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CASOS CONCRETOS 3 - DIREITO CIVIL 1 - ESTÁCIO 2018

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DIREITO CIVIL I - CCJ0006
Título
Caso Concreto 3
Descrição
Caso concreto
O Dr. Carlos Henrique é Médico e reside com sua mulher Jurema e seus dois filhos, 
Ricardo e Rodrigo de 8 e17 anos respectivamente, na Tijuca – Município do Rio de 
Janeiro – RJ, às quarta e quinta-feiras, das 8h às 16h leciona na Universidade Rural no 
Município de Seropédica- RJ, às segunda e quarta-feiras, atende, como médico 
plantonista num Hospital Privado em Piraí – RJ, Na sexta-feira à tarde e aos sábados 
pela manhã atende em um consultório de sua propriedade localizado em Simão Pereira – 
MG, cidade mineira localizada a duas hora de distância do Rio de Janeiro onde há 
muitos anos mantém seu consultório e passa seus fins de semana com a família em sua 
belíssima casa de campo.
 Diante do exposto responda:
 
A) Pode-se afirmar que o Dr. Carlos Henrique tem como único domicílio a cidade do 
Rio de Janeiro onde reside com sua família com ânimo definitivo? Justifique sua resposta 
indicando os dispositivos legais pertinentes.
B) No caso em tela há hipótese(s) de domicílio necessário? Fundamente e Justifique sua 
resposta conceituando este tipo de domicílio.
 
Institui o Código Civil.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à 
profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá 
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
a) Não, no caso em tela, evidencia -se o Domicílio plúrimo previsto no s artigos 71 e 7 2 . 
Serão considerados domicílios todos eles cada um para as relações que lhe corresponderem. 
b ) o médico trabalha na Universidade Rual (pública); os filhos do médicos, por serem 
incapazes também têm domicílio necessário na forma do artigo 76 caput e parágrafo único
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
Art. 76. , o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.Têm domicílio necessário o incapaz
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor 
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, 
da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; 
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Questão objetiva:
 
Petrônio, com quarenta e oito anos de idade, em decorrência de sua convicção quanto 
a pertencer ao gênero feminino, especialmente por sua preferência sexual, modo de 
se vestir e de se portar no meio social em que vive, submeteu-se à cirurgia de 
transgenitalização. Considerando o êxito da cirurgia, Petrônio ajuizou ação 
pleiteando alteração do seu registro civil quanto ao sexo e ao nome, para que conste 
o prenome Patrícia e o sexo feminino. 
É correto afirmar que o pedido de Petrônio deve ser
 a) indeferido, já que tais registros são absolutamente imutáveis na sistemática do direito 
brasileiro;
b) deferido, já que é de livre escolha das pessoas a identificação sexual e o nome que 
deve constar do registro civil;
 
c) indeferido, já que a viabilidade de alteração do registro civil quanto ao nome e ao sexo 
termina quando a pessoa alcança vinte e cinco anos de idade;
 
d) deferido, já que, embora imutável a princípio o registro civil quanto a esses aspectos, 
as circunstâncias ensejam uma proteção à dignidade da pessoa humana, viabilizando o 
resguardo desse direito da personalidade;
 
e) indeferido, já que a viabilidade de alteração do registro civil quanto ao nome e ao sexo 
termina quando a pessoa alcança trinta e cinco anos de idade.
C O M E N T Á R I O S . 
 A cerca do tema o Superior Tribunal de Justiça (STJ) se posicionou da seguinte forma: 
Ementa: Direito civil. Recurso especial. Transexual submetido à cirurgia de redesignação sexual. 
Alteração do prenome e designativo de sexo. Princípio da dignidade da pessoa humana. Em última
 análise, afirmar a dignidade humana significa para cada um manifestar sua verdadeira identidade, o 
que inclui o reconhecimento da real identidade sexual, em respeito à pessoa humana como valor absoluto. 
Conservar o “sexo masculino” no assento de nascimento do recorrente, em favor da realidade biológica
 e em detrimento das realidades psicológica e social, bem como morfológica, pois a aparência do
 transexual redesignado, em tudo se assemelha ao sexo feminino, equivaleria a manter o recorrente em 
estado de anomalia, deixando de reconhecer seu direito de viver dignamente. Assim, tendo o recorrente 
se submetido à cirurgia de redesignação sexual, nos termos do acórdão recorrido, existindo, portanto, 
motivo apto a ensejar a alteração para a mudança de sexo no registro civil, e a fim de que os assentos 
sejam capazes de cumprir sua verdadeira função, qual seja, a de dar publicidade aos fatos relevantes 
da vida social do indivíduo, forçosa se mostra a admissibilidade da pretensão do recorrente, devendo 
ser alterado seu assento de nascimento a fim de que nele conste o sexo feminino, pelo qual é
 socialmente reconhecido. Vetar a alteração do prenome do transexual redesignado corresponderia
 a mantê-lo em uma insustentável posição de angústia, incerteza e conflitos, que inegavelmente atinge 
a dignidade da pessoa humana assegurada pela Constituição Federal. No caso, a possibilidade de uma
 vida digna para o recorrente depende da alteração solicitada. E, tendo em vista que o autor vem 
utilizando o prenome feminino constante da inicial, para se identificar, razoável a sua adoção no 
assento de nascimento, seguido do sobrenome familiar, conforme dispõe o art. 58 da Lei nº 6.015/1973.
 Deve, pois, ser facilitada a alteração do estado sexual, de quem já enfrentou tantas dificuldades ao
 longo da vida, vencendo-se a barreira do preconceito e da intolerância. O Direito não pode fechar os 
olhos para a realidade social estabelecida, notadamente no que concerne à identidade sexual, cuja
 realização afeta o mais íntimo aspecto da vida privada da pessoa. E a alteração do designativo de 
sexo, no registro civil, bem como do prenome do operado, é tão importante quanto a adequação cirúrgica, 
porquanto é desta um desdobramento, uma decorrência lógica que o Direito deve assegurar. Assegurar ao
 transexual o exercício pleno de sua verdadeira identidade sexual consolida, sobretudo, o princípio
 constitucional da dignidade da pessoa humana, cuja tutela consiste em promover o desenvolvimento 
do ser humano sob todos os aspectos, garantindo que ele não seja desrespeitado tampouco violentado 
em sua integridade psicofísica. Poderá, dessa forma, o redesignado exercer, em amplitude, seus direitos 
civis, sem restrições de cunho discriminatório ou de intolerância, alçando sua autonomia privada em 
patamar de igualdade para com os demais integrantes da vida civil. A liberdade se refletirá na seara 
doméstica, profissional e social do recorrente, que terá, após longos anos de sofrimentos, 
constrangimentos, frustrações e dissabores, enfim, uma vida plena e digna. . Gabarito: “D”.
 
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