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Teoria Geral do Crime

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Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Departamento de Ciências Jurídicas
Direito Penal I
Prof. Lanker Vinícius 
Terminologia do Crime
A palavra crime vem do latim “crimem, inis”, significando queixa, injúria, erro, enfim, uma acepção semântica relacionada com a idéia de “mal”. Em sentido amplo, podemos dizer que crime é sinônimo de infração penal, conduta delituosa, conduta criminosa, ilícito penal, tipo penal, fato punível, delito. Damásio de Jesus ensina que entre nós, o termo ‘infração’ é genérico, abrangendo os ‘crimes’ ou ‘delitos’ e as ‘contravenções’. 
Conceito de Crime
Conceito Material
Materialmente falando, crime é a violação de um bem jurídico penalmente protegido, ou nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt, crime é a ação ou omissão que contraria os valores ou interesses do corpo social, exigindo sua proibição com a ameaça de pena.
O crime é concebido a partir do caráter de nocividade, de lesividade, de imoralidade e de periculosidade da conduta em relação ao grupo social. 
Conceito Formal
Formalmente falando, crime é a conduta humana proibida por lei com ameaça de pena.
Na conceituação formal de crime não há qualquer preocupação com o conteúdo ético-social da conduta incriminada nem, do ponto de vista teleológico, com as razões que levaram o legislador a estabelecer a repressão legal para tais ações humanas.
Conceito Analítico
Além dos conceitos material e formal, necessitamos de um conceito analítico, dogmático ou doutrinário de crime, pois como observa Bitencourt, os conceitos formal e material são insuficientes para permitirem à dogmática penal a realização de uma análise dos elementos estruturais do conceito de crime.
Até o começo do século passado, para a doutrina, crime era constituído por dois elementos, um objetivo (conduta) e outro subjetivo (culpabilidade). Em 1906, com Biling, penalista alemão, o conceito doutrinário foi concluído, tendo este incluído o elemento tipicidade, quando crime passou a ser entendido como conduta típica, antijurídica e culpável.
Elementos do crime:
Temos três teorias que tratam sobre o crime:
- Teoria bipartite - Elementos do Crime = fato típico, antijurídico. 
- Teoria tripartite - Elementos do Crime = fato típico, antijurídico, culpável 
- Teoria quatripartida - Elementos do Crime = fato típico, antijurídico, culpável e punível.
Apesar da intensa divergência existente, ainda prevalece que a adotada pelo nosso Código Penal é a teoria tripartite. Contudo, considerável número de penalistas já defendem a adoção da teoria bipartite, enquanto a teoria quatripartida é bastante minoritária. 
Sendo assim, para se caracterizar a existência de um crime é necessário que estejam presentes todos os elementos do crime. Na ausência destes elementos, não se pode falar em crime:
a) Conduta humana: a conduta pode se dar de duas formas, a ação (atividade positiva dirigida para um determinado fim) e a omissão (ao contrário da ação, é a abstenção da atividade na qual o agente estava obrigado a realizar);
b) Conduta típica: a conduta realizada pelo agente, deve estar descrita numa norma penal incriminadora. 
c) Conduta antijurídica: além de a conduta humana ser típica, deve ainda ser antijurídica, ou seja, contrária ao ordenamento jurídico (direito). 
d) Conduta culpável: além de a conduta ser típica e antijurídica, deve ainda ser culpável, ou seja, reprovada pelo Direito. Existem situações em que o agente comete o crime, mas este fato não é culpável, não é apenado, pois não incide um juízo de reprovação. O crime existe, mas o agente não sofre a sanção. 
Requisitos, elementos e circunstâncias do crime
São requisitos genéricos do crime, a tipicidade e a antijuridicidade. São requisitos específicos do delito os elementos, elementares ou, como impropriamente a lei se refere no art. 30 do Código Penal, as circunstâncias elementares. Elemento é o verbo que descreve a conduta, o objeto material, os sujeitos ativo e passivo, etc. inscritos na figura penal. Inexistente um elemento qualquer da descrição legal, não há crime.
São circunstâncias do crime determinados dados que, agregados à figura típica fundamental, têm função de aumentar ou diminuir suas consequências jurídicas, em especial a pena. Inexistentes essas circunstâncias, o crime permanece, desaparecendo apenas a agravação ou atenuação da pena.
Sujeito ativo, sujeito passivo e objeto da infração penal.
Capacidade penal ativa.
Capacidade penal ativa é a possibilidade de a pessoa figurar como sujeito ativo, ou seja, como autor da infração penal.
O sujeito ativo é o indivíduo que, sozinho ou em concurso com outras pessoas, pratica a conduta descrita no tipo penal. A capacidade penal ativa é exclusiva, portanto, das pessoas físicas ou naturais, pois a conduta exige manifestação da vontade humana.
Capacidade penal passiva.
O sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesionado ou ameaçado de lesão pela conduta delituosa.
São duas as espécies de sujeitos passivos:
sujeito passivo formal ou constante: o Estado, titular da ordem jurídica que, em todo delito, resulta lesionada;
sujeito passivo material ou eventual: é a vítima, o ofendido, ou seja, a pessoa física ou jurídica titular do bem jurídico diretamente atingido.
Objeto do crime.
É tudo aquilo contra o que se dirige a conduta criminosa. Distinguem-se duas espécies de objeto:
objeto jurídico: é o bem jurídico ou o interesse que o legislador tutela, através da lei penal (a vida, o patrimônio, a honra etc.);
objeto material: é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta delituosa.
Há crimes sem objeto material, como o falso testemunho ou o ato obsceno.

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