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REVISÃO - DIREITO EMPRESARIAL .pdf

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CASO CONCRETO - SEMANA 02 - ATOS CAMBIAIS. 
 
Fernando Lopes emite uma letra de câmbio em face de Luan e a favor de Eduarda, que a 
endossa em branco para Rebeca, a qual endossa em preto para Maria que, por sua vez, 
também endossa em preto para João. Este endossa em branco e repassa o título para 
Dora, que repassa o título por tradição para Eunice, e assim vai por Emerson e Vitor. Por 
fim, Vitor transmite o título para Miro, através de endosso em preto. Diante disso: 
a) Determine quais os obrigados pelo pagamento do referido título. 
b) Especifique o principal efeito do endosso realizado por Vitor. 
 
No caso em tela os coobrigados ao pagamento do título são Luan ( devedor principal 
), Eduarda, Rebeca, Maria, João e Vitor (endossante) e Fernando (sacador). O 
endosso por Vitor, qual seja o endosso em preto, além de transferir o crédito e 
vincular o endossante ao pagamento do título, obriga o endossatário (Miro) a 
transmitir o título também por endosso. 
 
Títulos de crédito 
 
1.ORIGEM 
Surgiu na Idade Média com o intuito de agilizar e facilitar a circulação da Moeda ( na 
época o mercado operava por meio de troca ou escambo). Com o surgimento da moeda o 
mercado centralizou riquezas. Assim, para facilitar a circulação da moeda e a confiança que 
o credor depositava em seu devedor surgiram os Títulos de Crédito (creditum, credere) 
 
2. CONCEITO 
Documento necessário ao exercício de um DIREITO LITERAL e autônomo nele 
mencionado. 
 
3. CARACTERÍSTICAS - PRINCÍPIOS 
 
● PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE​: (é o documento) 
 
A cartularidade (também chamada de ​incorporação​) é apresentada como sendo a 
MATERIALIZAÇÃO do direito no documento, motivo pelo qual se diz que o direito se 
incorpora ao documento. A expressão cartularidade ou direito cartular (de chartula, do baixo 
latim) é empregada para significar tanto a ​incorporação do direito ao documento​, como o 
direito decorrente do título em relação ao negócio fundamental, chamado por isso mesmo, o 
negócio subjacente, de relação extracartular. 
 
● PRINCÍPIO DA LITERALIDADE​; (é o que você vai escrever nesse documento) 
 
O título vale pelo que nele está mencionado, em seus termos e limites. Para o credor e 
devedor só valerá o que estiver expresso no título. Deve, por conseguinte, constar a 
assinatura do avalista para que seja válido o aval, por exemplo. 
 
● PRINCÍPIO DA AUTONOMIA​: (o documento ​desvincula​ do consumidor) 
 
Desvincula-se toda e qualquer relação havida entre os anteriores possuidores do título com 
os atuais e, assim sendo, o que circula é o título de crédito e não o direito abstrato contido 
nele. 
 
 PRINCÍPIO DA ABSTRAÇÃO 
Decorre, em parte, do ​princípio da autonomia e trata da separação da causa ao título por 
ela originado. Não se vincula a cártula, portanto, ao negócio jurídico principal que a originou, 
visando, por fim, a proteção do possuidor de boa-fé. 
Não gozam deste princípio todos os títulos de crédito, mas se pode observar ser ele válido 
para as notas promissórias e letra de câmbio. 
 
 ​ PRINCÍPIO DA INOPONIBILIDADE DAS EXCEÇÕES PESSOAIS 
 
O devedor não pode se negar a cumprir o que consta no título de crédito, apresentando 
exceções pessoais referentes a anteriores portadores ou titulares da cártula, salvo se ficar 
cabalmente demonstrado que o atual titular recebeu a cártula de má-fé. Trata - se da 
manifestação processual do princípio da autonomia. 
“As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções 
fundadas nas relações pessoais delas com o sacador, a menos que o portador ao adquirir a 
letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor.” (ART 17 LU) 
 
 ​PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA​ (substantividade) 
 
O título de crédito basta em si, não sendo necessário apresentá - lo em conjunto com outros 
documentos. Não se trata de princípio admitido por toda a doutrina, por estar ausente de 
uma série de títulos. Alguns títulos fazem referência a contratos ou a outros documentos. 
De outro lado, a própria lei afasta a independência de alguns títulos, como nas células de 
crédito rural que devem ser acompanhadas do orçamento pelos extratos bancários. 
Portanto, a independência pode deixar de ser aplicada pela vontade das partes ( remissão a 
contrato) ou pela lei (vinculação legal a algum documento). 
 
4. CLASSIFICAÇÃO 
 
Quanto ao ​Modelo​: (​vinculados​ ou ​livres​) 
 
- ​Vinculados​: Devem atender a um padrão específico, definido por lei, para a criação do 
título. Ex:. Cheque 
 
- Livres​: São os títulos que não exigem um padrão obrigatório de emissão, basta que 
conste os requisitos mínimos exigidos por lei. Ex:. letra de câmbio e nota 
promissória. 
 
 
Quanto à ​Estrutura​: (​ordem de pagamento​ ou​ promessa de pagamento​) 
 
- ​Ordem de pagamento​: por esta estrutura o saque cambial dá origem a três situações 
distintas: sacador ou emitente, que dá a ordem para que outra pessoa pague; sacado, que 
recebe a ordem e deve cumpri-la; e o beneficiário, que recebe o valor descrito no título. Ex:. 
letra de câmbio, cheque. 
 
- ​Promessa de pagamento​: envolve apenas duas situações jurídicas: promitente, que 
deve, e beneficiário, o credor que receberá a dívida do promitente. Ex:.nota promissória. 
 
Quanto à ​Emissão​: (​causais​ ou ​não causais​) 
 
-​Causais​: São os títulos que só podem ser emitidos com amparo em lei que os autorizem. 
Ademais, os títulos causais não se desvinculam da causa da relação creditória originária, 
não se enquadrando no princípio da abstração. Ex:. Duplicata 
 
-​Não Causais (ou ​abstratos​): Podem ser emitidos para amparar qualquer relação creditória 
e se desvinculam da causa fundamental de origem. Ex: Cheque e Nota promissória. 
 
Quanto à ​Circulação​: (​Títulos ao Portador​ ou ​Títulos Normativos​) 
 
Ao Portador​: São destituídos de referência expressa do nome do beneficiário/credor e 
circulam por mera tradição. Nessa categoria se incluem os cheques abaixo de R$ 100, 00 
(cem reais) 
 
Normativos​: Caracterizam - se pela obrigatoriedade de se fazer constar o nome do titular 
do crédito. Diferenciam - se os títulos normativos em títulos a ordem e não a ordem no que 
tange à hipótese de transmissibilidade dos direitos creditórios. 
 
Os títulos normativos a ordem se transfere por endosso seguido de tradição. São desta 
natureza a letra de câmbio, o cheque acima de R$ 100 (cem reais) e a nota promissória, 
que por força de legislação especial deverão fazer constar o nome do titular do crédito. 
 
Os títulos de crédito não a ordem são os títulos cuja transmissibilidade se opera por cessão 
de crédito. Nessa classificação de enquadra os títulos que, pela sua própria natureza assim 
se inferem - como as ações das S.A, bem como os títulos que, inobstante sejam de 
natureza a ordem, venham a conter cláusulas não a ordem, como nas hipóteses de 
cheques, nota promissória e letra de câmbio. 
 
ORDEM 
 
A classificação adotada pelo Código Civil não representa nenhuma inovação no 
Ordenamento Jurídico e também não revogou as Leis Especiais. Desta forma, os títulos 
continuam a ser regidos por leis específicas,aplicando - se de forma supletiva o Código 
Civil. 
 
Obs: No Brasil existem 40 modalidades de títulos de crédito. 
 
5. ESPECIAIS. TÍTULOS DE CRÉDITOS 
 
LETRA DE CÂMBIO. CONCEITO 
 
É uma ordem de pagamento sacada (emitida) pelo “sacador” direcionada ao “sacado” que 
deverá honrá - la em prol do “tomador” (beneficiário). Contudo o “sacado” somente se 
obriga ​in casu ​caso der o seu aceite na cártula, após lhe ter sido apresentada pelo 
“tomador”. 
 
REQUISITOS:​ (Art 1 da LU) 
A letra contém: 
1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a 
redação desse título; 
2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 
3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 
4. a época do pagamento; 
5. a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento; 
6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 
8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). 
 
Letra Incompleta ou em Branco​ - Súmula 387, STF. 
 
“​A cambial emitida ou aceita ou omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor 
de boa - fé ​antes​ da cobrança ou do protesto” 
 
Aceite - Somente após o aceite o sacado estará vinculado ao cumprimento da Obrigação 
Cambial. 
 
(Art 28, LU) 
“O sacado obriga-se pelo aceite pagar a letra à data de vencimento. 
Na falta de pagamento, o pagador, mesmo no caso de ser ele o sacador, tem contra o 
aceitante um direito de ação resultante da letra, em relação a tudo que pode ser exigido nos 
termos dos artigos 48 e 49.” 
 
(Art 25 e 26, LU) 
 
Art. 25. O aceite é escrito na própria letra. Exprime-se pela palavra "aceite" ou qualquer 
outra palavra equivalente; o aceite é assinado pelo sacado. Vale como aceite a simples 
assinatura do sacado aposta na parte anterior da letra. 
Quando se trate de uma letra pagável a certo termo de vista, ou que deva ser apresentada 
ao aceite dentro de um prazo determinado por estipulação especial, o aceite deve ser 
datado do dia em que foi dado, salvo se o portador exigir que a data seja a da 
apresentação. À falta de data, o portador, para conservar os seus direitos de recurso contra 
os endossantes e contra o sacador, deve fazer constar essa omissão por um protesto, feito 
em tempo útil. 
 
Art. 26. O aceite é puro e simples, mas o sacado pode limitá-lo a uma parte da importância 
sacada. 
Qualquer outra modificação introduzida pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma 
recusa de aceite. O aceitante fica, todavia, obrigado nos termos do seu aceite. 
 
FALTA OU RECUSA DO ACEITE 
 
Em relação ao protesto é a prova literal de que o título foi apresentado a aceite ou a 
pagamento e a que nenhuma dessas providências foram atendidas pelo sacado ou 
aceitante (o protesto será levado a efeito por falta ou recusa do aceite do pagamento e falta 
da devolução do título). 
 
LETRA DE CÂMBIO NÃO ACEITÁVEL 
 
(Art.22, LU) 
O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela será apresentada ao aceite, com ou 
sem fixação de prazo. 
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se tratar de uma letra 
pagável em domicílio de terceiro, ou de uma letra pagável em localidade diferente da do 
domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a certo termo de vista. 
O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se 
antes de determinada data. 
Todo endossante pode estipular que a letra deve ser apresentada ao aceite, com ou sem 
fixação de prazo, salvo se ela tiver sido declarada não aceitável pelo sacador. 
 
NOTA PROMISSÓRIA.CONCEITO 
 
É uma pura e simples promessa de pagamento feita pelo emitente (sacador) em prol do 
tomador (beneficiário). 
 
REQUISITOS 
 
(Art. 75 LU) 
 
A nota promissória contém: 
1. denominação "nota promissória" inserta no próprio texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título; 
2. a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada; 
3. a época do pagamento; 
4. a indicação do lugar em que se efetuar o pagamento; 
5. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
6. a indicação da data em que e do lugar onde a nota promissória é passada; 
7. a assinatura de quem passa a nota promissória (subscritor). 
 
PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DA NOTA PROMISSÓRIA 
 
Deve ser apresentado o protesto no prazo de ​DOIS DIAS ÚTEIS após o seu vencimento em 
cartório. A inobservância do prazo acarretará a perda do direito contra os coobrigados, 
endossantes ou avalistas. 
 
AÇÃO CAMBIAL E PRESCRIÇÃO: 
 
. 3 ANOS A CONTAR DO VENCIMENTO - contra o emitente e seu avalista. 
 
.1 ANO, A CONTAR DO PROTESTO - contra os endossantes. 
 
.6 MESES, A CONTAR DO DIA EM QUE O ENDOSSANTE PAGOU A NOTA - dos 
endossantes um contra os outros e contra o emitente. 
 
DUPLICATA.CONCEITO 
 
É considerado um título de crédito pelo qual o comprador se obriga a pagar dentro do prazo 
a importância representada na fatura (é um documento nominal emitido pelo comerciante / 
empresário com o valor global e o vencimento da fatura). 
 
Podemos compreender que a duplicata é uma ordem de pagamento emitida pelo credor 
quando o mesmo vende a mercadoria ou serviço que prestou. Sempre será representada 
em 1 fatura que deverá que ser paga pelo comprador da mercadoria ou tomador dos 
serviços porém uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura que deverá ser 
apresentada a devedor no máximo em 30 DIAS. 
 
Duplicata Virtual : Caracteriza - se quando o contrato de compra e venda ou de prestação 
de serviços é concretizado o vendedor pela internet emite a uma instituição financeira os 
dados referentes ao negócio realizado, a uma instituição financeira também pela internet 
encaminha para o comprador ou tomador de serviços um boleto bancário para que o 
devedor pague a dívida. 
 
REQUISITOS 
 
No ato da emissão da fatura, poderá ser extraída uma duplicata para fins de circulação. 
 
Deverá corresponder a uma única fatura. 
 
Em função do seu caráter obrigatório, o ​aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado 
em três categorias: 
 
a) Aceite ​ordinário – resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado do 
título de crédito 
 
b) Aceite ​por comunicação – resulta da retenção da duplicata mercantil pelo comprador 
autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação, por escrito, ao 
vendedor, de seu aceite. 
 
c) Aceite ​por presunção - resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador, desde 
que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução do título ao 
vendedor. 
 
TRIPLICATA​ (novo título - segunda via da duplicata) 
 
Quando houver perda ou extravio da duplicata, é possível a extração de uma triplicata da 
fatura. 
Contudo, na prática, apesar da ausência de previsão legal, a triplicata tem sido 
sacada também quando houver retenção indevida da duplicata pelo sacado - hipótese na 
qual o credor envia a triplicata para protesto, em vez de realizar o protesto “por indicações” 
da duplicata. 
 
CHEQUE.CONCEITO 
 
É ordem de pagamento à vista, emitida contra um banco, em razão da provisão que o 
emitente possui junto aosacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou 
abertura de crédito. 
 
REQUISITOS 
 
ART 1 da LC 
 
O cheque contêm: 
 
I - a denominação "cheque" inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este 
é redigido; 
II - a ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
III - o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado); 
IV - a indicação do lugar de pagamento; 
V - a indicação da data e do lugar de emissão; 
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais. 
 
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com poderes 
especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica, por chancela mecânica 
ou processo equivalente. 
 
ACEITE​ (6° e 7° da LC) 
 
Art . 6º O cheque não admite aceite considerando-se não escrita qualquer declaração com 
esse sentido. 
Art . 7º Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no 
verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra 
declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. 
 
§ 1º A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o sacado a 
debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em benefício do 
portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem exonerados o 
emitente, endossantes e demais coobrigados. 
 
ENDOSSO​ ​(Art 17 da LC) 
 
Art.17. O cheque pagável a pessoa nomeada, com ou sem cláusula expressa ‘’ à ordem’’, é 
transmissível por via de endosso. 
 
§ 1º O cheque pagável a pessoa nomeada, com a cláusula ‘’não à ordem’’, ou outra 
equivalente, só é transmissível pela forma e com os efeitos de cessão. 
§ 2º O endosso pode ser feito ao emitente, ou a outro obrigado, que podem novamente 
endossar o cheque. 
 
 
AVAL​.​CONCEITO 
 
É o ato cambiário, mediante o qual um terceiro (avalista) se obriga a honrar determinada 
obrigação cambial em prol de alguma outra pessoa obrigada no título de crédito (avalizado). 
 
AVAL TOTAL X PARCIAL 
 
Pela regra geral, o ​aval PARCIAL é VEDADO (art. 897, parágrafo único, do CC). Exceção: 
o aval pode ser parcial se for previsto na legislação especial, como ocorre com o cheque, a 
nota promissória e a letra de câmbio. 
 
MODALIDADES DE CHEQUE 
 
Art 7 da LC 
Pode o sacado, a pedido do emitente ou do portador legitimado, lançar e assinar, no                             
verso do cheque não ao portador e ainda não endossado, visto, certificação ou outra                           
declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título. 
§ 1º A aposição de visto, certificação ou outra declaração equivalente obriga o                         
sacado a debitar à conta do emitente a quantia indicada no cheque e a reservá-la em                               
benefício do portador legitimado, durante o prazo de apresentação, sem que fiquem                       
exonerados o emitente, endossantes e demais coobrigados. 
§ 2º - O sacado creditará à conta do emitente a quantia reservada, uma vez vencido o                                 
prazo de apresentação; e, antes disso, se o cheque lhe for entregue para inutilização. 
 
Art 9 da LC 
O cheque pode ser emitido: 
I - à ordem do próprio sacador; 
II - por conta de terceiro; 
III - contra o próprio banco sacador, desde que não ao portador. 
 
Art 44 da LC  
O emitente ou o portador podem cruzar o cheque, mediante a aposição de dois traços                             
paralelos no anverso do título. 
§ 1º O cruzamento é geral se entre os dois traços não houver nenhuma indicação ou                               
existir apenas a indicação "banco", ou outra equivalente. O cruzamento é especial se                         
entre os dois traços existir a indicação do nome do banco. 
§ 2º O cruzamento geral pode ser convertida em especial, mas este não pode                           
converter-se naquele. 
§ 3º A inutilização do cruzamento ou a do nome do banco é reputada como não                               
existente. 
Art 46 da LC 
O emitente ou o portador podem proibir que o cheque seja pago em dinheiro mediante                             
a inscrição transversal, no anverso do título, da cláusula "para ser creditado em                         
conta", ou outra equivalente. Nesse caso, o sacado só pode proceder a Iançamento                         
contábil (crédito em conta, transferência ou compensação), que vale como                   
pagamento. O depósito do cheque em conta de seu beneficiário dispensa o respectivo                         
endosso. 
§ 1º A inutilização da cláusula é considerada como não existente. 
§ 2º Responde pelo dano, até a concorrência do montante do cheque, o sacado que                             
não observar as disposições precedentes. 
 
TIPOS DE CHEQUE 
 
1. Cheque ​administrativo​: emitido pelo banco sacado a favor de terceiros para a                         
liquidação por uma de suas agências. 
2. Cheque ​cruzado​: este contém dois traços na transversal e que obriga o                         
banco-sacado a efetuar o pagamento do cheque a um banco, liquidando em conta                         
de titularidade do portador. 
3. Cheque ​para se levar em conta​: neste o emitente ou o portador proíbem o                             
pagamento do título em dinheiro. 
4. Cheque ​visado​: neste caso, o banco-sacado a pedido do emitente ou do portador                           
legítimo do cheque nominativo não endossado, lança e assina, no verso do título,                         
declaração confirmando a existência dos fundos suficientes para liquidação do                   
título. 
5. Cheque pré - datado​: é uma operação de crédito, não regulamentada pela lei do                             
direito econômico que permite que um comprador pague de forma parcelada por um                         
bem sendo adquirido. Este emite uma quantidade de cheques que totalizam o valor                         
do bem identificando em cada folha de cheque emitida a data para pagamento da                           
parcela. O nome correto seria cheque pós-datado. 
 
PRAZO PARA A APRESENTAÇÃO DO CHEQUE: ​30 DIAS NA MESMA PRAÇA / ​60                         
DIAS​ EM PRAÇA​ ​DIVERSA OU NO EXTERIOR 
 
SUSTAÇÃO DO CHEQUE 
Art 35 da LC: 
O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem dada                         
por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do                           
ato. 
Parágrafo único - A revogação ou contra-ordem só produz efeito depois de expirado o                           
prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o sacado pagar o cheque até                           
que decorra o prazo de prescrição, nos termos do art. 59 desta Lei. 
 
Art 36 da LC: 
Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem                         
fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em                       
relevante razão de direito. 
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contra-ordem se excluem                         
reciprocamente. 
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponente. 
 
CHEQUE SEM FUNDOS  
 
SÚMULA 554 STF 
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, ​após o recebimento da                         
denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. 
 
SÚMULA 246 STF 
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque                           
semfundos. 
 
SÚMULA 521 STF 
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a                           
modalidade da emissão dolosa de cheque sem fundos, é o do local onde se deu a                               
recusa do pagamento pelo sacado. 
 
Art 171. CP 
Obter para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou                         
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio                     
fraudulento. 
 
AÇÃO CAMBIAL E PRESCRIÇÃO 
Art 59 da LC 
Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da expiração do prazo de apresentação, a                         
ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador. 
Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do cheque                           
contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o obrigado                           
pagou o cheque ou do dia em que foi demandado. 
 
CONCEITO. CARACTERÍSTICA 
 
1. ENDOSSO​: É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que                             
consta no título através da tradição da própria cártula. Existem 2 figuras                       
endossante ou endossador quem garante o pagamento e o endossatário ou                     
adquirente quem recebe o pagamento. 
 
Porém o endosso pode se apresentar em PRETO quando trás a indicação do                         
endossatário do crédito e em BRANCO quando apenas constar a assinatura do                       
endossante. 
 
Endosso mandato ou procuração - É aquele em que o endossatário atua em nome e                             
por conta do endossante, não possuindo todavia a disponibilidade do título, devendo                       
agir no interesse do endossante - mandante. Qualquer endosso praticado por ele,                       
valerá como endosso mandato. O endossatário, mandatário pode endossar. 
 
Endosso caução - Utilizado quando o endossante deposita ou dá o título, perante o                           
endossatário como garantia de uma dívida. São inseridas as expressões: "Valor em                       
garantia" e "Valor em penhor". 
 
Art. 12. ​O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja 
subordinado considera-se como não escrita. 
O endosso parcial é nulo. 
O endosso ao portador vale como endosso em branco. 
 
Art. 14. ​O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra. 
Se o endosso for em branco, o portador pode: 
1º) preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de 
outra pessoa; 
2º) endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 
3º) remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a 
endossar. 
 
Art. 15. ​O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação 
como do pagamento da letra. 
O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste caso, não garante o 
pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada. 
 
Art. 914 Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não 
responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título. 
§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna 
devedor solidário. 
§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados 
anteriores. 
 
CESSÃO DE CRÉDITOS 
A cessão de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter oneroso, através do 
qual o sujeito ativo de uma obrigação a transfere a terceiro, estranho ao negócio 
original, independentemente da anuência do devedor. O alienante toma o nome 
de cedente, o adquirente o de cessionário, e o devedor, sujeito passivo da 
obrigação, o de cedido. 
 
AVAL X FIANÇA 
(a) o ​aval é ​autônomo ​, enquanto a fiança é acessória; (b) ​no aval não há                               
que se falar em benefício de ordem​, já na fiança, regra geral, há benefício de                             
ordem; (c) o ​aval ​deve ser formalizado no próprio instrumento da obrigação                       
principal ​(título de crédito), enquanto a fiança pode ser conferida em instrumento                       
separado; 
O aval é diferente da fiança, uma vez que a fiança é gerada por contratos na                                 
esfera do direito civil e não sob os títulos de crédito. 
 
VENCIMENTO.CONCEITO 
Momento em que o crédito representado em um título se torna exigível. 
 
- Vencimento ​à data certa ​: (neste caso no texto do título de crédito fica mencionado                             
um dia específico do calendário). 
 
- Vencimento ​à vista ​: (o título é considerado quando o credor do título de crédito                             
apresenta o documento ao sacado). 
 
- Vencimento ​a tempo certo da data​: (o texto do título prevê um prazo para o                               
vencimento do título de crédito, que é contado a partir da data de criação do título;                               
não desprezo o 1º dia). 
 
- Vencimento ​à tempo certo da vista​: (o credor apresenta o título uma 1ª vez ao                               
sacado e numa outra oportunidade cobra-se o pagamento do sacado). 
 
PAGAMENTO 
Ato que extingue uma, algumas ou todas as obrigações nele mencionadas,                     
dependendo de quem realiza o pagamento. 
Obs: Em relação ao pagamento que se encontra a formalidade de extinção do título,                           
porém algumas obrigações em relação ao pagamento quando efetuados pelos                   
coobrigados ou avalista extingue - se a própria obrigação de quem pagou incluindo                         
posteriores coobrigados. 
Para que sejam todas as obrigações extintas o pagamento é realizado pelo                       
aceitante. 
 
PROTESTO 
Ato que se destina a comprovar a falta ou a recusa do aceite ou do pagamento do                                 
título do crédito. 
 
PRAZO PARA O PROTESTO 
 
Deve ser feito no prazo de 1 dia útil após o evento que se quer provar. No caso de                                     
protesto facultativo não há prazo, o tabelião não verifica se já ocorreu á prescrição,                           
pode ser feito a qualquer tempo, em princípio. 
SUSTAÇÃO E CANCELAMENTO 
 
Sustação - é uma medida cautelar inominada ajuizada com a finalidade de                       
suspender o procedimento do protesto e possibilitar seja discutido ou arguido um                       
vício relativo ao título levado a protesto. Solicita-se ao juiz que emita uma ordem ao                             
Tabelião para que este paralise o procedimento do protesto. Esta ordem é veiculada                         
no mandado. A sustação só pode ser proposta até o final do prazo do protesto (três                               
dias – tríduo legal) e é necessário que o Tabelião receba o mandado até o final do                                 
tríduo. Caso não de tempo, o juiz poderá ainda determinar que o Tabelião não                           
comunique o protesto a ninguém (suspensão). Ver art. 273, § 7º CPC. Caução – art.                             
826 CC. Uma vez ajuizada a medida cautelar de sustação, existe um prazo de 30                             
dias para ajuizamento da ação principal (art. 808, II do CPC). A ação principal a ser                               
proposta é a declaratória de inexigibilidade do título de crédito. Se a ação                         
declaratória for julgada procedente, a sustação de protesto também é procedente e                       
se torna definitiva, mas se for julgada improcedente, a sustação também será                       
improcedente eo juiz, comunicando a sentença ao Tabelião, imediatamente será                     
lavrado o instrumento de protesto. 
 
Cancelamento – é próprio do direito brasileiro e foi criado em 1979. É um ato pelo                               
qual são extintos os efeitos de um protesto lavrado. Temos duas formas de                         
cancelamento: 1. Cancelamento administrativo – feito perante Tabelião. Neste caso,                   
o interessado (devedor) se apresenta diante do Tabelião e traz documentos que                       
comprovam o pagamento do título ou traz uma carta de anuência do credor. O                           
Tabelião fará uma certidão às costas do termo de protesto, que não produzirá mais                           
efeitos; 2. Cancelamento judicial – nestes casos, foi proposta a ação declaratória de                         
inexigibilidade do título e o protesto já havia sido lavrado. Quando esta ação é                           
julgada definitivamente com procedência, o protesto será cancelado. 
 
OBS: não há cancelamento provisório do protesto (sempre será caso de                     
suspensão). O cancelamento dá origem ao pagamento de emolumentos. Quando o                     
protesto é cancelado, o devedor pagará os emolumentos do protesto e do                       
cancelamento. 
 
DISPENSA DE PROTESTO 
 
Em regra o protesto é necessário para que o credor do TC possa cobrar dos                             
devedores indiretos. 
 
No que tange aos TC, a dispensa do protesto pode decorrer da lei ou da vontade. O                                 
art. 47, II da lei do cheque prevê uma exceção à obrigatoriedade do protesto para                             
cobrança dos devedores indiretos do cheque. O art. 47, II dispensa o protesto para                           
cobrar dos devedores indiretos (endossantes e seus avalistas) desde que o cheque                       
tenha sido apresentado dentro do prazo legal previsto no art. 33 da lei do cheque e                               
desde que haja o carimbo do banco comprovando a falta de pagamento. Ou seja,                           
quando o Banco, Sacado, recusa o pagamento por ausência de fundos, ele efetua                         
um carimbo no cheque e se o credor estiver dentro do prazo decadencial previsto no                             
art. 33, ele poderá executar os devedores indiretos sem necessidade de realizar o                         
protesto. 
 
O importante aqui é que seja sempre lembrado que esta dispensa de protesto diz                           
respeito apenas à possibilidade de executar os devedores indiretos. Se o credor                       
pretender requerer a falência do devedor, terá que protestar o cheque. Esta                       
dispensa não se estende ao requerimento de falência. Não há dispensa de protesto                         
para fins falimentares.

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