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1 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Graduação ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 57 U N ID A D E 4 TEORIA DA BUROCRACIA Nesta unidade, estudaremos a Teoria da Burocracia, que foi a primeira teoria a receber a influência da Sociologia. Para melhor conduzir o aprendizado sobre essa teoria, abordaremos suas origens e características, os tipos de organizações sociais – tradicional e carismática, com seus respectivos tipos de autoridade que serviram de base comparativa para o modelo de organização burocrática apresentado por Max Weber, bem como as suas disfunções ou falhas diante da sociedade em que vivemos. OBJETIVOS DA UNIDADE: • Conhecer as origens, os tipos de sociedades tradicional, carismática e burocrática, com os seus respectivos tipos de poder; • Identificar as diferenças dos conceitos de autoridade, poder e legitimidade, o significado de burocracia e suas principais características, a abordagem de foco na organização formal, na especialização, na profissionalização e no mérito de seus integrantes, a natureza humana, “o homem organizacional”, o tipo de incentivo considerado material ou salarial como base para a motivação humana para o trabalho, na inexistência da consideração de conflitos entre os objetivos individuais e os organizacionais, devendo predominar os interesses da organização; • Conhecer as disfunções ou falhas do funcionamento da organização burocrática, as principais idéias e críticas relacionadas à Teoria da Burocracia. PLANO DA UNIDADE: • Max Weber (1864-1920). • Uma noção de Burocracia. • Críticas à Teoria da Burocracia. Bons estudos! UNIDADE 4 - TEORIA DA BUROCRACIA 58 Eficiência - fazer cor- retamente o que foi determinado para ser feito Iniciemos nossos estudos falando sobre Max Weber. MAX WEBER (1864-1920) A contribuição de Max Weber, sociólogo alemão e maior expoente da Teoria da Burocracia, foi ter percebido e identificado as características do modo burocrático de organização para servir às sociedades, à medida que elas cresciam e se tornavam complexas. Para tais sociedades, o poder e os conhecimentos originados na tradição, na propriedade e no carisma de seus líderes seriam insuficientes para administrá-las, tornando-se necessária a adoção do poder legal, baseado na nomeação dos ocupantes dos cargos decorrentes do mérito, ou seja, da competência do administrador e não do direito baseado na propriedade ou no poder transcendente do líder. O exemplo típico para que possamos nos basear para entender a organização burocrática considerada por Weber é o das empresas públicas, nas quais os seus dirigentes e funcionários devem ser competentes e legalmente conduzidos para ocupar os cargos na empresa e não nomeados por motivações baseadas na tradição, na propriedade ou no interesse de qualquer outra natureza que não seja a do propósito da eficiência, mediante regras e procedimentos formalmente detalhados, tendo por base as atribuições do cargo, a competência apresentada pelo ocupante, a impessoalidade do cargo e a legalidade do ato que conduz a sua ocupação. Para desenvolver o modelo de organização denominado de Burocracia, Weber se baseou num tipo de organização já existente, a organização militar e burocrática do Estado Prussiano, que exercia, na época, relações de poder no que tange aos que a ele estavam submetidos. Poder que oprimia a sociedade e particularmente os que trabalhavam. Max Weber constatou que as técnicas administrativas serviam como elementos organizacionais destinados a manter as relações de dominação e de obediência entre os líderes e os subordinados, salientado-se os três tipos de dominação política: tradicional, carismática e legal. Na seqüência das teorias anteriores, notamos que surge uma teoria mais elaborada, que apresenta um modelo teórico de organização com as suas respectivas características, capaz de proporcionar a máxima eficiência desde que se adote as características organizacionais de administração prescritas por Max Weber, exigindo o exercício da administração profissional. A micro abordagem das relações de produção da fábrica, seja no sentido da preocupação com a tarefa ou mesmo das relações humanas estabelecidas no trabalho e as suas respectivas influências sobre os resultados do trabalho, foi considerada insuficiente para explicar as relações do homem com o trabalho sob um ponto vista social de macro abordagem, sobretudo em relação à origem da autoridade e da legitimidade do poder em relação à obtenção da obediência por parte dos subordinados. A Teoria da Burocracia, como as teorias anteriores, constitui-se numa teoria descritiva e normativa do que deve ser feito, auto-suficiente, não interagindo com o ambiente, com as variáveis externas, sendo, por isso, uma abordagem “de dentro para dentro”, tratando a organização como auto-suficiente. Por essa razão, tal teoria é considerada como uma teoria de sistema fechado ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 59 por não considerar o ambiente externo para atingir a eficiência máxima, tratando-o como estável e previsível, ou seja, imutável. UMA NOÇÃO DE BUROCRACIA Forma de organização humana baseada na racionalidade e na eficiência. Weber não definiu burocracia! Ele se contentou em apresentá-la mediante suas características. Para ele, a organização burocrática é uma organização modelo de eficiência, ou seja, uma organização perfeita ou ideal. Características da Burocracia segundo Max Weber Na abordagem sob a denominação de Sociologia da Burocracia, os sociólogos destacam a burocracia como organização racionalmente concebida, com rígida hierarquia a ser obedecida, com cargos de mando e subordinação, existindo uma criteriosa divisão do trabalho em conformidade com os objetivos a serem atingidos com a máxima eficiência. A ocupação dos cargos é baseada na competência e não no direito baseado na propriedade ou tradição, mas no conhecimento e experiência técnica, no mérito ou competência do ocupante que é um assalariado. As normas e os procedimentos de trabalho são estabelecidos de forma padronizada pelos níveis superiores (caráter legal) mediante comunicação escrita e detalhada (caráter formal) para que não existam dúvidas por parte daqueles que deverão cumpri-las. As relações estabelecidas entre os cargos devem ser realizadas de forma impessoal, em que o indivíduo que ocupa um cargo não deve se comportar como companheiro, amigo ou mesmo um funcionário sensibilizado com alguém do público que o procure com um problema a ser solucionado, mas se comportar como ocupante de um cargo com uma série de atribuições que devem ser obedecidas. Quando os problemas não forem previstos para a solução num determinado nível hierárquico, eles devem ser encaminhados para os devidos níveis hierárquicos de autoridade para serem analisados e receberem as devidas decisões. Não são admitidos “quebra-galhos” ou subornos para serem resolvidos mais rapidamente. Tipos de sociedades e seus respectivos tipos de autoridade A Burocracia foi apresentada mediante uma forma de organização que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos. Uma sociedade apresentada por evolução de outros tipos de sociedades. UNIDADE 4 - TEORIA DA BUROCRACIA 60 O tipo de autoridade será tradicional na sociedade também tradicional, que se baseará na tradição para ser recebida e exercida no sentido de manutenção dessa tradição. As coisas continuarão sendo realizadas pelo mesmo modo como sempre foram. Como você já deve supor, o tipo de autoridade carismática será empregado na sociedade carismática que passar por uma mudança revolucionária, na qual seus membros atribuirão a autoridade a um líder poracreditarem que o mesmo poderá conduzi-los a uma mudança mediante processo revolucionário, no sentido de proporcionar mudança significativa na sociedade e no atendimento dos anseios dos seus membros. Um exemplo de autoridade carismática seria Hitler na direção do Partido Nazista, prometendo aos operários alemães a destruição do estado burguês e a recuperação do prestígio do povo alemão. Geralmente, o destino das sociedades carismáticas é desastroso para seus membros, causando perdas de vidas e prejuízos materiais pelo desatino de meios e fins de um líder criador de fanatismo fora da realidade, apoiado na ignorância e na desinformação de seus seguidores. Muitas das ações ‘fanatisadoras’ são construídas pela promessa de uma vida melhor. Esse tipo de autoridade tende a aparecer em sociedades desinformadas e atrasadas, nas quais as pessoas acreditam que promessas mirabolantes podem ser realizadas sem necessidade de trabalho e esforço para a obtenção dos benefícios materiais ou espirituais, bastando seguir, obedecer e servir ao líder, que age como uma espécie de enviado de Deus e vendedor de ilusões. A autoridade, o poder, a legitimidade e a dominação No estudo da burocracia, Weber trabalha com os conceitos de autoridade, poder, legitimidade e dominação. Explicaremos cada um deles, a seguir, de forma simples e resumida: Autoridade Decorre da legitimidade. Uma pessoa só terá autoridade se o poder a ela atribuído for aceito por aqueles que a ela são subordinados. Para se ter autoridade é necessário Poder, mas ter Poder nem sempre significa ter Autoridade. Poder É a capacidade para se influenciar ou persuadir as pessoas a exercerem determinadas ações sob determinado propósito ou arbítrio. O poder possibilita a dominação. IMPORTANTE EXEMPLIFICANDO ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 61 Legitimidade Significa a aceitação do poder. Dominação Decorre do poder. As disfunções da Burocracia À medida que a burocracia ou modelo ideal de organização foi sendo observado na prática mediante os desempenhos das empresas públicas, séries de falhas passaram a ser observadas e o povo passou a denominar de burocracia a organização ineficiente, aquela organização que devia ser eficiente, segundo Max Weber, lembra? O povo denomina de burocracia a organização que “funciona” lentamente devido a algumas situações, como a demora nos atendimentos pelo número de papéis (formalismo - papelório) exigidos para comprovar a comunicação. As pessoas são obrigadas a preencher fichas e a lidar também com funcionários que, por não saberem resolver e/ou informar sobre situações não previstas nas normas ou regulamentos, passam a praticar o jogo de empurra, ou seja, enviam essas pessoas para outros setores que fazem a mesma coisa com os usuários, que passam a experimentar a demora de solução de seus problemas junto a determinadas organizações públicas. Por outro lado, por não se encontrar na norma, muitas solicitações não são resolvidas rapidamente pelo temor de se cometer um ato que esteja fora do regulamento e ser penalizado por isso. Com o apego às atribuições do cargo, às normas e aos regulamentos as pessoas passam a ser número de matrículas ou inscrições na empresa, despersonalizando-se como pessoa e valendo-se da impessoalidade do cargo, ou seja, atendendo pelo título do cargo, número de inscrição na empresa. Por estar conformado com a rotina, com as normas e os regulamentos, com a estabilidade na maneira de conduzir o seu trabalho, o membro da organização burocrática teme a mudança, resistindo a ela, ficando condicionado e inflexível por ter medo de não se adaptar às novas tarefas e com isso ter ameaçada a sua posição na estrutura da organização. A pessoa que ocupa o cargo de maior nível hierárquico ou categoria (categorização) está apta a tomar qualquer decisão própria de seu âmbito de trabalho, mesmo que não tenha o conhecimento técnico ou especializado para tal ação administrativa. Como enfatiza a hierarquia de autoridade, torna- se necessário um sistema capaz de indicar os que têm mais ou menos poder. Daí surge a tendência à utilização de símbolos ou de sinais de status para demonstrar a posição hierárquica dos funcionários (exibição da autoridade), como o uniforme, salário, banheiro, estacionamento, refeitório, tipo de mesa etc., como meios de identificar as pessoas que têm mais poder na organização. EXEMPLIFICANDO UNIDADE 4 - TEORIA DA BUROCRACIA 62 CRÍTICAS À TEORIA DA BUROCRACIA As críticas mais notórias recebidas pela Teoria da Burocracia se relacionam a ser esta uma teoria normativa prescritiva, ditando o que deve ser feito, explicando devidamente o como e o porquê, que além de se basear no ambiente externo como sendo estável, não relacionando a empresa com este ambiente (sistema fechado), conduz a empresa para a manutenção do “status quo”, ou seja, mantendo a organização funcionando do jeito que sempre foi, mediante a adoção da racionalidade extrema, visando a máxima eficiência. Todos fazendo corretamente o que foi determinado. Por querer considerar a organização só pelo aspecto formal dos cargos, da estrutura, da divisão do trabalho, da especialização, da padronização, da estrutura, sem considerar outros fatores, a exemplo da organização informal e do ambiente, a Teoria da Burocracia é considerada uma teoria da máquina pelo mecanicismo que impõe ao desempenho das pessoas na organização. Para essa teoria, o homem tem natureza organizacional, está conformado com o modo de ser da organização, prevalecendo, por isso, os objetivos da organização em relação aos objetivos individuais. Os conflitos entre os objetivos organizacionais e individuais devem ser combatidos. Da mesma forma que a teoria clássica foi considerada uma teoria parcial por ter levado em conta apenas o lado formal da organização, ignorando o lado informal. Enfim, as teorias Clássica e da Burocracia foram as mais criticadas dentre todas as teorias da Administração. Idéias novas trazidas pela Teoria da Burocracia ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS 63 Percebemos que a Teoria da Burocracia significa uma contribuição equivalente à Teoria Clássica, mediante as contribuições de Taylor e Fayol, não sendo uma teoria agregativa, ou seja, não aproveitando as contribuições das teorias anteriores, se posicionando como as teorias Clássica e das Relações Humanas, mas contribuindo e prescrevendo características que são típicas das organizações públicas. LEITURA COMPLEMENTAR CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. 7 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001. É HORA DE SE AVALIAR Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Agora que você concluiu a quarta unidade, dispõe de conhecimento substancial de tudo o que estudamos até aqui – a Abordagem Clássica, a Teoria das Relações Humanas e a Teoria da Burocracia. Na próxima unidade, estudaremos a Teoria Comportamental, que se constitui num desdobramento, numa evolução da Teoria das Relações Humanas.
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