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1 HISTÓRIAS DE VIDA DE MÃES DE SUJEITOS COM DEFICIÊNCIA: VIDAS QUE COMPÕEM HISTÓRIAS Valdirene de Almeida Cardoso Silva 1 Andrea de Augusto Silva 2 Jéssica Heloisa Lima da Silva 3 Michell Pedruzzi Mendes Araújo 4 RESUMO: Este trabalho objetiva compreender uma parte das histórias de vida de mães de sujeitos com deficiência. Para que esse objetivo fosse atingido, recorremos à metodologia história de vida, imersa numa perspectiva sócio-histórica, pois assim acreditamos que podemos, através dela, entender melhor a constituição subjetiva dos indivíduos. Para coleta dos dados, fizemos o uso da entrevista semiestruturada do tipo biográfica. A escolha por esses sujeitos foi feita com base na intersecção entre suas narrativas de vida: apresentam filhos com deficiência, um com síndrome de Down e outro com deficiência física e intelectual, e cursam pedagogia numa universidade. Uma consideração a ser tecida a partir desse estudo é que SER mãe de um sujeito com deficiência só é possível SENDO, uma vez que as relações dialógicas MÃE-FILHO que ocorrem no processo são determinantes para a constituição identitária do „eu‟- mãe e do „outro‟- filho. Além disso, entendemos que as práticas pedagógicas na escola comum devem ser (re)pensadas a partir do olhar dessas mães. PALAVRAS-CHAVE: MÃES. HISTÓRIA DE VIDA. PERSPECTIVA SÓCIO- HISTÓRICA. INTRODUÇÃO Acreditamos que a maternidade, planejada ou não, é um momento cheio de significados para a mulher, pois envolve vários fatores como físico, psicológico e financeiro. Isso porque, durante a gravidez a mãe idealiza o filho perfeito, belo e saudável, imagina a profissão que o filho deverá seguir o tipo de esporte que gostará de fazer, enfim, passa a viver a vida de um ser que ainda não conhece, mas que o ama incondicionalmente. Dessa forma, quando uma criança nasce com alguma deficiência, na juventude desenvolve algum tipo de doença ou sofre um grave acidente que compromete seu desenvolvimento motor e/ou cognitivo, a mãe passa por conflitos emocionais, dificuldades em aceitar a situação e mudanças significativas em sua 1 Graduada em Pedagogia/UFES. 2 Graduada em Pedagogia/UFES. 3 Graduada em Pedagogia/UFES. 4 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo, na linha de Diversidade e Práticas Educacionais Inclusivas. É especialista em Educação Inclusiva e em Gestão Escolar pela Faculdade Afonso Cláudio. É biólogo pela Universidade Federal do Espírito Santo. Professor orientador desse trabalho. 2 rotina. Nesse contexto, certamente, novas interações subjetivas serão estabelecidas. São essas mudanças, essas dúvidas, temores e renúncias feitas em função do outro que serão destacadas no nosso estudo. Nesse mesmo caminho, ao pensar nas histórias de vida das mães de sujeitos com deficiência, nos afloram algumas indagações: O que essas genitoras sentiam quando constatavam que seu filho era deficiente? Quais caminhos percorriam até chegarem às escolas de seus filhos? O que sentiam quando seus filhos eram discriminados? Existe algum projeto do Estado para dar atendimento psicológico e/ou psiquiátrico para elas? Essas indagações motivaram a realização dessa pesquisa. Souza5 (2003, p. 84-85), ao afirmar que a nossa consciência é fruto de como compartilhamos o nosso olhar com o olhar do outro, nos motivou a realizar a presente pesquisa, que consiste em duas narrativas de vida. Na primeira, está uma mãe que possui um filho de 13 anos com síndrome de Down, e na segunda, uma mãe que, após o filho de 20 anos ser vítima de acidente de trânsito, mudou toda a sua vida para cuidar desse jovem que passou a ter necessidades especiais físicas e cognitivas. Nesse contexto, cabe dizer que a presente pesquisa visa discutir, entender, compreender e refletir o que sentem, pensam e como agem as genitoras de sujeitos com deficiência. Nesse sentido, entendemos que a deficiência de um filho interfere de maneira direta sobre a constituição do „ser‟ mãe „sendo‟. Certamente, as relações dialógicas „mãe-filho‟ interferem na constituição identitária da mãe. Para que os objetivos expostos anteriormente fossem atingidos, utilizamos como metodologia a história de vida, uma vez que esse método permite penetrar nas entranhas e nas entrelinhas das vozes dos sujeitos, captar sentimentos implícitos e sensações escondidas que se tornam visíveis e ganham destaque no processo de narrar, tanto para o pesquisador quanto para o próprio entrevistado (DRAGO; SANTOS, 2013)6. 5 SOUZA, S. J. e. Dialogismos e alteridade na utilização da imagem técnica em pesquisa acadêmica: questões éticas e metodológicas. In: FREITAS, M. T. F.; SOUZA, S. J. e; KRAMER, S. Ciências Humanas e Pesquisa. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 6 DRAGO, R. SANTOS, C. R. dos. História de vida na pesquisa com adultos com deficiência: algumas reflexões. Educação: Teoria e Prática. Rio Claro. Vol. 23, n.44. p. 81-94/ Set-Dez. 2013. 3 REFERENCIAL TEÓRICO Tudo o que me diz respeito, a começar pelo meu nome, chega do mundo exterior à minha consciência pela boca dos outros (da minha mãe, etc.), com a sua entonação, em sua tonalidade valorativo- emocional. A princípio eu tomo consciência de mim através dos outros: deles eu recebo as palavras, as formas e a tonalidade para a formação da primeira noção de mim mesmo (BAKHTIN 7 , 2003, p.373- 374). Para embasar nossos estudos, escolhemos os pressupostos da perspectiva histórico-cultural de Vigotski, Bakhtin e de seus colaboradores e para dar início aos nossos estudos acerca da construção identitária e subjetiva de mães de sujeitos com deficiência analisaremos a subjetividade dentro da teoria sócio-histórica de Vigotski (20018, 20039), pois acreditamos “que o comportamento do homem é formado pelas peculiaridades e condições biológicas e sociais do seu crescimento” (VIGOTSKI10, 2001, p. 63). Os dados obtidos a campo foram analisados a partir da perspectiva sócio- histórica do desenvolvimento humano, tendo Vigotski como principal interlocutor. O interesse por Vigotski se dá principalmente pelo fato de que ele via o ser humano como possuidor de história, cultura e ferramentas culturais e sociais de transformação da realidade, possuidor de materiais que possibilitam a concreticidade das coisas vivas e inanimadas. Nessa perspectiva, destacamos a possibilidade de se enxergar uma nova forma de ver o homem, as relações entre natureza e homem e as deficiências. Isso porque essa base teórica ajuda a explicar os processos de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano e utiliza conceitos que fundamentam a prática pedagógica de muitos professores e a compreensão dos processos que ocorrem na escola ou no cotidiano dos sujeitos com ou sem deficiência (VIGOTSKI11, 2003). Tendo como paradigma de fundamentação as bases teóricas do pensamento sócio-histórico, percebemos que o eixo analítico do estudo, adequa-se aos objetivos da pesquisa, pois essa teoria tem subjacente a busca constante por “[...] refletir o indivíduo em sua totalidade, articulando dialeticamente os aspectos externos com os 7 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 8 VIGOTSKI, L. S. Psicologia Pedagógica. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 9 VIGOTSKI, L. S. A formação Social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos; 6° edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 10 VIGOTSKI, L. S. Psicologia Pedagógica. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes,2001. 11 VIGOTSKI, L. S. A formação Social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos; 6° edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 4 internos, considerando a relação do sujeito com a sociedade à qual pertence” (FREITAS12, 2002, p. 22). Nesse sentido, entendemos que a perspectiva defendida por autores como Vigotski ancora a nossa pesquisa porque possibilita reconhecer o ser humano como ser social e cultural, ou seja, um indivíduo que apresenta uma subjetividade que é tecida nas e pelas relações dialógicas. Para Molon13 (2011), a subjetividade e o sujeito são compreendidos na realidade social e na vida social, sendo assim é nas relações com os outros e por meio dessas relações que se constitui sujeito. Assim, percebemos que as mães já citadas anteriormente, passam a viver o seu “eu” no “outro” e assim passam a ser a voz, a força, e a necessidade de um individuo. Para essa ligação entre sujeito e subjetividade Molon14 (2011, p. 59) nos alerta que: Neste processo de significação, o eu, ao se constituir sujeito, torna-se para o sujeito o significante da própria subjetividade. A consciência da própria subjetividade aparece na relação eu-outro, tal como compreendida e demonstrada acima; neste sentido, a consciência da subjetividade e a penetração do universo da significação somente acontece no campo da intersubjetividade, configurado como o lugar do encontro e do confronto e como o palco de negociações dos mundos de significação privados e públicos. Sob este mesmo prisma, Gonzalez Rey15 (2003, p. 108) afirma que a subjetividade pode ser definida, "como a organização dos processos de sentido e significação que aparecem e se organizam de diferentes formas e em diferentes níveis do sujeito e na personalidade, assim como nos diferentes espaços sociais em que o sujeito atua". OBJETIVO GERAL Compreender uma parte das trajetórias de vida de mães de sujeitos com deficiência. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Entender as relações que são estabelecidas entre filhos com deficiência e as 12 FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, Fundação Carlos Chagas, n. 116, jul.2002. 13 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 14 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 15 GONZALEZ REY, F. L. Sujeito e subjetividade. São Paulo: Thomson, 2003. 5 suas mães; - Compreender como a deficiência de um filho pode afetar na constituição subjetiva de uma mãe; - Compreender como as relações interpessoais podem contribuir para a formação e o reconhecimento da subjetividade de uma mãe de um sujeito com deficiência; - Entender como se deu a participação da mãe do sujeito com deficiência no processo inclusivo social, familiar e escolar. METODOLOGIA Para que os objetivos elencados anteriormente fossem atingidos, recorremos à metodologia história de vida. A partir das histórias de vida, podemos entender melhor a formação subjetiva dos indivíduos, considerando o contexto histórico e cultural no qual o sujeito está inserido. Utilizamos os fundamentos teórico-filosóficos da psicologia sócio-histórica, tendo Vigotski como principal interlocutor e as bases teóricas da perspectiva sócio- histórica para análises do estudo. Isso porque essa perspectiva nos dá fundamentação para alcançar nossos objetivos, entendendo que devemos “[...] refletir o indivíduo em sua totalidade, articulando dialeticamente os aspectos externos com os internos, considerando a relação do sujeito com a sociedade à qual pertence” (FREITAS16, 2002, p. 22). Sob este mesmo prisma, entendemos que olhar as histórias de vida de adultos com deficiência, a partir de uma perspectiva sócio-histórica, pode ser capaz de trazer à tona sentimentos, significações, construções e desconstruções desses sujeitos, que, uma vez internalizados, podem contribuir para o processo de aprendizagem e desenvolvimento humano, como demonstraram estudos de Araújo17 (2014) e Drago18 (2012). Não houve questionário ou roteiro fixo para a entrevista. A entrevista utilizada foi a semiestruturada porque permitiu certa liberdade aos nossos sujeitos da 16 FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, Fundação Carlos Chagas, n. 116, jul. 2002. 17 ARAÚJO, M. P. M. Para além do biológico, o sujeito com a Síndrome de Klinefelter. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. 18 DRAGO, R. Síndromes: conhecer, planejar e incluir. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. 6 pesquisa. Para o alcance dos objetivos já elencados anteriormente, utilizamos a metodologia história de vida, pois se baseia em fatos do cotidiano e no conhecimento humano acumulado sobre as vivências de mães que por motivos que as coloca em posições de cuidar do outro. Nesse mesmo caminho, concordamos com Silva19 et al. (2007, p. 34), quando dissertam que o método de História de Vida é um método científico com toda força, validade e credibilidade de qualquer outro método, sobretudo porque revela que por mais individual que seja uma história, ela é sempre, ainda, coletiva, mostrando também o quão genérica é a trajetória do ser humano. Recuperamos memórias, para que fosse possível analisar uma parte da história de vida de cada uma dessas genitoras, que ao relatar suas experiências e sentimentos, nos faz entender desde a primeira relação com o seu bebê, seja ela de raiva, rejeição, revolta ou até mesmo de culpa, suas dificuldades e desafios ao decorrer de suas vidas. Neste sentido, para realizarmos este estudo, tínhamos em mente que “[...] na pesquisa qualitativa com enfoque sócio-histórico não se investiga em razão de resultados, mas o que se quer obter é a compreensão dos comportamentos a partir da perspectiva dos sujeitos da investigação” (FREITAS20, 2002, p. 21). SUJEITOS DA PESQUISA Os sujeitos da presente pesquisa são duas mães de indivíduos com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento. Ambas cursam o ensino superior. Uma residente no município de Cariacica e a outra no município de Serra. A escolha foi feita devido a essas mães terem algo em comum: possuem filhos com deficiência e cursam o ensino superior numa Universidade Federal. A mãe do filho com Síndrome de Down possui 36 anos de idade e dois filhos. Atualmente está desempregada. Ela conta que começou a trabalhar com 13 anos e que se interessou pelo curso de pedagogia após acompanhar o processo de 19 SILVA, A. P.; BARROS, C. R.; NOGUEIRA, M. L. M.; BARROS, V. A. “Conte-me sua história”: reflexões sobre o método de História de Vida. Revista do Centro Acadêmico de Psicologia da FAFICH/UFMG, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 25-35, 2007. 20 FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, Fundação Carlos Chagas, n. 116, jul. 2002. 7 aprendizado do seu filho, hoje com 13 anos, que nasceu com Síndrome de Down, o qual ela cria sozinha. Nunca teve ideia de fazer uma faculdade, achava que não tinha capacidade. Ela nos conta que o principal incentivo para voltar a estudar veio de membros da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) da Serra. Ultimamente, tem se dedicado à vida acadêmica e à educação de seus filhos. A outramãe, com 40 anos, também estudante do curso de pedagogia, relata a sua vida após o acidente que seu filho de vinte anos sofreu, ficando com sequelas físicas e intelectuais. A mãe relatou que seu filho parece que „virou criança‟ após o acidente, tendo mudanças repentinas de humor e picos de agressividade. A partir desse acidente, a mãe nos conta que passa a viver mais para/ pelo outro (o seu filho deficiente físico). AS TRAJETÓRIAS DE VIDA DAS MÃES DE SUJEITOS COM DEFICIÊNCIA: QUANDO SER REALMENTE É PARA O OUTRO! Iniciamos a nossa conversa com os sujeitos da nossa pesquisa, citando uma frase da escritora Clarice Lispector: “Para escrever tenho que me colocar no vazio” (LISPECTOR21, 1992, p. 33). E o que seria esse vazio? Perguntamos à Angelina, mãe de Allann com treze anos e com Síndrome de Down. Ela nos disse: Seria voltar lá no início da gravidez, com vinte e dois anos, sem um companheiro para me apoiar e só descobrir após o nascimento do meu filho que ele tinha síndrome de Down. Fizemos também a pergunta anterior para Valquíria, mãe do Rodrigo com 22 anos, vítima de acidente de trânsito. Ela nos respondeu: Colocar-me no vazio seria não seguir em frente após o diagnóstico do meu filho. Pensava que não conseguiria concluir um curso superior e cuidar dele ao mesmo tempo. Tive medo de ser dependente das pessoas para me ajudar nos cuidados quando precisasse sair e deixá-lo em casa. Ou seja, “se colocar” no vazio para a Angelina e Valquíria é voltar no tempo e sofrer as mesmas dores e (re) sentimentos do passado. Para Padilha22 (2007, p. 33), “as coisas não se dão de maneira linear, seguindo uma sequência harmoniosa e acumulativa. Há involuções, conflitos, idas e 21 LISPECTOR, C. A hora da estrela. 20. ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1992. 22 PADILHA, A. M. L. Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. 8 voltas, ou seja, um emaranhado de fios que tecem a história das ideias”. Nesse sentido, a mãe encontra-se diante de si mesma, em um processo entre o filho bonito, inteligente e saudável idealizado durante a maternidade e o filho real com limitações e com uma deficiência ou transtorno global do desenvolvimento. A sociedade estabelece um padrão do que é normal. E a família, em especial as genitoras, tem dificuldades em aceitar no primeiro momento, que seus filhos não se enquadram nesse padrão de normalidade. Nesse mesmo caminho, concordamos com Padilha23 (2007, p.35) quando a autora afirma que “o que revela a anormalidade, a patologia, a deficiência ou o distúrbio, é o “não fazer”, o “não saber”, o “não conseguir” e o que “falta”, em um padrão hegemônico estabelecido pela sociedade”. Assim, nesse artigo, trazemos as narrativas de vida de duas mães de sujeitos com deficiência, que mesmo após um difícil período de aceitação/ adaptação do seu filho com deficiência, passam a lutar pela vida de seus filhos com uma força que advêm de seus filhos que, ao invés de limitadores por suas condições orgânicas, são molas propulsoras. NARRATIVA DE VIDA DE VALQUÍRIA24: MÃE DE UM ADULTO COM DEFICIÊNCIA FÍSICA Iniciamos a tecitura de uma parte da narrativa de vida de Valquíria com o relato/denúncia dessa mãe acerca do despreparo dos profissionais de saúde para dar a notícia sobre a deficiência dos pacientes aos parentes. Valquíria nos reproduziu a fala da médica após o acidente do seu filho: “Se sobreviver, será um bebê para sempre”. A mãe nos contou que esse “bebê” de 20 anos sobreviveu e hoje está em casa com a família. Após quase três meses de internação, ele estava de alta do hospital. Valquíria nos contou que a sensação de desamparo relatada por algumas mães poderia ser minimizada caso houvesse um cuidado maior ao transmitir o diagnóstico sobre a deficiência de seus filhos. Se as genitoras fossem após o diagnóstico, encaminhadas a psicólogos, psiquiatras e neurologistas para ouvirem, aconselharem e falarem mais a respeito da deficiência do seu filho. 23 PADILHA, A. M. L. Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. 24 Nome fictício. 9 Parafraseando Pino25 (2005), entendemos que para Valquíria no primeiro momento acontece um processo de participação fusional do “eu” no “outro,” no qual o “eu” perde-se no “outro”. Onde a mãe sabe que também precisa de atendimento médico, mas segue em frente assim mesmo para ajudar o seu filho. Valquíria se tornou sujeito da nossa pesquisa após o acidente de moto envolvendo o seu filho na época, com 20 anos. Embora diga que não consegue falar sobre o acidente, acaba relatando como vivia antes do dia 31 de agosto de 2012, onde estudava pela manhã, trabalhava à tarde e fazia curso de inglês aos sábados. Sobre o acidente, Valquíria nos contou: [...] Acho que a minha vida se dividiu... Sei lá... Porque depois do acidente eu passei a ficar no hospital acompanhando o meu filho durante dois meses e quinze dias. Parei tudo o que fazia. Eu lembro de que no dia do acidente a médica que o recebeu no hospital o diagnosticou com traumatismo crânio-encefálico grave, múltiplas fraturas dos membros superiores, afundamento de ace e duas paradas cardíacas. Uma frase que me marcou foi quando perguntei se meu filho ia ficar bom [...] A médica disse assim: “se sobreviver, ficará as sequelas e você terá um bebê para o resto da vida” (VALQUÍRIA). Concordamos, nesse sentido, com Padilha26 (2007), quando afirma que tudo é dado como pronto: assim é, porque assim é. Nenhum questionamento do modelo médico; nenhuma indagação sobre a vida das pessoas, sobre a história dos grupos sociais afetados pelos chamados distúrbios. Mesmo muito afetada pelas palavras dos médicos, Valquíria ressalta: Graças a Deus, fiquei com o bebê. Atualmente, com 22 anos, devido ao acidente, perdeu os movimentos dos membros inferiores e superiores do lado direito, o lado direito da face devido ao afundamento, ficou diferente do lado esquerdo, até o tom de voz mudou. Tenho a preocupação de fazer as matrículas das disciplinas pensando nos dias e horários de psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e dentistas do Rodrigo (VALQUÍRIA). Assim, para Molon27 (2011), o homem não só se adapta à natureza, mas a transforma, e ao transformá-la transforma a si mesmo: ele sente, pensa, age, imagina, deseja. De forma análoga e entendendo seu filho Rodrigo como um ser humano com potencialidades, a mãe salientou: Tenho a preocupação de sempre avisar para ao Rodrigo o que vamos fazer durante o dia e recapitulo o que fizemos no dia anterior. Também aviso quem o acompanhará nos momentos em que estarei 25 PINO, A. As marcas do humano. São Paulo: Cortez Editora, 2005. 26 PADILHA, A. M. L. Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental. 4. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. 27 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 10 fora de casa e se ele está de acordo. Às vezes, ele não me responde e apenas faz gestos com a cabeça, ou caras e bocas. O Rodrigo muda muito de opinião. Às vezes acorda e não quer ver e nem falar com ninguém, apenas comigo (VALQUÍRIA). Nesse contexto, Bakhtin28 (1992) afirma que é insuficiente o discurso verbal para exprimirtudo aquilo que na verdade estamos querendo ou deixamos escapar ao nos comunicarmos com o nosso interlocutor. Sendo assim, mãe e filho passaram a fazer uso dos signos para se comunicarem de uma maneira em que só eles entendem. Ainda segundo Bakhtin29 (1992), é na dimensão extraverbal que estão contidos os elementos ideológicos da fala e os julgamentos de valor, que são, além de emoções individuais atos sociais regulares e essenciais. A mãe Valquíria nos conta sobre algumas adversidades no convívio social: Vimos umas camisas na vitrine de uma rede de lojas do Estado que estava em liquidação. Entramos e todos os olhares se voltaram para o meu filho, escolhemos umas camisas para ele quando fui levá-lo no provador masculino para vestir as camisas, o atendente da loja me falou que o provador era “masculino” então nos dirigimos para o provador feminino e o atendente me disse que meu filho não poderia entrar devido o provador ser “feminino”. Fiquei sem saber o que fazer! (VALQUÍRIA). Nesse contexto, Molon30 (2011) ressalta que a subjetividade e o sujeito são compreendidos na realidade social e na vida social, vista esta como primordialmente histórica. Nesse sentido, mãe e filho são cúmplices em meio a uma sociedade que ainda é separada por gêneros, onde até o espaço usado para provar roupas em uma loja precisa ser separado e nomeado. Após o ocorrido, perguntei ao Rodrigo se ele poderia tirar a camisa ali mesmo onde estávamos no meio da loja e próximo ao caixa. Ele sorriu e aceitou na hora. Foi o que fizemos e ele vestiu varias camisas, de todas as cores e modelos... (VALQUÍRIA). Quando Valquíria sugeriu ao filho que trocasse de camisa na frente de todos sem usar o provador “masculino” ou “feminino”, não foi por falta de conhecer seus direitos como mãe de um rapaz com deficiência ou mesmo como cidadã. Ela quis mostrar para o seu filho que ele faz parte das práticas sociais, independente de gênero, cor, raça ou religião. 28 BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992. 29 BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec,1992. 30 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 11 Ainda segundo Molon31 (2011), não se trata de inserir o sujeito na realidade social, pois este é o seu lugar, ele é o sujeito da atividade, mas de operar com processos psicológicos constituídos no social, que ao mesmo tempo se diferenciam dele. Araújo32 (2014, p. 69), nesse contexto, enfatiza que os caminhos para a aprendizagem e o desenvolvimento percorridos pelos sujeitos com deficiência não são os mesmos que aqueles sem deficiência traçam. Quando Valquíria cita a dificuldade que encontrou ao sair com o seu filho para comprar camisas para ele, lembramo-nos dessa citação anteriormente exposta, uma vez que o caminho percorrido pelo indivíduo com deficiência parece sempre ser o mais tortuoso... Mas ele deve ser trilhado! Nesse processo a família e, mais especificamente na nossa pesquisa, as mães dos sujeitos com deficiência são exímias protagonistas. Ao falar sobre os estudos e a vida „corrida‟ que leva, Valquíria destaca: “Fico com a consciência pesada... Mas sei que preciso concluir o curso e trabalhar para dar melhor condição de vida para os meus filhos”. A fala anterior vai ao encontro dos pressupostos defendidos por Vigotski33 (2003, p. 42). O autor afirma que “temos consciência de nós mesmos porque a temos dos demais, nesse sentido, a mãe sente a necessidade de mudar a sua condição social em benefício dos filhos”. A partir do relato de Valquíria nos sensibilizamos quanto ao despreparo de alguns profissionais para lidar com a deficiência dos pacientes, principalmente no que tange à forma de explicar para a família sobre as sequelas advindas de um acidente. Além disso, ressaltamos a importância de um atendimento psicossocial mais exitoso e eficaz no atendimento às mães de sujeitos que se tornaram deficientes (por acidentes). “Sinto-me sem amparo! Parece que os profissionais da saúde acham que é frescura... Sei lá... Não entendem que temos dúvidas... Que nunca tive um filho assim! Que faço muitas outras coisas também!” (VALQUÍRIA). Valquíria nos contou que o curso de pedagogia nunca foi um limitante no processo de cuidar e estar com seu filho deficiente. Ela nos disse que tem restrições 31 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 32 ARAÚJO, M. P. M. Para além do biológico, o sujeito com a Síndrome de Klinefelter. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. 33 VIGOTSKI, L. S. A formação Social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos; 6° edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 12 de horários, mas que as disciplinas, as leituras dos textos e a vivência com a diversidade no campo educacional têm potencializado ações junto ao seu filho. Ela ressaltou que nunca pensa no filho como um inválido, mas pensa nas suas potencialidades. NARRATIVA DE VIDA DE ANGELINA34: MÃE DE UMA CRIANÇA COM A SÍNDROME DE DOWN Angelina, hoje com 36 anos, é universitária (graduanda em pedagogia do 8º período) e possui dois filhos. É mãe de uma menina com três anos e de um menino de treze anos com síndrome de Down. Angelina estava com vinte e dois anos quando engravidou de seu primeiro filho. A mãe Angelina nos contou: Na primeira ultrassonografia o Doutor me fez um monte de pergunta. Fiquei preocupada, por fim, disse que era um menino, então eu insisti: perguntei se tinha algum problema, entretanto, ele tornou afirmar que se tivesse algum problema meu médico iria me falar. Analisando melhor essa fala, destacamos o despreparo dos profissionais da área da saúde, em orientar essa mãe. Ao decorrer de sua fala, foi possível perceber que houve uma ausência de explicações para ela, e lhe foi negado o direito de saber que seu filho nasceria com Síndrome de Down. Quando nasceu, em dezenove de janeiro do ano de dois mil e um, na maternidade, no momento de seu nascimento de parto normal, eu estava lúcida. Assim, pude perceber a expressão do médico de susto/espanto. Todos viraram de costas pra mim, assim, sabia que algo estava errado. Foram feitos os procedimentos comigo e ele nada, a enfermeira colocou ele para que eu pudesse vê-lo e me perguntou como iria se chamar, então fui pro quarto, mas não pude vê-lo ou ficar com ele junto de mim. A enfermeira disse que ele tinha que ficar em observação porque tinha um probleminha e que deveria esperar a médica passar. Foi muito ruim aquele momento! Outras mães tinham seus filhos em seus braços e estavam amamentando e eu, não! estava sozinha. No outro dia, na hora da visita, quando o meu marido chegou, nos deram a notícia e eu pude tê-lo em meus braços (ANGELINA). Ao considerar que outras mães vivenciam uma experiência semelhante, ou talvez pior, e ao comparar-se com elas, a mãe lança-se num viver e fazer por e para 34 Nome fictício. 13 o filho deficiente, relatando que ao invés de ficar se lamentando, buscou se erguer e encarar o desafio. Por amor e desejo de dar ao Allan a oportunidade de desenvolver suas possibilidades, reabilitação, educação, entre outros recursos, na certeza de estar fazendo o que deve ser feito, mesmo que isso traga a ela desgaste físico e emocional (ANGELINA). Houve a necessidade de deixar o trabalho paraatender às necessidades de cuidado do filho com deficiência, e também devido à dificuldade inicial em lidar com os sentimentos, anseios e conflitos vividos. Sentiu-se incapaz de levar uma vida como levava antes da chegada do filho e, assim, abre mão de seu emprego e fica só por conta de cuidar do seu filho. Nesse sentido, concordamos com Molon35 (2011), quando enfatizamos que o sujeito adquire singularidade na relação com o outro e em relação ao outro. A mãe compreende que a situação emocional gerada pela deficiência do Allan atinge também os familiares mais próximos e que tal experiência colabora para a união da família, que se mobiliza no sentido de ajudar a cuidar. Ao conviver com a criança com deficiência, a família descobre que não há receitas ou maneiras específicas para o relacionamento com ele, a não ser que é preciso ter um pouco mais de paciência, força, persistência e carinho. Matriculei-o numa escolinha infantil. Foi complicado... A dona da creche o aceitou, mas deixou claro que a escola não estava preparada pra lidar com ele. Durante os dois anos que ele ficou lá, a diretora me dizia que o Allann deveria estar em uma escola especial e nesses dois anos, eu passei dizendo sim, eles estavam certos. Entretanto, as escolas funcionam, mas que no caso dele como era muito pequeno só ia lá pra fazer tratamento específico como fono, fisioterapia e estimulação, três vezes na semana, no horário da tarde quando não está na escola (FALA DE ANGELINA). Angelina relata que se interessou pelo curso de pedagogia após acompanhar o processo de aprendizagem e desenvolvimento de seu filho, na APAE36 do município de Serra. Relata também que recebeu muitos incentivos dos profissionais dessa instituição para voltar a estudar. É importante dizer que, a partir de nossas observações a campo e de nossas entrevistas, o filho de Angelina se tornou a mola propulsora para o desenvolvimento dela como professora e pesquisadora e, assim, abriram-se novos outros possíveis em sua vida. Mesmo que logo após o nascimento de seu filho, a mãe, no primeiro 35 MOLON, S. I. Subjetividade e constituição do sujeito em Vygotsky. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. 36 Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. 14 momento, se viu perdida em um emaranhado de dúvidas e receios, conseguiu buscar forças com apenas vinte e dois anos e com um filho com síndrome de Down. Concordamos com Araújo37 (2014), nesse mesmo caminho, quando afirma que a elaboração cognitiva é formada na relação com o outro, portanto, a aprendizagem da cultura através da interação eu-outro é o divisor de águas no que tange ao desenvolvimento pleno do ser humano. ALGUMAS TECITURAS Por meio desse trabalho foi possível compreender os sentimentos, as dúvidas e temores dessas mães ao constatar que seus filhos possuem algum tipo de deficiência. Mas o que nos motivou a escrever cada linha desse texto foi a determinação dessas mães ao enxergarem seus filhos para além da condição orgânica. Nas falas delas observamos muitos pensamentos que convergem para um olhar sócio-histórico... Essas mães trabalham as possibilidades e não se limitam às deficiências de seus filhos. A partir da pesquisa realizada e da escrita desse trabalho, pensamos com Vigotski e outros colaboradores da perspectiva sócio-histórica sobre a importância das mães dos sujeitos com deficiência para a constituição identitária de seus filhos e a troca mútua de saberes que ocorre. Entendemos que o „eu‟ só se manifesta na relação dialógica eu-outro que ocorre nessa dimensão social e culural, nesse caminho, ser mãe de um sujeito com deficiência só é possível „sendo‟, uma vez que a limitação, as barreiras que se tornaram transponíveis representam molas propulsoras para a aprendizagem e desenvolvimento dos filhos e, certamente, das mães. Além de superar o trauma do diagnóstico com a deficiência dos filhos, essas mães buscam meios sejam nas clínicas médicas, ministérios públicos, escolas e a comunidade em geral para que esses indivíduos não sejam rotulados por palavras, mas que sejam reconhecidos como sujeito de direitos. Assim, fica exposto o diferencial neste trabalho: dar voz e vez a estas mães que se dedicam integralmente aos seus filhos sem abrir mão de se tornarem profissionais, estudando em uma universidade. Entendemos que a escola comum 37 ARAÚJO, M. P. M. Para além do biológico, o sujeito com a Síndrome de Klinefelter. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. 15 deve ouvir a voz dessas mães de sujeitos com deficiência para (re) pensar as suas práticas pedagógicas. Nesse momento, gostaríamos de remeter a nossa discussão ao título do presente estudo. Parafraseamos Bakhtin38 (2003) e Souza39 (2003), porque entendemos que ser mãe de um sujeito com deficiência (sendo!) realmente é ser para o outro. Nesse processo de relações interpessoais, ao ser para o outro, a mãe é para si (mesma), assim, assume uma identidade que é, ao mesmo tempo, individual e social. Finalizamos nossas tecituras e não o debate da constituição subjetiva das mães dos sujeitos com deficiência, parafraseando Freitas40 (2013). Desenvolver uma atitude “inclusiva” não significa apenas conduzir sujeitos para dentro de disciplinas e fronteiras acadêmicas, até porque ele é um ser ativo em vários outros espaços... é, portanto, um ser social e cultural! “O que está em questão é enxergar o outro sem reduzi-lo às marcas de seu corpo; às mutilações que sofreu ou as ineficiências que seu organismo expõe quando comparado a outro” (FREITAS41, 2013, p.17). Assim fazem as mães dos sujeitos com deficiência de nossa pesquisa: Tentam enxergar seus filhos para além das marcas fenotípicas deixadas por um acidente ou pela própria constituição genética... ABSTRACT This work aims to understand a part of the life stories of mothers of individuals with disabilities. For this goal to be achieved, we used the methodology of living history, immersed in a socio-historical perspective, as well we believe we can, through it, to better understand the subjective constitution of individuals. For data collection, we use the semi-structured interview biographical type. The choice of these subjects was based on the intersection of their life narratives: they have disabled children, one with Down syndrome and another with physical and intellectual disabilities, a university and studying Pedagogy. One consideration to be woven from this study is that SER mother of a disabled person is only possible BEING, since the dialogical relations MOTHER-SON occurring in the process are crucial to the identity construction of 'I'- mother and 'other'- son. Furthermore, we understand that the pedagogical practices in the common school should be (re) designed from the look of these mothers. 38 BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 39 SOUZA, S. J. e. Dialogismos e alteridade na utilização da imagem técnica em pesquisa acadêmica: questões éticas e metodológicas. In: FREITAS, M. T. F.; SOUZA, S. J. e; KRAMER, S. Ciências Humanas e Pesquisa. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 40 FREITAS, M. C. de. O aluno incluído na educação básica: avaliação e permanência. São Paulo: Cortez, 2013. 41 FREITAS, M. C. de. O aluno incluído na educação básica: avaliação e permanência. São Paulo: Cortez, 2013. 16 KEYWORDS: MOTHERS. LIFE STORY. PERSPECTIVE SOCIO-HISTORICAL.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. P. M. Para além do biológico, o sujeito com a Síndrome de Klinefelter. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAKHTIN, M. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec,1992. DRAGO, R. SANTOS, C. R. dos. História de vida na pesquisa com adultos com deficiência: algumas reflexões. Educação: Teoria e Prática. Rio Claro. Vol. 23, n.44. p. 81-94/ Set-Dez. 2013. DRAGO, R. Síndromes: conhecer, planejar e incluir. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012. FREITAS, M. C. de. O aluno incluído na educação básica: avaliação e permanência. São Paulo: Cortez, 2013. FREITAS, M. T. A. A abordagem sócio-histórica como orientadora da pesquisa qualitativa. Cadernos de Pesquisa, Fundação Carlos Chagas, n. 116, jul. 2002. GONZALEZ REY, F. L. Sujeito e subjetividade. 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