha muito tempo de vida e o pior e que eu não fazia ideia de como chegar a margem. Logo a fraqueza começou a chegar e a única coisa que deu em mente foi de aquecer o corpo dela com o meu. Naquele instante nunca tinha estado tão próximo de uma mulher assim. Eu não sabia o que poderia acontecer com nos dois eu apenas fechei os olhos e confiei em meus instintos. ----------------------------------------------------------------- ------------- “Até hoje as vezes imagino quanta loucura você fez naquele dia.” “É...” “Eu estava apenas observando do farol os seus movimentos, achei que você não teria coragem de entrar no mar naquelas circunstâncias, mas você foi muito corajoso e quando te vi colocando os pés na água, não pensei duas vezes, sai do farol em direção a cidade para chamar ajuda, eu sabia que se você conseguisse chegar ao alcance dela talvez você não conseguiria voltar com ela pela mesma forma que você se aproximou. Carregar ela pelo mar seria uma desvantagem ainda maior. “Kinedy reconheço sua ajuda naquele dia, ambos fizemos a nossa parte para salvar a vida dela. Sou muito grato pela sua ajuda”. Eu já tinha agradecido ele várias vezes, mas Kin era assim mesmo quando queria falar alguma coisa, explicar algo ou pedir desculpas ele tocava nesse 40 assunto. Dizia ele que eu devia a vida a ele. E era verdade mas as vezes a repetição de tudo isso se tornava algo cansativo. “Eu só queriasalvar a vida do meu amigo que estava em risco.” Kinedy falou em um tom que ao ouvir o término das suas palavras eu arregalei os olhos e vi a sinceridade do seu lado. Parecia que ele jamais tinha se afastado, que a nossa amizade ainda continuava a mesma, pelo menos era o que ele queria, ele estava la no meu apartamento por algum propósito, eu não sabia qual, mas eu já estava agoniado e querendo saber. “Kinedy você veio aqui pra quer afinal? Fazer-me lembrar do passado acho que não vai me ajudar, muito menos pelo contrário o meu passado é a única coisa que me aprisiona. Como você acha que me fazer lembrar-se dele pode me salvar?” Já um pouco com raiva e querendo acabar logo com essa conversa melosa falei aumentando o meu tom de voz. “Muito simples!” Falou com muita tranquilidade e com firmeza. Ele sabia do que estava falando e tinha certeza. “Keyth Green está nele.” ____________________________________________________________ ________ Acordei naquele dia duas horas depois de ser resgatado pela guarda costeira, eu estava no hospital ainda muito debilitado, mas ainda sim a primeira coisa que veia a minha mente ao abrir os olhos foi. “Cadê ela?” Falei tentando levantar o meu corpo, mas eu estava com muitos fios, cabos sei lá o que era envolvendo meus braços e meu peito. 41 “James, que bom que você está bem querido!” Minha mãe se aproximou pegando na minha mão, e colocando a sua outra mão sobre a minha cabeça. Ela parecia aliviada ao escutar a minha vós. “Mãe cadê a garota?” “Filho você precisa descansar, ela está bem”. Agora se concentre em ficar bom. Falou com sabedoria. Meu pai sempre foi assim quando se falava de tentar tranquilizar alguém. “Que bom que você acordou estávamos todos preocupados.” “Tá sei...” Eu estava agoniado com o fato de não poder saber exatamente como a garota que eu arrisquei a minha vida estava. Não sei por que mas era a única coisa que eu me lembrava, não sei como vim parar aqui, e nem quem me trouxe, a única coisa que me lembro foi de ter deitado no barco e abraçado a garota que estava inconsciente. “Ai relaxa cara, eu acabei de sair do quarto dela, ela vai ficar bem.” Falou Kin se aproximando da cama. “Iai Kin. Como ela está? Ela está acordada?” Eu estava ainda meio fora de si, eu só conseguia pensar nela, no mar e em toda a situação em que me envolvi. Parecia que eu nem estava no hospital, mas não era pra tanto, eu nunca estive em um. “Você foi muito corajoso lá na hora sabia? você salvou a vida dela” “É... eu só queria fazer alguma coisa. Então ela está bem. Você a conhece?” “Filho...” Meu pai queria interromper a conversa, mas eu não deixei dizendo “Pai eu só quero saber” e Kin apenas afirmou com a cabeça que não a conhecia. 42 “Há quanto tempo estou aqui?” Perguntei olhando para todos, querendo então mudar de assunto. “Nem tão pouco para não está recuperado e nem tão muito para poder sair.” Falou o Drº Jenner se aproximando quando me ouviu perguntando. “Me fala James como está se sentindo?” Ele falou colocando as luzes daquelas lanternas nos meus olhos. “Nada de mais doutor, apenas desconfortável, só isso.” Eu estava cansado parecia que eu estava ali há semanas, mas eu não tinha completado nenhum dia. Eu nunca tinha ficado em um hospital, essa foi a minha primeira vez. Tive vários problemas no decorrer da minha vida, às vezes me cortava, mas logo parava de sangrar, ficava resfriado, ou ainda tinha sintomas que às vezes não conseguia entender, mas logo eu conseguia me sentir bem melhor, sempre tive vários dilemas, mas mesmo assim eu preferia ficar em casa do que ir para o hospital mesmo sabendo que as vezes eu estava doente mesmo. Eu considerava um hospital um lugar hostil. Não conseguia me imaginar dentro de um hospital com aqueles corredores lotados de pessoas enfermas, e médicos em suas salas sem fazer nada com as pernas em cima da mesa tomando um café ao telefone. Fazendo com que muitos pacientes percam horas esperando por um médico ou acabem sendo transferidos para outro hospital. Essa era minha imagem sobre um hospital. Mas o hospital regional de Sullivans era considerado o melhor hospital da costa leste, tinham médicos excepcionais e eram conhecidos por todos. Inclusive o Drº Jenner que era novo na cidade, formou em 43 Harvard e se especializou na North Dakota Universidade, e tinha muita influencias nos pacientes que ele atendia. Era o melhor médico da cidade. Então eu não precisava me preocupar eu sabia que estava em boas mãos, e quando ele terminou de falar que eu não precisava ficar mais do que um dia ali no hospital, foi um alívio pois eu só queria ir pra casa. “Pois bem James, você não tem nada grave, vai precisar ficar apenas essa noite sobre observação. Você perdeu muito oxigênio, e quase teve uma parada por causa do frio, mas graças ao seu amigo você está aqui, pode ficar tranquilo, logo logo estará pronto pra mais outra dessa.” Falou sorrindo. E eu não disse nada. Depois se aproximou dos meus pais e passou outras informações a eles, enquanto eu me virava pro outro lado da cama e direcionava toda a minha atenção aos meus pensamentos olhando para fora pela janela. Naquela tarde no hospital eu só conseguia pensar na garota em que salvei, nunca tinha feito algo por alguém, e ter arriscado a minha vida para salvar ela foi algo de tão bom grado que tudo ao meu redor parecia ser novo, ou se transformava no novo. Meus pais saíram e deixaram eu apenas conversando com Kin. Kin começou a contar com todos os detalhes do que fez, contou que quando me viu pulando no mar, não pensou duas vezes e foi direto para a costa buscar ajuda. Contou também que no desespero ele perdeu o colar que ele tinha ganhado da mãe dele, a única lembrança mais importante dela. Que depois de tudo ainda assim foi na praia procurar por ela, mas a não encontrou. Eu o deixei falar tudo e depois eu comecei a fazer perguntas a ele. 44 Perguntei a ele como conseguiram tirar eu e ela daqueles rochedos, perguntei também se o barco dela foi resgatado, mais uma vez se ele sabia quem era ela, ou outra coisa a respeito dela. Eu fiz tantas perguntas a ele que nem deixava terminar de responder uma pergunta que eu já estava lançando outra. Agradeci a ele por ter feito aquilo, minha coragem foi importante, mas devo admitir que se não fosse Kin, eu e a garota seríamos levados pela correnteza e talvez tivéssemos morrido. “Eu sinto muito pelo seu colar” Falei me sentindo culpado por aquilo. “Sei que ele era de extrema importância pra você.” “Tudo bem James, era só um colar. Agora se trate de ficar bem logo. James tenho que ir, amanhã infelizmente de volta a vida caótica, acho que conseguirei tirar um tempo nessa semana, agente poderia jogar buraco se você se quiser. Beleza?” “Tudo bem. Vai lá e valeu, valeu mesmo.” Kin saiu da sala sem dizer mais nada, fechou a porta e vi saindo em direção ao corredor. Sei que ele estava triste pelo colar, ele só não queria me deixar preocupado, mas eu sabia que ele talvez fosse de novo procurar por ele. Aquele colar foi à última coisa que a mãe dele deu pra ele, dias antes da sua morte. Era sim de extrema importância e eu me sentia um pouco culpado por isso. Kin foi o meu primeiro amigo de verdade. Quando me mudei para Sullivans, Kinedy Carpe me ajudou a sair de certas situações que eu não conseguia me esquivar, principalmente na escola. Desde então o reconheço como o meu melhor amigo. Pra ser mais sincero Kin e como se 45 fosse meu irmão mais novo. Quando seus pais estavam se separando ele passou um período morando lá em casa, só depois de um tempo quando a tensão na sua casa estava menor ele resolveu voltar e logo seus pais se separam de vez. E sua mãe tinha que falecer uns anos após. Depois resolveuseguir a vida em frente e começou a trabalhar e desde então ele luta pra ter suas coisas. Nunca quis terminar seus estudos, ele só queria conseguir suas coisas e mudar de vida. Ele acreditava que poderia fazer isso sem precisar estudar, mas eu cansava de dizer a ele que o melhor era ele ir pra universidade. “É fácil pra você dizer isso” Dizia ele. “Você tem pais que podem te manter que vão bancar a faculdade e custear todas as suas despesas, mas eu não tenho ninguém. Nuca teve que se preocupar com o que vai comer amanhã, e nem como as coisas vão seguir. Nuca teve que se preocupar com nada disso.” “Não é como você pensa” Era o que eu sempre dizia. “Kin, é hora de parar de ter pena de si mesmo, lute por algo na sua vida além do que somente sobreviver, corra atrás de seus sonhos, se você quer tanto uma coisa corra atrás e busque-as, e faça acontecer”. Era mais ou menos esse tipo de “papo” que tínhamos quando eu tocava nesse assunto. Kinedy tinha muita pena de si mesmo, era um tipo de cara que se acomodava com o que tinha se as coisas estavam bem por ele tudo bem, ele nunca buscava a perfeição, o melhor. Era mesquinho no que tinha, só queria o necessário. Em outras palavras ele apenas sobrevivia. Às vezes eu achava que poderia o fazer mudar, que um dia eu conseguiria convencer ele a voltar aos estudos. Eu conseguia entender ele 46 melhor do que qualquer outra pessoa, mas às vezes eu ficava cansado de tanto escutar os problemas que ele reportava. Mais tarde meus pais foram me visitar novamente. Eu estava dormindo quando eles passaram por lá. Eu não os vi, mas eles deixaram o jantar. A enfermeira foi me entregar o prato de comida quando eu acordei. Não fizeram isso por que o hospital não dava alimentação. O Hospital tinha as três refeições todos os dias para os pacientes que ficavam no hospital. Tinham o direito das refeições os pacientes que passassem mais de oito horas no hospital e eu já estava mais do que isso, mas como eu odiava hospital, meus pais acharam melhor levar uma comida feita por eles. Ao término do jantar a enfermeira se aproximou para recolher os pratos e os talheres. “Deixa que eu mesmo retiro-os de mim, pode deixar que eu os leve até mesa sem problemas”. Disse a ela tentando se levantar da cama. “Nem pensar meu anjo, estou aqui pra isso. Deixa comigo”. Disse ela com um sorriso no rosto. Eu já estava começando a gostar desse ambiente, até que hospital não era um lugar tão hostil como eu pensava. Pelo menos nesse onde eu estava. As enfermeiras eram todas elegantes e simpáticas. Acho que uma parte dos pacientes se sentia bem quando elas estavam por perto, por que eu me sentia como um príncipe. Eu não precisava fazer nada, nem mesmo ir ao banheiro se é que me entendem. “É...” 47 Não conseguia achar as palavras para pedir permissão para sair um pouco. Eu já estava cansado de ficar deitado, queria esticar as pernas um pouco, já que eu só seria liberado no outro dia. “É... eu posso sair um pouco? Sei lá dar uma volta, respirar ar fresco”. Perguntei a enfermeira que estava organizando os remédios nos balcões. “Acho que não é uma boa ideia”. Falou ela colocando os lixos e os pratos e talheres no carrinho de serviço. “Por favor, só por uns minutos. Eu estou exausto de ficar deitado”. Implorei olhando pra ela com cara de pidão. Ela sorriu talvez admirada com a forma que pedi a ela permissão para sair dali por uns momentos. “Olha talvez até eu deixe, se me prometer que volta logo. Se descobrirem que deixei você sair, bem você sabe”. Com um sorriso no rosto e fazendo gestos com o dedo cortando o seu pescoço tentou explicar o que aconteceria com ela se eu não voltasse logo. “Hun! Tudo bem” Falei sorrindo um pouco. “Estarei aqui em instantes confie em mim. A propósito não quero que demitam você, você parece ser uma pessoa legal, e com certeza é uma ótima enfermeira”. Terminado de abotoar a roupa que eu estava usando elogiei ela olhando em seus olhos. Ela simplesmente devolveu uma piscadela em forma de agradecimento os meus elogios. De fora do consultório eu observava um corredor quase vazio, sem pacientes em macas, e sem muita movimentação de enfermeiras, médicos e pacientes. Até que parecia ser um hospital bastante organizado. 48 Sai olhando consultório por consultório olhando pelos vidros a procura de uma pessoa. Somente ela a garota que eu salvei. Eu estava a procura dela, queria apenas ver o seu rosto, queria ter a certeza de que ela iria ficar bem. A proposito eu estava curioso a seu respeito. Achei estranho ninguém da sua família vir ao meu quarto, ou consultório sei lá onde eu estava apenas achei estranho não vir ninguém agradecer pelo heroísmo. Não que eu queria receber uma medalha de recompensa. Não eu só queria conhecer as pessoas que se importava com ela, eu apenas queria saber quem ela era, sua identidade, de onde ela era o que ela fazia por aqui, se não era daqui, por que eu nunca tinha á visto antes. Essas coisas que eu estava curioso. “Será que ela não tinha família por aqui? Ou talvez ela só estivesse de passagem?” Pensei, antes de olhar pro ultimo consultório do meu corredor. Ela não estava em nenhum deles, e estranho mais ainda é que todos os consultórios que eu olhei estavam vazios. Em instantes eu cheguei ao centro do hospital, onde tinham os elevadores para acesso aos outros pavimentos do hospital. Olhando para cima um pouco eu avistei uma placa de orientação onde afirmava que o pavimento três, eram onde os pacientes que ficavam internados eram tratados. Na placa afirmava o seguinte: Acesso a” internação”. Com uma seta indicando para cima. Como eu estava no pavimento dois, onde ficava a emergência, imaginei que talvez ela pudesse estar nessas salas, talvez internada por que poderia estar mais debilitada. Eu a encontrei inconsciente então não era por menos. Ou talvez por que não conseguiram a identificar, ou não acharam algum parente aqui próximo, 49 algo do tipo. Apenas deduzi olhando para a única enfermeira que estava sentada organizando uns prontuários em uma mesa circular situada no centro do pavimento. Talvez ali era a recepção desse pavimento e ela estava apenas cadastrando alguns prontuários, deduzi isso por que ela estava tão concentrada que nem percebeu eu entrando no elevador. Ao chegar ao pavimento três eu me dirigi aos corredores onde ficavam as salas. Esse corredor era um pouco diferente do outro, até parecia que lá era o pavimento da emergência estava mais lotado e tinha mais movimentação. Não era pra menos por que Sullivans não tinha um índice alto de acidentes, e as salas de emergência elas não poderiam ser muito ocupadas. O pavimento três parecia ser mais organizado, tinha até máquina de salgadinho, e uma logo a frente de refrigerante. Tinha muitos parentes nas salas de descanso, até pensei que talvez algum parente dela poderiam estar lá. Poderia? Mas sei não, acho que ela não tinha ninguém aqui. Talvez ela pudesse até estar acordada, pensando em como veio parar aqui. Talvez ela pudesse está confusa com tudo. Bem uma coisa eu sabia ela precisava de alguma companhia. Mas quando eu a vi, não consegui nem me aproximar da porta. Olhando pelo vidro vi uma mulher deitada de bruços olhando para a janela perdida em seus pensamentos. Eu logo a reconheci por causa da tatuagem de borboleta que ela tinha em seu pescoço. Ao ver aquela tatuagem só consegui me lembrar do momento em que eu tentava reanimá-la, a ansiedade bateu, meu coração começou a acelerar, e eu comecei há ficar um pouco nervoso, e a única coisa que consegui fazer foi pegar um pedaço de papel e uma caneta que encontrei 50 no balcão ao lado e escrever o meu primeiro recado que coloquei debaixo da porta. “Encontre-me no farolao pôr-do-sol quando puder”! Seu anjo da guarda. 51 Capítulo Quatro ...................................... New York 2012 “Não importa se ela estava eu não estava no meu passado”. Já estava começando a me irritar com essa conversa. “Ela não está mais aqui, é isso que importa. O meu presente é o que é e ele não vai mudar, pare de lutar achando que vou fazer algo por mim, por que será em vão a sua luta. Quer saber Kinedy já estou cansado dessa conversa obrigado por vim vai embora.” Falei me levantando do sofá. 52 Demorou um pouco até ele dizer. “James é hora de parar de ter pena de si mesmo”. Aquelas palavras só me fez pensar no dia em que eu as disse a ele, quando ele precisava ouvir elas. Parei de andar e me virei pra ele perguntando. “Como é que é?” “Isso mesmo que você ouviu. Você me disse isso um dia lembra?” “E claro que lembro. Mas elas não se encaixam aqui.” Já aumentando o tom da minha voz novamente. Até ele aumentar o dele. “Não se encaixam?” Sorriu sarcasticamente. “Que idiotice. Olha pra si mesmo e veja. Cadê aquele cara que salvou a vida de uma mulher que mudou a vida dele, em cadê? Não acreditava que eu teria que discutir ali, eu estava cansado da noite que tive me envolvi em uma briga, não estava afim de outra. A proposito eu não queria brigar com Kin, mas o que era pra ser uma conversa já estava se formando em uma discussão. Engraçado que era uma idiotice discutir sobre minha vida, sobre minhas escolhas. Estavam erradas, mas eram minhas, eu não estava nem ai. “Aquele cara morreu Kin, morreu quando eu soube que ela não era mais minha”. Diminui o tom da minha voz, já me sentando novamente no sofá. “Sabe eu não salvei a vida dela, foi você quem a salvou. Se não fosse você lá talvez ela tivesse morrido”. Falei “Bobagem sua. Você que a procurou, pra ser sincero sempre foi você que a procurou, ela mudou você e agora pode te mudar novamente. Basta você valorizar os momentos que teve com ela. Ela não está mais aqui eu sei disso, e ela nunca mais vai voltar para de achar que ela ainda 53 poderá estar aqui com você. James você tem que seguir em frente. Volte pra sua cidade, fale com seu pai que te ama tanto, você não faz ideia de como ele sente sua falta”. “Você espera que eu o encontre assim? Uma pilha de fracassos, atrás de fracassos?” Falei o interrompendo. “Não diga isso.” Kin disse. “Você quer me ajudar? Vai embora me deixa em paz. Por favor? Eu não quero mais pensar no meu passado, ele não vale mais nada. Eu só quero...” Sussurrei querendo achar as palavras, mas não às encontrei. “Também não queria lembrar-me do passado, não tive um bom passado, mas você me ajudou a me sair bem, Keyth também e hoje eu estou aqui tentando te mostrar que sair nas madrugadas a procura de brigas não é a solução pro seus problemas”. Ele disse. Não disse nada por um momento eu só estava ouvindo Kin falar. “Sei que não é fácil superar tudo isso, mas uma hora ou outra você tem que revidar a tudo isso, e seguir em frente. A vida continua James e você está ficando para traz. O amor é assim, ele é fraco e às vezes queremos que essa coisa pequena e frágil dure eternamente, mas não vai durar. Uma hora o amor acaba, sendo pela morte ou não. Você tem que aceitar que não terá mais o amor dela, assim como você aceitou á um tempo atrás, pelo menos parecia. Mas sei que não você mentiu pra todos e por que ? Não precisava, você devia ter feito algo. Foi tão simples assim.” Falou persistindo e me chamando bastante atenção. “Você simplesmente foi embora ignorando o que você sentia por ela. Você não fez nada James, 54 nada! Sabe o que é nada?” Falou como se estivesse brigando, ou se talvez estivesse. Ele queria apenas me dar uma lição, mas ele estava enganado. “Não fale desse jeito” Eu disse. “Como assim”? Perguntou enfatizando o “assim” meio que brigando. “Você acha que...” O interrompi. “Você não sabe o que ser amado e depois não ser mais.” Sei que peguei pesado, mas foi preciso. “Sabe tem algo que menti pra você. Algo sobre o passado. Não fui eu que corri atrás dela, ela veio até a mim, eu deixei um recado na sala dela, na ultima noite em que estive no hospital. Um recado pedindo pra ela me encontrar no farol. Ela poderia desistir da ideia de me ver, mas não acho que ela queria me agradecer, mas foi mais do que isso. E foi dali que nossa química começou.” 55 Capítulo Cinco .............................................. Sullivans, 2004 No dia seguinte conversei com a enfermeira que veio me fazer uma ultima visita. Ela disse que quase a deixei encrencada, porque me viram vagando pelos corredores do hospital. Mas conseguimos contornar tudo isso. Perguntou ela quem era a garota que eu fui visitar ontem à noite. Eu disse a ela que não a conhecia ainda, mas sei que estava preste a conhecer, pelo menos era o que eu queria. Na quarta feira dois dias após eu ter saído do hospital fui ao farol. Lá comecei a pensar em tudo o que tinha acontecido como se eu estive assistindo um filme, lembrei-me de cada detalhe. 56 Estava tudo meio estranho ainda, um dia eu estava arrumando o barco para velejar, no mesmo acordo em um hospital e no outro acordo já arrumando as coisas para voltar pra casa. Pode-se dizer que eu poderia voltar o mesmo de antes, mas eu queria acreditar que eu tive uma segunda chance para fazer as coisas diferentes agora. O sol já estava fazendo a sua ascensão no céu enquanto eu ainda estava ali de pé olhando para o mar, observando as aves nos rochedos, o céu se escurecendo sentindo a leve brisa que pairava pelo ar. Parece que toda vez que eu ia aquele farol sozinho me fazia refletir sobre a vida que eu levava. Às vezes eu me perguntava se eu tinha tudo. Uma família, uma casa, amigos tudo que um homem de 21 anos gostaria de ter. Não era muito festeiro e ainda assim não tinha tantos amigos, não saia muito, ficava mais em casa e ainda tinha muita à atenção de meus pais, mas sei lá parecia que faltava algo em minha vida, algo pra eu me engajar. Eu não tinha um sonho em específico, nada. Nunca quis ser alguém, nunca quis fazer algo a não ser surfar, velejar, curtir o mar era só isso que eu fazia sei lá desde sempre. Do nado parei de pensar em tudo isso, apesar de gostar desses meus momentos eu não conseguia fruto em nenhum deles, eu saia do mesmo jeito em que eu entrava, sem mudanças, sem alterações de pensamento, simplesmente o mesmo que começou a pensar em tudo. Chegando a casa antes mesmo de entrar encontrei algo que fiquei surpreso ao achar, mas simplesmente guardei e não falei a ninguém. Os dias em casa parecia estarem diferentes, apenas pareciam, pois estavam do mesmo jeito de antes de tudo o que aconteceu comigo. Meu pai saia cedo para trabalhar, minha mãe ficava em casa o dia todo 57 fazendo sei lá o que. O meu amigo Kin também trabalhava e raramente aparecia lá em casa durante a semana, e eu não fazia exatamente nada a num ser ajudar minha mãe nos afazeres de casa, assistir televisão ou às vezes ir a Isle of Palms surfar, e quando não dava pra fazer isso ficava na praia admirando a paisagem. A única coisa diferente que eu estava achando é que em todos os pôr-dos-sois eu ia pra varanda de casa, observar a praia onde ficava o farol pra saber ser a garota iria aparecer por lá. Mas eu ainda não tinha obtido sucesso nessa minha expectativa. Uma semana depois do acontecimento, ela ainda não tinha aparecido, e eu comecei a pensar se ela realmente tinha lido o recado, ou se talvez simplesmente leu e deixoude lado. Talvez ela pudesse nem ter saído do hospital ainda, ou talvez saiu e voltou pra sua casa, que supostamente eu acreditava que não era por aqui, por que eu nunca a tinha a visto. Sullivans era uma cidade pequena você conhece todo mundo praticamente, além disse era uma cidade bastante movimentada por turistas devido suas atrações naturais e a diversidade de coisas para se fazer. Então eu acreditava que ela não morava por aqui, bem era apenas uma dedução. Eu queria somente ver ela, somente uma vez. Minha mãe me perguntava por que sempre ao pôr-do-sol eu ia pra varanda e ficava lá até ao anoitecer e depois eu saia em direção à praia, dava umas voltas e voltava pra casa. Mas eu nunca disse a verdade pra ela. Não queria ouvir mais um discurso. Estava sendo bom por um lado, pelo menos eu tinha mais uma coisa pra me ocupar, mas por outro não. Eu a cada dia que passava me 58 desanimava um pouco a respeito de um dia poder ver a garota que um dia eu salvei. Eu já estava me convencendo de nunca eu ira a ver, e que eu teria que buscar a fazer outra coisa, o problema e que eu não sabia o que? Duas semanas depois do acontecimento e ainda não tinha á visto. Entre esse período Kin foi à minha casa somente uma vez, ele não falou muito sobre aquele dia, agente jogamos baralho, depois conversamos um pouco sobre os problemas do seu trabalho, falamos sobre algumas viagens que bem poderíamos fazer, sobre o jogo de vôlei e das garotas de biquíni que ele levou um fora. Apenas conversas furadas. Perguntou se eu tinha desistido de esperar pela garota, mas ele não teve muitos resultados em arrancar de mim mais detalhes. Kin trabalhava muito isso eu admirava seu esforço pra se manter, sua dedicação no trabalho era irreconhecível devo admitir, mas ele precisava de algo mais, assim como eu ele também não tinha um sonho, não pensava em nada para o futuro a não ser trabalhar, gastar o dinheiro e curtir a vida. Era difícil ele ir lá a, em casa e quando ele ia, na maioria das vezes agente não fazia nada a num ser isso que mencionei, às vezes até inventávamos de ir para o mar, pegar umas ondas, mas dizia Kin que isso já não era tanto o seu robe. Passaram-se mais alguns dias e então só percebi que havia algo estranho quando resolvi ligar para o hospital por curiosidade perguntando sobre a garota que estava no quarto 142, na ala de internação. A enfermeira disse que ela saiu já fazia doze dias. Perguntei se ela saiu sozinha a enfermeira não conseguiu me responder com precisão. Mas já era o suficiente saber que ela não estava mais lá. Minhas deduções se concretizaram então resolvi desistir da ideia de ver ela algum dia. 59 Como eu disse antes eu não tinha nada pra fazer, nada pra me ocupar, então sem rumo e sem saber que horas eu iria voltar em uma segunda feira resolvi sair de casa bem cedinho. Pra onde eu ia? Nem mesmo eu sabia. Apenas sai, sem explicações para meus pais, sem discurso, sem expectativas de alguma coisa, simplesmente sai de casa, a procura de fazer alguma coisa. De qualquer maneira se eu não encontrasse nada de interessante seria pelo menos melhor do que ficar em casa. Sai pela avenida Midler St até chegar ao fim dela quando se encontra com a avenida principal da cidade Jasper Blvd que se encontra ao passar pela ponte com a avenida Palm Blvd, a avenida principal de Isle Of Palms. Fui até o fim da cidade, em um lugar que eu nunca tinha ido. Ao chegar à praia com bastantes dunas de longe avistei um grupo de jovens jogando vôlei. Era o torneio entre alunos da escola. Fui me aproximando observando as garotas de biquínis. Lembrei-me da época em que eu fazia parte de um grupo assim, bagunceiros e cheios de energia pareciam todos felizes com suas vidas, sempre com agendas lotadas, nunca ficavam ociosos com o tempo, sempre tinham algo pra fazer. Fiquei um tempo alí observando o jogo, depois sai em direção a Ocean Blvd a procura de um restaurante legal pra almoçar. Eu não queria voltar logo pra casa, então resolvi almoçar por lá mesmo. Fiquei um tempo alí no restaurante observando as pessoas, todas elas com suas vidas cheias de compromisso, eu fui logo para um restaurante do lado de um escritório de contabilidade. O restaurante era lotado pelos funcionários dessa empresa, e todos falavam praticamente a mesma coisa. Além dos funcionários tinham os burocratas, engravatados o sistema. Pessoas desse tipo. No final 60 não fiquei muito satisfeito com o restaurante que eu escolhi, prometi a mim mesmo que nunca mais iria nesse restaurante. Sai à procura de ar fresco, fui até o píer e comecei a refletir novamente. Parece que o mar me fazia me sentir assim, toda vez que eu olhava para o seu infinito eu começava pensar naquelas coisas que eu já mencionei. Mas como sempre eu passei o resto da tarde debatendo os prós e contras do meu dilema. Acredite eu repassei cada detalhe, mas, no final a escolha era óbvia, até mesmo para mim. Eu não encontrei nada em que eu pudesse me engajar. Como isso era possível? Será que eu seria assim pro resto da vida, morando na casa dos pais, fazendo o que eu fazia todos os dias repetidamente. No fundo eu não queria isso, eu queria encontrar algo, alguma coisa em que eu pudesse me identificar. Mas isso parecia algo tão difícil. Ficar ali no píer não estava me ajudando em nada, e também o sol já estava começando fazer a sua Ascenção no céu. Foi quando me dei conta que já era por volta das dezessete horas. Simplesmente peguei o carro e voltei pra casa pela mesma avenida que vim. No final eu até tive um bom dia. Relembrei-me do meu período de escolaridade que pra mim foi muito bom, descobri um restaurante que nunca indicaria a alguém que quer ter um encontro legal, refleti um pouco, mas no final não adiantou de nada, mas no fundo eu pelo menos sai de casa um pouco. O que poderia melhorar? Nada mais já estava tudo bem perfeito. Meu pai logo chegaria, e minha mãe em instantes iria começar a fazer o jantar. Iríamos jantar lá paras às vinte horas, depois teríamos uma conversa normal, onde com certeza me perguntaria como foi o meu dia, depois eu iria para o meu quarto, talvez se não eu não tiver com sono posso até assistir um filme, pra no final eu ler um livro ou 61 talvez praticar um pouco de desenho e lá pelas badaladas da meia noite quando eu já estiver exausto ou nada pra fazer irei dormir. Era o que eu sempre fazia todos os dias. Sentado na varanda de casa esperando o meu pai chegar, avisto uma pessoa se aproximando do farol, curioso olho mais atento e quando realmente caiu a ficha me levantei um pouco ansioso, acho que era a garota que salvei. Comecei a observar melhor a mulher que estava em frente ao farol. Ela estava com as mãos na sua blusa de manga comprida, e dava pequenos passos olhando para seus pés, depois ela começou a olhar para o mar, até ficar ali parada por um tempo observando o sol fazer sua ascensão no céu. “Era ela?” Pensei. Eu não esperava, quer dizer eu achava que ela nunca viria. “Mas por que a demora?” Fechei a porta de casa interrompendo meus pensamentos e direcionando o meu olhar para a imagem da mulher que estava perdida em seus pensamentos de frente para o mar. Desci as escadas do deque, e sai em direção a ela e quando eu me aproximei o bastante para ver a sua tatuagem no pescoço confirmei minhas expectativas e fiquei ali parado olhando para suas costas. Ela ainda não tinha percebido a minha presença e eu também não falei nada, não queria interromper seus pensamentos. Ficamos ali por um tempo, ela observando o mar perdida em seus pensamentos, e eu atrás dela, com certa distância apenas a observando. Ela tinha as costas lindas, só agora que vim perceber, sei que eu a salvei, sei que eu fiquei um tempo abraçada com ela a aquecendo, mas o 62 desespero, o medome impediu de ver a sua beleza como eu estava vendo ao observar cada detalhe de seu corpo. A brisa soava levemente enquanto eu analisava seus traços, seus cabelos meio lisos e ruivos balançavam à medida que o vento suava mais forte, suas pernas treme ciam quando a brisa do mar batiam nelas. Ela estava tão admirada com o que estava observando que nem percebeu eu começar a dar pequenos paços me aproximando mais um pouco dela. Eu nunca tinha vista uma mulher assim. Até o silêncio ser interrompido por ela ao se virar e ver minha presença. “Há, Opa!” Falou ela surpresa ao me ver, mexendo nas mexas de seu cabelo Ela tinha dados uns passos e se virado quando se deparou com a minha imagem, eu querendo disfarçar dei um passo para o lado e dei apenas um sorriso. “O que você está fazendo aqui?” Ela perguntou. “Há...” Sussurrei. “Eu... é!” Sorri. Não consegui responder ela logo, e desviei meu olhar apontando para minha casa. “Eu moro aqui perto, e gosto desse lugar”. Enfim respondi. “Você mora ali, naquela casa branca?” Perguntou ela apontando para minha casa. “Hahan.” Respondi que sim com a cabeça. “Você estava me observando?” Ela perguntou carinhosamente olhando nos meus olhos. “Não! Claro que não”. Respondi surpreso. “Quer dizer mais ou menos, á sei lá.” Sorri. 63 Ela abriu um pequeno sorriso. “Você estava me observando! Então posso deduzir que você é o meu anjo da guarda.” Apinhou os seus olhos, e seus cabelos estavam mexendo muito por causa do vento. Ao escutar suas palavras eu me aproximei mais um pouco e respirei fundo olhando para os meus pés, e com um leve suspiro disse. “É acho que sim!” Disse isso olhando para ela, esperando alguma pergunta, ou qualquer coisa. “Eu conheço você de algum lugar?” Ela perguntou alegre, olhando diretamente para mim. “Olha...” Falei pausadamente tentando não demonstrar minha animação. “Acho que não”. Sorri novamente. Aquilo continuou por mais alguns minutos – aquele interrogatório sobre quem eu era. Mas por sorte logo ela mesmo mudou um pouco de assunto. “Eu fiquei sabendo que você também foi para o hospital, que você fez uma visita pra mim e até deixou um recado”. Ela disse suavemente. “Por que você me chamou até aqui?” Ela perguntou bem baixinho que quase não ouvi a pergunta. Levei um tempo para responder. “Eu não sei ainda, eu só queria ver você”. Dei de ombros, meio desajeitado. “Fico contente por você ter vindo”. Ela me olhou e sorriu. Ela sabia que não havia muito que falar, mas sei que ela ainda estava pensando o que diria depois. Mas eu interrompi o silêncio que ficou pairando pelo ar. “Olha, eu queria saber o que você fazia no mar naquele dia.” 64 Uma parte dela sei que ficou surpresa por eu ter feito essa pergunta. Embora não fosse exatamente algo que eu talvez não pudesse deduzir. Bem ela estava em cima dos destroços do barco, que estava destruído nos rochedos, tinhas umas velas no mar, e muita corda jogada nas rochas. Eu poderia deduzir que ela estava velejando, mas eu queria ouvir dela. “Não sei” Ela disse. “Talvez eu quisesse testar o meu barco na tempestade”. “Você veleja?” Perguntei fingindo estar surpreso. “Gosto desse esporte”. Confirmou minha pergunta. “É...” Sussurrei de leve. “Você não tem medo?” “De que?” Ela frangiu a testa. “Bem, você quis testar seu barco na tempestade”. A encarei com os olhos bem fixo nela. “Isso é loucura não acha?”. Ela sorriu antes de dizer. “Concordo plenamente com você.” Ela deu de ombros, sem dizer mais nada, e, para ser honesto, eu não sabia o que dizer depois. Naquele momento ficamos olhando um para o outro até ela se virar para o mar. “Diga-me como você chegou até lá?” Falou ela apontando para os rochedos. “Quer dizer, foi lá que você me encontrou né?” Aproximei-me dela e ficamos lado a lado olhando para a mesma direção. “Foi sim”. E depois não disse mais nada até ela me olhar de lado. “Então..?” Ela perguntou, querendo saber como eu cheguei até lá. Passei um tempo olhando para o mar, apenas tentando se lembrar da noite que a salvei. Ela apenas observava a forma com que eu estava tão atento aos movimentos do mar. 65 “Eu achei que iria morrer naquela noite, antes mesmo de chegar aos rochedos”. Foi como eu consegui começar a contar tudo. Ela observava atentamente cada detalhe da situação em que me envolvi pela causa. Eu disse a ela, que antes eu e Kin estávamos nos preparando pra entrar no mar também, mas a chuva tinha nos pegado de surpresa, daí então nos decidimos subir no farol que foi quando conseguimos ver ela. Contei a ela que não pensei duas vezes e desci as escadas em desespero, depois simplesmente comecei a entrar no mar correndo e quando eu menos percebi, eu já estava nadando nas águas geladas e agitadas com apenas um foco, os rochedos. “... e quando eu cheguei próximo de você eu vi sua testa sangrando, seu corpo estirado por cima dos destroços do barco, e toda molhada não pensei duas vezes, tirei minha camisa e abracei o seu corpo”. Falei olhando para ela. “Você estava com o corpo gelado, com o sangue frio, e seus batimentos cardíacos estavam muito fraco, achei que você não iria aguentar.” Percebi que ela estava se envolvendo na situação e deu um simples suspiro. “Nossa.” Foi só isso que ela disse. “Depois eu simplesmente fechei os olhos.” Continuei falando. “Eu também estava exausto, meu coração estava com os batimentos ainda muito acelerados, a adrenalina circulava a flor da pele, e eu também estava com o corpo muito gelado. Depois disso eu só abri os olhos quando eu estava no quarto de um hospital. E isso é tudo que eu me lembro”. Falei bem baixinho, olhando fixamente para ela. Toda aquela conversa me parecia muito íntima, mas eu não estimulei outro assunto, e simplesmente ficamos ali em silêncio por 66 alguns instantes. No fundo eu queria falar mais. E como ela havia perguntado sobre mim, me senti na obrigação de perguntar sobre ela também, mas queria deixar isso pra outra ocasião, eu não podia avançar assim tão depressa. O clima estava perfeito e não foi quebrado em nenhum instante. Ela olhou para mim. “Você foi muito corajoso sabia.” Ela nem quis saber exatamente como saímos dali, mas acho que ela sabia que foi a guarda costeira que nos resgatou talvez alguém tivesse contado pra ela no hospital, ou ela simplesmente deduziu. Só sei que eu não quis dizer a ela que Kin teve participação sim, naquela noite. Ainda não, um dia talvez eu contasse. Pensei. “Eu apenas fui impulsionado a fazer isso, mas obrigado”. Sussurrei. Enquanto eu tentava encontrar alguma coisa pra falar, ela simplesmente deu a mão pra mim. “Keyth Green”. Olhou diretamente para os meus olhos aguardando eu responder ela e pegar em sua mão. A sua atitude me pegou de surpresa, eu não queria acabar a conversa ali, mas parecia que ela queria sair, e como eu não sabia nem o que dizer automaticamente meu corpo respondeu por mim mesmo. “James Wyler”. Peguei em sua mão, ela era macia e quente. Enquanto eu segurava a sua mão ela simplesmente sorriu. O céu estava praticamente já escuro, as estrelas já davam pra ver, e o ar da noite já estava começando a ficar gelado. Quando ela soltou minha mão deu uns passos à frente em direção à praia e se virou. Naquele 67 instante não conseguia pensar em outra coisa. “Eu realmente salvei essa mulher?” E o meu desejo ali na hora era poder estar bem próximo do corpo dela assim como eu estava quando a encontrei pela primeira vez. Keyth era uma mulher muito atraente, eu não conseguia acreditar que estava ali com ela em uma noite linda, parecíamos tão próximos um do outro, mas nós ainda não tínhamos nem se apresentado direto. Mas eu sabia que em algum instante eu acabaria a conhecendo, disso eu tinha certeza. “Eu
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